H3: Ascensão e Queda de Potências: Mercantilismo e Revolução Industrial
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Fatores do Desenvolvimento e Afirmação da Holanda no Século XVII
- Investimento em desenvolvimento técnico para rentabilizar a produção agrícola.
- Modernização de práticas agrícolas tradicionais e aproveitamento intensivo dos solos.
- Introdução de novas culturas (trevo, feijão, linho, algodão, milho, batata, tabaco).
- Desenvolvimento da pastorícia e criação de gado, visando aumentar a produção de carne, leite, lã e couros.
As manufaturas eram muito diversificadas e as suas técnicas de produção eram muito avançadas.
Características Sociais e Urbanas da Holanda (Século XVII)
Amesterdão: Centro da Economia-Mundo
- As condições de vida na Holanda eram superiores às da maioria da Europa.
- Diferenciação social: nobreza diminuta; a maior parte da população pertencia à burguesia.
- O nível de vida era dos mais elevados da Europa.
- Crescimento populacional impulsionado pela imigração, devido às boas condições de vida.
A Semiperiferia e a Economia Portuguesa no Sistema de Economia-Mundo
- Báltico: Dominado pela Holanda, fornecia matérias-primas (madeiras, cereais, produtos naturais e alimentares).
- Interior da Europa Ocidental: Utilização da estrada fluviocomercial do Reno para abastecimento de produtos exóticos e escoamento de produtos locais.
- Relação de Portugal com o Centro: Portugal trocava sal por cereais e todo o género de manufaturas.
Protecionismo e Mercantilismo
Condicionalismos para a Adoção de Práticas Mercantilistas
- Desejo de imitar o modelo económico holandês.
- Busca por uma balança comercial positiva.
O Bulionismo (Acumulação de Metais Preciosos)
O Bulionismo (ou Metalismo) visava a acumulação de metais preciosos como sinónimo de riqueza do Estado. Contudo, esta prática teve limitações:
- Não houve preocupação em investir nas manufaturas e no desenvolvimento do comércio.
- Os lucros foram gastos em ostentação e empréstimos.
Ideias Gerais que Caracterizam o Mercantilismo
O Mercantilismo defende:
- A riqueza de um Estado é medida pela abundância de metais preciosos, obtidos principalmente através da atividade do comércio externo.
- O intervencionismo e dirigismo económico do Estado.
- O protecionismo à produção interna (especialmente manufactureira) para obter uma balança comercial favorável.
Mercantilismo Inglês: Medidas e Resultados
A Inglaterra possuía uma marinha mercante e de guerra completa, apoiada por corsários, o que permitiu a ampliação das suas riquezas através do comércio internacional.
O Ato de Navegação (1651)
O Ato de Navegação estabelecia que o comércio de mercadorias europeias fosse realizado por navios ingleses ou por navios dos países produtores. Resultados:
- Garantia da posição inglesa no comércio mundial.
- Estímulo ao capitalismo inglês.
- Privilégio da indústria naval e da burguesia mercantil.
Mercantilismo Francês: O Colbertismo
As atividades comerciais francesas baseavam-se na produção agrícola e em artigos luxuosos destinados à exportação. O objetivo era incrementar a produção manufatureira, fortalecer o comércio externo e alargar as áreas coloniais.
O mercantilismo francês é denominado Colbertismo (em homenagem a Jean-Baptiste Colbert) e foi considerado um mercantilismo industrial.
Conflitos Imperialistas (Séculos XVII e XVIII)
A tensão agravou-se, inicialmente entre Inglaterra e Holanda, e posteriormente entre França e Inglaterra.
Conflitos Anglo-Holandeses
Resultaram em 3 conflitos. A Holanda perdeu colónias na América e parte das suas possessões no Oriente. A aliança foi estabelecida quando Guilherme III se tornou rei de Inglaterra.
Conflitos Anglo-Franceses
Após a queda da Holanda, França e Inglaterra disputaram a hegemonia marítima e continental.
Guerra da Sucessão Espanhola
- Causa: Morte de Carlos II sem herdeiros.
- Tratado de Utreque (Paz): Colocou no trono o candidato apoiado pela França, mas reconheceu regalias à Inglaterra:
- Fornecimento de escravos para a América (por 30 anos).
- Recuperação de entrepostos ultramarinos na América.
- Consequência: Aumento do poder marítimo, colonial e económico da Inglaterra.
Guerra dos Sete Anos
As zonas de maior conflito foram a América do Norte e o Oriente. A França desgastou-se mais nas lutas continentais, perdendo força nas colónias, onde os ingleses saíram vitoriosos.
Tratado de Paris: A França perdeu muitas das suas possessões. A Inglaterra passou a ser a maior potência colonial e marítima do mundo.
O Sucesso Inglês e o Arranque Industrial (Séculos XVII e XVIII)
Condições Internas e Externas do Sucesso Inglês
- Predomínio de um estado territorial forte.
- Abundantes recursos minerais.
- Vasta rede natural de comunicações (canais naturais e artificiais).
- Acentuada expansão demográfica e urbanização.
- Setor agrícola em modernização (inovações agrícolas).
- Mercado interno extenso.
Características Demográficas
- Quebra da mortalidade: devido a melhores condições sanitárias, higiene e alimentação mais variada.
- Aumento da taxa de natalidade: devido ao aumento de postos de trabalho na indústria e à procura de mão de obra, permitindo a constituição de famílias mais cedo.
Expansão do Comércio Externo Britânico
A Rota Triangular (Europa, África, Américas, Europa) foi crucial, visando a obtenção de açúcar, madeiras, plantas tintureiras e metais preciosos do Novo Mundo. As Américas recebiam escravos africanos como moeda de troca.
Os mercados orientais forneciam especiarias, sedas, chá e porcelanas. A Inglaterra consolidou o controlo das áreas comerciais ultramarinas, alargando o seu mercado escoador e de abastecimento.
Conceito de Economia-Mundo
A Economia-Mundo refere-se a um sistema económico global, estruturado em torno de um centro hegemónico, que coordena as relações comerciais e financeiras entre diversas regiões (centro, semiperiferia e periferia).
Inovações da Revolução Agrícola Inglesa (Século XVIII)
- Sistema quadrienal de rotação de culturas.
- Aumento de áreas cultivadas e introdução de novas culturas.
- Prática do emparcelamento de terras e vedação (Enclosures).
- Seleção de sementes e de animais reprodutores.
- Mecanização.
- Aumento da criação de gado.
O Papel de Londres como Centro da Economia-Mundo (Século XVIII)
Londres desenvolveu um mercado nacional e tornou-se a capital de um império disperso pelos cinco continentes.
- Valorização do ouro como meio monetário.
- Banco de Inglaterra (1694): Concedia créditos, aceitava depósitos e transferências, e emitia papel-moeda, superando a escassez de meios de pagamento.
- Bolsa de Londres: Cotava e transacionava ações, títulos de dívida ou obrigações.
Arranque Industrial Britânico (a partir de 1780)
Condições Facilitadoras
- Abundância de matérias-primas.
- Mão de obra abundante.
- Boas vias de comunicação.
- Burguesia e nobreza dinâmicas.
- Existência de capitais para investir.
Setores de Arranque
- Têxtil (Algodão): Produzia grandes quantidades de pano para a Europa e América. As fábricas situavam-se junto aos cursos de água e próximas dos portos.
- Metalurgia: A principal característica da Revolução Industrial foi a aplicação da máquina na indústria, destacando-se a máquina a vapor.
Controlo Britânico do Comércio Asiático
A Companhia das Índias Orientais controlava a produção e comercialização dos tecidos indianos (algodão, principal exportação desde o início do século XVIII).
Estratégias de Controlo:
- Adiantamento de dinheiro aos artífices indianos (tecelões), tornando-se os únicos intermediários comerciais.
- Exploração de produtos (açúcar, seda, ópio) através da exigência de taxas elevadas.
- A Índia transformou-se num mercado recetor de produtos industriais ingleses e fornecedor de matérias-primas (algodão em bruto).
- Domínio do comércio inter-regional asiático e local, determinando os preços a seu favor.