A Imagem de Deus no Homem Segundo Santo Agostinho

Resumo do Capítulo: No homem existe uma imagem de Deus, a Santíssima Trindade, que, embora não da mesma natureza de Deus, é a mais semelhante de todas as criaturas de Sua criação. Além disso, pode ser melhorada para se assemelhar a Ele. Nós somos, sabemos que somos, e amamos ser e conhecer. Não há falsidade em nenhuma dessas três coisas, uma vez que nem percebemos através dos sentidos ou da imaginação.

Análise: A imagem que o homem é de Deus, não é igual a esse Deus, não é a mesma substância, nem coeterno, mas os humanos são a espécie mais próxima de Deus. O mundo criado por Deus é feito de acordo com o plano de Deus. Deus intervém na história do mundo, tornando-se conhecido através dos profetas do Antigo Testamento, mas especialmente por Seu Filho Jesus e a Encarnação. Envia-nos o Espírito Santo, formando o Espírito do Pai e do Filho e a Santíssima Trindade: três pessoas diferentes e um só Deus verdadeiro. Deus é necessário porque todos os que foram criados por Ele estão subordinados, pois Ele é, mas poderia não ser, depende da existência de toda a vontade de Deus. O ápice da criação é o homem, que é definido pelo relacionamento com Deus, feito à Sua imagem e semelhança. Portanto, o ser humano tem qualidades específicas. Esta imagem é derivada de sua capacidade de amar de forma livre e da autoconsciência, sendo possível porque o homem tem uma alma racional que o torna diferente de outras criações, embora tenha um corpo material e mortal. A alma é uma continuação dela mesma. A alma é, portanto, um princípio imaterial, uma qualidade que só a alma tem, como é o raciocínio. Também pode sentir e amar.

A alma é a imagem da Trindade em nós: a mente do homem, o ser racional, o Pai é, é a memória da Trindade; o homem sabe, a Criança é o conhecimento da relação mente-conhecimento; o amor surge, o homem ama, o Espírito Santo é o amor. Então, o que Santo Agostinho pensa com isso? Que o homem reflete Deus através de sua alma, uma vez que estas três verdades encontradas no homem (amor, saber e ser) nos permitem refletir sobre a vida humana. São inseparáveis nestas três coisas. Estes três aspectos se manifestam nas três faculdades da alma racional: vontade (amor), conhecimento (memória) e inteligência (razão). Essas três verdades são precisamente o que são porque não as percebemos nem com os sentidos nem com a imaginação.

Contexto:

Sua Obra: A Cidade de Deus abrange 22 livros, escritos entre 410 e 426, em tempos difíceis em Roma por causa da devastação dos godos e do desaparecimento do Império Romano do Ocidente. O principal objetivo de Santo Agostinho é oferecer garantias aos cristãos que duvidavam do colapso da Igreja após a queda de Roma. A resposta agostiniana procura uma nova ordem fundada no transcendente, para que isso aconteça e a Antiga Roma se torne a Nova Roma, Jerusalém, que deve ser construída como eterna. Esta nova cidade, a cidade celestial de Jerusalém, seria formada por aqueles que amam a Deus mais do que a si mesmos, e a cidade dos pecadores, formada por aqueles que se amam mais do que a Deus.

Tradição Filosófica: Agostinho pertence ao movimento filosófico chamado filosofia patrística cristã, que surgiu nas comunidades cristãs espalhadas por todo o império, e que foi muito ativa em centros como a escola de Alexandria. A patrística é geralmente dividida em três períodos:

1. Até o Concílio de 325: Apologistas, defensores da fé contra as perseguições e heresias. Nascem as primeiras escolas: Alexandria, Síria e Cesareia.
2. Até o Concílio de 452: É o pico mais alto, continuam as escolas e a mais importante é conceituada por Santo Agostinho. Nesta época, os princípios essenciais do cristianismo são definidos.
3. Período de Decadência: Com poucos autores originais, o que permitiu a transmissão através de suas obras na Idade Média.

Tempo de Santo Agostinho: A união entre política e religião iniciada por Constantino, o Grande, teve graves consequências ao converter as questões teológicas em políticas e vice-versa, criando problemas de estabilidade do império.