H2: Inclusão de Crianças com Síndrome de Down no Ensino Regular

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Inclusão de Crianças com Síndrome de Down no Ensino Regular

Introdução e Metodologia

Esta pesquisa tem por finalidade descobrir qual a importância da inclusão de crianças com Síndrome de Down e sua permanência no Ciclo I do Ensino Fundamental.

Objetivos

O objetivo geral deste trabalho é identificar os problemas e limitações que crianças portadoras de Síndrome de Down têm que enfrentar para serem incluídas em escolas de ensino regular, além das limitações específicas da condição.

Os objetivos específicos do trabalho são:

  • Identificar se as escolas de ensino regular estão preparadas para receber alunos com deficiência intelectual.
  • Esclarecer se a inclusão de crianças portadoras de Síndrome de Down faz diferença na aprendizagem e desenvolvimento dos mesmos.
  • Investigar que tipo de atividades são realizadas com alunos portadores de Síndrome de Down nas escolas de ensino regular.

Procedimentos Metodológicos

Quanto aos procedimentos, este trabalho será:

  • Bibliográfico: Desenvolvido a partir de material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos.
  • Levantamento: Caracteriza-se pela interrogação direta das pessoas cujo comportamento se deseja conhecer. Procede-se à solicitação de informação a um grupo significativo de pessoas acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, obterem-se as conclusões correspondentes aos dados coletados.

Quanto ao método de abordagem, essa pesquisa será realizada pelo método hipotético-dedutivo, que se inicia pela percepção de uma lacuna nos conhecimentos acerca da qual se formula uma hipótese e, pelo processo dedutivo, testa a predição da ocorrência de fenômeno abrangido pela hipótese.

No método de procedimento, essa pesquisa usará:

  • Histórico: Consiste em investigar acontecimentos, processos e instituições do passado para verificar a sua influência na sociedade de hoje.
  • Comparativo: Usado tanto para comparação de grupos no presente e no passado, ou entre os existentes e os do passado, ou entre sociedades de iguais ou de diferentes estágios de desenvolvimento.
  • Estatístico: Significa a redução de fenômenos sociológicos, políticos e econômicos a termos quantitativos e a manipulação estatística que permite comprovar as relações dos fenômenos entre si, e obter generalizações sobre a natureza, coerência ou significado.

Desenvolvimento

A escola é um canal de mudança. Portanto, a inclusão de crianças com Síndrome de Down na rede regular de ensino pode ser um começo para outras transformações, não somente de pensamentos, mas também de atitudes.

A palavra incluir significa abranger, compreender, somar. É nisso que se deve pensar quando se fala em inclusão de pessoas com deficiência: é trazer para perto, dar a elas o direito de ter as mesmas experiências, é aceitar o diferente e também aprender com ele.

É importante discutir esse assunto, pois a inclusão é um direito garantido por lei a todas as pessoas com algum tipo de deficiência. Incluir crianças com deficiência, mais do que cumprir uma lei, é permitir que elas se insiram na sociedade em que mais tarde precisarão conviver, é não deixá-las alienadas ou despreparadas para uma realidade que também é sua.

O propósito desse trabalho é trazer à discussão um assunto que é de interesse de todos, já que uma parcela considerável da sociedade sofre com algum tipo de deficiência e ninguém está totalmente livre de passar por esse problema.

A Constituição Brasileira de 1988 garante o acesso ao Ensino Fundamental Regular a todas as crianças e adolescentes, sem exceção. Além disso, devem receber atendimento especializado complementar, de preferência dentro da escola. A inclusão ganhou reforços com a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional) de 1996 e com a Convenção da Guatemala, de 2001. Sendo assim, manter crianças com algum tipo de deficiência fora do ensino regular é considerado exclusão e crime. O principal motivo das crianças irem para a escola é que encontrarão um espaço democrático, onde poderão compartilhar o conhecimento e a experiência com o diferente.

A inclusão faz parte de um grande movimento pela melhoria do ensino, e o primeiro passo para que isso de fato aconteça é olhar a educação com outros olhos. É preciso entender que a inclusão não é apenas para crianças com deficiência, mas para todos os excluídos ou discriminados, para as minorias. O atendimento educacional especializado deve ser visto apenas como um complemento da escolarização e não um substituto.

Quando se pensa que tipo de benefícios a inclusão pode gerar, surge sempre aquele pensamento de que as pessoas com deficiência têm mais chances de se desenvolver, mas, na verdade, todos ganham com a inclusão, pois aprendemos todos os dias a exercitar a tolerância e o respeito ao próximo, seja ele quem for.

Existem muitos motivos para que uma criança com Síndrome de Down possa ter a oportunidade de frequentar uma escola de ensino regular. Cada vez mais pesquisas têm sido publicadas, e o conhecimento sobre as capacidades de crianças com Síndrome de Down e o potencial de serem incluídas com sucesso tem aumentado. Além disso, a inclusão traz benefícios tanto acadêmicos quanto sociais.

A inclusão bem-sucedida não acontece automaticamente. A atitude da escola como um todo é um fator significativo nesse processo. Muitos professores podem achar a ideia de incluir alunos com Síndrome de Down em suas salas preocupante e ficar apreensivos no começo. Porém, pesquisas demonstram que a maioria dos professores tem ferramentas necessárias para entender as necessidades específicas dessas crianças e são capazes de ensiná-las efetivamente com sensibilidade.

Werneck (1993, p. 56) diz que: “Evoluir é perceber que incluir não é tratar igual, pois as pessoas são diferentes! Alunos diferentes terão oportunidades diferentes, para que o ensino alcance os mesmos objetivos. Incluir é abandonar estereótipos”.

Embora atualmente alguns aspectos da Síndrome de Down sejam mais conhecidos e eles tenham melhores chances de vida e desenvolvimento, uma das maiores barreiras para a inclusão social desses indivíduos ainda é o preconceito. Geralmente, o preconceito é gerado por falta de informação e até mesmo por insegurança por parte das pessoas. O ser humano tende a temer aquilo que não conhece.

É por esse motivo que a inclusão de crianças com deficiência nas escolas de ensino regular é tão importante, pois essas pessoas serão introduzidas da maneira mais natural possível na vida das crianças tidas como “normais”, e assim criará um pensamento mais consciente em nossos filhos. É preciso acreditar que a educação é algo que deve ser renovado a cada dia. Assim como o mundo vem evoluindo, os educadores precisam fazer com que seus conhecimentos sejam passados de maneira criativa e prazerosa, não ter medo de novos desafios e, nesse caso, estar pronto para receber crianças com deficiência. É saber lidar com situações adversas, o que promoverá não somente um crescimento pessoal, mas também profissional.

A inclusão pode ser confundida com interação, mas existem diferenças entre elas. Na interação, a criança precisa se adequar à realidade da escola, já na inclusão, a escola é que tem que se adequar à criança, aceitá-la da maneira que ela é, seja ela deficiente ou não. Na inclusão, o vocabulário “integração” é abandonado, uma vez que o objetivo é incluir um aluno ou um grupo de alunos que já foram anteriormente excluídos. A meta primordial da inclusão é não deixar ninguém no exterior do ensino regular, desde o começo (WERNECK, 1997, p. 52).

Um dos desejos mais comuns de educadores é o de lecionar em uma classe homogênea, mas isso é algo bem difícil de acontecer, tendo em vista que todos nós possuímos diferenças. Aceitar um aluno com deficiência pode parecer muito complicado, mas, na realidade, ter um aluno portador de deficiência em sua sala de aula é aceitar que todos, de alguma forma, são diferentes uns dos outros e devem ter direitos e oportunidades iguais.

Existem limitações que os deficientes precisam enfrentar, mas essas limitações se tornam mais simples de se conviver quando as pessoas que vivem ao lado deles aceitam a sua deficiência como algo diferente, mas natural. A criança com Síndrome de Down incluída na escola de ensino regular tem grandes chances de melhor se desenvolver porque esse ambiente para ela certamente será mais desafiador do que para os outros alunos sem deficiência, e é isso que vai servir de estímulo para que ela se desenvolva.

É comum ser individualista, principalmente quando o assunto é deficiência. Geralmente, as pessoas só se dão conta de que estão direta ou indiretamente excluindo o deficiente da sua convivência quando se deparam com o problema dentro da sua casa ou família. Muitos pais se desesperam ao saber que seu filho tem algum tipo de deficiência, principalmente por não saberem como agir em uma situação como essa. Mas esse problema poderia ser amenizado se vivêssemos em uma sociedade mais consciente e preocupada com o próximo, pois uma das preocupações mais comuns de pais de crianças com deficiência são as discriminações e exclusões que seu filho poderá sofrer por causa da sua deficiência.

A criança com Síndrome de Down aprende num ritmo diferente das outras crianças, mas isso não significa que ela não vai aprender, e sim que ela necessita de mais estímulos do que as outras crianças para chegar à aprendizagem. É perfeitamente possível que uma pessoa com Síndrome de Down chegue a cursar faculdade, fazer cursos profissionalizantes, enfim, se tornar um profissional. Tudo vai depender do grau da sua deficiência e também dos estímulos e oportunidades que serão dadas a essa pessoa.

Falar sobre inclusão hoje em dia é muito comum, mas é preciso que haja mais do que meros discursos. É necessário, antes de tudo, uma mudança de pensamento da sociedade em relação a esse problema. As escolas precisam mudar sua postura de querer jogar toda a responsabilidade para as instituições de educação especial; os educadores devem se preparar, mesmo que não haja nenhum aluno com deficiência em sua turma; os pais devem ensinar aos seus filhos o respeito ao próximo, seja ele quem for e como for; e a sociedade deve cobrar dos órgãos competentes ações que proporcionem a inclusão.

Schwartzman (1999, p. 262) afirma que: “A educação de crianças com Síndrome de Down, apesar de sua complexidade, não invalida a afirmação de que têm possibilidade de evoluírem. Com o devido acompanhamento, poderão tornar-se cidadãos úteis à comunidade, embora seus progressos não atinjam os patamares das crianças normais.”

Embora a ideia de ter uma sociedade mais consciente e com direitos iguais para todos pareça uma utopia, estamos caminhando, devagar, mas aos poucos se pode ir alcançando os objetivos. Está-se passando por um processo de conscientização, e isso leva tempo. Mudar a ordem natural das coisas exige comprometimento, e esse comprometimento deve ser de toda a sociedade, a fim de que todos se beneficiem por igual.

A inclusão de crianças com Síndrome de Down na rede regular de ensino trará benefícios a esse pequeno cidadão, que aprenderá desde cedo a ser autônomo e independente, e a saber viver em sociedade. Esse direito não deve ser de maneira alguma negado a ele.

Em relação aos educadores, a maior conquista na inclusão está em conseguir garantir a todos o direito à educação. Se a escola prepara seus alunos para o futuro, ela não pode ficar parada no tempo; tem que evoluir junto com eles e dar a todos o mesmo preparo. Aceitar a diversidade evita a exclusão e contribui para o sucesso dos alunos.

Schwartzman (1999, p. 262) complementa: “A filosofia da inclusão, por sua vez, precisa ser interpretada, divulgada e planejada corretamente, a fim de produzir resultados adequados. Neste sentido, campanha de esclarecimento sobre a educação inclusiva, levada a efeito pelos setores público e privados junto à sociedade, muito contribuirá para torná-la realidade.”

Fazer com que crianças com Síndrome de Down sejam incluídas não é uma tarefa fácil, levando-se em conta que se vive em uma sociedade onde os estereótipos falam mais alto do que os direitos humanos.

Conclusão

Pode-se concluir, até o momento, que o assunto inclusão é de suma importância para nossa sociedade, mas, ao mesmo tempo, muito difícil de ser abordado, pois requer mudança de atitude. Aceitar a inclusão é, antes de tudo, aceitar que vivemos em uma sociedade onde as diferenças são reais e devem ser respeitadas.

A educação, como outras áreas da sociedade, é grande responsável por essa mudança de comportamento, e uma de suas missões é a de passar informação, que é uma das formas mais simples de se combater o preconceito. A inclusão faz com que as pessoas se aproximem e tragam para perto de si pessoas antes tidas como anormais e incapazes. Essa aproximação faz muita diferença não somente na vida daquele que foi incluso, mas também na vida daquele que aceitou a inclusão do diferente em sua vida.

A inclusão só deixará de ser um sonho quando todas as pessoas com algum tipo de deficiência tiverem de fato as mesmas oportunidades, seja na educação ou no trabalho, em todos os campos em que a sociedade nos permite estar. A ideia da inclusão não é nova, mas ainda precisa amadurecer nas mentes de pais, educadores, governantes e toda a sociedade. Antes de tudo, é preciso deixar de ignorar a existência do problema e torná-lo parte de nossas vidas como algo natural.

Aceitar o que é diferente causa medo e desconfiança, mas quando percebemos tudo de novo e interessante que podemos aprender e passar para o outro, conseguimos ver que não estamos fazendo caridade, mas dando e recebendo na mesma medida. Todas as mudanças de comportamento e de pensamentos necessárias para que a inclusão seja eficaz em nossa sociedade só virão quando as pessoas descobrirem o quanto as nossas diferenças podem ser compartilhadas e úteis às outras pessoas.

Referências

  • WERNECK, Claudia. Ninguém mais vai ser bonzinho na sociedade inclusiva. Rio de Janeiro: WVA, 1997.
  • ____. Muito prazer eu existo. Rio de Janeiro: WVA, 1993.
  • SCHWARTZMAN, José Salomão. Síndrome de Down. São Paulo: Mackenzie: Memnon, 1999.

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