Horst Brenke: O Garoto Brasileiro Recrutado pelo Exército Nazista
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Algumas histórias são tão boas e fascinantes que parecem fruto da mais pura imaginação. A história do garoto brasileiro que, morando em Berlim, na Alemanha dos pais, vai à padaria e se vê recrutado à força para servir ao exército nazista é daqueles enredos que te prendem de imediato.
O jornalista mineiro Tarcísio Badaró (nascido em 1986) conseguiu o diário de Horst, o traduziu e, em seguida, saiu em busca de mais informações sobre esse curioso caso. O livro, Era um Garoto, começa com a narrativa de Horst já em batalha, detalhando os sofrimentos que passou até ser capturado pelos russos.
A Estrutura Não Linear e a Vida da Família Brenke
O livro Era um Garoto – O Soldado Brasileiro de Hitler (Editora Vestígio, 2016, 190 páginas) não é contado de forma linear. É intercalado com capítulos sobre o 'antes': a vida dos pais, Richard e Margarete Brenke, como se conheceram e a vinda desastrosa ao Brasil – quando foram enganados sobre uma compra de terras aqui e ficaram sem nada, levando o Sr. Wilhelm Birkenfeld, o pai de Margarete, à morte.
O menino nasceu em Curitiba, PR, em 20 de junho de 1926. Margarethe Birkenfeld, a avó, “seria uma das primeiras passageiras do primeiro zepelim que voou pelo Brasil, numa clara mostra da sua natureza aventureira e lúdica”.
A família Brenke, ainda no Brasil, ouviu falar que a Alemanha melhorava e resolveu voltar para a terra natal. Lá, depararam-se com um triste cenário.
O Recrutamento Forçado e a Sobrevivência na Guerra
Um dia, Horst pegou os cupons de comida e saiu de casa para comprar pão e não voltou mais. O pai saiu para procurá-lo e também não retornou. Assim, mãe e filha precisaram sobreviver com o pouco que restava e conseguiam com os cupons. Era uma vida difícil. Horst, da mesma forma, tentava sobreviver.
Quando foi capturado pelos russos, Horst e outros precisaram andar quilômetros durante dias e depois foram colocados em vagões apertados e sem ventilação, sendo conduzidos por mais vários dias até um destino totalmente desconhecido. No caminho, sentiam fome e sede e nas paradas recebiam uma sopa rala. Nos vagões, Horst viu pessoas morrendo sem nenhuma força, como aconteceu com muitos durante a guerra.
O Trabalho de Pesquisa de Tarcísio Badaró
Depois de terminar a narrativa da difícil vida de Horst, Tarcísio Badaró faz uma longa explicação sobre seu trabalho de pesquisa e de como conseguiu o diário do menino, uma herança da família de sua então namorada. Badaró conta sobre sua viagem até a Alemanha e como refez os passos do garoto.
O autor fala sobre como conseguiu “fazer um relato tão detalhado de algo que não presenciei”. Há muitas partes onde se percebe a imaginação histórica, como nos detalhes, uma reação, algumas conversas, ou um gesto dos pais, quando Horst não teria como saber, pois não estava presente. Segundo o autor, “não há segredos. Tudo se deve ao texto original, à narrativa feita por Horst. Meu trabalho foi jogar sobre detalhes e sobre vazios”.
Histórias de sobreviventes da II Guerra Mundial são interessantes e intensas, e adoraria poder ler a tradução desse diário da forma como foi escrito e sentir o que Horst Brenke passou.