A Idade Média: Sociedade, Igreja e Reformas Medievais
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A Idade Média: Períodos e Transformações Sociais
A Idade Média é tradicionalmente dividida em dois períodos: a Baixa Idade Média (séculos V a X) e a Alta Idade Média (séculos XI a XV), marcada pelo desenvolvimento do comércio. A partir da Idade Média, com o crescimento dos feudos, a prática de casamentos restritos apenas entre membros da nobreza feudal diminuiu, o que levou muitos a migrar para as cidades. Essas pessoas que se dirigiam às cidades começaram a observar a transformação dos feudos: por exemplo, terras antes dedicadas à agricultura podiam ser convertidas para outras finalidades, como a instalação de manufaturas (embora o termo "fábrica" seja anacrônico para a época). As pessoas que eram expulsas de suas terras muitas vezes iam para as cidades e viviam em condições de mendicância. Assim, o campo ficava vazio e as cidades lotavam.
A Idade das Trevas e o Poder da Igreja
O período medieval é frequentemente referido como "Idade das Trevas" devido à forte imposição religiosa, onde as pessoas eram, em muitos casos, compelidas a seguir os dogmas e as determinações da Igreja Católica. Nesse período, a Igreja e o Estado caminhavam intrinsecamente ligados. Havia uma interdependência e, por vezes, uma sobreposição de poderes, onde líderes religiosos influenciavam decisões estatais e monarcas buscavam controlar aspectos da Igreja. Essa complexa relação de poder culminou na famosa Querela das Investiduras.
A Querela das Investiduras e a Concordata de Worms
A Querela das Investiduras foi um longo conflito entre a Igreja e o Estado durante a Idade Média. A disputa central girava em torno de quem tinha o direito de nomear bispos e outros clérigos (a "investidura"). A briga surgiu porque um poder tentava ditar as regras do outro, por exemplo, o Estado tentando nomear bispos ou a Igreja interferindo em questões de sucessão política. Esse embate de poderes durou por um longo tempo. A solução para esses conflitos veio com a Concordata de Worms, assinada em 1122. Este acordo estabeleceu uma divisão clara de poderes: a Igreja teria o direito de investir os clérigos com o anel e o báculo (símbolos de seu poder espiritual), e o imperador concederia os bens temporais (terras e feudos) através do cetro. A partir dessa concordata, houve uma separação mais definida entre as esferas de atuação do Estado e da Igreja.
O Mosteiro de Cluny e a Reforma da Igreja
O Mosteiro de Cluny, fundado em 910, foi um marco na reorganização da Igreja. Suas reformas visavam a purificar a vida eclesiástica e fortalecer a autoridade papal. Entre as principais medidas adotadas, destacam-se:
- Papas seriam escolhidos por cardeais, pondo fim à venda de cargos eclesiásticos.
- Estabelecimento do celibato obrigatório para os padres, proibindo-os de casar.
- Fim da simonia, a prática de venda de sacramentos e bens espirituais.
A Organização Cristã na Idade Média
O desenvolvimento da organização cristã foi um dos fatos mais importantes de toda a era medieval. Nos primeiros séculos desse período, a Igreja e as instituições a ela ligadas transformaram-se numa estrutura complexa. À medida que o Império Romano no Ocidente declinava, a Igreja foi assumindo muitas de suas funções, ajudando a manter a ordem em meio à desorganização provocada pelas invasões bárbaras.
O Surgimento dos Monges e o Monasticismo
Os primeiros monges cristãos foram eremitas, que se retiravam do mundo para levar uma existência solitária no ermo ou no próprio deserto, afastando-se da vida terrena e dos bens materiais. Essa prática se popularizou por mais de uma centena de anos. Desaprovando a mortificação levada ao extremo, São Basílio exigia que os monges se disciplinassem pelo trabalho útil. Eles não deviam se empenhar em jejuns prolongados ou em degradantes lacerações da carne, mas eram forçados a prestar votos de pobreza e humildade e a reservar muitas horas do dia para realizar uma silenciosa meditação religiosa.
Movimentos de Reforma na Igreja Medieval
O catolicismo medieval sofreu uma série de reformas que visavam a restaurar as instituições da Igreja a fim de fazê-las retornar ao anterior estado de pureza, ou torná-las mais úteis à sociedade. O primeiro desses movimentos reformadores foi iniciado no Mosteiro de Cluny, fundado em 910. O objetivo inicial desse movimento era reformar o monasticismo, uma vez que os mosteiros beneditinos tinham se corrompido e estavam caindo rapidamente sob o controle dos nobres feudais. No século seguinte, o movimento ganharia um significado muito mais amplo: além de purificar a vida conventual, tentar-se-ia eliminar a corrupção e os interesses terrenos de toda a Igreja, abolir o controle feudal tanto sobre o clero secular como sobre os monges e estabelecer a supremacia absoluta do papa em assuntos eclesiásticos.