História da Grã-Bretanha: Da Roma Antiga à Era Moderna
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A grande ilha que compõe os países Escócia, País de Gales e Inglaterra (e ainda incluindo a Irlanda do Norte) é o que conhecemos como Grã-Bretanha. O nome Bretanha foi dado pelos romanos quando estiveram na ilha entre os anos 43 e 409 d.C.
Quando os romanos se estabeleceram na ilha, chamaram seus habitantes de pretani. Com o uso diário dessa palavra pelos soldados, pretani se tornou britanni. É deste termo – britanni – que o nome britons (bretões, em português) se derivou, sendo usado até os dias de hoje para designar os nativos ou os habitantes da Bretanha (SILVA, 2005, p. 2).
Como nos ensina Silva (2005), os pretani, que atualmente podemos chamar de britânicos, foram constituídos pela composição de vários outros povos indo-europeus, resultado de fluxos migratórios constantes, bem como invasões, desde a era do Homem de Neanderthal até os dias de hoje.
A Inglaterra foi ocupada por povos de várias culturas por cerca de 35 mil anos. Dentre eles estão: os anglos – do qual derivou-se o nome Inglaterra (Angle Land = England) –, os saxões, os picts, os jutos e os celtas. Eles, entre outros povos que contribuíram para a formação da ilha, constituíram grande parte da Irlanda e da Escócia. Os romanos também contribuíram para a sua formação cultural. Londres (London, em inglês) é o nome de uma das tribos que constituíram o país.
Um dos primeiros povos residentes na ilha foram os bretões, que atualmente habitam o País de Gales e falam galês. Posteriormente, no século V, a ilha foi invadida por povos bárbaros, assim chamados pelo fato de não serem cristãos. Em seguida, as legiões romanas deixaram a ilha e os anglo-saxões chegaram do noroeste da Europa – invasão finalizada no século VII.
Os anglo-saxões acreditavam nos deuses germânicos. Como o território era habitado por cristãos, ambas as religiões passaram a conviver, influenciando-se mutuamente. Assim, a ilha tornou-se uma área de contato entre diferentes culturas, revelando como nenhuma cultura é homogênea, pois se forma a partir da relação com o outro, diferente tanto dentro como fora dos limites nacionais.
Os vikings chegaram ao território no século IX. Posteriormente, foram estabelecidos dois importantes reinos: o da Escócia no norte da ilha e o da Inglaterra no sul.
Assim, quando nos referimos ao Reino Unido, podemos considerar que ele é uma miscelânea cultural, formada por anglos, saxões, celtas, romanos, galeses e gauleses (franceses que também invadiram a ilha no século XII, com William, o Conquistador, o qual levou o regime feudal para a ilha, a língua latina e o francês antigo).
Um dos legados desta época é o livro Doomsday Book (O Livro do Juízo Final), uma espécie de registro das terras da Inglaterra. William, o Conquistador, delineou as terras da Inglaterra e instituiu o feudalismo, uma vez que o território era organizado por condados (shires).
O Reino da Inglaterra, que depois de 1284 incluiu Gales, era um Estado soberano até 1º de maio de 1707, quando os Atos de União puseram em prática as condições estabelecidas no Tratado da União do ano anterior, resultando em uma união política com o Reino da Escócia para criar o Reino Unido da Grã-Bretanha. Em 1800, a Grã-Bretanha uniu-se com a Irlanda através de outra Lei da União para se tornar o Reino Unido da Grã-Bretanha e da Irlanda. Em 1922, o Estado Livre Irlandês foi estabelecido como um domínio separado; posteriormente, a Irlanda do Norte foi incorporada ao Reino Unido, criando o Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda do Norte.
Como nossa disciplina é bastante panorâmica e não temos tempo e nem espaço para explorarmos a história por completo, atenhamo-nos a partir daqui ao período após o século XVII.
A dinastia Tudor (1485-1603) foi muito importante para o reinado, pois trata-se do início de uma política que conduziria a Inglaterra ao crescimento econômico e também a uma transformação cultural. Seus reis e rainhas foram: Henry VII, Henry VIII, Edward VI, Mary I e Elizabeth I. Alguns foram mais gastadores, outros mais econômicos; dentre as mulheres (Mary I e Elizabeth I), a primeira foi conhecida como sanguinária, por tentar restaurar o catolicismo na ilha, enquanto a segunda, conhecida como “Rainha do Povo”, teve pulso firme e buscou a prosperidade. Durante os reinados de Mary I (1553-1558) e Elizabeth I (1558-1603) ocorreram também as reformas protestante, de Martinho Lutero, e calvinista, de João Calvino – elementos marcantes que determinaram a perspectiva do reinado.
Mary I e Elizabeth I foram duas mulheres de personalidade forte.
Mary Tudor, a filha católica de Catarina de Aragão, se tornou rainha com a morte de seu irmão mais novo. Antes disso, porém, o apoio do povo, ainda ligado à fé católica, ajudou a filha mais velha de Henry VIII a sufocar uma tentativa do Parlamento de coroar a protestante Jane Grey como regente do país. Assim que chegou ao poder, Mary I colocou em prática seu projeto de restabelecer a Igreja Católica. […] Em tentativa de trazer a Igreja Católica de volta ao país durante seu curto reinado de cinco anos, Mary mandou queimar trezentos protestantes. O povo gradativamente se tornou desgostoso de sua rainha, e somente a notícia de que ela estava morrendo impediu uma revolta popular (SILVA, 2005, pp. 107-108).
Pois é, não é que a bebida Bloody Mary procede? O drink vermelho foi batizado de Mary para fazer jus à rainha sanguinária. Todavia, a rainha que a sucedeu foi diferente. Foi uma mulher voltada para as causas sociais, de pulso firme e personalidade também forte, mas não sanguinária ou perversa. A Rainha Elizabeth I foi conhecida como a primeira Rainha do Povo da Grã-Bretanha, de fato.