Guia de Tratamento: Depressão e Medicação no Idoso

Tratamento da Depressão

A depressão clínica corresponde a um conjunto de vários sintomas, com uma marcada alteração da função durante um período de duas semanas. Pelo menos um dos sintomas é a perda de prazer e interesse ou humor deprimido.

Diagnóstico Diferencial e Tipos

O diagnóstico pode ser diferencial dependendo do tipo de depressão, classificando-se em:

• Depressão Major
• Estados Depressivos Secundários
• Alcoolismo
• Abuso de Substâncias Ilícitas
• Doença Médica
• Luto

Objetivos Terapêuticos

Os objetivos terapêuticos são:

• Melhoria dos sintomas psicopatológicos
• Reabilitação psicossocial do doente
• Prevenção da recidiva e da recorrência clínica
• Alívio do sofrimento psíquico

Estratégia Terapêutica

A estratégia terapêutica consiste em passos importantes para o sucesso:

• Se não ocorrer resposta ao fim de quatro semanas com a terapêutica antidepressiva, geralmente a dose deverá ser aumentada.
• A titulação de dois terços da dose máxima pode ser razoável quando tolerada.
• Se não houver resposta a uma dose maior: mudança do antidepressivo.
• Os SSRI (Inibidores Seletivos da Recaptação de Serotonina) são clinicamente heterogéneos.
• A psicoterapia pode ser usada como tratamento único na depressão ligeira ou moderada.

Terapêutica de Manutenção

Deve seguir-se uma terapêutica de manutenção com estratégias de tratamento a curto e a longo prazo. Após a fase aguda, segue-se a fase de estabilização, que deverá demorar o tempo estimado de duração do episódio depressivo não tratado (6 a 12 meses após melhoria clínica). O objetivo do tratamento de continuação é essencialmente a prevenção de possíveis recidivas.

Antidepressivos de Primeira Linha

Exemplos de antidepressivos de primeira linha são:

• Citalopram
• Fluoxetina
• Paroxetina
• Sertralina
• Venlafaxina

Tratamento e Medicação no Idoso

Geralmente, os idosos têm problemas de saúde crónicos, muitas vezes mais do que uma patologia, e por isso tomam vários fármacos ao mesmo tempo. Qualquer fármaco pode ter efeitos colaterais e, se ingerirem vários, podem interferir uns com os outros, exagerando ou limitando os seus efeitos. Se a medicação não for bem prescrita, é possível cometer erros e ingerir sobredoses de alguns deles.

Alterações Farmacocinéticas no Envelhecimento

Alterações relacionadas ao envelhecimento podem ter grande impacto sobre a resposta aos fármacos:

• O pH aumentado das secreções gástricas e o tempo de esvaziamento tardio do estômago podem alterar a degradação e absorção de fármacos.
• A distribuição dos fármacos depende da massa corporal; uma vez que a massa corporal magra diminui, aumenta o risco de toxicidade.
• Fármacos lipossolúveis podem ser depositados na gordura, resultando em efeitos acumulativos.
• Na presença de um défice de volume, os fármacos hidrossolúveis podem ter maior concentração, alcançando níveis tóxicos rapidamente.

Metabolismo e Excreção

O fígado é o principal órgão para biotransformação. No idoso, pode haver alguma diminuição do metabolismo de fármacos que exigem enzimas hepáticas para a sua transformação, resultando num aumento do nível plasmático e prolongamento da semivida do fármaco.

No idoso, há uma diminuição da função renal, levando a uma diminuição da taxa de filtração glomerular (excreção) e a uma diminuição da clearance da creatinina (taxa de eliminação da creatinina pelo rim).

Tipos de Idoso e Necessidades de Cuidado

Podemos considerar 3 tipos de idoso em relação à medicação:

• Independente: Necessita apenas de orientações na dosagem e nos horários.
• Parcialmente Independente: Necessita da intervenção de um cuidador para lembrá-lo/ajudá-lo no momento em que deve tomar o medicamento.
• Dependente: Necessita de um cuidador para administrar e verificar possíveis reações da medicação.

(Recomendações úteis)

Medicamentos com Preocupações Específicas no Idoso

Existem medicamentos que requerem preocupações específicas no idoso:

• Anticoagulantes
• Medicamentos para Glaucoma
• Analgésicos
• Anti-hipertensores
• Antigripais
• Antieméticos