Hume, Kant e Marx: Perspectivas sobre Moral, História e Homem

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Comparação entre Hume e Kant: Ética e Moralidade

Semelhanças

  1. Ambos se distanciam do relativismo moral, apostando na existência de um universal e suprassocial.
  2. Ambos argumentam que os sentimentos morais ou da humanidade – pelo menos os primários ou fundamentais – são comuns a todos os homens e se manifestam da mesma maneira na percepção das ações ou qualidades. Kant, por sua vez, como os racionalistas, acredita que é inerente à razão humana (razão prática) a distinção entre o bem e o mal. Todos temos acesso a uma lei moral universal e formal (formulada por Kant no imperativo categórico), que nos diz como devemos agir em todas as situações. Assim, devemos sempre pensar que a regra do nosso ato poderia tornar-se uma lei universal, e devemos sempre tratar as pessoas (incluindo a nós mesmos) como um fim em si mesmas, e não apenas como um meio para outra coisa.

Diferenças

  1. Para Hume, a moralidade não pode ser baseada na razão (ele rejeita a existência de uma razão prática), mas sim no sentimento. Hume argumenta que a razão teórica não pode ignorar os dados sensíveis ou pretender ir além deles, sob pena de se perder em divagações inúteis e contraditórias. Kant, por outro lado, considera que o uso prático da razão é fundamental para a tomada de decisões morais. O uso teórico da razão nos diz como as coisas são; o uso prático, como deve ser o comportamento humano.
  2. Para Hume, a moralidade deriva de nossas paixões e sentimentos, enquanto a ética formal de Kant ignora nossos desejos. Kant acredita que a ação moral é aquela realizada livremente, por respeito à lei moral, e não por desejo, inclinação, lucro ou satisfação.

Em conclusão, a ética do empirismo de Hume simplesmente descreve o que fazemos, enquanto a ética racional e formal de Kant destaca o que devemos fazer.

Comparação entre Kant e Marx: História, Homem e Cultura

Podemos estabelecer semelhanças e diferenças entre Kant e Marx. Vamos começar com as ideias em comum:

Semelhanças

  • Para ambos, a história possui uma estrutura dialética. Embora Kant não formule os termos tese, antítese e síntese (que aparecem em Marx), ele defende que a história sofre reveses aparentes. A história, como Kant a concebe, é dinâmica e seus movimentos podem ser explicados dialeticamente.
  • Em ambos os autores, há também uma avaliação positiva do conflito. Marx afirma que o antagonismo, já presente na própria natureza humana (a "insociável sociabilidade"), é o mecanismo que a natureza utiliza para o progresso humano.
  • Finalmente, ambos os autores entendem que a história tem um propósito.

Diferenças

  • Uma diferença reside na sua concepção de história: para Marx, é o desenvolvimento da matéria, enquanto para Kant é o relato da história através do tempo dos ideais do Iluminismo, como liberdade e autonomia. Isso contrasta com o materialismo histórico de Marx, de modo que a concepção kantiana poderia ser descrita como idealista.
  • O fim da história é diferente para ambos: a sociedade sem classes, da qual Marx fala, não é a mesma união cosmopolita de povos que Kant descreve em sua obra.
  • A abordagem política de Kant é ilustrada pelo papel que os conflitos têm, em contraste com o materialismo histórico de Marx, que dá primazia à economia.
  • Tanto a concepção do homem quanto da cultura em que vivem são muito diferentes para os dois pensadores. Para Kant, o homem é, essencialmente, um ser racional, e este é o atributo que o distingue dos animais. Em contrapartida, a essência do ser humano é, para Marx, o trabalho e a atividade. Em termos de cultura, Marx a interpreta com desconfiança, já que muitas vezes pode assumir uma função ideológica que ajuda a manter a contradição básica da infraestrutura.

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