Imagem Corporal e Movimento: Evolução, Conceitos e Práticas

Classificado em Psicologia e Sociologia

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Breve Histórico dos Estudos em Imagem Corporal

No século XX, os estudos investigavam os distúrbios na percepção corporal de pacientes com lesões cerebrais. Relatos dos pacientes aguçavam a curiosidade dos pesquisadores, que centralizavam seus estudos principalmente na classificação das mais diferentes formas de distúrbios existentes e no estabelecimento de conexões entre cada distúrbio e a região do córtex cerebral danificada. O enfoque principal era na fisiologia, sem uma noção clara da dimensão e da complexidade do novo campo que se abria.

O Fenômeno do Membro Fantasma

Pessoas que sofriam perda de alguns membros do corpo e continuavam a sentir como se o membro ainda estivesse ali. A busca por explicações para a existência de membros fantasmas tentava descobrir a área do cérebro que seria a centralizadora para a formação da imagem corporal, e a importância relativa dos sistemas nervosos central e periférico na formação desses fenômenos.

Henry Head: Pioneiro nos Estudos da Imagem Corporal

Suas pesquisas em Imagem Corporal indicaram que a construção do esquema corporal seria uma necessidade básica para todas as pessoas, para moverem-se e localizarem-se no espaço adequadamente. Head enfatizou o papel do esquema corporal em orientar a postura e o movimento corporal. Ele foi o criador do termo esquema corporal (1911), definindo-o como um modelo postural padrão que cada pessoa construiria de si mesma e que serviria de referência para contrapor suas diferentes posturas e movimentos.

Inovações Pós-1935: Aspectos Mentais e Sociais

Introduziu aspectos mentais, sociais, afetivos, associando imagem corporal e psicanálise. Le Boulch (1992) e muitos outros pesquisadores realizaram investigações sobre a relação entre imagem corporal e distúrbios psicológicos (histeria, hipocondria e esquizofrenia). Também se iniciaram pesquisas a partir do interesse por pacientes neurológicos, com ênfase no constante processo de transformação da relação entre imagem corporal e as interações do indivíduo com os outros e com o meio, com as emoções, o uso de roupas e objetos, e as relações com o próprio corpo.

Desafios Iniciais e Terminologia

Desde o início, havia uma tendência de cada grupo de pesquisadores a desenvolver seus estudos isoladamente, com pouco conhecimento entre os diferentes grupos sobre o que os outros estavam investigando. Os termos utilizados, como imagem corporal, esquema corporal, conceito corporal e percepção corporal, revelavam uma falta de comunicação e uniformidade na abordagem do tema, um desafio que persiste até hoje.

O Que É Imagem Corporal?

O que é imagem corporal? É uma entidade em constante autoconstrução e autodestruição, em constante mudança, crescimento e desenvolvimento. Ela envolve processos conscientes e inconscientes, sensações provenientes tanto da parte externa quanto da parte interna do corpo. A imagem corporal envolve experiências, nossa memória, assim como nossas intenções e aspirações. É uma representação mental que fazemos de nós mesmos, uma experiência do corpo enquanto unidade. Ela envolve nossa autoexperiência a cada instante, nossa relação conosco, e é mutável. Imprime significados diferentes e individualizados a cada momento que vivenciamos, tornando particular nossa relação com o meio.

Imagem Corporal e Movimento

Imagem corporal e movimento influenciam-se a todo momento. Cada movimento está ligado a tudo que temos dentro de nós e tudo que temos fora em um dado instante. Cada movimento carrega em si uma história passada e uma expectativa quanto ao que virá. Por meio do movimento, desenvolvemos nossa imagem corporal, pela experiência, seguidas tentativas, um esforço contínuo para adquirirmos conhecimentos a respeito do mundo e do nosso corpo. O movimento é essencial para o reconhecimento e construção da imagem corporal e, ao mesmo tempo, a cada instante em que nos movemos, estamos modificando nossa imagem corporal. Em cada movimento está nossa imagem corporal.

Objetivos da Pesquisa

O objetivo principal é investigar sob quais perspectivas a relação entre imagem corporal e movimento vem sendo abordada hoje. O objetivo específico é investigar a evolução, com o tempo, nas publicações sobre imagem corporal.

Metodologia da Pesquisa

Para o objetivo específico, foram utilizadas as bases de dados WebSPIRS: Medline, PsycINFO e Sport Discus, por estarem entre as mais antigas e as que mais trouxeram artigos relacionados à imagem corporal. O período de busca foi de 1928 (ano em que aparece o primeiro artigo de imagem corporal) a 2000. As palavras-chave utilizadas foram: “bodyimage” “and” “movement” e “bodyimage” “and” “dance”. A leitura dos resumos de cada uma das diversas publicações encontradas destacou os principais temas das pesquisas que abordam hoje a relação entre imagem corporal e movimento.

Principais Enfoques da Relação Imagem Corporal/Movimento

  • Atividade física e bem-estar (autoestima, autoaceitação, saúde, relaxamento, percepção corporal e imagem corporal);

Fatores Socioculturais

  • Fatores socioculturais, frequentemente abordados nos estudos, como o modelo de corpo ideal, o culto à magreza e a determinação dos papéis e posturas masculinos e femininos;

Aspectos Socioculturais Específicos

  • Um enfoque diretamente relacionado ao aspecto sociocultural, abrangendo o corpo apresentado pela mídia, a visão de corpo em diferentes momentos da história (em livros, na arte), o corpo relacionado a momentos políticos (como fascismo e nacional-socialismo), diferentes culturas, a relação com o vestuário, a moda, o feminismo, estereótipos, a educação familiar e a filosofia;

Pedagogia, Esportes e Dança

  • Aspectos ligados à pedagogia da educação física, do treinamento em esportes e da dança, incluindo sugestões de implementação de novos métodos de ensino da educação física nas escolas, ensino de dança nas escolas, educação pelo movimento, formação de equipes interdisciplinares para tratar distúrbios alimentares, a comparação entre dança tradicional e dança criativa, a relação do modo de ensino da educação física com a construção dos papéis masculino e feminino e com a construção do corpo “dócil” e obediente;
  • Neurologia, percepção motora, ação motora, desenvolvimento motor, self corporal e experiências com chimpanzés;

Metodologias de Avaliação

  • Desenvolvimento e teste de novas metodologias de avaliação, não só da imagem corporal, mas também de assuntos relacionados a ela, como percepção do tamanho do corpo, movimento e coordenação;
  • Metodologias de avaliação que investigam a utilização de novas tecnologias, como a realidade virtual, para melhor desempenho dos processos de avaliação.

Sujeitos das Pesquisas

Os sujeitos das pesquisas são grupos específicos, categorizados de acordo com:

  • Gênero: masculino (♂), feminino (♀), transexuais;
  • Idade: crianças, adolescentes, adultos, idosos;
  • Estado de saúde: saudáveis e portadores de diferentes doenças;
  • Contexto relacionado à atividade física: diferentes esportes, danças, aeróbica, terapias corporais;
  • Contexto terapêutico: grande parte das pesquisas foca em distúrbios alimentares.

Programas de Atividade Física e Condições Abordadas

  • Programas de Atividade Física (AF) que auxiliam no tratamento desses distúrbios, trabalhando com autoestima, percepção corporal e aceitação do próprio corpo.
  • Condições e distúrbios abordados: lesões do SNC, distúrbios psicológicos, câncer (CA), perdas de membros, AIDS, diabetes, torcicolo, problemas de fala e distúrbios específicos da imagem corporal.

Atividades Físicas Estudadas

  • As atividades físicas estudadas incluem: educação física, hipismo, corrida, aeróbica, trabalhos de reabilitação, hip hop, massagem, arteterapia, musicoterapia, dançaterapia, terapias corporais, método Feldenkrais, método Alexander, Ideokinetic, Qigong, dança criativa, movimento criativo, movimento autêntico, contact improvisation e método Dohsahou.

Objetivos das Atividades Físicas

  • Os objetivos das AFs incluem: modificação da postura, do alinhamento, da autoestima, formação de identidade, integração social, autoconhecimento, percepção do corpo e mudanças na relação da pessoa com a própria imagem corporal.

Objetivos dos Estudos

  • Avaliação de fatores que se relacionam à imagem corporal, e às vezes à imagem corporal diretamente, em diferentes grupos de investigação.
  • Traçar o perfil de determinado grupo, algumas vezes comparando-o com outros grupos, como, por exemplo: praticantes de atividade física e sedentários, mulheres atletas e não atletas, estudantes de ensino médio, bailarinas e não bailarinas, crianças do sexo masculino e feminino, modelos e prostitutas, negros e brancos.
  • Avaliar as mudanças ocorridas em determinado grupo ou comparar as mudanças em dois grupos, antes e depois da realização de um programa de trabalho corporal. Geralmente, os fatores avaliados envolvem: a satisfação com o próprio corpo, o corpo “real” e o corpo percebido, o corpo considerado ideal, percepção do tamanho e forma do próprio corpo, percepção da própria força, percepção espacial, autoconceito, autoestima, aparência do corpo, avaliação da própria saúde, satisfação com a própria aptidão física, nível de ansiedade e propensão a desenvolver distúrbios alimentares.

Estratégia de Pesquisa Qualitativa

A estratégia de pesquisa qualitativa apresenta uma perspectiva mais adequada para investigar o assunto sem perder a dimensão da sua complexidade. Nela, as subjetividades, tanto do pesquisador quanto dos participantes da pesquisa, são consideradas, assim como a relação dinâmica existente entre eles e de cada um deles com o meio.

Interdisciplinaridade e Importância do Movimento

A pesquisa em imagem corporal deixa clara sua interdisciplinaridade, envolvendo campos como educação física, pedagogia, dança, ciências médicas, psicologia, filosofia e sociologia. Embora se constate crescente interesse na área de imagem corporal, nota-se que ainda falta uma literatura que enfoque imagem corporal e movimento mais diretamente. Considerar questões relacionadas à imagem corporal nas abordagens práticas amplia a forma de intervenção. Ao olhar sob a perspectiva da imagem corporal, dimensiona-se a qualidade do movimento como elemento básico para o desenvolvimento integrado da pessoa. Alcançar maior consciência da imagem corporal, suas diferentes modelagens, texturas e transformações nas variadas situações pelas quais se passa, só pode ser feito através do movimento.

Conceito e Desenvolvimento da Imagem Corporal

Paul Schilder integrou assuntos diversos como beleza, ginástica, dança, psicologia das roupas, dor, distúrbios psíquicos, entre outros. Seus pensamentos interdisciplinares refletem a história de uma vida, o percurso de um corpo e as experiências perceptivas, buscando compreender melhor os significados mais profundos para cada ser humano de sua aparência e sua produção.

A Imagem Corporal como Vivência Humana

A imagem corporal é uma vivência humana, individual e dinâmica, que envolve:

  • O corpo;
  • Representações mentais;
  • Identidade corporal;
  • Psiquismo e cultura;
  • Estímulos.

Elementos Fundamentais

  • História;
  • Identidade corporal;
  • Memória.

Definição e Questões Essenciais

É a maneira pela qual nosso corpo aparece para nós mesmos. Para entender o conceito, é preciso refletir sobre:

  • O que é uma imagem ou representação mental?
  • A qual “corpo” estamos nos referindo?

Representação Mental e Imagens

A representação mental é uma experiência privada, única, pertencente apenas ao sujeito que a vivencia. Ela permite criar e trabalhar mentalmente com representações de objetos, pessoas e situações. A imagem mental é a experiência subjetiva de como o mundo, em dado instante, se apresenta para nós. A imagem sensorial são expressões mentais da percepção da realidade exterior, como imagens ópticas, auditivas, olfativas e cinestésicas.

Tipos de Imagens Mentais

Existem imagens resultantes da representação mental de objetos internos, como as imagens de fantasia, que se baseiam na atividade inconsciente e estão relacionadas indiretamente aos objetos externos. Outros tipos incluem:

  • Imagens primárias ou engramas: relacionadas aos arquétipos;
  • Imagens eidéticas ou genéricas: onde o estímulo sensorial se liga à fantasia;
  • Imagem hipnagógica: produzida no estado de sonolência;
  • Imagens alucinatórias.

As imagens também se manifestam em ações, sentimentos, crenças, pensamentos, lembranças e visões.

A Influência dos Estímulos nas Imagens

Os estímulos alteram as imagens. Cada estímulo é influenciado pelas circunstâncias em que ocorre. Uma cor, um som, uns toques terão a influência do espaço e da circunstância em que ocorrem. Um “azul” pode parecer mais claro ou mais escuro dependendo das cores ao redor; circunstâncias podem anular ou intensificar uma dor; pode-se escutar ou não o canto de um pássaro dependendo tanto de outros ruídos do ambiente como da direção da minha atenção e interesse em identificar a melodia do canto do pássaro.

Natureza Abrangente da Imagem Mental

A imagem mental ou representação mental é mais abrangente que unicamente a representação visual de um objeto. Ela está vinculada a experiências afetivas, sociais e fisiológicas, com múltiplas entradas sensoriais (tato, temperatura, visão, propriocepção, etc.).

O Corpo: Afirmações Essenciais

  • O corpo existe como uma entidade física.
  • O corpo está sempre em movimento.
  • O corpo delimita um espaço e um tempo (de forma que todo estímulo é único na experiência do corpo).
  • O corpo é uma totalidade.
  • Nascemos como um corpo e desenvolvemos nossa identidade corporal.
  • A perspectiva psicossocial do corpo é profunda e concreta.
  • As identificações vão muito além do plano das ideias, abrangendo o plano de apropriação do corpo do outro (inclusive a questão de gênero).
  • É corporalmente que vivenciamos nossos impulsos e fantasias.
  • A percepção do corpo e do mundo se modifica de acordo com os relacionamentos recíprocos entre o corpo e o mundo.
  • Nosso corpo é um objeto especial para nós mesmos. Ele está sempre mudando, está sempre presente. É o ponto de partida para o desenvolvimento da identidade da pessoa e constitui o suporte do senso de subjetividade do ser humano.

A Imagem Corporal é a intersecção entre Imagem e Corpo.

Desenvolvimento da Imagem Corporal

Os princípios norteadores para o desenvolvimento da Imagem Corporal envolvem:

  • As Sensações Corporais: A Raiz da Subjetividade e os Pulsões;
  • Identidade e Imagem Corporal;
  • Estágios de Desenvolvimento da Imagem Corporal;
  • Obstáculos no Desenvolvimento da Imagem Corporal;
  • O Narcisismo e a Imagem Corporal;
  • Princípios Norteadores para Facilitar o Processo de Desenvolvimento da Imagem Corporal.

O Que Significa Desenvolver a Imagem Corporal?

Desenvolver a imagem corporal implica:

  • Ampliar a percepção de partes do corpo;
  • Reconhecer e valorizar as sensações corporais;
  • Gostar mais do corpo;
  • Ter mais satisfação com o corpo;
  • Reconhecer o corpo como ele realmente é;
  • Descobrir as possibilidades do corpo, ampliando as possibilidades de ação.

Requisitos para o Desenvolvimento da Imagem Corporal

Para desenvolver a imagem corporal, é preciso ter:

  • Muitas referências sobre nosso corpo;
  • Conexão com nossas sensações corporais;
  • Integração de outros elementos pertinentes ao nosso corpo (culturais, fisiológicos ou afetivos). Essa integração amplia nosso contato interno e, ao mesmo tempo, facilita nossa adaptação ao mundo externo.

Processos Fundamentais e Natureza da Imagem Corporal

O desenvolvimento da imagem corporal implica dois processos fundamentais:

  • Produção da imagem;
  • Estruturação da identidade do corpo.

Formar imagens mentais depende da capacidade do sistema nervoso de processar e integrar múltiplas percepções. Toda sensação é individual, singular, pertinente a determinado sujeito. A Imagem Corporal é a representação mental da identidade corporal. Ela se desenvolve baseada na vivência de sensações que emergem em nosso corpo real, mas que desde o nascimento são influenciadas pelo mundo externo. Para desenvolvê-la de forma integrada e positiva, o indivíduo precisa sentir-se reconhecido e valorizado pela sua singularidade.

Estruturação da Identidade Corporal

A estruturação da identidade corporal é facilitada nos primeiros anos de vida. O desenvolvimento da identidade corporal, influenciado por sensações e estímulos externos, permite que uma pessoa com desenvolvimento satisfatório de sua imagem corporal vivencie seus movimentos e direcione suas ações no mundo externo de forma conectada com suas sensações corporais. Essa pessoa é consciente de muitos aspectos afetivos, sociais e fisiológicos referentes ao seu corpo, conhecendo suas possibilidades e aceitando suas limitações corporais. É um processo que ocorre durante a vida toda e pode ser facilitado ou dificultado por múltiplos fatores como idade, traumas, intervenções pedagógicas ou terapêuticas, doenças, etc.

A Raiz da Subjetividade: Os Pulsões

Fantasias são representações mentais relacionadas ao corpo. Imagens Corporais são o representante psíquico do instinto (pulsão/impulso), que é homogêneo, inato, igual e característico das espécies animais. A ação instintiva implica experiência perceptiva.

O Estado Dinâmico do Desenvolvimento Corporal

O corpo percebe, e cada percepção conduz o corpo a uma outra perspectiva em relação ao mundo. O corpo movimenta-se assim em decorrência de cada percepção. Ao se movimentar, ele se coloca em nova posição que leva a percepções diferentes. Nesse processo constante de perceber e movimentar, o corpo vai se transformando, construindo sua identidade. Ao vivenciarmos uma imagem de nós mesmos, nosso corpo se modifica. E novos impulsos, outras sensações, confluem em nova organização corporal que se apresentará como outra imagem corporal. E assim, de modo sucessivo, o corpo, interagindo com o mundo e consigo mesmo, mantém em contínua transformação nossa imagem corporal.

Fantasias e Impulsos

Não há como desvincular as fantasias da imagem corporal, assim como não se concebe um corpo sem impulsos. A fonte está nos impulsos libidinais e agressivos, com ligação ao inconsciente que poderá ou não tornar-se consciente.

A Contínua Transformação do Corpo

A impulsividade emerge do corpo, reflete-se nas fantasias, e estas modificam nossas imagens corporais e do mundo, influenciando nossas percepções e movimentos.

Função das Fantasias

As fantasias funcionam como defesa contra ansiedades, triunfos, amor ou mágoa. As fantasias são a expressão mental dos impulsos libidinais e agressivos, das relações de objeto, ansiedades e defesas, e passam de devaneio a pensamento.

Frustração e Flexibilidade no Desenvolvimento

A frustração é intrínseca ao processo de desenvolvimento, assim como a flexibilidade. Experiências negativas e vivências corporais prazerosas contribuem para um melhor desenvolvimento da imagem corporal.

Identidade e Imagem Corporal

Quando nos propomos a abordar a questão da Imagem Corporal buscando facilitar seu desenvolvimento, estamos intimamente comprometidos com a busca do desenvolvimento da identidade corporal da pessoa pela convergência de intervenções motoras e/ou psíquicas. No movimento, fluem as singularidades mais profundas e daí se encontra a energia vital, o sentido de viver. O movimento possui um aspecto tangível (a utilidade do gesto) e um aspecto intangível (a satisfação pelo ato em si).

Requisitos para Facilitar o Desenvolvimento

Facilitar o desenvolvimento da Imagem Corporal requer:

  • Preservar a identidade do outro;
  • Reconhecer e vivenciar as próprias percepções.

Percebemos com o corpo o que somos a cada instante. Percebemos interagindo com o universo. Nossa identidade corporal e nossas imagens se estruturam conectadas com percepções de nós mesmos e daquelas resultantes de nosso contato com o mundo.

Estágios de Desenvolvimento da Imagem Corporal

Os estágios de desenvolvimento da imagem corporal desenvolvem-se paralelamente ao “eu corporal” e ao “eu psicológico”. São três estágios de desenvolvimento corporal:

  • Estágio I: Experiências psíquicas precoces do corpo;
  • Estágio II: Consciência inicial da imagem corporal com integração de experiências internas e externas;
  • Estágio III: Definição e coesão do eu corporal como base da consciência do eu.

Estágio I: Experiências Psíquicas Precoces do Corpo

Nos primeiros meses de vida, o vínculo mãe/filho é fundamental. O corpo da criança (seus afetos, movimentos e sensações) é vivenciado com base na sua relação com a mãe. A função da mãe é disponibilizar-se para que o filho possa existir corporalmente em sua plenitude. A resposta a necessidades básicas como sede, frio e fome deve ser compatível à capacidade do bebê de suportar frustrações e, ao mesmo tempo, oferecer conforto e ternura. Essas percepções deixam marcas (os primeiros registros mentais), que servem de base para os próximos estágios.

Estágio II: Consciência Inicial da Imagem Corporal

Neste estágio, há o início da consciência das percepções corporais como pertencentes a si mesmas, distinguindo o “eu” do mundo externo. A capacidade de imaginar é fundamental. Com o desenvolvimento da capacidade de imaginar, a criança compreende a distinção entre o corpo que toca e o objeto que é tocado, e desenvolve a consciência de um espaço além do seu corpo. De sua imagem, ela desenvolve o sentido de sua ação. Pode se reconhecer no espelho, reconhece nas informações do espelho as imagens criadas pelas suas ações, e é capaz de evocar uma imagem de um objeto e buscá-lo sem nenhuma pista perceptual imediata.

Estágio III: Definição e Coesão do Eu Corporal

A partir dos 15-18 meses, dizer “não” indica que a autonomia e a consciência do próprio “eu” estão emergindo. A criança já se reconhece no espelho, e o senso de identidade é estabelecido a partir da representação mental coesa e integrada do corpo. Resumindo, o Eu corporal é:

  • A função de um outro (mãe);
  • A experiência sentida de uma necessidade insatisfeita (fome);
  • Uma estrutura interna de referência relativamente permanente, que compreende imagens emocionais e corpóreas, conceitos e experiência.

Obstáculos no Desenvolvimento da Imagem Corporal

O processo de desenvolvimento da Imagem Corporal é vinculado a fatores biológicos, culturais, afetivos e ambientais. Fatores que podem influenciar negativamente o processo de desenvolvimento incluem: doenças, amputações, traumas, deficiência do sistema nervoso em processar adequadamente imagens mentais, modificações muito rápidas no crescimento, relações sociais e afetivas inapropriadas, tipo de personalidade, perdas de pessoas queridas, crise financeira, perda de emprego, idade, entre outros. De forma isolada ou combinada, esses fatores podem dificultar a vivência de experiências corporais positivas, fundamentais para incrementar uma imagem corporal satisfatória. A inadequação na estimulação corporal nas fases iniciais do desenvolvimento da criança pode causar distúrbios na imagem corporal. Tavares (data implícita) aponta como exemplos: Superinvasividade e superestimulação, Falta de percepção e resposta empática, e Respostas inconsistentes e seletivas.

Superinvasividade e Superestimulação

Pais muito invasivos e que se apegam demais aos filhos impedem o processo de separação, individualização e ganho de autonomia. A invasividade pode ocorrer por assédio sexual, desrespeito aos desejos e aos sentimentos, e cirurgias. Manifestações clínicas: Imagem corporal indiferenciada, borrada, pequena, arcaica, assexual. Indivíduos experimentam o corpo como separado de si e facilmente invadido. Sem identidade corporal bem estruturada, buscam experiências corporais de risco e desenvolvem comportamentos que tentam marcar seu corpo de várias maneiras: exercícios para sentir sensações físicas, recusa de comer, aversão ao toque, comportamentos sexuais de exibicionismo (que levam ao reconhecimento social), afastamento e evitação de intimidade física (Tavares).

Falta de Percepção e Resposta Empática

Pais cujos filhos não são o ponto de referência de suas relações corporais resultam em uma relação mãe-filho que não suporta experiências corporais coerentes à criança. Manifestações clínicas: Imagens corporais incompletas e distorcidas; variações de imagem corporal durante o dia; características depressivas e bulímicas; sexualidade compulsiva; perda de controle do corpo com crises de choro e intolerância ao corpo; sensação de abandono levando a comportamento de autotortura para alívio da ansiedade.

Respostas Inconsistentes e Seletivas

Mães que ignoram estímulos cinestésicos (comunicação por ações corporais) e afetivos, respondendo apenas a necessidades físicas e dor física. Manifestações clínicas: Padrão da criança organizado tendo como centro experiências de dor e doença.

O Narcisismo e a Imagem Corporal

O narcisismo é o amor que se tem pela própria imagem (ego).

  • Narcisismo primário: a criança investe todo seu desejo em si mesma.
  • Narcisismo secundário: retorno do desejo para o próprio “eu”, depois de ter sido direcionado em algum momento a algum objeto do mundo exterior.

A busca pela Imagem Ideal e o afastamento da Imagem Ideal com aproximação da realidade existencial são aspectos relevantes.

Princípios Norteadores para o Desenvolvimento da Imagem Corporal

Os princípios norteadores para facilitar o processo de desenvolvimento da Imagem Corporal envolvem:

  • Imagens corporais;
  • Corpo e mente;
  • Movimentos e percepções;
  • Relações afetivas e sociais.

Esses são aspectos básicos das intervenções visando facilitar o processo de desenvolvimento da Imagem Corporal. Nunca poderemos prever com exatidão a dimensão de uma proposta, nem seu efeito em cada pessoa a curto e a longo prazo. Cada intervenção se apresenta como um elemento que poderá ou não se incorporar à “teia da vida” de forma favorável ou desfavorável. Terapias corporais e psicológicas convergem em modificações na identidade e imagem corporal das pessoas. Toda intervenção psicoterápica eficaz interfere no padrão de postura. Toda terapia corporal significativa influencia na estrutura psicológica da pessoa. Por exemplo: há relatos de profissionais de Educação Física sobre alunos que eram incapazes de dirigir um automóvel e, após fazer natação, aprendem a nadar e com relativa facilidade “tiram carta” ou voltam a dirigir.

A mudança corporal decorrente de percepções e movimentos disponibilizados a partir de uma intervenção profissional significativa abre novos caminhos na existência das pessoas, ampliando suas possibilidades de novas percepções e movimentos, e novas alternativas para optar em cada circunstância da vida. Isso implica, antes de mais nada, dinamizar um processo de desenvolvimento da imagem corporal. Todo movimento implica uma direção, definida pela relação sujeito/sujeito e sujeito/mundo. Podemos dizer que um corpo em movimento representa um corpo em relação. Dessa forma, a questão não é o tipo de movimento ou a linha de intervenção, mas a direção para o corpo do cliente que o processo facilita. Atividades artísticas, vivências corporais individuais e em grupo, esportes, ginásticas e práticas sistemáticas de atividade física, assim como propostas de terapia corporal e psicológica, têm relevância e possibilidade de dinamizar o processo de desenvolvimento da imagem corporal.

Princípios para Intervenções Facilitadoras

Os princípios norteadores para que a intervenção seja facilitadora do processo de desenvolvimento da imagem corporal são:

  • I. Imagem Corporal do profissional;
  • II. Expectativas do profissional;
  • III. Conhecimento dos aspectos afetivos, fisiológicos e sociais;
  • IV. As circunstâncias do trabalho;
  • V. Ampliar as possibilidades de continência e consciência do corpo;
  • VI. O trabalho implica desenvolvimento para o cliente e para o profissional;
  • VII. Intervenções na comunidade podem favorecer o desenvolvimento da imagem corporal.

I. Imagem Corporal do Profissional

O profissional que tem familiaridade com as próprias sensações, conhecendo o significado delas, tende a ser mais flexível em suas relações e reconhece com mais facilidade o espaço do outro. Na relação professor/aluno, a delimitação adequada do contato (excesso ou a falta dele) dependerá da familiarização do profissional com suas próprias sensações e de sua própria imagem corporal. Um professor narcisista tende a dar uma direção externa (corpo ideal da cultura) para a imagem corporal do aluno. Características desejáveis da imagem corporal do profissional:

  • Aceitação de seu corpo;
  • Manter contato com sensações corporais e ter bastante consciência dos significados destas no cotidiano, de forma a garantir sua identidade e possuir estrutura bastante flexível em suas ações;
  • Considerar as manifestações corporais, suas ou dos outros, não como defeitos ou qualidades, mas como características de pessoas que têm raízes e consequências.

II. Expectativas do Profissional

Uma intervenção deve representar para o profissional algo que ele acredite ser muito importante, muito especial, e por isso valha a pena ser realizado. É fundamental que o profissional seja consciente da existência e dos significados das expectativas, e que possua flexibilidade na operacionalização da intervenção (Tavares).

III. Conhecimento dos Aspectos Afetivos, Fisiológicos e Sociais

O conhecimento, o mais amplo possível, desses aspectos tornará o profissional mais apto a dar segurança ao aluno. Por exemplo: o professor de dança que conhece anatomia e fisiologia do aparelho locomotor poderá proteger seu aluno de lesões no tornozelo e joelho, e ampliar as possibilidades das relações estabelecidas mediante os movimentos de dança. Propostas comportamentais ou protocolos comprometidos com a “produtividade” aparentam ser consistentes, pois permitem avaliação quantitativa, mas com frequência resultam apenas em mudanças cognitivas e pouco duradouras.

IV. As Circunstâncias do Trabalho

É crucial conhecer a circunstância em que o trabalho será realizado, estabelecendo condições mínimas para sua concretização. Abordagens breves não costumam trazer resultados consistentes. Espaço adequado e privado, o contexto do trabalho (local, inserção numa escola ou empresa), o tamanho do grupo e o tipo de relacionamento estabelecido no grupo, horário, frequência, duração das sessões e custos devem ser planejados com cuidado.

V. Ampliar Continência e Consciência Corporal

Isso envolve o reconhecimento das sensações corporais (continência), podendo alcançar a compreensão de seus significados (consciência). Falar é uma forma de movimentar-se. Falamos com nosso corpo, o que inclui nossas emoções e nossos desejos. É fundamental para reconhecermos o outro corporalmente nossa capacidade de assumir as limitações de explicações lineares e estar prontos para reconhecer o inesperado que a qualquer momento pode surgir como manifestação corporal. Atenção ao nível afetivo da comunicação é essencial.

VI. Desenvolvimento para Cliente e Profissional

O trabalho implica desenvolvimento tanto para o cliente quanto para o profissional. A diferença é que o profissional deve ter consciência de que o foco do trabalho está nas necessidades do cliente, e este espera dele competência para sustentar um processo consistente e coerente à sua realidade interna e externa.

VII. Intervenções Comunitárias

É importante saber como reconhecer as condições indesejáveis e prejudiciais ao desenvolvimento da imagem corporal. Tudo que restringe a manifestação de sensações corporais deve ser considerado fator limitador, como:

  • Preconceitos;
  • Agressões corporais;
  • Insalubridade do ambiente;
  • Problemas psicológicos graves na família.

Recomendações para Intervenções

É fundamental reconhecer a importância de intervenções que visam melhorar a qualidade de vida das pessoas. Isso inclui:

  • Propostas visando ampliar o espaço reflexivo entre pais, professores e alunos nas escolas;
  • Programas de atividades recreativas na comunidade ou ginástica laboral dirigida por profissionais competentes para assegurar em suas abordagens corporais um vínculo mais profundo do que aquele dimensionado apenas pelo aumento de produção do trabalhador;
  • Trabalho de vivências corporais com gestantes.

Linhas de Pesquisa em Imagem Corporal

As diversas linhas de pesquisa em imagem corporal incluem as abordagens social, psicodinâmica, cognitiva e comportamental.

Abordagem Social

As ciências sociais reúnem todas as disciplinas científicas cujo objeto de estudo se relaciona com as atividades e o comportamento dos seres humanos. O manequim considerado ideal gera um conflito entre o corpo real e o ideal, o que estimula a busca por soluções. No entanto, essa busca pode ser prejudicial à saúde física e mental.

Distorção da Imagem Corporal e Estruturas

A distorção da Imagem Corporal é a compreensão do próprio corpo como mais pesado ou maior do que realmente é (frequentemente por comparação com a beleza veiculada pela mídia). A imagem corporal é um conceito capaz de operar com três estruturas corporais:

  • Estrutura fisiológica: responsável pelas organizações anátomo-fisiológicas;
  • Estrutura libidinal: conjunto das experiências emocionais vividas nos relacionamentos humanos;
  • Estrutura sociológica: baseada nas relações pessoais e na aprendizagem de valores culturais e sociais.

A Estrutura Sociológica em Detalhe

A Estrutura Sociológica refere-se às tendências de um grupo a valorizar certas áreas ou funções, como o papel das vestes, adornos, do olhar e gestos na comunicação social. A experiência com a imagem do próprio corpo relaciona-se à experiência de terceiros com seus corpos (Schilder). Na sociedade brasileira atual, não estar bonita pode constituir-se em grave fracasso, levando à perda da autoestima e à insegurança (Cury, 2005). A dependência da autoestima feminina na aparência torna as mulheres mais vulneráveis à imagem corporal negativa e aos seus efeitos negativos.

Insatisfação com a Imagem Corporal Feminina

O que caracteriza o descontentamento com a imagem corporal como um fenômeno típico da sociedade ocidental? Schilder (1977) afirma que a preocupação com a dimensão corporal, apresentada pelas pessoas que cercam o indivíduo, interfere de modo fundamental na elaboração da imagem corporal desse indivíduo.

Estudo da Imagem e Representação do Corpo

No estudo da imagem ou representação do corpo, além da ênfase psicológica e individual (Schilder, 1977), há uma ênfase coletiva, relacionada a opiniões e ao senso comum. As representações são sociais porque resultam de um conjunto de interações sociais dentro de um grupo e, na medida em que são compartilhadas por seus indivíduos, marcam a diferença desse grupo em relação a outros na mesma sociedade (Guimelli). O corpo feminino é, portanto, representado como algo que deve ser dotado de beleza, magreza, poder e status, exercer atração e, além disso, ser saudável. Contudo, esse corpo está longe de ser o ideal, uma vez que a imagem corporal desejada pelas mulheres pesquisadas encontra-se abaixo do peso considerado normal pela OMS. As representações sociais compartilhadas pelos grupos de estudantes parecem, portanto, determinar a intensidade da insatisfação corporal das estudantes.

Abordagem Psicodinâmica

A psicodinâmica tenta entender o comportamento em termos do funcionamento da mente, com ênfase na motivação e no papel da experiência passada. A abordagem psicodinâmica (Rev. Bras.) busca a compreensão do psiquismo em seus processos dinâmicos, orientando o trabalho em direção ao insight. Insight é a capacidade de perceber claramente o que se passa dentro de nós; uma compreensão súbita, muitas vezes, a partir de uma situação complexa ou de um problema; a capacidade de compreender o que se passa consigo próprio.

Fundamentação na Teoria Psicanalítica

É fundamentada na teoria psicanalítica, uma técnica que visa elaborar e resolver conflitos intrapsíquicos a serviço da reestruturação, reorganização e desenvolvimento da personalidade. A teoria psicanalítica também aborda a determinação inconsciente de desejos, motivações ou medos no plano de ação. Os processos mentais valem-se de mecanismos de defesa que têm a finalidade de afastar o desconforto provocado por certas percepções ou desejos.

Objetivos da Abordagem Psicodinâmica

O objetivo da abordagem psicodinâmica é auxiliar o indivíduo a lidar com seu sofrimento emocional e a compreender os significados dos sintomas manifestos, encontrando assim alternativas mais adaptadas para lidar com o sofrimento psíquico. Propiciar ao indivíduo um espaço seguro e confiável para que ele possa compartilhar seu mundo interno e encontrar outras expressões para o sintoma. A abordagem enfatiza o trabalho com a regulação da autoestima, promovendo o resgate do respeito por si mesmo e por sua história pessoal. Indicações: Anorexia nervosa, Bulimia nervosa.

Abordagem Cognitivo-Comportamental

Os objetivos da abordagem cognitivo-comportamental são auxiliar o indivíduo a estabelecer um controle comportamental sobre seu hábito alimentar para então ajudá-lo a modificar suas atitudes anormais em relação à alimentação, ao peso e à forma corporal. Inclui a aquisição de habilidades em resolver problemas e a manutenção dos progressos adquiridos ao longo do tratamento. Em geral, o tratamento inicia com ênfase no controle da conduta alimentar alterada, prescrição de um esquema alimentar e a tentativa de utilização de uma lista de comportamentos alternativos. Baseia-se na noção de que crenças disfuncionais sobre a magreza e a insatisfação com a forma e o peso corporais norteiam e mantêm o comportamento alimentar anormal e as características associadas, como purgação e abuso de laxantes, diuréticos e remédios para emagrecer.

Instrumentos de Medida em Imagem Corporal

Na década de 90, o tema dos instrumentos de medida em imagem corporal foi amplamente abordado por pesquisadores e estudiosos. A imagem corporal é a figuração de nosso corpo formada em nossa mente, ou seja, o modo pelo qual o corpo se apresenta para nós. É influenciada por fatores fisiológicos, libidinais e sociais:

  • Estrutura anatomofisiológica geneticamente definida;
  • Prazer;
  • Os corpos que constituem a cultura de um povo influenciam a imagem corporal do indivíduo.

Avaliação e Relevância Clínica

Aspectos multifatoriais são responsáveis pela etiopatogenia. Uma avaliação adequada deveria incluir métodos de mensuração dos aspectos psicopatológicos. Na medida em que os transtornos com a imagem corporal comprometem a saúde do indivíduo, torna-se relevante identificar os tipos de protocolos (métodos ou instrumentos) utilizados para uma avaliação adequada da autoimagem, principalmente em praticantes de atividades físicas, atletas de determinado esporte, bulímicos, obesos e anoréxicos.

O Papel dos Profissionais de Saúde

Para profissionais da Saúde que atuam frequentemente com pessoas que apresentam insatisfação com o corpo real, ou seja, com aquelas que estão na busca onipotente pelo corpo perfeito, é relevante o reconhecimento de um possível distúrbio de imagem, para o encaminhamento a uma terapia. Os protocolos de avaliação da imagem corporal são considerados instrumentos científicos na busca de iluminar a percepção do indivíduo sobre a imagem que ele tem de si próprio, o que auxilia na investigação da existência de distúrbios dismórficos-corporais.

Tipos de Instrumentos de Avaliação

  • Questionários e Entrevistas: utilizam perguntas em forma de entrevista, como aquelas estruturadas, semiestruturadas, abertas e fechadas, realizadas individualmente ou em oficinas de reflexão, entre outras;
  • Desenhos: estudos que adotaram qualquer tipo de grafismo e traçados feitos pelo sujeito da pesquisa para dimensionar a autoimagem corporal;
  • Escalas: pesquisas que adotaram um protocolo que possuísse o nome Escala, mas que não estivesse em forma de Questionário;
  • Silhuetas: modelo de silhuetas humanas para que o indivíduo escolhesse aquela que mais se parecesse com a sua imagem real e ideal.

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