h2 Contraceção, Métodos Contraceptivos e Infertilidade
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Contraceção e métodos contracetivos
- Contraceção
Contraceção vs aborto
-A gravidez não se inicia fisiologicamente com a fecundação, mas sim quando o blastocisto se implanta no útero (1 semana após a fecundação). Todos os métodos usados até lá são considerados contracetivos, enquanto os que causem a morte do feto/embrião são abortivos.
Contraceção - ato de evitar uma gravidez indesejada
Objetivos:
-Evitar a produção e libertação de gametas das gónadas;
-Impedir a fecundação;
-Impedir a nidação;
Eficácia - depende do método contracetivo usado e da forma como é usado.
- Métodos contracetivos
Métodos contracetivos - conjunto de técnicas que têm como objetivo evitar a gravidez. Podem ser classificados como naturais e tecnológicos (hormonais, de barreira, cirúrgicos).
Nota: O único método 100% eficaz é a abstinência. A % de pessoas a usar métodos contracetivos varia com o escalão etário.
1.2.1 – Métodos Naturais (ou rítmicos)
Métodos naturais – têm por base o período fértil da mulher, ou seja, o período em que pode ocorrer fecundação.
- Não envolvem tecnologias físicas nem farmacológicas;
- Visam impedir a fecundação, não tendo relações sexuais no período fértil.
Método do calendário
-Anotar a duração de cada ciclo durante 6 meses certos.
Falhas: Doenças e stress podem alterar o ciclo, alterando o cálculo.
(Os espermatozoides podem sobreviver até 3 dias e o oócito fica viável até um dia após a ovulação.)
Método do muco cervical
-Durante a ovulação/ antes é abundante, transparente e fluido;
-No restante tempo é muito viscoso;
Falhas: as propriedades do muco podem ser alteradas devido a infeções.
Método da temperatura corporal basal
-Diminui no dia de ovulação;
-Aumenta no dia a seguir;
Falhas: outros fatores, como febre podem alterar a temperatura.
Método do coito interrompido – coincide em retirar o pénis antes da ejaculação
Falhas: muito falível, antes da ejaculação há libertação de líquidos lubrificantes que podem conter espermatozoides.
1.2 – Métodos tecnológicos
Métodos tecnológicos - recurso a técnicas e fenómenos para evitar a gravidez: cirúrgicos, barreira e hormonais.
- Métodos cirúrgicos
-Impedem a libertação de gametas;
-A esterilização (masculina e feminina) é um dos métodos mais eficazes.
♂ Vasectomia
-É retirado uma porção de cada canal deferente e as extremidades são suturadas.
-Após a cirurgia o esperma deixa de conter espermatozoides.
Nota: Os espermatozoides continuam a ser produzidos mas como não conseguem sair dos testículos são destruídos por processos de fagocitose)
-Esta não afeta os níveis hormonais nem a resposta sexual.
-A quantidade de esperma ejaculado diminuiu, dado a não conter espermatozoides)
-Seguro, eficaz e durável
-Requer cirurgia (está associado ao aumento da incidência do cancro da próstata)
♀ Laqueação das trompas de Falópio
- Cirurgia efetuada através de corte e sutura das trompas.
-O percurso do gâmeta feminino é interrompido
- Esta não afeta os níveis hormonais nem a resposta sexual, continuando os ciclos ováricos e uterinos a funcionar normalmente.
- Métodos de barreira
-Evitam o transporte de esperma ou a implantação do blastocisto.
1 – Preservativo
♂
-Feito de material impermeável;
-Colocado no pénis aquando da ereção;
Os espermatozoides ficam aprisionados no preservativo e os espermatozoides não contactam com a vagina;
♀
-Feito de material impermeável;
-Colocado na vagina antes da relação;
-O esperma fica aprisionado no preservativo e os espermatozoides não têm contacto com a vagina;
Vantagens: O uso de preservativo é o único método que previne a transmissão de DST agora IST.
Desvantagens: Tem de ser aplicado imediatamente antes da relação sexual. Existem, em alguns casos, pessoas alérgicas.
Pode romper durante o ato.
2 – Diafragma (+ espermicida)
Membrana de borracha que encaixa sobre o cérvix, bloqueando a entrada de espermatozoides no útero.
Antes de ser colocado é lubrificado com espermicida.
Vantagens: Pode ser colocado até 6 horas antes da relação
Desvantagens: Aumento do risco de infeções, mulheres alérgicas, não protege conta IST
3 – Espermicida (creme, gel ou espuma)
Aplicados no canal vaginal com a ajuda de um aplicador.
Substância química que destrói ou incapacita os espermatozoides.
Vantagens: Fácil utilização
Desvantagens: Taxa de eficácia reduzida; têm de ser aplicados até uma hora antes da relação; Não protege contra as ISTs.
4 – DIU (dispositivo intrauterino, não hormonal)
Pequena peça de plástico ou cobre que é inserida no útero (por um especialista). Impedem a implantação do blastocisto.
Vantagens: Depois de colocado raramente se desloca. Elevada duração.
Desvantagens: aumenta o risco de inflamação pélvica; a ocorrer gravidez, geralmente, é ectópica (ocorre fora do útero); não protege contra ISTs.
Métodos Hormonais (químicos)
Contêm variações sintéticas de hormonas ováricas.
Nota: Todos os métodos hormonais desenvolvidos são usados no controlo da fertilidade feminina -> A produção de gametas na mulher é um processo cíclico e mais fácil de controlar do que nos homens, nestes a produção de gametas é permanente e mais difícil de controlar.
1 – Pílula
Anticoncecional oral de toma diária (o seu esquecimento pode afetar a eficácia);
Método mais utilizado;
Administrada diariamente de forma a regular corretamente as concentrações hormonais.
Funcionamento da pílula: A progesterona e o estrogénio exercem uma retroalimentação negativa sobre o complexo hipotálamo-hipófise, inibindo a síntese e libertação de gonadostimulinas.
A pílula contém doses baixas de estrogénio e progesterona sintéticas - progestinas, mas que são suficientes para impedir a produção de FSH e LH. O ciclo ovárico é assim suspenso, deixando de ocorrer a maturação dos folículos, impedindo a ovulação;
A pílula começa a ser tomada no primeiro dia de menstruação. Em condições normais, com a regressão do corpo lúteo e a consequente diminuição da produção de estrogénio e progesterona, por um mecanismo de retroalimentação negativa a produção de FSH aumentaria estimulando o crescimento dos folículos. No entanto, com a administração da pílula contendo doses baixas de progestinas, através de um mecanismo de retroação positiva a produção de FSH e LH vai ser inibida, impedindo o começo do ciclo ovárico e consequente ovulação.
Vantagens:
Elevada eficácia; fácil utilização; previne cancro nos ovários e útero; reduz os quistos ováricos; menstruação regulada;
Desvantagens: Pode provocar vómitos nos primeiros 3 meses; aumento do risco de ataques cardíacos em fumadoras com mais de 35 anos; Não protege ISTs.
2 – Minipílula
Contracetivo oral que contém quantidades baixas de progestinas; A sua administração visa tornar o muco cervical mais espesso e viscoso de modo a dificultar a passagem de espermatozoides, impedindo a fecundação e a proliferação do endométrio.
3 – Pensos Adesivos
Substituídos semanalmente e que contêm hormonas;
4 – Implantes
Inseridos sob a pele do braço e que correspondem a pequenas cápsulas, contendo progestinas. Podem durar de 3 meses até 5 anos.
5 – Injeções intramusculares
Contêm progesterona e estrogénio; duram de 3 meses até 5 anos.
Vantagens:
Elevada eficácia; Duração prolongada.
Desvantagens: Menstruações prolongadas, com alterações de humor e enxaquecas; Ciclos menstruais irregulares.
6 – Pílula do dia seguinte
Contracetivo de emergência, constituído por grandes quantidades de hormonas sexuais que vai causar a imediata destruição do endométrio/ expulsão do oócito/óvulo. Pode ser usado até 3 dias após a relação desprotegida.
Vantagens: previne gravidez
Desvantagens: efeitos secundários devido à grande carga hormonal.
2 – Infertilidade
Incapacidade em conceber um filho após 2 anos de atividade sexual sem recurso a métodos contracetivos.
Cada indivíduo tem um potencial de fertilidade próprio e a soma dos potenciais determinará a sua infertilidade.
2.1 – Infertilidade masculina
Os fatores de infertilidade masculina podem estar relacionados a:
- Problemas psicológicos
- Stress, nervosismo, ansiedade.
- Causas orgânicas
- Produção inadequada de gonadostimulinas.
- Testículos incapazes de responder às gonadostimulinas e sintetizar testosterona. Infeções, problemas circulatórios, doenças podem provocar modificações na estrutura e funcionamento dos testículos, afetando a espermatogénese.
- Inexistência de um sistema de ductos viáveis para a expulsão de esperma.
- Produção anormal de fluido seminal e prostático
- Sistema nervoso com lesões mecânicas, ou doenças que o afetam
- Drogas e substâncias
- Álcool, substâncias ilícitas, medicamentos, tabaco, podem provocar um efeito depressor no sistema nervoso, dificultando a ereção e ejaculação;
- Alterações ao nível dos espermatozoides
- Número – azoospermia (não existem espermatozoides)
Oligospermia (espermatozoides em número reduzido)
- Morfologia - cabeças não ovais, peças intermédias partidas ou malformadas, flagelos incapazes de gerar movimento.
- Mobilidade espermática – espermatozoides não móveis ou lentos, devem possuir uma estrutura e forma adequadas à locomoção;
- Fatores ambientais
- Febre
- Exposição prolongada a altas temperaturas
- Agentes químicos e radiações
Para determinar medicamente a causa da infertilidade masculina:
- Análises hormonais – quantificam as gonadostimulinas e testosterona
- Espermograma – avalia a qualidade e quantidade dos espermatozoides no esperma
- Testes genéticos – despistam doenças associadas à produção de espermatozoides
- Rastreio médico – ex.: biópsia testicular para inferir acerca do funcionamento e estrutura testiculares;
- Despistagem de IST’s - algumas podem afetar a fertilidade
- Elaboração de um quadro histórico da vida social do indivíduo para ajudar a conhecer as causas e determinar a origem do problema
Nota: a impotência sexual, enquadra-se nas disfunções sexuais, sendo também responsável pela infertilidade -> resposta sexual anómala causada por desregulações hormonais, neurológicas, psicológicas, doenças ou drogas. Pode funcionar como fator de ansiedade, stress e frustração.
Os tratamentos são relacionados medicamente tendo em conta a causa.
- Tratamentos hormonais (regulação dos espermatozoides)
- Desbloqueio das vias genitais
- Acompanhamento psicológico
2.2 – Infertilidade feminina
Causas e tratamentos
Ausência de ovulação:
- Devido à reduzida produção de gonadostimulinas
- Devido à incapacidade de os ovários responderem à variação da concentração de FSH e LH do ciclo.
Não ocorre a estimulação adequada do desenvolvimento folicular, impedindo a maturação final de um dos folículos. O ciclo menstrual é afetado e os ovários apresentam quistos de pequenas dimensões. Estes problemas agravam com a idade.
- Estilo de vida
- Atividade física em excesso
- Stress
- Patologias do foro psicológico
- Modificações na estrutura dos ovários – podem afetar a atividade ovárica.
Patogénese – Onde estão incluídas as IST’s, podem afetar outros órgãos para além dos ovários e reduzir a fertilidade.
Exemplo: Infeções/ bloqueios nas trompas de Falópio podem bloquear o movimento das gametas masculinas/femininas bem como o do blastocisto.
Modificação nos tecidos das trompas, onde se destaca a endometriose.
Endometriose – Produção de um tecido semelhante ao endométrio, fora do útero. Este tecido pode apresentar-se como quistos ou nódulos, reduzindo o diâmetro das trompas. Pode ser evitada recorrendo a contracetivos hormonais que controlam o desenvolvimento do endométrio.
Alterações no útero – anatómicas ou fisiológicas podem estar na base da dificuldade em conceber e prosseguir com a gravidez até aos estádios finais. Ex.: infeções e pólipos endometriais.
Problemas no muco cervical – A produção de reduzidas quantidades de muco cervical ou a formação de um muco muito espesso, pois bloqueiam a entrada dos espermatozoides no útero ficando os mesmos expostos à acidez vaginal, sendo destruídos. Os anticorpos femininos também reduzem a deslocação dos espermatozoides ao longo do útero.
Diagnóstico:
- Estudo das Trompas de Falópio – despistar obstruções e proceder à sua remoção
- Análises hormonais
- Ecografia – para verificar o estado do útero, ovários e controlar o ciclo ovárico
- Análise ao muco cervical – avaliar a mobilidade dos espermatozoides
- Laparoscopia – técnica cirúrgica que permite detetar e corrigir problemas do sistema reprodutor feminino
- Biópsia endometrial – recolha e análise de porções do endométrio
Técnicas de Reprodução Assistida:
- Inseminação artificial: esperma lavado é colocado no colo do útero e a fecundação ocorre normalmente, nas Trompas de Falópio.
Fecundação in Vitro (FIV): extração cirúrgica de oócitos II que são colocados em Placas de Petri com meio adequado e aos quais se juntam espermatozoides. O embrião com 8 células é transferido para o útero.
- Fecundação in Vitro por Microinjeção: O espermatozoide é injetado no oócito. Permite escolher espermatozoide.
Fenótipo – característica detetável que resulta da manifestação do genótipo
Gene - segmento da molécula de DNA capaz de determinar uma característica; contém a informação para a síntese de um polipeptídeo.
Genoma – conjunto de todos os genes de um organismo
Cromossoma – composto por uma única molécula de DNA, extremamente longa e associada a proteínas. Contém vários genes
Genótipo – composição alélica específica de um indivíduo, para um dado gene ou para um grupo de genes.
Alelo dominante – um alelo que expressa os seus efeitos fenotípicos, mesmo nos heterozigóticos.
Alelo recessivo – os seus efeitos fenotípicos não se verificam nos heterozigóticos, mas apenas nos homozigóticos recessivos.
Homozigótico – indivíduo que apresenta alelos iguais num mesmo locus em cromossomas homólogos
Heterozigótico – indivíduo que apresenta alelos diferentes num mesmo locus em cromossomas homólogos.
Primeira lei de Mendel - Lei da segregação fatorial
• Durante a formação de gâmetas os dois alelos de um gene segregam-se de tal forma que cada gâmeta recebe apenas um dos alelos.
Segunda Lei de Mendel - Lei da segregação independente
• Durante a formação dos gâmetas, os alelos de diferentes pares de genes segregam-se independentemente uns dos outros.