Imunologia Essencial: Mecanismos, Doenças e Respostas Imunes

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Importância dos Linfócitos T na Ativação de Linfócitos B

As células T helper (CD4+) apresentam em sua membrana um ligante denominado CD40L, que se liga ao CD40 presente nos linfócitos B. Essa interação permite a aderência entre as células pelo período necessário para que se complete a transmissão dos sinais de estímulo. Os linfócitos T, então, secretam IL-4, estimulando a proliferação e diferenciação da célula B em plasmócitos, que sintetizam e secretam anticorpos. Esses anticorpos auxiliam na destruição de microrganismos, ligando-se a eles e tornando-os alvo para os fagócitos, além de ativar o sistema complemento pela via clássica.

Doenças Autoimunes Pós-Infecção: Falha na Autotolerância

As doenças autoimunes podem surgir após infecções devido à falha na autotolerância. Com essa falha, ocorre a sobrevivência de linfócitos que reconhecem antígenos do próprio organismo, levando à manifestação da doença autoimune.

Nefrite Lúpica: Fisiopatologia e Diagnóstico

A nefrite lúpica é uma glomerulonefrite causada pelo lúpus eritematoso sistêmico (LES). Os achados clínicos incluem hematúria, proteinúria (frequentemente em níveis nefróticos) e uremia em estágios avançados. O diagnóstico baseia-se na biópsia renal. O tratamento visa a doença subjacente e geralmente envolve corticoides, drogas citotóxicas ou outros agentes imunossupressores. A fisiopatologia envolve a deposição de imunocomplexos, que leva ao desenvolvimento da glomerulonefrite. Os imunocomplexos consistem em:

  • Antígenos nucleares (especialmente DNA)
  • Anticorpos antinucleares IgG de alta afinidade que fixam complemento
  • Anticorpos anti-DNA

Depósitos subendoteliais, intramembranosos e subepiteliais são característicos. Sempre que ocorre a deposição de imunocomplexos, a imunofluorescência é positiva para complemento, IgG, IgA e IgM, em proporções variadas. As células epiteliais podem proliferar, formando crescentes.

P. Gengivalis e Doença Periodontal: Mecanismos de Virulência

A Porphyromonas gingivalis (P. gengivalis), uma bactéria Gram-negativa anaeróbia, é um importante agente etiológico da doença periodontal. A colonização por esse organismo resulta em lesão tecidual, tanto pela produção de uma variedade de fatores de virulência quanto pela desregulação dos sistemas imune e inflamatório do hospedeiro. Esta bactéria parece ter um papel significativo na progressão e agravamento da periodontite crônica, estando também envolvida em abscessos periodontais e no insucesso da regeneração tecidual guiada.

Imunoterapia para Carcinoma: Vacinas de Células Dendríticas

Uma imunoterapia para carcinoma é a imunidade ativa de células T reforçada por vacinas de células dendríticas. Nesse processo, o indivíduo é vacinado com células dendríticas pulsadas com antígeno tumoral. Posteriormente, ocorre a apresentação do antígeno tumoral às células T tumor-específicas do paciente, resultando na ativação dessas células T e na eliminação das células tumorais.

Sistema Complemento na Resposta a Bactérias Extracelulares

O sistema complemento pode atuar como um mecanismo da imunidade inata (independente de anticorpos) na resposta contra bactérias extracelulares. Esse sistema pode ser ativado pela via alternativa por algumas bactérias. Aquelas bactérias que possuem manose na parede celular ativam o sistema pela via das lectinas, desencadeando mecanismos efetores como a fagocitose, lise celular, entre outros. O sistema complemento também pode ser ativado na presença de anticorpos produzidos pelos linfócitos B, que se ligam ao antígeno, permitindo a ativação da via clássica, um mecanismo da imunidade adquirida.

Mecanismos Efetores da Imunidade Humoral

A imunidade humoral é mediada pelos anticorpos (ACPs), moléculas presentes no sangue e nas secreções das mucosas. Os anticorpos são produzidos pelos linfócitos B ativados (plasmócitos) e sua função é reconhecer antígenos microbianos, neutralizar infecções e preparar os microrganismos para serem eliminados por mecanismos efetores. Esse tipo de imunidade é o principal meio de defesa contra microrganismos extracelulares e suas toxinas. Os anticorpos são específicos, e diferentes tipos podem ativar mecanismos efetores distintos. Quando ocorre um primeiro contato com o antígeno, as células da resposta imune inata são recrutadas e tentam combater esse antígeno. Se essa tentativa não for eficaz, o sistema imune adaptativo entra em ação, como na imunidade humoral. Esse mecanismo é iniciado com a ativação do linfócito B pelo antígeno, seguida pela proliferação clonal desse linfócito e sua diferenciação em plasmócitos. Inicia-se, então, a liberação de anticorpos que podem atuar de diversas maneiras no combate ao antígeno, como na neutralização do antígeno e de suas toxinas, opsonização e fagocitose do antígeno, e na ativação do sistema complemento. A imunidade celular, por sua vez, é mediada pelos linfócitos T, que promovem a destruição de microrganismos localizados em fagócitos ou a destruição de células infectadas.

Maturação e Seleção de Linfócitos B e T

As células que se diferenciarão em linfócitos T (LT) deixam a medula óssea e migram para o timo, onde ocorre todo o processo de seleção e maturação. Apenas os linfócitos T maduros e funcionalmente competentes deixam o timo e entram na circulação. As células que se diferenciarão em linfócitos B (LB) permanecem na medula óssea e, ao final de sua maturação, deixam a medula e entram na circulação, migrando para os órgãos linfoides periféricos. A baixa porcentagem de linfócitos que deixam esses órgãos primários se deve aos rigorosos processos de seleção positiva e seleção negativa, que garantem a eliminação de células autorreativas ou não funcionais, assegurando a autotolerância e a eficácia da resposta imune.

Análise de Gráfico: Linfócitos CD8+ e Sobrevivência Tumoral

Correlação entre Linfócitos CD8+ e Resultados

Os linfócitos CD8+, conhecidos como linfócitos T citotóxicos ou Killer, são responsáveis pela destruição de células infectadas. Essas células infectadas são identificadas pelo linfócito T citotóxico através de um epítopo exposto por uma molécula de MHC de Classe I, que possui grande afinidade com o CD8. Durante essa ligação, os linfócitos liberam citotoxinas que desencadeiam uma cascata de eventos, resultando na morte celular da célula infectada.

Impacto da Inibição de B2-Microglobulina na Sobrevivência

A proteína β2-microglobulina é responsável pela formação da estrutura do MHC de Classe I. Portanto, sem a expressão dessa proteína, não ocorreria a ativação dos linfócitos T Killer, uma vez que eles necessitam da molécula de MHC de Classe I apresentando o antígeno para o reconhecimento. Consequentemente, sem a expressão dessa proteína, os indivíduos teriam uma taxa de sobrevivência ainda menor, pois as células tumorais não seriam eficientemente reconhecidas e eliminadas pelo sistema imune.

Análise de Pacientes: IgE e Citocinas em Respostas Alérgicas

Pacientes com Resposta Alérgica

Pacientes A e C.

Reação de Hipersensibilidade Tipo I (Imediata)

Ambos os pacientes (A e C) apresentam alta quantidade de IgE, IL-5 e IL-4. Esses casos se enquadram como hipersensibilidade tipo I (imediata), que é causada por anticorpos IgE específicos para antígenos ambientais, sendo comumente chamada de 'alergia'. São reações resultantes da ativação de células T auxiliares (Th2) produtoras, sobretudo, de IL-4 e IL-5, onde as células T estimulam a produção de anticorpos IgE e a inflamação.

Efeito do IFN-gama na Infecção por T. cruzi

Efeito do IFN-gama na Redução de T. cruzi

Tendo em vista que o principal mecanismo de defesa contra protozoários é a fagocitose e que o IFN-gama é essencial para a ativação de diversos tipos de leucócitos (células fagocíticas), na presença de IFN-gama, o número de T. cruzi diminui. Isso ocorre porque o IFN-gama promove o recrutamento e a ativação dessas células para o combate ao protozoário.

Funções do IFN-gama

Essa citocina (IFN-gama) promove reações inflamatórias ricas em macrófagos e, ao mesmo tempo, inibe as reações ricas em eosinófilos dependentes de IgE.

Resposta Imune a Bactérias Intracelulares: IgM e IgA

O aumento de IgM acontece porque é o primeiro anticorpo a ser produzido frente ao estímulo antigênico específico, caracterizando a resposta primária. A IgA, por sua vez, é predominante nas mucosas e secreções. Seu aumento após a diminuição da IgM pode indicar uma transição na resposta imune, onde a produção de IgA se torna mais relevante para a proteção das superfícies mucosas contra a bactéria intracelular, especialmente se a infecção tiver um componente de invasão de mucosas ou se a resposta secundária envolver uma classe de anticorpos mais adaptada a essa localização.

Função da IgA

A função da IgA é ser secretada por plasmócitos presentes nas mucosas, ligando-se a patógenos e impedindo que se liguem à superfície dessas mucosas.

Infecção por Helmintos: Resposta Imune e Citocinas

Identificação de Pacientes com Infecção por Helmintos

Para identificar os pacientes infectados por helmintos, deve-se analisar aqueles com altos índices de IgE e, consequentemente, de IL-4 e IL-5, já que essas citocinas promovem a produção dessa imunoglobulina.

Mecanismos da Resposta Imune Anti-Helmintos

A defesa contra esses microrganismos é mediada pela ativação das células Th2. Nesse processo, ocorre a diferenciação de células TCD4+ imaturas em Th2, que secretam IL-4 e IL-5. A IL-4 estimula a produção de IgE, que se liga aos receptores Fc de eosinófilos e mastócitos. A IL-5, por sua vez, promove o recrutamento e a ativação de eosinófilos. A IgE reveste os parasitas, e os eosinófilos se ligam a eles, promovendo a liberação de seu conteúdo granular e, consequentemente, a destruição do parasita.

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