Imagens da Ciência: Fotografia, Cinema e o Olhar Científico
Classificado em Psicologia e Sociologia
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Introdução
A fotografia surgiu na França (1827) concomitantemente com a filosofia positivista de Comte e o desenvolvimento de um conhecimento científico baseado na observação do mundo sensível. Este conhecimento impactou diversas áreas como a biologia, a medicina, a estrutura social e a economia. A arte, incluindo o impressionismo e o naturalismo literário, também buscava uma descrição mais científica do mundo. A fotografia, como nova tecnologia cognitiva, ampliou as possibilidades da visão, complementando tecnologias como o telescópio e o microscópio.
A Fotografia e Seus Litígios
A fotografia, desde sua origem, gerou debates sobre sua natureza: arte ou instrumento científico? De um lado, a fotografia serviu à ciência, descrevendo a natureza de forma analítica e seletiva. Exemplos disso são as impressões de plantas para botânicos (Talbot, 1844-46), a fotografia de arquitetura, a fotografia médica e sua ligação com o microscópio e o telescópio. De outro lado, a fotografia atendeu às necessidades de expressão artística, como nos retratos de Nadar e Disderi.
A Fotografia e Suas Múltiplas Funções
A fotografia assumiu diversas funções: reprodução de obras de arte, comunicação de massa (jornais, cartazes, exposições), instrumento político e de denúncia social, e expressão artística, como na fotomontagem de John Heartfield. A ciência continuou utilizando a fotografia como instrumento de pesquisa, memória de dados e meio de comunicação.
Do Estudo do Movimento ao Cinema
A fotografia, como imagem fixa, não atendia à necessidade da ciência de estudar o movimento. Experiências e aperfeiçoamentos levaram à invenção do cinema. No final do século XIX, o cinema surgiu como instrumento de observação para a análise do movimento, como o cronofotógrafo de Marey. Diferentemente do avião, que visava superar limites, o cinema buscava refletir a realidade.
A Ilusão do Movimento no Cinema
A imagem cinematográfica é uma ilusão óptica criada a partir da decomposição do movimento em imagens estáticas e sua posterior recomposição na projeção. Baseado na fotografia e na mecânica da câmera e do projetor, o cinema aplica o movimento às imagens fotográficas. A ilusão do movimento é frequentemente atribuída à "persistência retiniana".
O Desenvolvimento do Cinema
Entre a invenção da fotografia (Niépce, 1826) e do cinematógrafo (Lumière, 1895), houve diversas tentativas de aperfeiçoamento. Destacam-se as experiências de Muybridge com o movimento do cavalo, que chamaram a atenção de Marey, e o revólver fotográfico de Janssen para observação dos astros. Marey desenvolveu a espingarda fotográfica e o cronofotógrafo, que permitiram avanços no estudo da locomoção. Demeny utilizou o cronofotógrafo para estudar os movimentos dos lábios durante a fala.
Do Instrumento Científico à Linguagem
O cinematógrafo, inicialmente um instrumento científico, transformou-se em linguagem e narrativa no cinema. As imagens passaram a ter significado e a gerar participação afetiva. Procedimentos técnicos se tornaram estereotipados, criando regras gramaticais. O cinema científico, inicialmente presente nas universidades, ascendeu ao mundo dos sonhos e das emoções.
A Imagem como Instrumentação Científica
A imagem se tornou uma preocupação de pesquisadores em diversas áreas. Margaret Mead, em 1973, defendeu a utilização de métodos como fotografia, cinema e videografia na antropologia. Em diversas disciplinas, surgiram novos instrumentos científicos, gerando imagens como fotografias, filmes, diagramas e gráficos.
O Filme Científico e Seus Públicos
A ciência precisa comunicar seus resultados a diferentes públicos: comunidade científica, estudantes, público em geral e poderes políticos e econômicos. O filme científico cumpre esse papel, adaptando-se a cada público. Para a comunidade científica, o filme serve como documento visual e banco de dados. No ensino, o filme pode ser usado para ensino direto, a distância e como documento.
O Filme Científico e o Grande Público
O filme científico para o grande público cumpre a necessidade de criar uma sociedade informada e participativa. O filme científico atua como estratégia de influência das instituições científicas, divulgando seu trabalho e buscando financiamento. Além disso, o filme científico contribui para o desenvolvimento das sociedades, informando sobre novos saberes e tecnologias.
Conclusão
O filme científico, em suas diversas formas, desempenha um papel fundamental na ciência, desde a pesquisa até a comunicação com o público. Sua capacidade de registrar, analisar e transmitir informações visuais o torna um instrumento valioso para o avanço do conhecimento e para a construção de uma sociedade mais informada e participativa.