Impactos Econômicos das Guerras Mundiais e Crises do Século XX

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A Primeira Guerra Mundial e Suas Consequências Econômicas

A Primeira Guerra Mundial (Grande Guerra) desmantelou a ordem econômica mundial que existia desde o final do século XIX. Além das consequências diretas, o conflito também provocou um desequilíbrio estrutural na economia que seria sentido nas décadas seguintes (a partir dos anos 20 e 30).

Economia de Guerra

Esta guerra, que durou de 1914 a 1918, foi um conflito em que o desempenho econômico desempenhou um papel fundamental. Grandes potências industriais e financeiras do mundo se enfrentaram. A vitória coube aos países capazes de alimentar e armar um maior número de homens. A guerra significou a implementação de novas medidas de organização econômica. O conflito envolveu a colocação em prática de uma economia de guerra, caracterizada por:

  • Um desvio imediato dos fatores produtivos para as indústrias de guerra e de transporte (com a industrialização do automóvel e da aviação).
  • O fornecimento de energia, alimentos e matérias-primas, que se tornou a principal preocupação dos governos envolvidos (abastecimento tanto das tropas quanto da retaguarda).
  • A implementação de medidas pelos bancos centrais dos países para financiar as intervenções militares.
  • Maiores despesas do Estado. A gravidade da situação fez com que os governos enfrentassem a economia.
  • O governo criaria autoridades específicas com poderes, recursos financeiros e humanos para organizar toda a produção para a guerra.

Nesse contexto, podemos encontrar:

  • Controle da distribuição de mercadorias (bens essenciais) através do racionamento.
  • Abertura de linhas de crédito para que os operadores pudessem se equipar para o conflito.
  • Processo de substituição de importações, substituindo o que antes era adquirido.

Consequências Econômicas da Guerra

Perda de vidas: A URSS perdeu a maioria das vidas. Estima-se que a Alemanha e outros países, juntos, representaram 8,5 milhões de militares mortos ou diretamente afetados, o que corresponde a 15% dos mobilizados que não retornaram e 2% da população total da Europa. Sete milhões de pessoas ficaram com deficiências físicas e 15 milhões foram feridas em diferentes graus. Isso representa a perda de jovens qualificados (capital humano), um segmento representativo da força de trabalho mais dinâmica (entre 20 e 30 anos). As mortes de civis, excluindo a Rússia, somaram 5.000.000 de mortos.

Transtorno nas relações econômicas normais: As comunicações foram interrompidas, pois ferrovias e rodovias foram destruídas e precisavam ser renovadas. O sistema monetário do padrão-ouro também foi desmantelado, não sendo mais válido para um mundo pós-guerra. A destruição física e a perda de capital afetaram especialmente todos os países ocupados, em particular a Bélgica e a França. A Europa perdeu cerca de um terço de seus ativos fixos. Em 1920, a produção industrial havia caído para os níveis de 1913. Esse efeito causaria uma desaceleração da economia global, que levaria tempo para se recuperar.

Interrupção do comércio internacional: A guerra resultou na interrupção do comércio entre os concorrentes que eram consumidores e fornecedores uns dos outros. Houve uma guerra econômica (o bloco inglês). A dedicação à produção de equipamentos militares significaria a perda de mercados externos para os contendores.

A relação entre a inflação e o abandono do ouro: O financiamento da guerra foi feito abandonando o padrão-ouro e com o déficit orçamentário (gastou-se mais do que se arrecadou). O crédito fiscal, e não os impostos, foi o principal meio de financiamento da guerra. O método para obter esse dinheiro foi a emissão de dívida pública. Internamente, quebrou-se o vínculo entre a oferta de dinheiro e as reservas de metal. Externamente, as taxas de câmbio fixas foram abandonadas, o que afetaria a mobilidade de capitais e o comércio global.

Deslocamento do centro financeiro de Londres para Nova York: A guerra reforçou esse processo. Os EUA seriam o único país durante a guerra e, posteriormente, capaz de atender às necessidades econômicas e financeiras para a recuperação. Como medida da força econômica do país, a consolidação dos EUA se deu por terem uma posição credora líquida com um saldo de cerca de 12 bilhões de dólares.

Consequências Econômicas da Paz

Nacionalismo Econômico (Direção do Estado na Economia)

Este intervencionismo na economia manifestou-se de duas formas:

  • Forma direta de intervenção: O controle sobre as estratégias do setor, através de processos de nacionalização e também através do planejamento.
  • Formas indiretas de intervenção: Através da regulação de preços, licenciamento e créditos. Isso forçaria a criação de empresas públicas que se desenvolveriam ao longo dos anos 20 e, principalmente, após a crise de 1929.

Criação de Novos Estados

Os acordos territoriais foram refletidos em uma série de tratados que previram a desintegração dos antigos impérios da Europa Central e Oriental, como o Segundo Reich Alemão (Prussiano), o Império Austro-Húngaro, o Império Russo e o Turco. Desses, surgiriam novas nações: Finlândia, Estônia, Lituânia, Letônia (após a Primeira Guerra Mundial), Polônia, Iugoslávia, Tchecoslováquia e Hungria. O Tratado de Versalhes definiu as novas fronteiras alemãs, que envolveram a transferência de 13,5% do território e 10% da população que a Alemanha tinha em 1910.

Transtornos Financeiros e Monetários

Discutiu-se o problema das reparações de guerra e da reconstrução da economia internacional, o padrão-ouro-câmbio e o Plano Dawes (capital). O padrão-ouro de câmbio, a inflação e as condições monetárias causadas pela guerra terminaram com o antigo sistema monetário (padrão-ouro), que não retornaria. Os países se reuniriam em duas reuniões importantes: Bruxelas em 1920 e Gênova em 1922, e estabeleceria o padrão-ouro de câmbio. Este sistema, segundo o qual a manutenção do valor de uma moeda em relação ao ouro deveria ser assegurada por um fornecimento adequado de bens, não necessariamente pelo ouro físico. O novo sistema distinguia entre as moedas dos principais países, que se tornaram centros de ouro, e outras moedas periféricas, indiretamente conversíveis em ouro.

As reparações totalizaram 33 bilhões de dólares a serem distribuídos entre os países exportadores. As dívidas interaliadas totalizaram 26,5 bilhões de dólares devidos. EUA e Grã-Bretanha foram os principais credores, e a França era a nação mais endividada. Reparações e dívidas afetaram 28 países. Uma solução técnica simples poderia ser estabelecida, como acordos de compensação entre dívidas e reparações. Mas a falta de vontade política, tanto pela intransigência dos americanos quanto dos franceses, que exigiam o pagamento imediato de suas dívidas, impediu isso. Em 1922, a Alemanha foi incapaz de lidar com as reparações. Havia a possibilidade de pagar em espécie, mas franceses e britânicos recusaram, pois acreditavam que isso poderia gerar concorrência indesejada. Outra possibilidade era a exportação, mas eram tempos ruins para a exportação, pois os países implementavam políticas protecionistas. Os alemães não puderam pagar e, então, pediram uma moratória (não pagariam) dos respectivos pagamentos à França, o que levou à ocupação do Ruhr em janeiro de 1923. Isso declarou greves, tempos de fome, uma situação que terminaria com a hiperinflação, com preços subindo de forma inacreditável. A primeira solução, em abril de 1924, veio com o Plano Dawes, através do qual os aliados dos EUA reduziram a dívida, ao mesmo tempo em que se reduzia as exigências dos aliados em relação aos montantes e prazos das reparações alemãs. A França abandonou o Ruhr e a Alemanha, após a reforma oportuna de seu sistema monetário destruído, começou a receber empréstimos americanos para reconstruir sua economia.

Instabilidade Econômica dos Anos 20

Fase 1: Biênio (1920-1921) - Depressão e Crise de Conversão

A crise de conversão estava relacionada com a transição da economia de guerra para a economia de paz. O retorno à situação normal gerou superprodução e queda dos preços (produzia-se a uma taxa superior às necessidades). A resposta dos países seriam políticas protecionistas e deflacionárias internas (salários seriam contidos para evitar uma certa tendência de aumento). A crise foi curta e a economia se recuperou a partir de 1922.

Fase 2: Período de Reconstrução (1922-1925)

Após a crise anterior, iniciou-se um processo de recuperação econômica que se cristalizou na Conferência de Genebra de 1922, que estabeleceu um novo quadro monetário, e também no Plano Dawes de 1924. No entanto, a recuperação foi lenta e somente os países da Europa Ocidental atingiriam os níveis de produção pré-guerra após sete anos. A recuperação coexistiu, ao mesmo tempo, com alto desemprego e instabilidade política.

Fase 3: Estabilidade e Crescimento (1925-1929)

Este período elaborou pré-condições políticas e econômicas favoráveis. Pactos e acordos terminariam as tensões franco-alemãs e suavizariam as reparações e as dívidas de guerra. O progresso da reconstrução da Europa e a recuperação dos preços das matérias-primas seriam sintomas da melhoria do clima econômico internacional. A taxa de desemprego permanecia alta, e começava a surgir especulação no mercado de ações, excesso de estoque e dependência financeira da Europa em relação aos EUA.

A Grande Depressão de 1929 e 1930: A Liderança do Capitalismo Pós-Primeira Guerra Mundial

Em nível mundial, a liderança do capitalismo passaria da Grã-Bretanha para os EUA. Não só houve mudanças no produto, mas também nos investidores internacionais. Assim, os EUA se tornariam o país credor líder em comparação com países como a França e a Grã-Bretanha, que haviam sido no período anterior (antes da guerra). Após a Primeira Guerra Mundial, o comércio internacional se contraiu. Ao contrário da Inglaterra antes da guerra, os EUA eram um país que, embora importasse pouco, concedia empréstimos em escala crescente. Os EUA, durante os anos 20, tinham pouca participação no centro comercial das redes internacionais. Investidores estrangeiros buscavam mais benefícios no exterior do que internamente, onde os empréstimos imobiliários eram mais bem pagos. No entanto, os empréstimos externos seriam removidos, deixando o devedor em situação dramática.

Radiografia do Crash de 1929

A crise de 1929, no setor financeiro dos EUA, foi considerada a quebra da bolsa. Entre 1926 e setembro de 1929, a Bolsa de Nova York teve um boom especulativo, subindo de 100 para 216. Essa ascensão da taxa não tinha qualquer relação nem com o aumento dos lucros, nem com a criação de empregos, mas sim com a busca de ganhos de capital com a compra de ações. As primeiras manifestações de problemas ocorreram em julho de 1928, mas conseguiu-se uma recuperação no mês seguinte. Os bancos emprestavam 5% da reserva nacional. Estes empréstimos eram destinados a particulares, a curto prazo, com juros de 12%, para investir em ações e especular. A isso se somaram causas psicológicas (declarações otimistas...). Em 24 de outubro de 1929 (Quinta-feira Negra), a demanda caiu drasticamente devido ao excesso de oferta. Os bancos tentaram sustentar os preços de compra momentaneamente. Mas na segunda-feira, dia 28, não foi possível conter a queda, produzindo o crash. Aqueles que haviam comprado ações com empréstimos foram à falência, arrastando consigo os bancos que os haviam financiado.

A Depressão dos Anos 30

A partir de 1929, iniciou-se uma cadeia de falências (quedas generalizadas), reduzindo a produção e aumentando o número de desempregados. A crise dos EUA varreu o resto do mundo devido ao enorme peso que os norte-americanos haviam ganhado na economia global. A produção diminuiu nos EUA, o que também reduziu as importações de matérias-primas. Por sua vez, o aumento do número de desempregados também significou um declínio na capacidade de consumo de bens importados. Por outro lado, outros países (Europa, América Latina) não tinham moeda ($) para comprar exportações dos EUA. Era, definitivamente, um círculo vicioso. Inicialmente, foram adotadas políticas de protecionismo e desvalorização da moeda, o que incentivou a autarquia e aumentou a recessão econômica.

Três Formas de Solução Política para a Crise: Fascismo, Social Democracia, Comunismo

A Social Democracia (EUA, Grã-Bretanha)

EUA: Os EUA desenvolveram uma política de "New Deal", cujo objetivo seria reativar a oferta e a crescente demanda, incentivando preços, dando confiança aos investidores e distribuindo poder de compra (relações comerciais generalizadas). Foram realizadas 4 tipos de medidas no âmbito da política do "New Deal":

  • Desvalorização do dólar: Promoção de exportações e dificultando importações. Isso afetaria os preços internos, que teriam um ligeiro, mas não insignificante, aumento.
  • Facilidades de crédito: Para ajudar a especulação, havia facilidades para os depositantes e para que os bancos tivessem capital para investir.
  • Elevação dos preços agrícolas: Para tentar elevar os preços agrícolas, o Estado adquiriu e acumulou reservas para reduzir a oferta e aumentar os preços. Foram fornecidos incentivos para reduzir a área cultivada. Mas não foi muito eficaz, porque a produção não diminuiu.
  • Investimento em obras públicas: O Estado investiu em obras públicas.

Conclusão do "New Deal"

Embora os resultados das eleições fossem bons, do ponto de vista econômico, os resultados do New Deal eram duvidosos. No entanto, é um marco por ser o primeiro caso de intervenção do Estado na economia capitalista, marcando o início de uma tendência que mais tarde se generalizaria.

Grã-Bretanha: As medidas de política econômica externa consistiam em:

  • O abandono do padrão-ouro: Parar de pagar com ouro para pagar em libras.
  • Desvalorização da libra: Primeira vez que desvalorizava.
  • Tarifas protecionistas: Direitos aduaneiros sobre produtos importados.
  • Acordos de referência: Com alguns países da área da libra esterlina (Commonwealth - império colonial), como Canadá, África do Sul, Austrália, Nova Zelândia.

Internamente, o governo ajudou a superar a crise em regiões como a área de mineração do País de Gales, Durham, sul e oeste da Escócia. Também na indústria têxtil na área de Lancashire. Todas essas áreas seriam auxiliadas pela política monetária do governo, que manteria as taxas de juros baixas para facilitar os investimentos.

O Fascismo (Alemanha, Itália)

Alemanha: O governo alemão mostrou-se muito bem-sucedido no combate à recessão, reduzindo o número de desempregados de 6 milhões em 1933. A economia alemã, seis anos mais tarde, em 1939, tinha mais empregos do que trabalhadores para preenchê-los. Isso foi conseguido através de um programa de obras públicas (trabalho pago pelo Estado) que culminaria em um programa de rearmamento, ambos dirigidos pelo Estado alemão:

  • Os nazistas removeriam a filiação sindical voluntária, tornando obrigatória a filiação a um sindicato nacional.
  • A negociação coletiva seria substituída por comitês de trabalho para determinar salários e condições de trabalho.
  • Persuadiram a indústria a colaborar com eles.

Finalmente, o sistema monetário, abalado desde 1931, foi restaurado, e controles de câmbio foram implementados para evitar a fuga de capitais. O Estado controlava quase todas as operações cambiais, influenciando diretamente a balança de pagamentos. O objetivo do governo era a autarquia.

Itália: A economia política da ditadura de Mussolini não era tão centralizada quanto a Nacional-Socialista alemã. Uma novidade notável foi a criação do Estado corporativo, que coordenava os interesses de trabalhadores e empresários. Implementou planos de obras públicas e investiu na indústria de armas.

Comunismo

A revolução começou em fevereiro de 1917. A revolução liberal, que terminou com o poder do Czar (antigo regime), instituiu um governo liberal cuja primeira decisão foi manter a Rússia na guerra. Essa decisão faria com que, em outubro de 1917, ocorresse a Revolução Bolchevique, que realizaria sua supressão e, portanto, estabeleceria um novo governo. O novo "Governo Bolchevique" retirou o país da guerra, promoveu a divisão de grandes propriedades (latifúndios) e o controle dos trabalhadores sobre as empresas:

  • Fase 1 (1917-1921): Com o início de uma guerra civil na Rússia, a economia passou a ser ainda mais controlada pelo Estado.
  • Fase 2 (1921-1928): Nova fase, a "fase da NEP (Nova Política Econômica)", após os bolcheviques no poder, é chamada de economia mista ou capitalismo de Estado. Características deste período:
    • Havia uma série de diretrizes: a capacidade de levar produtos ao mercado.
    • Abertura da economia para que os agricultores ganhassem liberdade (prioridade à agricultura sobre a indústria, pois havia mais agricultores).
    • Entrada de capital estrangeiro na URSS.
    • Medidas de abertura de curta duração implementadas por Lênin.
  • Criação formal da União Soviética em 1922.
  • Fase 3 (1926 em diante): Estágio de desenvolvimento industrial e liquidação, sob Stalin. Ele depuraria o partido bolchevique e estabeleceria uma centralização do poder, constituindo uma ditadura autoritária que buscava o crescimento rápido, especialmente da economia industrial. O "Gosplan", um organismo público, regulamentaria a economia e desenvolveria os "Planos Quinquenais" (de 5 anos), que marcavam os objetivos a serem alcançados. Essas decisões, tomadas por uma autoridade central sem levar em conta alguns fatores, provocariam problemas. A produção de bens de capital e a indústria pesada experimentou um crescimento extensivo neste modelo pelo uso massivo de fatores de produção. Outro componente de crescimento foi o gasto militar, que permitiria à URSS enfrentar a Alemanha na Segunda Guerra Mundial. Finalmente, com a chegada de Stalin ao poder, houve uma política de reorganização da agricultura, com a coletivização da terra (terra nas mãos do Estado). Foram criadas cooperativas de trabalho, os "Kolkhovs". A vantagem era que os membros recebiam um pequeno pedaço de terra para cultivar individualmente e podiam vender esses produtos no mercado. Também seriam criadas cooperativas de trabalhadores rurais, os "Solkhovs", mas estas não eram diretamente dependentes do Estado.

Aspectos Econômicos e Impacto da Segunda Guerra Mundial (1939-1945)

Fase 1 (1939-1942): Ocupação Rápida pela Alemanha

Ocupação excepcionalmente rápida pela Alemanha na maioria dos palcos europeus. O sucesso alemão se deu pela supremacia militar exponencial (com todas as fábricas de armamento funcionando), que havia sido equipada e pela ausência de oposição de vários outros países. Durante a primeira fase da guerra, o impacto econômico da guerra na Alemanha foi muito pequeno; ou seja, em 1940, os gastos do consumidor na Alemanha eram maiores que os custos da guerra. Em 1942, a resistência da União Soviética ao avanço alemão no leste e, acima de tudo, a entrada total dos EUA no conflito transformaram a guerra.

Fase 2 (1942-1945): Crescimento na Produção de Armamentos

Um forte crescimento na produção de armamentos.

Características da Segunda Guerra Mundial

O esforço de guerra foi apoiado por três fatores principais:

  • Aumento da produção: A partir de 1942, a produção de guerra afetou principalmente submarinos e aviação.
  • Consumo decrescente: A partir de 1942, os recursos estavam exaustos.
  • Recursos de capital: Todo o dinheiro do exterior seria trazido.

O impacto de cada um desses fatores variou consideravelmente de um país para outro. Os EUA foram, sem dúvida, o maior beneficiário do conflito. Outra característica foi que, apesar dos enormes custos da guerra que levaram a uma alavancagem e grandes aumentos na oferta de dinheiro, a taxa de inflação na maioria dos países ocidentais foi muito modesta. Isso se deveu a um maior controle monetário, ao fato de que uma proporção maior das despesas militares foi financiada por impostos e, especialmente, ao uso intensivo de controle de preços e racionamento.

Comércio Internacional

A guerra comercial internacional provocaria uma mudança nos preços mundiais das mercadorias. Os termos de troca se voltariam contra as economias desenvolvidas da Europa Ocidental (importações maiores que exportações), que eram grandes importadoras de alimentos e matérias-primas. A venda de investimentos no exterior, a destruição de parte da frota mercante e a transferência dos mercados de seguros e transporte marítimo fizeram com que a Europa perdesse todas as receitas invisíveis. Os antigos mercados externos para os produtos europeus seriam agora assumidos pelos EUA, que se tornariam o principal operador comercial do mundo.

A perda de vidas superou em muito a da Primeira Guerra Mundial. Em termos de população, fala-se de um intervalo entre 40-60 milhões de mortes, sendo os civis a grande maioria. Junto com essas mortes, fala-se de 35 milhões de pessoas feridas. Ao contrário do que aconteceu na Primeira Guerra Mundial, a baixa taxa de natalidade parece ter sido muito baixa. Geograficamente, a Europa Oriental e Central foram as áreas mais duramente atingidas. Outra área foi a Rússia, que sofreu um total de 25 milhões de mortes. A Polônia perdeu um quinto de sua população. Alemanha e Iugoslávia sofreram grandes perdas de todos os tipos. Na Europa do noroeste, o excesso de nascimentos compensou a baixa natalidade. A destruição de bens de capital também foi muito superior à ocorrida durante a Primeira Guerra Mundial; os intensos bombardeios danificaram casas, campos e sistemas de transporte. Ao final da guerra, a produção industrial era menor que a metade da anterior, exceto no Reino Unido, Suíça e Escandinávia. O declínio na produção agrícola foi de 40% em relação aos níveis anteriores no caso dos cereais e 30% para o gado. Quando a guerra terminou, o problema imediato não era tanto a falta de recursos, mas sim a grave falta de suprimentos essenciais, a inflação dos alimentos e as posições da dívida.

Economia Espanhola no Primeiro Terço do Século XX

A economia espanhola no primeiro terço do século XX pode ser dividida em fases:

  • Fase 1: Do desastre de 1898 à Primeira Guerra Mundial.
  • Fase 2: 1923-1931.
  • Fase 3: Segunda República (1931-1936) (Guerra Civil).

Fase 1: O Desastre de 1898 e a Primeira Guerra Mundial

A guerra em Cuba (1898), na qual a Espanha perdeu as últimas colônias que lhe restavam, enquanto os EUA expandiam seu império colonial, foi um verdadeiro golpe para a política espanhola. Durante esta fase, ocorreu uma mudança para políticas econômicas nacionalistas. Grupos industriais e agrícolas se aliariam em torno desta política nacional, em contraste com a economia europeia que, neste momento, assistia a um processo de internacionalização dos mercados (abertura). A reserva do mercado interno favoreceu os grandes grupos industriais que desenvolveram estratégias para minimizar a concorrência oligopolista e, em parte, a diminuição da importância da agricultura freou a possibilidade de ampliar a demanda doméstica.

Dois acontecimentos políticos:

  • A política de estabilização: A "Reforma de Villaverde (1899)" conteria os gastos públicos através de uma série de medidas, incluindo a melhoria do retorno dos impostos.
  • O retorno do capital das ex-colônias: A saída de Cuba (após a guerra) promoveu o retorno de capital para a Espanha.

População

A população teria um aumento moderado, associado à queda na mortalidade, sendo a migração externa mais importante, paralela à migração agrária. A distribuição setorial da população ativa não evoluiu muito, porque a indústria não absorvia nem mesmo os excessos da agricultura rural.

Agricultura

A população rural sofreria os efeitos da crise de fim de século, que no caso espanhol foi agravada pela filoxera e pela redução na produção pecuária. A crise foi favorecida pela proteção tarifária associada à modernização do setor, um processo paulatino.

Indústria

Viveu um processo de diversificação que correu paralelo ao processo de eletrificação e desenvolvimento das cidades. Surgiu desta forma uma moderna indústria química na Espanha. O setor têxtil viveria uma expansão devido à demanda adicional gerada pela falta de abastecimento no mercado latino-americano. O setor siderúrgico seguiu a mesma linha de especialização da produção. Este setor usaria os lucros da guerra para remodelar as instalações (eletricidade para as fábricas).

Consequências da Guerra na Acumulação de Capital

A permanência neutra teve uma natureza especulativa, associada a preços especiais, e os salários não conseguiam conter os aumentos de preços. Optou-se por lucros rápidos em vez de investimentos em capital fixo. Os investimentos para a expansão atingiram o final da guerra, com o retorno à normalidade. O retorno à normalidade anularia todas as vantagens anteriores. As desvalorizações dos países industrializados abriram o caminho para seus bens, e a Espanha teria de adotar uma pauta mais protecionista.

Fase 2: A Ditadura de Primo de Rivera (1923-1931)

Para manter o ciclo de negócios (sem guerra), seria implementada uma intensa política de obras públicas, visando garantir emprego em troca de paz social e controlar o processo de aumento salarial.

Agricultura

Continuou a se desenvolver, embora com alguma perda de mercado para o setor de exportação (agricultura no Levante).

Indústria

Progrediu lentamente sob a opção protecionista, registrando um crescimento sustentado graças à demanda pública por indústrias básicas (eletricidade, telefone, ferroviário). Impacto da política de obras públicas (estradas, barragens, pontes, etc.).

Fase 3: A Segunda República e a Guerra Civil (1931-1936)

A crise chegou à Espanha através do comércio. A indústria foi fortemente atingida pelo colapso do comércio marítimo, e o setor da indústria ferroviária e de mineração também foram danificados, assim como as indústrias de bens de consumo (menos ligadas ao mercado). A questão agrária foi a principal dificuldade para a república, mas, eventualmente, a incapacidade de resolver os conflitos sociais em torno da terra e os ventos da reforma levaram à Guerra Civil.

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