O Fim das Ideologias: Análise e Perspectivas Atuais
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O FIM DAS IDEOLOGIAS – A questão fulcral é se, atualmente, as ideologias ainda predominam e fazem sentido. Face a esta questão, podemos introduzir a questão levantada por Francis Fukuyama: Será o fim da história e, consequentemente, das ideologias? Vale a pena retomar os seus principais argumentos e verificar se eles ainda conservam alguma validade para os nossos dias. A tese principal era a de que, após um século de emergência e declínio dos regimes fascistas e comunistas, de enormes turbulências políticas e de crises económicas e de contestação ao liberalismo económico e político do ocidente, o mundo estava a retornar ao ponto inicial do início do século XX, isto é, "an unabashed victory" do sistema liberal ocidental. Este triunfo demonstrava-se pela disseminação da cultura consumista ocidental nos dois países mais importantes que se lhe opunham: a China e a União Soviética.
Como indica Fukuyama, durante o século XX, os dois principais desafios que o liberalismo económico e político enfrentaram foram: o comunismo e o fascismo. Tendo o fascismo sido enterrado juntamente com o final da Segunda Guerra Mundial, sobrava o comunismo. A elaboração deste ensaio curiosamente coincidiu, embora Fukuyama tenha redigido o seu ensaio ainda antes da aniquilação do comunismo na Rússia e da transição da China para a economia de mercado controlada, com o período em que Gorbatchov se debatia para implementar a glasnost e a perestroika que culminaram com o desmembramento da União Soviética, da mesma maneira que Deng Xiao-Ping introduzia a NEP na China. Fukuyama aponta que isto representava a transformação e a transição do socialismo para o capitalismo, isto porque estes sistemas, simplesmente, não funcionavam.
É neste sentido que Fukuyama questiona se atingimos o fim da história, visto que as democracias populares falharam ao não conseguirem atingir aquilo a que se propuseram, ou seja, tendo em conta a vitória do modelo liberal, não apenas no ocidente, mas em todo o mundo, este acabaria por ser o modelo eleito. Se o motor da história é o conflito, e este deixa de existir, pelo simples facto de o modelo demoliberal demonstrar a sua hegemonia filosófica, política e económica face aos modelos alternativos, então o "combustível" que move a história acabou. Mas será isto verdade? Será que o conflito, o combustível que move a história, se extinguiu verdadeiramente?
É neste sentido, e em contradição com o ensaio de Fukuyama, que Huntington escreve "Clash of Civilizations". Esta teoria propõe que as identidades culturais e religiosas dos povos serão a principal fonte de conflito no mundo pós-Guerra Fria. O autor argumenta que os conflitos centrais que vão definir o mundo moderno não serão conflitos de natureza ideológica, mas, por outro lado, conflitos de natureza civilizacional, em que os principais eixos em que os conflitos se irão desenrolar serão principalmente de ordem cultural e religiosa. As grandes divisões entre a humanidade decorreram do choque entre as diferentes civilizações (Ex: Chinesa, Ocidental, Islâmica, Hindu, Ortodoxa, etc.), visto que defendem valores diferentes umas das outras e isto, só por si, cria um potencial de conflitualidade que pode existir, isto num mundo cada vez mais global em que as diferentes civilizações interagem cada vez mais entre si.