A Importância da Recreação no Trabalho e em Hospitais
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Lazer para os Trabalhadores
Se antes a diversão e o lazer eram encarados pelos empresários como perigos ao trabalhador, atualmente as corporações de vanguarda têm propagado uma série de benefícios sociais, visando a maior produtividade dos seus *top funcionários*, entre os quais se incluem viagens turísticas, ano sabático, academias de ginástica, clubes e aulas de esportes.
Várias empresas investem na qualidade de vida de seus funcionários, entre as quais IBM, DuPont, Xerox e Pão de Açúcar. Entre outros benefícios, elas oferecem:
- Sala de ginástica e área para recreação;
- Plano de saúde;
- Cardápios para dietas;
- Ergonomia;
- Horários flexíveis;
- Massagem terapêutica.
O objetivo dessas empresas é atrair os melhores funcionários e mantê-los motivados e fiéis, onde o lema é: *"O funcionário feliz é mais produtivo que o funcionário infeliz."* Por vezes, as estratégias de tornar o trabalho atraente fazem com que muitos executivos acabem sofrendo da *"neurose de domingo"*, ou seja, o medo do tempo livre. Isso é fruto de uma ansiedade em ser melhor no trabalho.
Para os trabalhadores da linha de produção, além dos exercícios compensatórios, há também o oferecimento de diversas opções de lazer dentro dos seus grêmios recreativos ou através de companhias e profissionais do entretenimento. Tais clubes foram criados no intento de fornecer alguma ludicidade ao labor, ou seja:
"Humanizar o ambiente do trabalho, melhorar o índice de satisfação e de integração dos funcionários e, com isso, restabelecer a produtividade desejada."
Os programas recreativos trazem diversos benefícios, além do bem-estar do funcionário, como o fato de que *"a família passa a respeitar mais a empresa e o trabalhador terá oportunidade de se orgulhar do que faz"*. Ademais, *"a recreação equilibra diferenças, pois diretores, gerentes e operários jogam futebol no mesmo time e nenhum deles tem superioridade hierárquica naquele momento"*.
Alguns pesquisadores da área do lazer *veem* com reservas esses "benefícios" advindos do lazer na empresa. Para eles, a empresa acaba por controlar o funcionário até no tempo em que este "não lhe deve obediência". O trabalhador tem restrito seu lazer àquilo que está dentro do "pacote", ao invés de poder ser um dos elaboradores da política de lazer que o patrão lhe oferece.
Com esse tipo de lazer útil, de caráter *funcionalista*, ganha a empresa que não só fixa uma boa imagem institucional perante a sociedade, como também direciona para seus interesses o uso do tempo de não-trabalho vivenciado pelo empregado. Desta forma, o lazer *"continuará sendo visto como um favor, como uma dádiva oferecida pelas 'boas' empresas, como um atenuador dos conflitos de classe e não como um direito social"*.
Devemos entender que os programas de lazer para o trabalhador vêm gerando situações de passividade com o consumo alienado de um tempo livre infeliz. É importante apontar para as possibilidades de envolver os trabalhadores na produção e controle das políticas de lazer, ao invés de estes aceitarem a imposição de programas *destituídos* de caráter criador.
O importante, então, é que o profissional do lazer se dê conta da mutilação lenta e gradual imposta ao ser trabalhador, cujas condições de trabalho estejam impróprias à natureza humana. Neste sentido, o lazer nas empresas deve lutar não só por alegrar o trabalhador em seus momentos de
Recreação em Hospitais
"Se um adulto fica fragilizado quando é internado em um hospital, nas crianças esse efeito se potencializa."
— Cristina Capobianco, coordenadora do setor de Humanização do Departamento de Pediatria da Unifesp.
Geralmente, associamos brincadeiras no hospital aos **Doutores da Alegria**. A missão dos **Doutores da Alegria** é ser uma organização dedicada a levar a alegria a crianças hospitalizadas, seus pais e profissionais da saúde, através da arte do *Teatro Clown*, nutrindo esta forma de expressão como meio de enriquecimento da experiência humana.
O sistema de pensamento do *clown* (palhaço) interfere na realidade do hospital. O diagnóstico torna-se pouco importante na sua escala de valores, até porque nem todo diagnóstico reflete o real estado da pessoa. Por mais doente que uma criança esteja, existe ali uma essência que quer brincar. E isto é muito importante, pois *"se UTI não é lugar de palhaço, certamente também não é lugar para criança"*.
Para ser um **Doutor da Alegria** é necessário ser formado em Artes Cênicas e fazer parte da equipe. O nome **Doutores da Alegria** e similares é registrado no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial), o que veta o uso desses por terceiros.
Entretanto, a atividade lúdica em hospitais não é uma exclusividade dos **Doutores da Alegria**. Um profissional bem *preparado* pode inserir-se nesse ambiente desenvolvendo outros projetos. Há alguns hospitais que possuem biblioteca e brinquedoteca:
- A *"biblioteca viva"* leva livros aos internados e há a possibilidade de serem lidos para crianças que desejarem ouvir as histórias;
- A brinquedoteca possui uma recreacionista que facilita as brincadeiras.
É importante lembrar o efeito benéfico do movimento corporal para a pessoa doente, mas devemos lembrar que as atividades físicas não resolvem por si mesmas.
Respeitadas as restrições médicas, os procedimentos recreativos para dinamizar a interação social ampliada, a diversão e o crescimento pessoal do portador das enfermidades não são muito diferentes dos utilizados para outros grupos.
Quando o doente está sendo recreado no hospital, ambiente com regras bem especiais, algumas providências são importantes. Os brinquedos e roupas utilizados pelo recreador devem ser esterilizados *após* cada atividade, pois é necessário evitar a contaminação hospitalar. O brinquedo *manuseado* por uma criança tem de ser tratado antes de ser usado por outra como forma de evitar a transmissão de alguma *enfermidade* contagiosa.
Outra dica interessante, vinda do trabalho dos **Doutores da Alegria**, é parodiar o dia a dia do hospital. O animador deve inventar brincadeiras e encenações com base no que acontece no hospital: injeções... de alegria, transplantes... de nariz vermelho, passeios em cadeira de rodas. Os atores geralmente atendem em par, devido a uma das crianças se identificar mais com a figura masculina e outras com a feminina.
**Doutores da Alegria** é uma organização sem fins lucrativos que conta com patrocínio e apoio de organizações privadas, além de doações e mensalidades de sócios contribuintes. Pioneiros no Brasil, a missão dos **Doutores da Alegria** é possibilitar a crianças e adolescentes hospitalizados, suas famílias e profissionais da área de saúde alegria em meio à tensão do ambiente hospitalar. Usando o humor como recurso essencial, os artistas, profissionais altamente especializados nas áreas de *teatro clown* e técnicas circenses, receberam treinamento médico específico para desempenhar, com todo o cuidado e eficiência, seu trabalho com os jovens pacientes hospitalizados, auxiliando-os a superar traumas inerentes aos processos de enfermidade e internação, restituindo a alegria como parte de suas vidas.