h2 Simbolismo no Brasil: Cruz e Sousa e Alphonsus
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O Simbolismo chegou ao Brasil em 1893, com a publicação das obras Missal (prosa) e Broquéis (poesia), ambas de autoria de Cruz e Sousa, que é considerado o maior autor simbolista. Além de Cruz e Sousa, destacam-se Alphonsus de Guimaraens e Pedro Kilkerry.
Cruz e Sousa
Filho de ex-escravos, Cruz e Sousa teve uma vida de padecimentos, além de sofrer preconceito racial. Chamado "O Cisne Negro" ou "Dante Negro", Cruz e Sousa é considerado um dos maiores poetas do Simbolismo mundial. Revela em seus primeiros trabalhos a preocupação formal herdada do Parnasianismo, mas seus temas giram em torno da vida e da morte. Outra constante em sua obra é o fascínio pela cor branca, ora vista como simbolização da pureza, ora como manifestação do seu complexo racial e desejo de acesso ao mundo dos brancos.
Cruz e Sousa escreveu alguns dos mais belos poemas de nossa literatura, como "Tristeza do Infinito", "Monja Negra", "Sorriso Interior". Além dos livros já citados, deixou-nos: Tropos e Fantasias, de parceria com Virgílio Várzea (1885); Evocações (1898); Faróis (1900); Últimos Sonetos (1905).
Principais Obras de Cruz e Sousa:
- Missal (prosa)
- Broquéis (poesia)
- Tropos e fantasias
- Faróis
- Últimos sonetos
Principais Características do Simbolismo na Obra de Cruz e Sousa:
- No plano temático: a morte, a transcendência espiritual, a integração cósmica, o mistério, o sagrado, o conflito entre matéria e espírito, a angústia e a sublimação sexual, a escravidão e uma verdadeira obsessão por brilhos e pela cor branca;
- No plano formal: as sinestesias, as imagens surpreendentes, a sonoridade das palavras, a predominância de substantivos e o emprego de maiúsculas, utilizadas com a finalidade de dar um valor absoluto a certos termos.
Alphonsus de Guimaraens
Esse era o pseudônimo de Afonso Henrique da Costa Guimarães. Teve uma vida solitária. Sua poesia é marcada pelo espiritualismo, carregada pela atmosfera de rituais religiosos, sonhos e melancolia; prende-se à evasão da vida, da morte e da natureza.
A mulher é idealizada, pura e, quase sempre, divinizada. Em sua evasão da realidade imediata, identifica-se com o trovador medieval que suspira por sua dama ou cultua a Virgem Maria.
A sua obra compõe-se de: Setenário das Dores de Nossa Senhora (1899); Câmara Ardente (1899); Dona Mística (1899); Pastoral aos Crentes do Amor e da Morte (1923).
Principais Obras de Alphonsus de Guimaraens:
- Setenário das dores de Nossa Senhora (1899)
- Dona Mística (1899)
- Kyriale (1902)
- Pastoral aos crentes do amor e da morte (1923), entre outros.
Sua poesia desenvolve-se em torno de um misticismo marcado pela morte, que surge como uma inevitabilidade, e é praticamente transformada em objeto de adoração. Formalmente, o autor revela influências árcades e renascentistas, sem cair no formalismo parnasiano. O poeta chegou a explorar a redondilha maior, de longa tradição popular, medieval e romântica; sua obra é rica em recursos como aliterações e sinestesias.
Movimento essencialmente poético do fim do século XIX, o simbolismo representa uma ruptura artística radical com a mentalidade cultural do Realismo-Naturalismo, buscando fundamentalmente retomar o primado das dimensões não-racionais da existência.
Para tanto, o simbolismo redescobre e redimensiona a subjetividade, o sentimento, a imaginação, a espiritualidade; busca desvendar o subconsciente e o inconsciente nas relações misteriosas e transcendentes do sujeito humano consigo próprio e com o mundo.
Numa visão mais ampla, tanto no campo da filosofia e das ciências da natureza quanto no campo das ciências humanas, a desconstrução das teorias racionalistas faz-se notar, seja por meio da física relativista de Einstein, da psicologia do inconsciente de Freud ou das teorias filosóficas de Schopenhauer e de Friedrich Nietzsche.
Assim, o surgimento do simbolismo por um lado reflete a grande crise dos valores racionalistas da civilização burguesa, no contexto da virada do século XIX para o século XX, e por outro inicia a criação de novas propostas estéticas precursoras da arte da modernidade.