h3: Pensamento e Inteligência: Representações e Filosofia

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O Pensamento e a Inteligência

Nesta seção, vamos explorar o conteúdo dos processos mentais, como as nossas mentes resolvem problemas e tomam decisões.

O Conteúdo do Pensamento

O nosso pensamento opera com representações mentais. Já vimos que a projeção mental, a percepção e a memória permitem armazenar informações para uso posterior.

Antes de prosseguir, é importante qualificar os tipos de representações mentais disponíveis. Psicólogos cognitivistas e filósofos defendem dois tipos básicos: representações simbólicas e analógicas. As representações analógicas capturam algumas características reais do que representam. As representações simbólicas, por outro lado, não possuem relação intrínseca. Para entender isto, considere o desenho de um rato. Um rato desenhado tem algumas linhas no papel. O desenho representa um rato, mas não é um rato real. Agora, considere a palavra "rato". O desenho é diferente; a palavra não tem semelhança física com o rato. É uma representação abstrata. A relação entre estas letras e o pequeno animal é puramente convencional e arbitrária. A linguagem humana funciona com esta abstração.

Existem também as proposições. Os conceitos são aquilo em que pensamos. Ao fazê-lo, temos a tendência de combiná-los de diferentes maneiras. Nessas proposições, o sujeito é ligado ao predicado. Na era moderna, filósofos como Locke e Hume pensavam que os nossos conceitos funcionam através de associações. No entanto, hoje, acreditamos que as proposições formam conexões muito mais precisas do que uma simples associação.

O Poder de Entender na Filosofia

Desde a antiguidade, a filosofia tem refletido sobre o papel do entendimento na geração de conhecimento e ideias.

a) Platão (século IV a.C.) foi o primeiro a apresentar este problema de forma mais ou menos intuitiva. Para este autor grego, a experiência empírica representava um conhecimento distante da realidade verdadeira, que era o mundo das ideias. O mundo que nos rodeia é uma cópia imperfeita do mundo real, que é imaterial e perfeito. Como o ser humano o conhece? Através da memória do que aconteceu numa vida anterior. Segundo esta teoria, aprender coisas é recordar algo que já sabíamos anteriormente. Isto implica, portanto, que haveria algum conhecimento inato nas nossas mentes, e que só teríamos de o extrair, seja pela memória, pela dialética ou pelo amor à perfeição. Em suma, esta teoria deu início à teoria das ideias inatas, mais tarde desenvolvida pelos racionalistas.

b) Para Aristóteles (século IV a.C.), o entendimento cria conceitos a partir da experiência empírica, com a capacidade de abstração. Este poder de abstração permite-nos criar definições e juntar alguns conceitos com outros.

c) Para os empiristas (Locke e Hume, séculos XVII-XVIII), o entendimento reduz-se à capacidade de associar ideias. Isto é graças ao poder da memória, que retém as informações dos sentidos e associa estes sentimentos uma segunda vez. Mas, tal como Aristóteles, o entendimento não gera nenhuma ideia. Os empiristas são mais radicais, no sentido de que a "essência" ou "conceitos" não constituem um conhecimento válido, pois são apenas um trabalho da mente, que não tem contacto direto com a realidade. Para eles, apenas as perceções individuais são seguras e não podemos ir além delas (fenomenalismo, nominalismo).

d) Uma perspetiva radicalmente diferente é oferecida por Kant. Para Kant, o entendimento prevê um número de conceitos não-empíricos, anteriores à experiência, para unificar o conhecimento que advém da realidade empírica. Kant chama a estes conceitos de categorias ou "conceitos puros", para os diferenciar dos conceitos empíricos de Aristóteles. Uma categoria muito importante para a física seria a causalidade. Pense: "Se Patrick largar a sua caneta, ela cairá no chão". Este conceito permite distinguir entre causa e efeito e juntar as duas coisas.

e) A Filosofia da Linguagem e a Psicologia

Hoje, o debate deslocou-se para a psicologia e a linguística: os conceitos nascem connosco ou são todos adquiridos através da experiência? Segundo Chomsky (teoria da linguagem), nascemos com algumas regras gramaticais, antes de qualquer ensino de línguas. Isto explicaria as semelhanças sintáticas entre diferentes línguas. Outros autores (Fodor, Putnam) defendem a linguagem empírica, a posteriori. Na psicologia, realizam-se muitos experimentos sobre isto, mas nenhum foi conclusivo. Vimos um deles:

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