História e Conceitos Fundamentais da Contabilidade

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Conhecimento Contábil

Segundo o professor Lopes de Sá, em seu livro Introdução à Ciência da Contabilidade (págs. 9 a 17):

A contabilidade é um dos ramos do conhecimento humano.

Há mais de 2.500 anos, os seres humanos buscam, de forma consciente, conhecer a essência das coisas.

A contabilidade sempre buscou conhecer o que se passa com o patrimônio ou riqueza dos seres humanos.

A história contábil, em seus mais de 8.000 anos, teve fases distintas de evolução, de acordo com etapas de progresso do conhecimento específico sobre a riqueza das instituições e empresas (aziendas ou entidades).

No campo contábil, há um prodigioso acervo de conhecimentos a serem utilizados (nossa literatura inicia-se em 1494, mas nosso saber tem raízes milenares, conforme provam os estudos de arqueologia contábil, relativos às escritas de custos nas panificadoras de Mênfis, às tábuas da Suméria, às lápides de Creta, etc.).

Nossas "correntes doutrinárias de pensamento", formadas a partir de 1840, são distintas, legando acervos memoráveis de conhecimentos, através das obras de Villa, Cerboni, Besta, Zappa, Masi, Amaduzzi, Onida, Ceccherelli, Rossi, etc.

História da Contabilidade

Na antiguidade já existiam as trocas de bens e serviços e registros sobre os fatos. Os impostos já se faziam com escritas de forma rudimentar em tabletes de barro cozido e placas de madeira ou pedra, para registrar os pagamentos de serviços. Empregavam-se também ramos de árvores assinaladas com talhos como provas de dívida ou de quitação.

Esses métodos de escrituração foram empregados até o aparecimento do papiro e do cálamo (pena de escrever), facilitando o registro das informações dos negócios. O homem, sentindo cada vez mais a necessidade de preservar seus bens, foi desenvolvendo técnicas menos rudimentares para controlar seus rebanhos.

A contabilidade, no mundo medieval, ganhou destaque em 1494, quando o frei Luca Pacioli enfatizou a teoria das partidas dobradas do débito e do crédito, correspondente a números positivos e negativos, contribuindo para inserir a contabilidade entre os ramos do conhecimento humano.

Para o homem primitivo, a contabilidade já tinha como objetivo o patrimônio, representado pelos bens adquiridos da natureza. Ele contabilizava de forma rudimentar, "na sua cabeça", os rebanhos e outros bens, até encontrar formas mais eficientes para processar seus registros, através de desenhos e gravações nas cavernas, que representavam as espécies adquiridas.

Nas tábuas de argila gravavam-se as representações dos animais que se queriam controlar e o número correspondente às cabeças existentes.

Assim, foi surgindo o inventário, classificado por rebanhos, metais, escravos, etc. A palavra "conta" passou a designar o agrupamento das espécies.

As primeiras escritas contábeis surgiram ainda na Era da Pedra Polida, onde já se estabelecia o confronto entre o débito e o crédito.

Os egípcios legaram um riquíssimo acervo aos historiadores da contabilidade. As "Partidas do Diário" já registravam contas, tais como: "Contas de Pagamento de Escravos", "Contas de Vendas Diárias" e "Conta Sintética Mensal dos Tributos Diversos". Além das moedas que já utilizavam, cunhadas em ouro e prata, destacava-se a adoção, de maneira prática, do Denominador Comum Monetário.

Depois vieram os gregos, baseando-se nos egípcios, para escriturar as contas de custos e receitas, procedendo anualmente a uma confrontação dos saldos.

Em 1202, na Itália, estudavam-se técnicas matemáticas, pesos e medidas, câmbio, tornando o homem mais evoluído em conhecimentos comerciais e financeiros.

Foi um período muito importante na história da contabilidade, denominado "Era Técnica", devido às grandes invenções, como o moinho de vento, o aperfeiçoamento da bússola. A indústria artesanal se proliferou com o surgimento de novas técnicas no sistema de mineração, incrementou-se o comércio exterior, surgindo como consequência o livro-caixa, para registrar pagamentos e recebimentos em dinheiro, utilizando de forma rudimentar o crédito e o débito, oriundos das relações entre direitos e obrigações, referindo-se inicialmente a pessoas.

A contabilidade foi crescendo em consequência das necessidades geradas com o surgimento do capitalismo nos séculos XII e XIII, quando o trabalho escravo deu lugar ao trabalho assalariado, tornando os registros mais complexos. Finalmente, no final do século XIII, apareceu a conta "capital".

Com o método das partidas dobradas, surgido na Itália, implicou o aparecimento e a adoção de outros livros que tornassem a contabilidade mais analítica, surgindo então o Livro de Contabilidade de Custos.

No início do século XIV, surgiram os registros de custos comerciais e industriais: custo de aquisição, custo de transporte, dos tributos, juros sobre capital.

A partir de 1517, começa a fase moderna da contabilidade com o aparecimento do inventário e como fazê-lo. Surgiram também os livros mercantis: Diário, Razão e sobre a autenticação deles; livros sobre registros de operações: aquisição, permuta, sociedade, etc.; sobre contas em geral: como abrir e como encerrar, contas de armazenamento, lucros e perdas, sobre arquivamento de contas e documentos.

O século XVII ficou conhecido como o berço da "Era Científica". Pascal já tinha inventado a calculadora. A contabilidade chegou às universidades, o que no Brasil, até então, só era lecionada com a aula de comércio da corte, em 1809.

Francisco Villa, italiano da Lombardia, extrapolou os conceitos tradicionais sobre a contabilidade para participar de um concurso promovido pelo governo da Áustria. Além do prêmio, teve também o cargo de professor universitário. Segundo ele, a escrituração e a guarda dos livros poderiam ser feitas por qualquer pessoa inteligente. Para Villa, a contabilidade implicava em conhecer a natureza, os detalhes, as normas, as leis e as práticas que regem a matéria administrada, ou seja, o patrimônio.

Fábio Besta, seguidor de Francesco Villa, superou o mestre em seus ensinamentos. Demonstrou o elemento fundamental da conta, o valor, e chegou muito perto de definir o patrimônio como objeto da contabilidade, mas quem fez esta definição foi Vincenzo Mazi, em 1923.

A primeira transferência de uma propriedade escriturada por um contador foi em 831.

A introdução da técnica contábil nos negócios privados foi, porém, uma contribuição de comerciantes italianos do século XII. Os empréstimos a empresas comerciais e os investimentos em dinheiro determinaram o desenvolvimento de escritas especiais que refletissem os interesses dos credores e investidores e, ao mesmo tempo, fossem úteis aos comerciantes, em suas relações com os consumidores e os empregados.

O aumento do volume de negócios registrado após a Revolução Industrial fez surgir a necessidade de exames contábeis das experiências financeiras das empresas, as quais, comumente, punham seus serviços profissionais à disposição de outras organizações.

Foi, contudo, a Itália, com destaque para as cidades de Veneza, Gênova e Florença, que fez com que a contabilidade florescesse como disciplina adulta e completa. Estas cidades e outras da Europa fervilhavam de atividade mercantil, econômica e cultural. Foi nesse período que Frei Luca Pacioli escreveu um livro fazendo uma exposição completa do Método das Partidas Dobradas.

A contabilidade é a ciência que estuda e acompanha a constituição, o controle econômico, o funcionamento e a liquidação das empresas. Seu objeto de estudo é o patrimônio, sob o qual se exerce a administração econômica, no sentido de sua permanência e produtividade. Apresenta-se sob inúmeros aspectos de estudo, tais como o científico, o técnico e o prático.

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