Higiene Bucal: Técnicas, Dicas e Importância

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O repasse de informações a respeito da higienização bucal deve ser realizado várias vezes. O profissional deve ter escovas, fio dental, modelos, evidenciadores de placa para motivação. Devemos recomendar aos pais que escovem os dentes de seus filhos durante a infância e supervisionem, ao menos uma vez ao dia, na adolescência.

O profissional deve tratar e não simplesmente atender, uma vez que tratar significa compreender o contexto da doença pessoal e social. Perceber, não apenas um evento isolado, mas preocupar-se com o significado da doença, para o paciente e sua família, informando e orientando as pessoas no desenvolvimento de habilidades para lidar com os seus problemas, encarando cada momento como uma oportunidade de estar promovendo a saúde.

Evidenciadores de Placa Bacteriana

Pastilhas ou soluções reveladoras de placa devem ser usadas para que cada um dos participantes possa avaliar sua eficiência e destreza. Permitem destacar os indutos moles nas estruturas aparentemente limpas. Podem ser usadas soluções de fucsina básica a 2%, eritrosina, pastilhas evidenciadoras etc. Os evidenciadores são substâncias corantes que tingem a placa bacteriana e devem ser totalmente eliminadas pela escovação. Estas soluções podem ser aplicadas sobre os dentes com cotonetes; em seguida, a boca é enxaguada ou se fazem bochechos com 10 ml por 1 minuto e depois se cospe (para maiores de 6 anos).

Técnicas de Escovação

  • Evitar ou eliminar totalmente a placa dental;
  • Estender-se à maioria da população, semelhante a outras medidas de Saúde Pública;
  • Apresentar ausência de efeitos colaterais como a retração gengival e abrasão do colo;
  • Resultar na prevenção e cura das doenças atuais.

As técnicas de escovação utilizadas devem ser dirigidas especificamente às regiões críticas. Áreas críticas são os espaços interdentais, a região oclusal dos molares e pré-molares, que apresentam os aprofundamentos das fossas, e a região lingual dos molares inferiores. Orientar sempre a escovação da língua em todas as técnicas.

Higiene Bucal dos Bebês

A limpeza da cavidade bucal do bebê deve ser iniciada antes mesmo da erupção dental, com a finalidade de remover o leite estagnado em seu interior e nas comissuras labiais, massagear a gengiva e acostumá-lo à manipulação da boca. Podemos usar gaze embebida em água filtrada, que deve ser esfregada delicadamente na gengiva. Quando da erupção dos primeiros dentes decíduos, a dedeira de borracha ou silicone pode ser utilizada. Na fase de erupção dos primeiros molares decíduos, recomenda-se utilizar escovas dentais infantis, pois dedeiras e gaze não removem adequadamente a placa bacteriana (biofilme dental) da superfície oclusal dos dentes.

Técnica de Fones

A criança empunha a escova e, com os dentes cerrados, faz movimentos circulares na face vestibular de todos os dentes superiores e inferiores, indo do último dente de um hemiarco a outro. Nas faces palatinas ou linguais, os movimentos também são circulares, com a boca aberta. Nas faces oclusais e incisais, os movimentos são no sentido ântero-posterior.

Técnica de Stillman Modificada

A escova é colocada com o longo eixo das cerdas lateralmente contra a gengiva e as cerdas são deslizadas de gengival para oclusal ou incisal. Quando as cerdas estiverem junto ao ponto de contato dos dentes, fazem-se movimentos vibratórios. O movimento é o mesmo para os arcos superior e inferior e para as superfícies vestibular e lingual. Nas faces oclusais e incisais, os movimentos são no sentido ântero-posterior.

Técnica de Bass

Durante a escovação, as cerdas são forçadas diretamente no sulco gengival, num ângulo de 45 graus com o eixo do dente. Com as cerdas o máximo possível para dentro do sulco, faz-se um movimento curto para frente e para trás, vibratório, deslocando todo o resíduo existente na área. Deslizar a escova de gengival para oclusal em toda as faces vestibulares, linguais e palatinas. As superfícies oclusais são escovadas movendo a escova para frente e para trás. Escovar a língua no final. Esta técnica tem sido recomendada para pacientes portadores de aparelhos fixos.

Escovas Dentais

A finalidade da escovação dental é tornar sadios os tecidos de sustentação dos dentes e prevenir a cárie. Para Hine, as funções e efeitos básicos da escovação dental são: remover os depósitos de restos alimentares dos dentes, o acúmulo de microrganismos e recentes indutos supragengivais não calcificados; suave massagem gengival, para promover melhor circulação do sangue e adequada queratinização do epitélio; não irritar ou dilacerar o tecido gengival; não desgastar a estrutura dental.

Qualidades da Escova:

  • Cabo: forma retangular ou achatada, permite melhor apoio;
  • Cabeça: entre 25 e 32 mm (pequena a média) por 8 a 11 mm de largura, apresentando 3x6 ou 3x8 fileiras de tufos;
  • Cerdas: devem ser artificiais, porque é um material mais homogêneo; pontas arredondadas, porque parecem determinar menor lesão aos tecidos duros e moles; ser de consistência macia, com menor dano às estruturas moles e duras;
  • Durabilidade: Mostrar ao paciente quando a escova está estragada, suas cerdas perderam flexibilidade e alinhamento, além de perder a eficiência da limpeza.

As escovas elétricas podem ser usadas por pacientes especiais.

Todos os cremes dentais contêm um abrasivo, isto é, agentes polidores (50%). Os principais componentes dos dentifrícios são: os abrasivos, umectantes, aglutinantes, detergentes, aromatizantes, conservantes. Sabe-se que crianças menores de 5 anos ingerem 30% da pasta por escovação. A Associação Dentária Americana (ADA) exige dos fabricantes de dentifrícios informações detalhadas em relação a: potencial anticariogênico testado em animais; disponibilidade e estabilidade do conteúdo de flúor em dentifrícios novos e velhos; nível de incorporação de flúor ao esmalte sadio e desmineralizado, equivalente aos resultados de testes laboratoriais; capacidade do produto em promover a remineralização e diminuir a desmineralização do esmalte. A norma brasileira para a produção de dentifrícios fluoretados é a Portaria 22/1989 do Ministério da Saúde, pela qual o fabricante deve comprovar que: a concentração inicial de flúor no produto é de no mínimo 1.000 ppm e, no máximo, de 1.500 ppm; o composto de flúor é reativo com o esmalte e/ou dentina; uma concentração mínima de 600 ppm de flúor solúvel, iônico ou ionizável é mantida até um ano após a data de fabricação, e de no mínimo 450 ppm no restante do prazo de validade; os compostos utilizados são o monofluorfosfato de sódio, fluoreto de sódio, fluoreto estanoso ou um fluoreto aminado. Sabe-se que o xilitol apresenta potencial inibidor das cáries, quando incorporado às formulações dos dentifrícios, na proporção de 15 mg%, apesar de não ter sido adequadamente explorado até o presente momento.

Higiene Bucal em Pacientes com Aparelhos Ortodônticos

Crianças com aparelhos ortodônticos geralmente têm alteração no meio bucal, pois ocorre modificação da flora microbiana da placa. Ocorre aumento na quantidade de bactérias, especialmente os lactobacilos. A escovação nestes pacientes deve ser feita utilizando a técnica de Bass ou semelhante, evitando-se a escovação horizontal, pois esta não é tão eficiente e pode provocar danos no aparelho. O uso de escovas especiais (unitufo) deve ser recomendado.

Fluoretos

É absorvido por vias pulmonares, mucosa gástrica e retorna à cavidade bucal através da reciclagem pela saliva e fluido gengival. Os fatores que podem interferir na velocidade de absorção do flúor são: estômago cheio ou vazio e a forma na qual o flúor se encontra. Se a ingestão de flúor ocorrer com estômago vazio, a absorção será total. A ingestão de flúor feita até 15 minutos após as refeições diminui em até 40% a absorção. O flúor não solúvel é excretado pela urina, pelo suor, fluidos salivares e fezes. A quantidade de flúor excretado pelas fezes corresponde à parcela não absorvida pelo estômago e intestinos.

A dose tóxica provável, cientificamente aceita, nos dias de hoje, é de 5 mg de flúor por quilo. Quanto à toxicidade aguda, a preocupação maior é com relação ao flúor em gotas (NaF 1%), pois o volume de 10 ml já conteria uma quantidade de flúor que inspiraria cuidados em uma criança de 10 kg. Quando da ingestão de até 4 mg de flúor/kg de peso, podem ocorrer sintomas de náuseas, vômitos e dores estomacais. Os sintomas mais leves incluem mal-estar gástrico e vômitos.

Mecanismos de Atuação do Flúor

Quando se ingere açúcar, o pH na placa diminui, dissolvendo a camada de fosfato de cálcio e expondo o CaF2, o qual solubiliza parcialmente, liberando F para agir, reduzindo a desmineralização e ativando a remineralização do esmalte.

Efeitos do Flúor

  • Aumento da resistência do esmalte à desmineralização;
  • Aumento na velocidade de maturação pós-eruptiva do esmalte dentário;
  • Remineralização de lesões incipientes de cárie;
  • Interferência com o metabolismo dos microrganismos patogênicos;
  • Interferência na morfologia dental através da redução na profundidade de sulcos e fissuras.

Aplicação do Flúor Tópico

Flúor contendo altas concentrações, tais como: os géis acidulados contendo 1,23% de NaF, vernizes fluoretados e outros, que são de uso profissional. Aqueles de uso domiciliar se apresentam em concentrações reduzidas, como: cremes dentais fluoretados, soluções fluoretadas para bochechos. O flúor tópico acrescentado ao esmalte dentário se perde gradativamente.

Receita de flúor diário para crianças menores de 6 anos:

  • Fluoreto de sódio a 0,02% - 30 ml. Passar com cotonete a solução em todos os dentes, 2 vezes ao dia, depois da escovação. Pingar 4 gotas de cada lado do cotonete. Não enxaguar depois. Indicado para pacientes com alta atividade de cárie no uso regular em casa;
  • Receita de flúor para bochechos diários caseiros: Fluoreto de sódio a 0,05% - 200 ml. Bochechos uma vez ao dia, 1 colher de sopa por 1 min. Cuspir e não enxaguar depois.

Ações Educativas

O profissional deve considerar os aspectos psicológicos dos pacientes, suas angústias e depressões frente às situações de mudança, bem como as resistências desenvolvidas.

Um programa educativo se efetiva com base em 4 passos fundamentais:

  1. Conhecer as reais necessidades educativas da população;
  2. Estabelecer estratégias de ação e executá-las com a comunidade;
  3. Avaliar o que foi feito;
  4. Manter, ao longo do tempo, os ganhos conquistados e o entusiasmo para com a saúde oral.

O processo de compreensão das necessidades educativas de uma comunidade inclui uma noção sobre seus costumes, valores, atitudes sociais, condição econômica e suas práticas com relação à saúde. Outro passo é avaliar o que foi feito, a fim de concluir se os recursos foram bem aplicados, se as pessoas passaram a ter hábitos mais saudáveis, se o padrão de enfermidades bucais está sendo modificado. Para a transformação de um paciente desmotivado em paciente motivado, o profissional poderá atuar em diferentes níveis. Os mais importantes são: nível cognitivo, afetivo e psicomotor.

  • Nível Cognitivo: é o nível do conhecimento, da informação. Todas as explicações sobre as enfermidades devem ser apresentadas de forma lógica, clara e direta para que o paciente possa ter esclarecidas suas dúvidas. Estas informações, no nível cognitivo, devem respeitar o nível cultural de cada paciente.
  • Nível Afetivo: é o nível em que se estabelece uma relação de confiança, onde o profissional demonstra que toda a sua preocupação é com a saúde do paciente. O objetivo central do tratamento, a promoção de saúde bucal, deve ficar bem evidente, gerando um clima de colaboração para o resultado final do tratamento.
  • Nível Psicomotor: é o de atuação mecânica por parte do paciente. O treinamento e a execução de atividades. Como exemplo, o controle da placa bacteriana através da escovação.

É importante, para o paciente que está em um processo de mudança de comportamento, sempre relacionar o conteúdo novo com a realidade, explicando o que se pretende com a ação educativa, utilizando exemplos e definindo os termos desconhecidos.

Como definir grupos e métodos: em cada comunidade é preciso estabelecer:

  • Quais os problemas de saúde bucal mais prevalentes;
  • Quais os problemas de saúde bucal mais graves ou severos;
  • Quais os grupos etários, sociais, mais atingidos;
  • Qual a quantidade de pessoas atingidas.

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