H2: A Evolução Histórica dos Conceitos de Saúde e Doença

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O Ser Humano como Ser Multideterminado

As propriedades que fazem do homem um ser particular, que o distinguem como ser humano, incluem um suporte biológico específico, o trabalho e os instrumentos, a linguagem, as relações sociais e uma subjetividade caracterizada pela consciência, identidade, sentimentos, emoções e pelo inconsciente. O ser humano é, portanto, determinado por todos esses elementos. Ele é multideterminado.

Evolução Histórica dos Conceitos de Doença e Saúde

Concepção Mágico-Religiosa

As doenças são vistas como forças alheias ao organismo.

Hebreus

A doença era interpretada como maldição divina decorrente dos pecados humanos. O tratamento era o isolamento.

Cultura Indígena

Doenças causadas por maus espíritos, que eram expulsos pelos Xamãs.

Índios Sarumá

Não existe conceito de morte por causas naturais; ela é sempre decorrente da maldição de um inimigo ou de uma conduta imprudente (ex.: comer um animal tabu, cujo espírito volta para se vingar).

Medicina Grega

Combinação de concepção religiosa (culto a divindades) com o uso de plantas e métodos naturais.

Hipócrates (Pai da Medicina)

Considerado o primeiro a realizar observações racionais sobre o ambiente e hábitos de vida para identificar as causas das doenças. Relacionava a doença com o que a pessoa sentia. Defendia a Concepção Humoral: a saúde dependia do equilíbrio dos humores.

Galeno

Defendia que as causas das doenças eram endógenas.

Idade Média

Dominada pela religião cristã: a doença era vista como pecado e a cura pela fé. Mantiveram-se as ideias de Hipócrates (temperança no comer e beber, contenção sexual, controle das paixões). O hospital não era um lugar de cura, mas um abrigo e conforto para os doentes.

Modernidade (Século XVI)

A causa das doenças passou a ser vista como agentes externos ao organismo. Se as doenças eram processos de origem química, os remédios também deveriam ser químicos, impulsionando o desenvolvimento da química e sua influência na medicina.

Século XIX (Dualismo e Anatomia)

Influência de Descartes (mente versus corpo). O corpo é visto como uma máquina. Desenvolvimento da anatomia, afastamento da concepção humoral da doença e foco na localização dos órgãos.

Revolução Pasteuariana (Século XIX)

Utilização do microscópio para descobrir microrganismos (MO) causadores de doenças, possibilitando o desenvolvimento de soros e vacinas, focando na cura e prevenção.

Século XVII: Métodos Numéricos e Estatística Social

Introdução de métodos numéricos no estudo da sociedade. William Petty coletou dados sobre população, educação e doenças. Graunt identificou doenças na mortalidade de diferentes grupos populacionais, correlacionando sexo e local de residência.

Surgimento da Epidemiologia

Foco na ocorrência de doenças na população, impulsionado pelo desenvolvimento da estatística e pela correlação entre mortalidade e renda.

1850 (EUA)

Criação de uma diretoria de saúde nos Estados Unidos.

1941 (Inglaterra)

Criação do Serviço Nacional de Saúde (SNS) com recursos públicos, visando oferecer compensação ao povo pelos esforços de guerra.

1948 (OMS)

Definição do conceito universal de saúde pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como o "estado do mais completo bem-estar físico, mental e social e não apenas a ausência de enfermidades".

1974 (Marc Lalonde)

Foco na organização da assistência social, assistência médica, ambulatórios e medicamentos. O conceito foi criticado por ser utópico, amplo e por permitir abusos do Estado na vida dos cidadãos.

1978 (Conferência de Alma-Ata)

Conferência Internacional da Assistência Primária à Saúde (Cazaquistão, OMS). Enfatizou a responsabilidade do governo na provisão da saúde e a importância dos cuidados primários (educação em saúde, nutrição adequada, saneamento básico, etc.).

1988 (Constituição Federal Brasileira)

A Constituição Federal estabelece a saúde como "direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para a promoção, proteção e recuperação." Este princípio norteia o Sistema Único de Saúde (SUS).

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