Hepatites: Causas, Tipos, Sintomas, Diagnóstico e Tratamento

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O que Causa a Hepatite?

As hepatites virais são inflamações causadas por vírus que são classificados por letras do alfabeto em A, B, C, D (Delta) e E. No Brasil, mais de 70% (23.070) dos óbitos por hepatites virais são decorrentes da Hepatite C, seguida da Hepatite B (21,8%) e A (1,7%). O país registrou 40.198 casos novos de hepatites virais em 2017. O SUS oferece tratamento para todos, independentemente do grau de lesão do fígado.

Tipos de Hepatite

Hepatite A

É uma inflamação do fígado causada por um vírus, geralmente tem um curso benigno, evoluindo para a cura espontânea em mais de 90% dos casos. Afeta o fígado, causando sintomas semelhantes aos da gripe e icterícia. A transmissão ocorre por meio de água ou alimentos contaminados.

Hepatite B

Uma infecção grave do fígado causada pelo vírus da hepatite B, que pode ser facilmente prevenida por meio de vacinação. A maioria dos recém-nascidos infectados com o vírus da hepatite B não apresenta sintomas, mas tem 90% de chance de desenvolver hepatite B crônica, o que é muito grave. Isso pode levar a sérios problemas de saúde, incluindo danos ao fígado, câncer de fígado e até a morte.

Hepatite C

A Hepatite C é um dos três tipos mais comuns de hepatite viral. De acordo com o Fundo Mundial para a Hepatite da Organização das Nações Unidas, cerca de 500 milhões de pessoas no mundo estão infectadas com os vírus da hepatite B e C, e apenas 5% delas sabem que têm a doença. É transmitida por sangue contaminado e pode não apresentar sintomas.

Hepatite D (Delta)

A Hepatite D, ou Delta, é uma doença viral caracterizada por reação inflamatória no fígado. Esse vírus é considerado um vírus satélite, ou seja, ele não é autônomo e depende da presença do vírus da hepatite B para infectar uma pessoa.

Hepatite E (Muito Rara)

A hepatite E é uma doença infecciosa hepática causada por um RNA-vírus, o vírus E (HEV). O período de incubação do contato com o vírus até o início dos sintomas é de 15 a 60 dias. O vírus da hepatite E é transmitido principalmente por meio de água potável contaminada com matéria fecal.

Hepatite Alcoólica

As mulheres são mais vulneráveis à doença hepática alcoólica do que os homens. O álcool pode provocar três tipos de lesões hepáticas:

  • Acúmulo de gordura (esteatose)
  • Inflamação (hepatite alcoólica)
  • Aparecimento de cicatrizes (cirrose)

Hepatite Autoimune

Inflamação no fígado que ocorre quando o sistema imunológico o ataca. A hepatite autoimune pode progredir para a cirrose hepática, câncer hepático e insuficiência crônica do órgão.

Sinais e Sintomas das Hepatites

Hepatite A e B

As hepatites são doenças que nem sempre apresentam sintomas, mas, quando presentes, podem incluir:

  • Dor ou desconforto abdominal
  • Dor muscular
  • Fadiga
  • Náusea e vômitos
  • Perda de apetite
  • Febre
  • Urina escura
  • Amarelamento da pele e olhos (icterícia)

Hepatite C

Os sintomas podem incluir:

  • Dor ou inchaço abdominal
  • Fadiga
  • Náusea e vômitos
  • Perda de apetite
  • Febre
  • Urina escura
  • Coceira
  • Amarelamento da pele e olhos (icterícia)
  • Sangramento no esôfago ou no estômago

Hepatite D

Os sintomas incluem dor abdominal, náuseas e fadiga. Existem alguns tratamentos específicos para a hepatite D, embora diferentes regimes possam ser tentados. O controle também se concentra em cuidados médicos e paliativos.

Hepatite E

Os sintomas incluem icterícia (amarelamento da pele), falta de apetite e náuseas. Em casos raros, pode progredir para insuficiência hepática aguda. Geralmente, a hepatite E se cura por conta própria em quatro a seis semanas. O tratamento se concentra em cuidados médicos e paliativos, reidratação e repouso.

Formas de Transmissão

  • Contágio Fecal-Oral: Condições precárias de saneamento básico e água, de higiene pessoal e dos alimentos (Hepatite A e E).
  • Transmissão por Contato com Sangue: Por meio de compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam (vírus B, C e D). Ambientes médicos, laboratoriais, hospitalares e odontológicos devem atender às normas de uso de materiais descartáveis, esterilização de materiais e equipamentos para o controle de transmissão de infecções, dentre as quais se incluem as hepatites virais.
  • Transmissão Vertical: Pode ocorrer durante a gravidez e o parto (Hepatite B, C e Delta). A amamentação não está contraindicada caso sejam realizadas ações de prevenção, tais como a profilaxia para o recém-nascido: primeira dose da vacina e imunoglobulina nas primeiras 12 horas de vida e completar o esquema com as demais doses para prevenção da hepatite B e D. Com relação à hepatite C, não existem evidências de que a transmissão possa ser evitada com a contraindicação à amamentação.
  • Transmissão Sexual: Relação sexual desprotegida (Hepatite A, B, C e Delta).

*A transmissão por meio de transfusão de sangue ou hemoderivados, embora muito comum no passado, é atualmente considerada rara. Isso se dá pelo fato de atualmente haver um maior controle, com a melhoria das tecnologias de triagem de doadores e sistemas de controle de qualidade mais eficientes.

Diagnóstico

O diagnóstico e o tratamento precoces podem evitar a evolução da doença para cirrose ou câncer de fígado. Por isso, é tão importante fazer os exames. O diagnóstico pode ser feito por testes rápidos que dão o resultado em uma hora. Também existem exames feitos em laboratório.

  • Testes Rápidos: Os testes rápidos para os tipos B e C estão disponíveis nos serviços públicos de saúde para todas as pessoas. Tendo mais de 40 anos, é muito importante fazer o teste de hepatite, pois pode ter sido exposto a esse vírus na juventude.
  • Pré-natal: O exame de hepatite B também faz parte do rol de exames do pré-natal. A gestante deve ser diagnosticada e será tratada, se houver indicação, ainda durante a gravidez.

Prevenção das Hepatites

Vacinação

A vacina é uma forma de prevenção contra as hepatites do tipo A e B. Quem se vacina para o tipo B se protege também para hepatite D, e está disponível gratuitamente no SUS. Para os demais tipos de vírus, não há vacina e o tratamento é indicado pelo médico.

Prevenir Hepatite A

A vacina está disponível no SUS, sendo oferecida no Calendário Nacional de Vacinação para crianças de 15 meses a 5 anos incompletos (4 anos, 11 meses e 29 dias), e também no CRIE (Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais), para pessoas de qualquer idade que tenham:

  • Hepatopatias crônicas de qualquer etiologia, incluindo os tipos B e C
  • Coagulopatias
  • Pessoas vivendo com HIV
  • Portadores de quaisquer doenças imunossupressoras
  • Doenças de depósito
  • Fibrose cística
  • Trissomias
  • Candidatos a transplante de órgãos
  • Doadores de órgãos, cadastrados em programas de transplantes
  • Pessoas com hemoglobinopatias

Prevenir Hepatite B

Em crianças, é dada em quatro doses: ao nascer, 2, 4 e 6 meses. Para os adultos que não se vacinaram na infância, são três doses, a depender da situação vacinal. É importante que todos que ainda não se vacinaram tomem as três doses da vacina. Pessoas que tenham algum tipo de imunodepressão ou que tenham o vírus HIV precisam de um esquema especial com dose em dobro, dada nos Centros de Imunobiológicos Especiais (CRIE).

Outras Medidas de Prevenção

Prevenir Hepatite C

Na ausência de uma vacina contra a hepatite C, a prevenção pode ser feita evitando o contato com sangue contaminado, sexo desprotegido e compartilhamento de objetos cortantes. O tratamento é medicamentoso e há cura.

Tratamento das Hepatites

  • Hepatite C: Tem cura em mais de 90% dos casos quando o tratamento é seguido corretamente.
  • Hepatites B e D: Têm tratamento e podem ser controladas, evitando a evolução para cirrose e câncer.
  • Hepatite A: É uma doença aguda e o tratamento se baseia em dieta e repouso. Geralmente melhora em algumas semanas e a pessoa adquire imunidade, ou seja, não terá uma nova infecção.

Todas as hepatites virais devem ser acompanhadas pelos profissionais de saúde, pois as infecções podem se agravar.

Diagnósticos de Enfermagem

  • Risco de função hepática alterada relacionada à infecção viral (hepatite A, B e C), coinfecção pelo HIV, medicamentos hepatotóxicos.
  • Risco de infecção relacionado a procedimentos invasivos.
  • Nutrição desequilibrada (menos que as necessidades corporais), relacionada à incapacidade para ingerir os alimentos ou absorver nutrientes, ou por fatores psicológicos, caracterizado por incapacidade percebida de ingerir e falta de interesse na comida.
  • Risco de confusão aguda relacionada a anormalidades metabólicas.

Intervenções de Enfermagem

  • Observar e anotar: coloração da pele e mucosas; sinais de confusão mental; nível de consciência; distensão abdominal; melena (fezes escuras, sangue nas fezes).
  • Verificar e anotar sinais vitais.
  • Manter cabeceira elevada a 30°.
  • Identificar junto ao paciente fatores que contribuem para desencadear e melhorar as náuseas e eliminá-las.
  • Avaliar condições para ingestão hídrica e alimentar.
  • Higienização antes e após procedimentos.
  • Redução de procedimentos diagnósticos e terapêuticos desnecessários, utilizando técnicas assépticas e medidas de isolamento, quando indicado.
  • Redução de fluxo de pessoas na unidade do paciente, quando possível.
  • Pesar o paciente no mesmo horário e com o mesmo tipo de roupa.
  • Avaliar condições de deglutição (neurológicas e lesões orais).
  • Oferecer pequenas porções frequentes para reduzir a sensação de estômago distendido.
  • Garantir posição confortável e ambiente favorável ao repouso.
  • Manter o paciente em quarto próximo ao posto de enfermagem para observação e intervenção imediata.

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