Hume: Empirismo, Causalidade e Moralidade
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Para Hume, a origem do conhecimento provém da experiência (empirismo). O seu pensamento baseia-se em Locke, rejeitando a existência de ideias inatas. Argumenta que, se a razão fosse a base da moralidade, os padrões morais seriam universais, o que não se verifica.
I. Epistemologia
Os limites do conhecimento são definidos pela experiência. O conhecimento deriva de:
- Extensão: O que podemos saber é limitado pela experiência. Conceitos abstratos ou metafísicos, por não serem passíveis de experiência, não podem ser conhecidos.
- Intensidade (ciência empírica): Não podemos conhecer o"tod", apenas"algun" casos, baseando-nos em probabilidades. Não se pode afirmar que todos os corvos são pretos sem os ter visto a todos.
1. A razão organiza e analisa o conhecimento adquirido pela experiência.
2. A matemática, segundo Hume, tem uma base psicológica e contingente, pois depende da estrutura cerebral humana. Não existem leis lógico-matemáticas universais, mas sim psicológicas e contingentes.
3. Princípio da imanência: Os processos mentais são percepções. Na filosofia de Hume, o mundo exterior não é considerado diretamente (subjetivismo). As percepções dividem-se em:
- Impressões: Intensas e vivas, referentes ao momento presente.
- Ideias: Fracas, sendo todas as memórias.
4. Princípio da imanência: Todas as ideias são cópias de impressões (experiência pura) e sem significado intrínseco. O critério de verdade de uma ideia é a sua correspondência com uma impressão. A palavra "Deus", por exemplo, não tem significado, pois não corresponde a nenhuma impressão.
5. Princípio da associação de ideias: Ideias tendem a unir-se segundo leis de associação:
- Lei da Causa e Efeito
- Lei da Contiguidade Espaço-Temporal
6. Negação de ideias gerais: A razão não cria conceitos abstratos. Observamos objetos concretos, e as palavras abstratas designam objetos específicos. Sem impressão, as palavras abstratas são usadas para vários objetos por semelhança.
7. Tipos de conhecimento:
- Questões de facto: Baseadas na experiência, são contingentes e sintéticas (ex: o sol nascerá amanhã).
- Relações entre ideias: Estabelecidas pela razão, são necessárias e analíticas (ex: a ideia de tudo e de partes relacionadas).
II. Crítica ao Princípio da Causalidade
A certeza sobre futuras ocorrências baseadas na causalidade é ilusória, pois só temos impressão do presente e do passado.
- Para conhecer uma causa, é necessário observar a sua impressão.
- Não existe uma conexão necessária observável entre causa e efeito. Apenas observamos a contiguidade e a sucessão.
- A necessidade causal não é um conhecimento a priori, mas sim a posteriori, derivado da experiência repetida.
- A crença na causalidade surge do hábito, formado pela observação frequente de eventos que se sucedem, levando a imaginação a criar uma ligação necessária.
III. Metafísica
1. O mundo: Hume adota uma postura solipsista, pois não podemos conhecer o mundo exterior diretamente, apenas as nossas percepções. A causalidade não é uma propriedade do mundo, mas uma construção mental.
2. Deus: A existência de Deus não pode ser conhecida, pois não temos uma impressão sensorial correspondente. A palavra "Deus" carece de significado.
3. O Eu: Hume critica o conceito de "eu" como substância permanente e idêntica. O que percebemos é um feixe de percepções em constante mudança. A ideia de substância surge da imaginação, que une percepções semelhantes através da memória, criando a ilusão de permanência.
IV. Moral
1. As qualidades morais não são descobertas pela experiência, mas sim pelos sentimentos e emoções. As ações morais são julgadas com base no prazer ou desprazer que provocam.
2. Uma norma é boa quando é útil, ou seja, quando gera mais prazer do que desprazer para a maioria das pessoas.
3. Existem regras morais universais devido à semelhança na constituição humana, que nos leva a sentir prazer com as mesmas coisas. O egoísmo é inerente ao ser humano, e as boas ações são, em última análise, motivadas pelo prazer próprio, incluindo o prazer empático de ver o bem-estar alheio.
V. Política
1. Origem da sociedade: Hume refuta a origem divina ou contratual da sociedade. Defende que a sociedade surge do instinto e da busca humana por prazer e conforto social.
2. Tipo de governo: Defende governos democráticos e livres.