Humanização na Saúde: Guia Completo

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Hospitalização

Paciente Hospitalizado: Ao ser hospitalizado, o paciente deixa de ter seu próprio nome e passa a ser identificado por um número de leito e pela patologia. Ele adquire regras e costumes do ambiente hospitalar, vivendo uma série de experiências emocionais.

Fatores que Afetam a Hospitalização

  • Natureza do problema de saúde;
  • Idade do paciente (pacientes mais velhos tendem a reagir melhor à hospitalização);
  • A criança hospitalizada (alguns profissionais têm dificuldade em reconhecer as necessidades afetivas das crianças; a separação momentânea da criança doente com sua mãe é um fator importante, e ela precisa saber as causas de sua hospitalização).

Estratégias de Enfrentamento

  • Enfrentamento Focado no Problema: Esforço para mudar a situação, com resolução rápida e eficaz. O paciente busca solucionar seu problema.
  • Enfrentamento Focado na Emoção: Passividade, aceitação do tratamento, resolução a longo prazo, busca por apoio social.
  • Enfrentamento Evitativo: Negação da patologia, isolamento, associado à negação do seu estado.
  • Enfrentamento Ativo: O paciente é participativo e busca informações médicas atualizadas.

Fatores que Dificultam o Relacionamento no Contexto Hospitalar

Negação da pessoa enferma, uso de terminologia técnica (jargão médico desencoraja os pacientes), linguagem simples.

Aspectos que Devem ser Valorizados no Contexto Hospitalar

Tratar o paciente pelo nome, olhar para o paciente enquanto conversa com ele, tentar ouvir mais do que falar, ter sensibilidade, oferecer atendimento confortável, reconhecer o paciente como agente ativo.

O Bom e o Mau Paciente

  • Bom Paciente: Não questiona, não incomoda, postura passiva. Na visão da equipe, um bom paciente aceita o tratamento de forma passiva e cooperativa.
  • Mau Paciente: Reclama demais, exige atenção extra. O paciente tem um comportamento considerado saudável.

Direitos do Paciente Frente ao Processo de Hospitalização

Grande parte dos pacientes não entende e não conhece seus direitos. Alguns compreendem que seus direitos dizem respeito a ser bem tratado, ter vaga garantida, receber medicamento e orientações, e ter um relacionamento afetivo-emocional.

Relação Profissional de Saúde x Paciente/Cliente/Usuário

Elementos Centrais no Relacionamento: Continuidade no atendimento, comunicação, qualidade das consultas.

Atributos do Profissional:

  • Empatia: Colocar-se no lugar do outro, compreender seu sofrimento, ter cumplicidade.
  • Humildade: Capacidade de reconhecer suas limitações humanas e profissionais, capacidade de aprender com outros profissionais.
  • Respeito: Não desqualificar as queixas dos pacientes.
  • Curiosidade: Ficar atento às mudanças.
  • Capacidade de comunicação: Habilidade de perceber e interagir.

Fatores que Dificultam o Relacionamento: Dificuldade de transmitir informações, pacientes não compreendem as orientações, profissionais reclamam do despreparo dos pacientes sobre questões de saúde, baseado no modelo biomédico, formação do profissional, perspectiva mecanicista.

Paradigma Biomédico

Doença definida em sintomas identificados, maior ênfase na cura da doença do que no bem-estar do indivíduo, cuidado e tratamento. Não há lugar para as práticas não científicas (medicina popular). O hospital é o local para tratar doentes.

Críticas: A doença é construída socialmente. A opinião do paciente e a experiência na doença são cruciais para o tratamento. Paciente ativo e integral. Médicos não são a única fonte de conhecimento. O tratamento não precisa estar em um hospital.

Modelo Biopsicossocial

Concepção do conceito de saúde, condições de alimentação, habitação, educação, fundamental para transformações das práticas clínicas, articulação da teoria com a prática cotidiana, trabalho multidisciplinar em equipe, relação recíproca entre as múltiplas relações técnicas e profissionais, reconhecimento e valorização das 14 profissões da saúde.

Trabalho em Equipe

Cooperação, colaboração, resolutividade. Tenta superar a perspectiva de agregar profissionais sem trocas substanciais. Processo de conhecimento teórico e prático.

Construção da Interdisciplinaridade na Formação em Saúde

Interdisciplinaridade, intensidade das trocas entre os especialistas, trabalho compartilhado com áreas do saber, reciprocidade.

Humanização na Saúde

Objetivo: Resgatar relações entre profissionais, entre profissionais e instituições, e entre hospitais e a comunidade. Não há humanização sem cuidar da realização pessoal e profissional dos que a fazem.

O que é Necessário para a Humanização?

Contratação de profissionais em número suficiente para a demanda da população, trabalho em equipe interdisciplinar, aquisição de novos equipamentos médicos, abertura de novos serviços, melhoria dos salários e condições de trabalho, melhoria da estrutura do espaço físico.

O que Dificulta a Implantação da Humanização na Saúde?

Constituição e desenvolvimento das equipes interdisciplinares (individualismo, divisão do trabalho, despreparo dos profissionais para lidar com questões sociais). A humanização é um processo amplo, demorado e complexo, onde há resistências, pois envolve mudanças de comportamento.

Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar

Objetivos:

  • Aprimoramento das relações entre profissionais e usuários, hospital e a comunidade.
  • Difundir benefícios da assistência humanizada.
  • Levantar os pontos críticos do funcionamento da instituição.
  • Propor mudanças.
  • Divulgar e fortalecer as iniciativas.

Humanização no Parto

Recomendações da OMS

  1. Permitir e respeitar o desejo da mulher de ter um acompanhante da família durante o parto, dando segurança e apoio.
  2. Monitorar o bem-estar físico e emocional da mulher durante e até a conclusão do processo obstétrico.
  3. Oferecer informações e explicações segundo a sua demanda.
  4. Respeitar o direito à privacidade da mulher no local do nascimento.
  5. Permitir à mulher a liberdade de caminhar e adotar a posição que quiser durante o período de dilatação e expulsão. Evitar a posição de litotomia e encorajar as posturas verticais.
  6. Orientar e oferecer métodos não farmacológicos, como massagem, banho morno e técnicas de relaxamento para alívio da dor.
  7. Ofertar fluidos via oral durante o trabalho de parto.
  8. Permitir contato direto pele a pele entre mãe e bebê no início do aleitamento materno.
  9. Realizar monitoramento cuidadoso da evolução do parto através do uso do partograma.
  10. Oferecer alojamento conjunto.

Ações da Fisioterapia

  • Favorecer um trabalho de parto com tempo reduzido.
  • Reduzir o desconforto respiratório.
  • Proporcionar um bem-estar físico geral.
  • Promover o alívio da dor, principalmente na região lombar.
  • Facilitar o relaxamento muscular.
  • Orientar e explicar como deverá proceder no momento do parto.
  • Posicionar a parturiente de forma adequada no local a ser realizado o parto.
  • Apoiá-la durante o parto.
  • Reduzir os sintomas físicos indesejáveis.
  • Estimular a amamentação após o nascimento.

Fisioterapia no Puerpério

  • Orientação da amamentação.
  • Recuperar as alterações musculoesqueléticas.
  • Priorizar o fortalecimento do períneo.
  • Aliviar o quadro álgico.
  • Reduzir possível diástase abdominal.

Método Mãe Canguru

Benefícios do Método Mãe Canguru (MMC):

  • Melhora a saúde do recém-nascido de baixo peso (RNBP).
  • Redução de custo e tempo de internação.
  • Humanização da assistência.
  • Fortalecimento do vínculo mãe-filho.
  • Aumento da adesão ao aleitamento exclusivo.

Requisitos para Utilizar o MMC:

  • Capacitação da equipe multidisciplinar.
  • Preparo da mãe/família.
  • Garantia de acomodação para a mãe.
  • Estrutura para seguimento ambulatorial após a alta hospitalar.

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