H2: Técnicas de Conservação e Manejo do Solo

Práticas Conservacionistas Iniciais

Desenvolver um conjunto de práticas conservacionistas, abrangendo a correção do solo, terraceamento em nível, uso de plantas recuperadoras, plantio direto, contenção das enxurradas das lavouras e estradas, reflorestamento e manejo dos dejetos, visando a redução da erosão hídrica e a melhoria da qualidade da água dos mananciais.

Degradação e Monocultura

Disseminou-se um sistema de monocultura e sem contenção de enxurradas, desfazendo-se os princípios conservacionistas propostos pelo programa das bacias hidrográficas, com um crescimento acelerado na retirada parcial ou integral dos terraços das lavouras, resultando num crescimento muito grande no uso de dessecantes, aplicados superficialmente no solo e sem contenção das enxurradas, permitindo que eles sejam facilmente transportados pela água da chuva até os mananciais hídricos e poluindo o meio ambiente.

Armazenamento de Água na Superfície e no Solo

Na superfície do solo, a água pode ser retida através do sistema de terraceamento em nível, onde a água ficará retida nessas barreiras até a sua total infiltração. A palhada sobre o solo ajuda a diminuir a evaporação da água. Já dentro do solo é necessário que se tenha uma boa porosidade, ou seja, os microporos que são os responsáveis pela retenção da água dentro do solo.

Fatores que Afetam a Qualidade Física do Solo

Dentre os fatores que afetam a qualidade física do solo, pode-se citar:

• Fatores Externos: O uso de áreas em níveis inadequados de umidade, pisoteio de animais em pastagens e trânsito de máquinas.
• Fatores Internos: Compactação, porosidade do solo e plantas com sistema radicular agressivo.

IHO (Índice Hídrico Ótimo)

O IHO incorpora, num único parâmetro, os efeitos da água disponível, a aeração e a RP (Resistência à Penetração) em relação ao crescimento das plantas. O IHO é definido como a faixa de água disponível no solo em que são mínimas as limitações físicas às plantas. Em solos com reduzido IHO, isto é, em solos compactados, as culturas estão frequentemente expostas a estresses físicos por aeração deficiente, em períodos úmidos prolongados, ou a excessiva RP por ocasião de déficits hídricos prolongados. A avaliação da compactação pode ser feita com o IHO.

Mulching Vertical

É uma técnica conservacionista potencial para o manejo da enxurrada e controle de erosão hídrica. Essa técnica é constituída por sulcos, construídos em nível, com 7 a 10 cm de largura e 40 cm de profundidade, que são preenchidos com resíduos vegetais para evitar o desmoronamento de suas paredes laterais. Esses sulcos podem ser espaçados 10 m entre si.

Benefícios do Mulching Vertical

• Efeito Direto: Redução do escorrimento superficial.
• Efeitos Indiretos:
  • Adição de matéria orgânica em profundidade no solo.
  • Redução de perdas de resíduos culturais pela enxurrada.
  • Rompimento da camada compactada.
  • Redução de perdas de nutrientes.

Tráfego Controlado

O tráfego controlado é um sistema onde as linhas de tráfego são separadas. As lavouras apresentam áreas plantadas e faixas de caminhos definidas e destinadas ao tráfego de rodas. O maquinário irá sempre passar no mesmo lugar, evitando a compactação em toda a lavoura.

Benefícios do Tráfego Controlado

• Menor compactação total.
• Redução de uso de insumos e maior precisão na aplicação.
• Menor consumo de combustível.
• Maior rapidez nas operações.
• Melhor drenagem e controle de empoçamento de água.
• Tamanho de grãos mais uniforme.
• Menor área compactada na lavoura.

Consórcio Mix (Culturas de Cobertura)

O Consórcio Mix aumenta-se a quantidade de Matéria Orgânica (M.O.) no solo e reduz os efeitos da erosão. O sistema radicular de algumas espécies (como o nabo) pode auxiliar na descompactação do solo e maior infiltração de água, além de:

• Disponibilização de nutrientes fixados por estas plantas.
• Redução na incidência de ervas-daninhas.
• Maiores produtividades nas culturas posteriores.

Exemplos de Consórcios

• Espécies de Inverno: Aveia, ervilhaca e nabo forrageiro.
• Espécies de Verão: Sorgo, milheto e guandu.

Recomendações de Fancelli

• Alternância de espécies vegetais apresentando exigências nutricionais distintas.
• Alternância de espécies vegetais que apresentam diferentes sistemas radiculares, quanto à arquitetura, distribuição e profundidade de exploração do solo.
• Alternância de espécies que não apresentam suscetibilidade a patógenos e a insetos-praga comuns.
• Uso de uma ou mais espécies com elevada capacidade de produção de resíduos, preferencialmente com alto valor de relação Carbono/Nitrogênio.

Benefícios do Plantio Direto (SPD)

• Diminuição dos custos de produção.
• Maior retenção de água no solo.
• Redução da erosão e perdas de nutrientes.
• Evita assoreamento de rios.
• Menor compactação.
• Maior economia de combustível e menor número de operações.
• Conservação da cobertura morta na superfície do solo.

Recomendações de Calegari (Consórcios)

1. Aveia preta + centeio.
2. Centeio ou azevém + ervilha + nabo forrageiro.
3. Milheto + crotalárias.
4. Braquiárias + sorgo + guandu.
5. Nabo forrageiro.

Preparo Convencional

Consiste na aração, gradagem, semeadura e cultivos subsequentes necessários para o controle de ervas daninhas.

Vantagens do Preparo Convencional

• O revolvimento dos solos aumenta a mineralização dos componentes orgânicos pelos microrganismos, o que contribui para tornar os elementos minerais disponíveis para as plantas.
• Aumento da aeração do solo.
• Aumento da infiltração de água no solo.
• Destruição de ervas daninhas e sementeiras.
• O nivelamento da superfície do solo facilita as operações de semeadura, cultivo e colheita.
• Incorporação de fertilizantes, corretivos e matéria orgânica (maior decomposição de adubos orgânicos e restos vegetais).

Desvantagens do Preparo Convencional

• O revolvimento intensivo diminui a fertilidade do solo devido às perdas por lixiviação, principalmente em solos de baixo poder de retenção (solos arenosos).
• Pode haver mistura das partículas dos horizontes pela aração efetuada profundamente, o que poderá causar uma infertilização temporária do solo. Excepcionalmente, poderá ser permanente.
• Favorece a erosão em solos declivosos.
• Necessidade de efetuar tratos culturais, principalmente capinas, o que aumenta o custo de produção da cultura.
• O tempo de preparo do solo é maior que para outros sistemas.
• Há necessidade de um uso maior de implementos, aumentando os gastos com combustível e custo de produção.

Cultivo Mínimo (Preparo Reduzido)

Refere-se à redução de uma ou mais operações do preparo do solo, comparado com o sistema convencional. Neste caso, esta prática é chamada de preparo reduzido do solo.

Generalizando, podemos dizer que neste sistema, tanto as vantagens como as desvantagens são as mesmas que as do Sistema Convencional, por motivo deste método se aproximar muito das técnicas utilizadas no cultivo mínimo. Porém, este sistema oferece maiores problemas de perdas de solo por erosão que o sistema convencional. As rodas do trator compactam o subsolo e a grade deixa a superfície muito pulverizada, acarretando graves danos de erosão, pois sua ação é mais superficial que a do arado. Quando empregados outros métodos, este sistema se apresenta como intermediário entre o preparo convencional e o plantio direto no que diz respeito à erosão do solo.

Escarificação

Consiste em passar o implemento no solo a fim de romper as camadas superficiais e dar melhor estrutura.

Vantagens da Escarificação

• Favorece a penetração dos elementos do ar.
• Auxilia na qualidade física do solo.
• Menor consumo de energia.
• Não precisa pulverizar tanto.
• Não enterra profundamente os restos culturais.
• Maior capacidade de infiltração.

Subsolagem

Consiste em atingir camadas profundas com implementos agrícolas.

Vantagens da Subsolagem

• Ajuda a promover o crescimento das raízes, a retenção de água e dos nutrientes.
• Contribui para a redução do escoamento superficial e aumento da produtividade das culturas.