h2: Células, Epitélios, Glândulas, Cicatrização e Imunologia

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Questão 1: Células Caliciformes

As células caliciformes são um exemplo de células produtoras de muco e podem ser encontradas em vários órgãos que o utilizam para lubrificar ou até mesmo proteger sua estrutura.

Essas células apresentam em seu polo apical muitos grânulos de secreção glicoproteica, grandes e pouco elétron-densos. Já no polo basal, encontra-se um núcleo geralmente achatado, e grande quantidade de Retículo Endoplasmático Rugoso (RER). Logo acima desses núcleos encontramos nessas células aparelhos de Golgi muito desenvolvidos.

A síntese da glicoproteína se inicia no RER. Os glicídios são adicionados à parte proteica no RER e no Golgi.

Assim, o gel viscoso e elástico que protege e lubrifica a superfície do epitélio, chamado muco, é formado por essas glicoproteínas que se tornam muito hidratadas quando liberadas das células.

M.O.: No preparo de inclusão em xilol, o muco é removido. Na coloração de rotina em HE, a região dos grandes e redondos grânulos de muco é vista.

Questão 2: Epitélio de Transição

O epitélio de transição é o epitélio exclusivo das vias urinárias.

Ele é formado por células em raquete, que recebem esse nome devido ao seu formato. Essas células sofrem mudança de forma, tornando-se achatadas devido à pressão da urina (armazenamento ou passagem).

A barreira desse epitélio é formada por zônulas de oclusão, já que a urina é formada por resíduos que não devem ser absorvidos e, como a urina é concentrada, evita a diluição da urina com a difusão da água.

O achatamento das células, permitindo o maior armazenamento de urina na bexiga, ocorre pela incorporação de vesículas formadas na parte apical das células, aumentando seu domínio apical.

Questão 3: Morfogênese das Glândulas

As glândulas são derivadas de um epitélio (que são estruturas funcionais).

O processo de morfogênese é um processo precoce que ocorre no desenvolvimento embrionário por tecidos primitivos que vão se diferenciando.

O epitélio que dará origem à glândula está associado à sua lâmina basal, que está acima do tecido conjuntivo.

Os eventos principais antes da diferenciação entre exócrina e endócrina são:

  • Interação entre epitélio de revestimento e o mesênquima (tecido conjuntivo primitivo)
  • Proliferação celular das células epiteliais para dar origem ao novo órgão.
  • As células migram, se deslocam em direção ao mesênquima, sendo estimuladas pela laminina, fibronectina e colágeno IV.
  • Formação do primórdio glandular, que aumenta de tamanho de acordo com a quantidade de células.
  • Em regiões mais profundas do primórdio glandular ocorre a diferenciação celular, as células se especializam no que irão produzir.
  • Ocorre a apoptose nas células formadas em excesso.

Na diferenciação entre exócrina e endócrina:

Na exócrina, as células mais centralmente localizadas sofrem apoptose e começa a aparecer o lúmen das porções secretoras.

A porção secretora ou unidade secretora é o princípio maciço e, com a apoptose, as células centrais formam seu lúmen, que se diferenciará no local de secreção. Ocorre também a apoptose da parte central da glândula, dando origem aos ductos.

Há também o desenvolvimento de vasos capilares no mesênquima para suprir a glândula e abastecê-la de matéria-prima.

Na endócrina não existem os ductos, é mais envolvida por capilares, faz apoptose total de seu pedículo, eliminando sua secreção na corrente sanguínea pelos capilares.

Questão 4: Cicatrização

Quando os tecidos conjuntivos são lesionados, têm uma certa capacidade regenerativa.

Tecidos como o muscular cardíaco não têm essa capacidade, sendo assim preenchidos por uma cicatriz de tecido conjuntivo. Nos casos como incisões cirúrgicas, a cicatrização depende da capacidade de regeneração do tecido conjuntivo.

A principal célula envolvida na cicatrização é o fibroblasto. Os fibroblastos são as células mais comuns do tecido conjuntivo, eles sintetizam as proteínas colágeno e elastina, além das glicosaminoglicanas, proteoglicanas e glicoproteínas multidiversas que farão parte da matriz extracelular. Os fibroblastos são células de intensa atividade, sendo controladoras do crescimento e diferenciação celular, enquanto as metabolicamente quiescentes são os fibrocitos.

Em estímulos como a cicatrização, os fibrocitos revertem para o estado de fibroblastos, tendo assim sua capacidade de síntese reativada. Para ser mais exato, as células responsáveis na reparação de ferimentos são os miofibroblastos, que têm características dos fibroblastos e de células musculares lisas. Os miofibroblastos possuem mais filamentos de actina e miosina, e sua atividade contrátil é responsável pelo fechamento da ferida após a lesão.

Questão 5: Imunologia

O macrófago é responsável pelo processamento de antígenos. Assim, há a obtenção de epítopos, que são fragmentos de antígenos que terão que ser apresentados por macrófagos a células do sistema imunológico, principalmente linfócitos, sendo assim chamados de células apresentadoras de antígenos (APCs).

O complexo principal de histocompatibilidade (MHC), que está na MP dos macrófagos, é formado por dois tipos de proteínas:

  • A MHC da classe I (presente em todas as células)
  • A MHC da classe II (presente apenas em APCs)

O MHC é responsável pelo reconhecimento de células self e non-self.

A apresentação do antígeno é obrigatoriamente feita com o antígeno preso a uma proteína de MHC da classe II. O epítopo, junto com a proteína MHC da classe II, são levados para o linfócito T helper.

Na MP dos linfócitos T existem receptores que reconhecem epítopos, chamados de TCR, que os identificam como agentes agressores, e existe um outro receptor que reconhece a proteína MHC da classe II do macrófago, o chamado CD4.

Quando todo esse processo ocorre, a fagocitose por parte dos macrófagos aumenta devido à estimulação da alfa-interferon. O macrófago também libera o fator de necrose tumoral (TNF-alfa), que estimula o processo inflamatório. Outra citocina que estimula o processo inflamatório, liberada por macrófagos para estimular o leucócito, é chamada interleucina I, que vai causar a proliferação celular e o aumento da produção e variedade de citocinas, como a interleucina 2, que vai aumentar ainda mais a produção de citocinas nos leucócitos e vai atuar nos linfócitos B, causando sua proliferação e diferenciação em plasmócitos, que irão produzir IgG.

Um linfócito inativo estimula a proliferação (expansão clonal), que se diferencia para a produção de imunoglobulinas (linfócitos B) e produção aumentada de citocinas (Linfócito T helper).

Questão 6: Alergia

Os mastócitos são abundantes em áreas de tecido conjuntivo próximo a superfícies corporais e próximos a vênulas (que estão relacionadas a processos inflamatórios). Sua função são respostas imunológicas de hipersensibilidade imediata (alergia), que é uma reação contra antígenos particulados não animados.

Normalmente, o IgE é baixo no sangue, mas em processos alérgicos apresenta-se abundante.

Os alérgenos são antígenos responsáveis pela produção de IgE. Os alérgenos são reconhecidos e englobados por macrófagos, e são processados formando epítopos.

O epítopo é acoplado à proteína MHC da classe II da membrana plasmática do macrófago e levado junto à proteína até o TCR do linfócito T helper, onde será reconhecido, e o CD4 irá reconhecer o MHC II. Essa parte do processo é a mesma do reconhecimento de antígenos de microrganismos, porém, no de microrganismos, o T helper é o 1 e, no caso de alérgenos, a subclasse deles é a TH2, que estimula a produção de interleucinas 2, 4 e 5.

A interleucina 2 estimula a proliferação e depois a diferenciação em primeiramente linfócito B e posteriormente em plasmócitos.

A IL-4 é responsável pelo direcionamento da diferenciação, fazendo com que sejam produzidos plasmócitos secretores em IgE.

Uma vez a IgE produzida, ela se liga a receptores presentes nos mastócitos, fazendo com que fiquem próximos até que os alérgenos possam fazer uma ligação cruzada, se ligando a 2 IgEs. Isso gera:

  • Liberação de conteúdo dos grânulos
  • Produção de mediadores secundários
  • Produção de citocinas

Por fim, o IL-5 é o fator de crescimento dos eosinófilos, responsáveis por diminuir a reação alérgica.

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