Imunologia Veterinária: Imunidade, Hipersensibilidade e Respostas a Patógenos

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Transferência de Imunidade Passiva

A) Tipos de Placentação:

O homem e os primatas: placentação hemocorial, o sangue materno está em contato com o trofoblasto fetal, há apenas 2 camadas de células entre a circulação do sangue fetal e a corrente sanguínea materna. Permite a passagem de IgG. No momento do nascimento, o RN (recém-nascido) tem um título de Ig semelhante ao da mãe.

Cães e gatos: placentação endoteliocorial, o epitélio coriônico fetal está em contato com o endotélio dos capilares maternos, há 3 camadas de células entre a circulação materna e fetal, permitindo que o RN circule com uma pequena quantidade de IgG que pode passar através dessas camadas.

Ruminantes: placentação sindesmocorial, o epitélio coriônico fetal está em contato com os tecidos do útero, existem quatro camadas de células entre a corrente sanguínea da mãe e a corrente sanguínea do feto. Não permite a passagem de Ig em qualquer quantidade.

Equinos e suínos: placentação epiteliocorial, o epitélio coriônico fetal está em contato com o revestimento do útero, mais de 6 camadas de células entre a corrente sanguínea da mãe e a corrente sanguínea do feto. A transferência de imunidade é totalmente ineficaz.

B) O Colostro: Composição e Absorção

Primeira secreção produzida pela glândula mamária (GM) após o nascimento, ele se acumula na GM nas últimas semanas antes do parto. Contém proteínas e, dentro destas, anticorpos. Os anticorpos são transferidos do sangue materno para a GM, sob a influência de hormônios como o estrogênio e a progesterona. Estes hormônios promovem a expressão de receptores específicos na GM, esses receptores para anticorpos são conhecidos como FcRn. Estes FcRn são expressos como resultado dos efeitos dos hormônios sexuais. Estes receptores permitem que as Igs que circulam no sangue sejam capturadas pelas células da glândula mamária e, em seguida, os anticorpos se movam do sangue para o leite (IgG).

A IgG no colostro é a mais abundante, representando 65-90% do total de Ig do colostro. IgA é o restante. Com o avanço da lactação, o colostro desaparece e o leite se torna normal, mas a persistência de IgA e IgG é evidente.

Nos ruminantes, a IgG1 substitui a IgA.

Nas amostras de colostro, há muitos LTh1 e LTh2, citocinas como IL-1, IL-6, TNF-alfa, IFN-gama que promovem o desenvolvimento do sistema imune (SI) do recém-nascido.

ABSORÇÃO:

O colostro contém anticorpos IgG e IgA; em ruminantes, a IgG1 substitui a IgA.

O colostro materno chega ao estômago do RN e o colostro se torna alcalino.

As Igs do colostro passam para o estômago, então o colostro, no intestino delgado, neutraliza a acidez do RN, e também contém proteínas antitripsina, permitindo que passe intacto para o intestino do RN. Ao chegar ao intestino, o enterócito do RN possui receptores FcRn para os quais as Igs são direcionadas para que se fixem à superfície dos enterócitos, que possuem receptores para imunoglobulinas, permitindo a endocitose e a passagem para a célula, sendo secretadas para o líquido intersticial. As Igs ficam na espessura da parede intestinal, onde são absorvidas pelos vasos linfáticos na parede do intestino ou pelos capilares sanguíneos da própria parede intestinal. Estas Igs são rapidamente absorvidas no sangue.

Em não-ruminantes, apenas a IgG é absorvida, a IgA não, permanecendo na superfície intestinal.

É necessário que o bebê mame o colostro, pois:

  • A IgG absorvida defenderá o recém-nascido contra infecções septicêmicas.
  • A IgA absorvida defenderá a criança contra infecções entéricas.

C) Falhas na Transferência Passiva

  1. Falhas na produção ou qualidade do colostro
  • A quantidade de colostro absorvida dependerá do número de filhotes nascidos. Não há relação entre o número de filhotes nascidos e a produção de colostro.
  • Perda de colostro por gotejamento.
  • A qualidade do colostro pode ser medida através de sua densidade usando um colostrímetro.
  1. Falhas na ingestão
  • Parto múltiplo.
  • Atraso para alimentar um recém-nascido.
  • Fraqueza na sucção do RN.
  • Defeitos na teta.
  • Defeitos na boca (lábio leporino, palato fendido, prognatismo).
  1. Falhas na absorção
  • Genética.
  • Endogamia.

Hipersensibilidade Tipo I

A) Como Descrevê-la?

Reações inflamatórias agudas mediadas por IgE ligada a mastócitos e basófilos. A reação inflamatória é devido à liberação de moléculas vasoativas causadas por essas células.

B) Como a IgE Atua?

Para começar, a IgE é produzida e liberada pelas células plasmáticas perto da nossa área. Se uma pessoa atópica entra repetidamente em contato com um alérgeno, ela, em vez de responder com IgA ou IgM, reage produzindo IgE. Este alérgeno (Ag) será reconhecido por uma célula dendrítica (CD), a CD o engloba, processa o Ag, o associa com MHC-II e o apresenta ao LTh2.

Além disso, o linfócito B (LB) deve entrar em contato com o alérgeno. O LB com seu receptor de célula B (RCB) recebe um primeiro sinal, então este LB receberá uma série de sinais através de diferentes ILs do LTh2, permitindo que o LB se diferencie em centros germinativos no linfonodo e em plasmócitos, e estes produzam IgE.

A IgE produzida se liga à superfície de mastócitos e basófilos, pois estes possuem em sua superfície um receptor de membrana para IgE (composto por 4 cadeias: uma cadeia alfa, uma cadeia beta que atravessa a membrana do mastócito e 2 cadeias gama, que servem como um componente de transdução de sinal para desencadear a resposta do mastócito).

Quando os mastócitos têm IgE em sua superfície, diz-se que o indivíduo está sensibilizado, e se o mesmo antígeno for inoculado, o antígeno será capturado pelas extremidades do anticorpo IgE.

O produto da reação antígeno-anticorpo-sinal provoca uma série de ativações de enzimas, tanto na membrana do mastócito, quanto no citoplasma e no núcleo.

C) Como a Célula Mastócito Responde à Reação Antígeno-Anticorpo?

O produto da reação antígeno-anticorpo-sinal provoca uma série de ativações de enzimas, tanto na membrana do mastócito, quanto no citoplasma e no núcleo. Essas mudanças são muito rápidas.

  1. Membrana: A metiltransferase é ativada, o que leva à ativação de uma enzima chamada fosfolipase A. Esta enzima metaboliza os fosfolipídios da membrana e, consequentemente, há uma substância chamada ácido araquidônico. O ácido araquidônico, por sua vez, é metabolizado por:
  • Ciclooxigenase: produzem e liberam prostaglandinas, prostaciclina e tromboxano.
  • Lipoxigenases: produzem leucotrienos, que são fatores vasoativos potentes liberados no fluido que envolve o mastócito.
  1. Citoplasma: As tirosina quinases são ativadas, que por sua vez ativam a fosfolipase C. São produzidos diacilglicerol e inositol, que promovem o aumento do cálcio intracelular, ativam essas proteínas quinases e induzem a fosforilação da miosina no citoplasma da célula. Como resultado da fosforilação da miosina, inicia-se a formação de microfibrilas que movem os grânulos do mastócito, empurrando-os para fora da célula, e os grânulos são esvaziados, ou seja, ocorre a degranulação dos mastócitos.

Estes grânulos contêm histamina, serotonina, criptases, calicreínas, proteases, proteoglicanos, heparina, e fatores quimiotáticos para eosinófilos da anafilaxia.

  1. Núcleo: A proteína ativada promove a ativação do gene e a transcrição da informação a partir deles, resultando na síntese e liberação de citocinas como IL-4, IL-5, IL-6, IL-13.

D) Regulação da Resposta do Mastócito?

Nos mastócitos, existem receptores alfa e beta adrenérgicos, que regulam a atividade e podem regular a degranulação dos mastócitos. Algumas drogas estimulam ou bloqueiam esses receptores.

Regulação do Sistema Imunológico

Tolerância Imunológica

O sistema imune (SI) deve fazer uma grande diferença entre o próprio e o estranho. Nossa resposta SI é apenas contra antígenos estranhos. A tolerância é a perda da capacidade de reagir contra um antígeno específico, ocorre como resultado da apresentação do antígeno às células T e B juvenis.

Regulação pelo Antígeno

Para produzir a resposta imune (RI) ao antígeno, este deve existir (se não houver antígeno, não há RI). Quando o antígeno é eliminado/desaparece, a RI é suspensa, o LB continua a crescer e multiplicar-se, e a RI é suspensa (sem proliferação das células, de modo que não haverá células de memória ou plasmócitos). Pode-se usar um adjuvante para auxiliar o antígeno.

Adjuvante: um grupo de substâncias que devem ser administradas simultaneamente com o antígeno para promover, ampliar, iniciar e acelerar a RI. São usados na preparação de vacinas de vírus mortos que são menos imunogênicas e precisam de adjuvantes (bacterinas).

  • A RI regula o antígeno dependendo se ele é:

O antígeno endógeno promove uma resposta do tipo celular (citotoxicidade).

O antígeno exógeno promove uma resposta humoral (anticorpos).

  • Para produzir a RI, o antígeno deve ser devidamente apresentado em moléculas de MHC I-II.

A resposta ao antígeno depende da idade do indivíduo:

  • O neonato (feto): se o antígeno for administrado, pode haver tolerância.
  • O RN: quando administrado por via parenteral, pode não haver resposta do SI, pois o recém-nascido não tem capacidade de responder aos antígenos. Durante as primeiras horas após o nascimento, o RN tem LTCD8 e anticorpos (se mamar um bom colostro).
  • O jovem: haverá uma resposta adequada.
  • O idoso: se o mesmo antígeno for usado para vacinar um indivíduo idoso, haverá uma resposta pobre devido a linfócitos T supressores (LTcd8) que inibem a RI adequada.

A resposta ao antígeno depende da dose que usamos:

  • Doses exageradas: produzirão um estado de tolerância temporária.
  • Dose adequada: RI adequada.
  • Dose baixa: estado de tolerância temporária.

Via de administração:

  • Via parenteral (IV, IM, SC, ID): a RI será humoral (IgM e IgG).
  • Via oral: espera-se resposta de IgA.

Regulação pelos Anticorpos

Os anticorpos exercem um mecanismo de feedback negativo sobre a RI.

Se um indivíduo não produz IgM suficiente, ele produzirá IgM.

Se um indivíduo não produz IgG suficiente, ele produzirá IgM e IgG.

Eritroblastose Fetal

Uma mulher Rh- e um homem Rh+ têm um filho Rh+. No momento do parto, devido a hemorragias, pode haver passagem de eritrócitos Rh+ para a corrente sanguínea da mãe. Para ela, o antígeno Rh+ é estranho e ela produzirá anticorpos contra esse antígeno, ficando sensibilizada. Se, posteriormente, a mulher engravidar novamente de um bebê Rh+, esses anticorpos passarão pela placenta para a corrente sanguínea da criança e reagirão com os antígenos, causando a ativação do complemento (C) nos eritrócitos, que serão hemolisados, desenvolvendo a doença de eritroblastose fetal.

Então, para evitar que essa mulher produza anticorpos anti-Rh, a ideia é administrar anticorpos contra o antígeno. Assim, durante ou antes do parto, administra-se anticorpos anti-Rh, impedindo que o sistema imune da mãe produza seus próprios anticorpos. Estes anticorpos administrados desaparecem em algumas semanas.

Que anticorpos impedem a produção de anticorpos?

Por que não ocorrem anticorpos?

Um RN individual: não tem imunidade devido ao tipo de placenta que não permite a passagem, e sua imunidade é zero. Nas próximas 24 horas, a criança tem um alto grau de anticorpos que serão absorvidos do bom colostro da mãe. Quando o nível de anticorpos cai, é o momento certo para aplicar a primeira vacina. Se tiver um alto grau de anticorpos, não deve ser vacinado, pois isso pode provocar uma fase negativa.

Regulação pelas Células

Entre as células capazes de regular a RI, temos:

  • Células auxiliares: LTh1 e LTh2.
  • Macrófagos.
  • Células dendríticas (CD).
  • Linfócitos T supressores (LTS) (LTcd8 que atuam como células citotóxicas e supressoras).

Os efeitos das células T helper refletem funções antagônicas entre H1 e H2.

Exemplo:

  • O IFN-gama é produzido por H1, suprime a produção de IgE, que é regulada por LTh2.
  • A IL-10 produzida por LTh2 suprime a IL-12 da CD, e a IL-12 da CD é a chave para o desenvolvimento de LTh1.
  • A IL-4 secretada por LTh2 suprime a IL-2, que é produzida por LTh1, IL que tem a ver com a proliferação de LB para a produção de IgG.

Os macrófagos (especialmente M2)

O macrófago em repouso é ativado quando seus receptores são estimulados, indicando a ativação inata. Ele secreta TNF-beta, IL-1, IL-6, IL-12.

Quando o macrófago em repouso é estimulado por IL-2 e IFN-gama de uma célula H1, o macrófago está pronto para englobar e é conhecido como macrófago M1. Quando o macrófago em repouso é estimulado por citocinas derivadas de células H2, então o macrófago ativado é conhecido como M2, é um macrófago envolvido na cicatrização e é imunossupressor.

Células Dendríticas (CD): Quando a CD é estimulada, ela exerce IL-10 sobre LTh1, inibindo sua ação. Essas CDs também estão envolvidas na manutenção da gestação para evitar a rejeição.

Linfócitos T Supressores (LTS): são células que estão envolvidas em tudo, dada a magnitude da RI. São responsáveis pelo que conhecemos como:

  • Competição antigênica: quando vários antígenos são administrados ao mesmo tempo, o SI responde apenas a alguns, não a todos os antígenos inoculados.
  • Incapacidade de responder ao antígeno em recém-nascidos e idosos.
  • Mecanismos responsáveis pela imunossupressão dos LTS após traumas graves que o SI não responde, cirurgias, queimaduras.
  • Os LTS têm um papel importante na prevenção de doenças autoimunes.
  • Células responsáveis pela hipogamaglobulinemia.
  • Desempenham um papel importante na não rejeição do feto.
  • Anergia na tuberculose: quando aplicamos a tuberculina em animais e eles não respondem.
  • Os LTS são responsáveis pela tolerância aos antígenos alimentares. Os LTS inibem o LTh2 e não há anticorpos contra antígenos alimentares.
  • Células T Reguladoras (Treg): Bloqueiam os LTS, de modo que podem induzir LTh2 que produzem anticorpos IgE, levando ao desenvolvimento de alergias alimentares.

Regulação pelo Sistema Nervoso Central (SNC)

Entre o SNC e o SI, há uma regulação mútua.

O SNC modifica a resposta do SI de duas maneiras:

  • Através de hormônios (catecolaminas).
  • Via nervosa (estresse).

Linfonodos

São organismos minúsculos que crescem quando estimulados por antígenos, são abundantes em todo o corpo, especialmente em órgãos com suporte de mucosa, como: intestinos, trato urogenital, trato respiratório e associados ao intestino. São esféricos, em forma de rim, branco-fosco, são apresentados no fluxo linfático, de modo que a linfa produzida em uma região deve passar através dos linfonodos regionais. A linfa atinge o linfonodo através de vasos linfáticos aferentes, perde as paredes e circula através do parênquima do linfonodo por canais chamados seios ao redor dos linfonodos. Estes seios linfáticos atravessam a estrutura do linfonodo, são captados pelo hilo e, nesse nível, outro vaso linfático chamado vaso linfático eferente. A linfa chega pelos aferentes e sai pelos eferentes. O linfonodo é composto por uma rede de células. Encontramos LT, LB, CD, Mac. Se fizermos um corte transversal: na parte mais externa, encontramos uma cápsula de tecido conjuntivo. Entre a cápsula e a superfície do linfonodo, encontramos um espaço chamado seio subcapsular.

Há três regiões:

Córtex do linfonodo: Este é infiltrado com uma enorme quantidade de LB, esta região é conhecida como timoindependente. Há um número enorme de LB viajando, formando folículos primários que, quando estimulados por antígenos, formam centros germinativos.

Região paracortical: está sob o córtex, é abundante em LT, resultando em folículos terciários.

Medula: encontramos LB, células plasmáticas, Mac e CD.

Hipersensibilidade Tipo II (Reações Antígeno-Anticorpo que Resultam em Doenças e Morte)

Transfusão Sanguínea em Gado Previamente Sensibilizado

Se fizermos uma transfusão de sangue a um indivíduo usando o sangue de outro indivíduo geneticamente diferente (os glóbulos vermelhos transfundidos têm antígenos em sua superfície), então o indivíduo que recebe a transfusão desenvolverá anticorpos contra os antígenos dos glóbulos vermelhos do doador, causando a destruição dessas células vermelhas transfundidas. Os glóbulos vermelhos transfundidos se romperão ou serão auxiliados pelo complemento, resultando em hemólise (hemólise intravascular). Além disso, esses anticorpos podem opsonizar os glóbulos vermelhos que estão fora dos vasos, e estes serão opsonizados e fagocitados por macrófagos. Esse mecanismo é conhecido como HS-II.

Transfusões:

  1. Se os glóbulos vermelhos do doador são idênticos (antigenicamente) aos glóbulos vermelhos do receptor, não provocarão qualquer resposta.
  2. Se for feita uma primeira transfusão usando glóbulos vermelhos de um indivíduo diferente, isso induzirá o desenvolvimento de anticorpos no receptor.
  3. Se o mesmo indivíduo fizer uma segunda transfusão (indivíduo previamente sensibilizado), então rapidamente causará a destruição dos glóbulos vermelhos com a ativação do complemento, desenvolvendo uma HS-II, resultando em uma crise grave, que dependerá da quantidade de glóbulos vermelhos que foram transfundidos (febre - morte).

Efeitos em Indivíduos Previamente Sensibilizados com Grande Quantidade de Sangue Incompatível

  1. Ativação maciça do complemento com glóbulos vermelhos estranhos.
  2. Libera grande quantidade de hemoglobina, resultando em hemoglobinemia e hemoglobinúria.
  3. Haverá grande número de restos de glóbulos vermelhos circulando e serão estabelecidos mecanismos de coagulação, e então a formação de coágulos sanguíneos, de modo que haverá trombose intravascular disseminada.
  4. A grande ativação do complemento causará a liberação suficiente de C3a e C5a, que são substâncias anafilatoxinas. Isso causará a degranulação dos mastócitos, liberação de fatores vasoativos e o desenvolvimento de HS-I, podendo induzir um choque vascular e morte.

Teste de Compatibilidade Sanguínea

Uma amostra de sangue do doador é misturada com um anticoagulante para obter os glóbulos vermelhos. Pega-se um coágulo de sangue do receptor para obter o soro, onde se investigam os anticorpos. Em uma placa de vidro, adiciona-se os glóbulos vermelhos mais o soro e observa-se o que acontece. Se, após 4 minutos, nada acontecer na mistura, significa que no soro do receptor não há anticorpos contra o doador. Se, ao invés disso, observarmos que os glóbulos vermelhos do doador aglutinam, procuraríamos outro doador.

Doença Hemolítica do Recém-Nascido (Isoeritrólise)

O RN recebe colostro materno com anticorpos contra seus eritrócitos.

Ocorre quando um pai é homozigoto para um fator genético das células (AA) e a mãe é recessiva para esse fator (aa). Ao cruzar, a criança é heterozigótica (Aa), sendo o fator genético dominante do pai.

A sensibilização da égua é uma consequência de micro-hemorragias na placenta durante a gestação, permitindo a passagem de eritrócitos da criança. A produção desses anticorpos ocorre após vários acasalamentos com o mesmo garanhão. Durante a gravidez passada, e como resultado dessas micro-hemorragias, pode ter havido fuga de eritrócitos do produto, produzindo anticorpos. Esses anticorpos passam através do colostro para o sistema digestivo do bebê e esses anticorpos (IgG) são absorvidos pelo intestino, entram no sangue, reagem com os antígenos dos glóbulos vermelhos do RN, ativam o complemento, os glóbulos vermelhos são hemolisados e ocorre uma HS-II. A gravidade da doença depende da quantidade de colostro mamado.

Condições para Produção desta Doença

  1. A criança deve ter herdado do pai um antígeno eritrocitário que é desconhecido para a mãe.
  2. A mãe deve ter anticorpos contra o antígeno.
  3. A resposta materna ao antígeno deve ser reestimulada em gestações diferentes.
  4. O RN deve mamar colostro suficiente da mãe.

Drogas que Causam Destruição de Glóbulos Vermelhos por HS-II e Outros Mecanismos

  1. A droga age como antígeno e leva ao desenvolvimento de anticorpos, que podem ser ativados pelo complemento. Uma vez ativado, o complemento fixado à superfície causa hemólise dos glóbulos vermelhos e anemia no indivíduo.
  2. (Penicilina, quinina, L-dopa, ácido aminosalicílico). Fixam-se na superfície dos glóbulos vermelhos, modificando-os e tornando-os estranhos, o que faz com que o sistema imune produza anticorpos contra eles. Esses anticorpos reagem com os glóbulos vermelhos modificados, o complemento é ativado, levando ao desenvolvimento de anemia hemolítica por HS-II.
  3. Cefalosporinas modificam a superfície dos glóbulos vermelhos, permitindo que anticorpos se fixem e sejam absorvidos. Os glóbulos vermelhos são opsonizados e removidos por fagocitose pelos neutrófilos.

HS-II em Doenças Infecciosas: Anemia Hemolítica

Viral

Anemia Infecciosa Equina: o vírus da doença tem uma viremia prolongada (meses/anos), o vírus é absorvido pela superfície dos glóbulos vermelhos. Quando os anticorpos reagem contra o vírus, eles se ligam ao vírus que, por sua vez, está fixado à superfície dos glóbulos vermelhos, ativando o complemento, quebrando os glóbulos vermelhos e desenvolvendo anemia.

Bactérias:

Salmonelose: algumas bactérias Gram-negativas morrem e liberam LPS (lipopolissacarídeo) de sua parede. Este LPS se fixa aos glóbulos vermelhos, aparecem anticorpos reativos ao LPS na superfície dos glóbulos vermelhos, ativam o complemento, os glóbulos vermelhos são quebrados e há anemia.

Rickettsias:

Anaplasmose: O Anaplasma marginale invade os glóbulos vermelhos. A bactéria viva nos glóbulos vermelhos expressa produtos na superfície dos glóbulos vermelhos, aparecem anticorpos, as partículas reagem com o antígeno, ativam o complemento, há hemólise e anemia.

Hipersensibilidade Tipo III (ou por Imunocomplexos)

Quando se inocula muito antígeno, um indivíduo desenvolve uma resposta de anticorpos abundante que reagem uns com os outros, formando o que é conhecido como imunocomplexos.

Os imunocomplexos são ativadores do complemento, e o complemento ativado libera potentes fatores quimiotáticos como o C5a, que atraem neutrófilos com a intenção de absorver esses imunocomplexos. Os neutrófilos fagocitam, morrem e liberam proteases que contêm em seus grânulos, e essas proteases danificam o tecido, sendo responsáveis por hemorragia, necrose e descamação.

Essas lesões são identificadas como HS-III ou por imunocomplexos.

Dependência da Ocorrência de HS-III

Depende da quantidade de imunocomplexos inoculados ou formados e do local de deposição dos imunocomplexos.

Reconhecemos dois tipos de HS-III:

  • Localizada: Ocorre quando o imunocomplexo é depositado em qualquer tecido.
  • Generalizada: Ocorre quando uma grande quantidade de imunocomplexos circula no sangue.

Os imunocomplexos são formados por antígenos e anticorpos, e são capazes de ativar o complemento, atraindo neutrófilos que se acumulam no local da deposição... (referência a página de livro).

HS Local III

Doença do Olho Azul (Uveíte Anterior): resultante da opacidade da córnea após o depósito do imunocomplexo na câmara anterior do olho. Ocorre em cães que receberam a vacina (adenovírus canino tipo I) contra a hepatite canina ou que tiveram a doença.

Lesão temporária, afeta um ou dois olhos do cão, a córnea retorna à sua aparência original. Também se desenvolve em cães em recuperação da hepatite canina.

Gado, Pneumonite HS-III:

Desenvolve-se no gado durante a estação seca (inverno seco), quando são dados fardos de feno úmidos que promovem o desenvolvimento de actinomicetos termofílicos (fungos), por exemplo, Micropolyspora, que produzem muitos esporos pequenos.

Os animais alimentados por dias com essa forragem úmida que contém essas bactérias, inalam as bactérias, que atingem os alvéolos pulmonares e são capturadas pelos macrófagos alveolares, induzindo uma resposta de anticorpos. É uma resposta de anticorpos generosa devido ao longo tempo de exposição do animal ao antígeno e, portanto, o imunocomplexo é depositado nos alvéolos e tecidos circundantes, ativando o complemento, levando ao desenvolvimento de alveolite aguda com vasculite, exsudação de muco, tosse, dificuldade respiratória e pneumonite. O vaqueiro que trabalha com esses fardos também pode desenvolver pneumonite. Em fazendas, os agricultores geralmente observam isso ao mover a cama, aspirando o fungo, devido à falta de proteção.

HS-III Generalizada

Ocorre quando há uma grande quantidade de imunocomplexos circulando no sangue ou, pelo menos, quando encontramos o antígeno funcionando e não no tecido. Os imunocomplexos ativam o complemento e podem ser depositados em qualquer parte do corpo: vasculite da parede arterial, artrite na superfície articular, glomerulonefrite glomerular.

Doenças Infecciosas que Produzem HS-III

Microrganismo - Doença - Lesão

  • Erysipelothrix rhusiopathiae - Erisipela Suína - Artrite
  • Mycobacterium avium subsp. paratuberculosis - Paratuberculose - Enterite
  • Streptococcus equi - Garrotilho - Lesões de pele
  • Staphylococcus aureus - Dermatite - Lesões de pele
  • Adenovírus Canino - Uveíte, Glomerulonefrite

Doença do Soro (ver livro)

Nota: No livro, veja o diagrama. Página 362, esquema 28.2.

Hipersensibilidade Tipo IV (Retardada ou Mediada por Células)

São o resultado do envolvimento do antígeno, da célula apresentadora de antígeno (CPA) e das células efetoras LTh1.

Quando alguns antígenos são injetados por via intradérmica em um indivíduo previamente sensibilizado, desenvolve-se lentamente no local da inoculação uma reação inflamatória que chamamos de HS-IV.

Essas HS só podem ser transferidas através da transferência de LT, pois a HS é devido às células e não aos anticorpos.

A HS-IV tem sido usada como método de campanhas de diagnóstico para implementar o controle e erradicação da tuberculose bovina.

Reação ou Fenômeno de Robert Koch

Inoculou-se Mycobacterium em um grupo de cobaias que contraíram a infecção. Essas cobaias foram inoculadas novamente com Mycobacterium e observou-se que nos pacientes dessas cobaias desenvolveu-se no local da inoculação um botão inflamatório.

Derivado de Proteína Purificada (PPD)

É preparado a partir de uma cultura artificial de Mycobacterium tuberculosis, M. bovis e M. avium. A cultura é colocada em uma autoclave para esterilizar, filtrada e a proteína é precipitada usando ácido tricloroacético e, finalmente, suspensa em uma solução tampão. É uma mistura complexa de diferentes proteínas, sendo a mais importante a HSP65, uma proteína de choque térmico. O PPD é usado para identificar animais com tuberculose ou que já foram infectados.

Como o Indivíduo se Torna Sensível

No gado, a vaca é infectada pelo Mycobacterium e fica doente. O Mycobacterium deve ser “engolido” pelos macrófagos. Os macrófagos em repouso são incapazes de destruir o Mycobacterium, os macrófagos devem ser ativados e transformados em M1. A ativação imunitária deve ocorrer e isso é conseguido através da participação de um LTh1. Por outro lado, à medida que o macrófago engole a bactéria, alguns produtos bacterianos provenientes da parede culminam na ativação do M1, que pode matar. O processo envolve-os e os apresenta ao MHC-II dos LT. O LTh1 se multiplica e dá origem às células de memória, e também os LTcd8 são ativados para serem usados contra a infecção pelo Mycobacterium.

Como Ocorre a Reação Inflamatória

  • O PPD é injetado por via intradérmica.
  • O PPD, como um depósito, nesta parte da pele tem uma rede de células de Langerhans (CD), que capturam o PPD e migram para os linfonodos regionais e o apresentam às células de memória.
  • Essas células de memória são LT e, quando apresentadas com o antígeno, são ativadas e migram para o local da inoculação e se acumulam lá (12 horas).
  • Essas células secretam citocinas e fatores quimiotáticos que atraem LT para o local do depósito.
  • Outras células, como macrófagos e basófilos, secretam serotonina e a inflamação local começa.
  • Os mastócitos degranulam, há inflamação; os mastócitos também podem liberar proteases que podem causar necrose no local da inoculação na pele.
  • Os macrófagos esgotam o PPD.
  • A reação começa a regredir e desaparecer em algumas semanas.

Aplicação do PPD

Teste intradérmico, a inoculação é realizada nas dobras da cauda, aplicando 0,05 ml de PPD e observando cerca de 72 horas depois. Um paquímetro é usado para medir a espessura da pele; um aumento de mais de 5mm é positivo.

Vantagens

  1. Facilidade de realização e implementação; 5-6cm acima da base da cauda, medida pela espessura da pele.

Desvantagens

  1. Reação inespecífica: não sabemos se foi infectado com M. tuberculosis, M. bovis, M. avium.
  2. Falso positivo: em caso de infecção por Mycobacterium não patogênicas, como M. phlei, também no caso de M. paratuberculosis e Nocardia, que também possuem a proteína HSP65 e, portanto, dão resultados positivos.
  3. Falsos negativos: indivíduos com tuberculose avançada são negativos, ou inicialmente com tuberculose incipiente, animais mais velhos e animais recém-nascidos com anergia são negativos.

Exemplos

  • Brucelose: aplicação de brucelina, que é um filtrado da cultura de Brucella abortus de 20 dias.
  • Malleus: aplica-se maleína ID, lemos de 48-72h e há também um teste oftálmico, onde se aplica uma gota no olho e se ocorrer inflamação, é positivo.

Vírus

Os vírus causam doença por causa de seu próprio ciclo biológico, são organismos que não possuem mecanismos enzimáticos que lhes permitam sintetizar seus ácidos nucleicos ou as proteínas que compõem o envelope viral. Para se replicar, precisam invadir uma célula.

Os vírus têm segmentos de ácidos nucleicos (DNA ou RNA), encontrados na parte central do genoma viral. O genoma é cercado por proteínas que formam o capsídeo, e é aí que começam os antígenos. Os capsídeos são compostos por capsômeros.

Replicação Viral

Começa quando um vírus se fixa na superfície de uma célula, encontrando receptores que permitem a absorção viral. O vírus então penetra no interior da célula, permitindo que o vírus exponha seu genoma à célula hospedeira e a síntese comece. Quando uma célula apresenta o genoma do vírus, ela deixa de responder à sua própria essência e obedece apenas às ordens virais codificadas no genoma viral.

Os vírus que causam a doença assumem os mecanismos de síntese celular e, em vez de sintetizar suas proteínas para se manter saudável, sintetizam proteínas e ácidos nucleicos para sintetizar o vírus.

Como se Proteger Contra Vírus

Mecanismos de Defesa:

Mecanismos de Defesa Inata

  1. Falta de suscetibilidade: mecanismos que dependem da genética e da presença ou não de receptores, da condição do animal, por exemplo, raiva, febre aftosa.
  2. Lisozima, bile, complemento, colectinas (bloqueiam a interação entre o vírus e seu receptor), apoptose prematura.
  3. Interferons: nós os usamos para defender contra vírus, como o IFN-gama.
  • São citocinas que participam favorecendo processos que envolvem a imunidade humoral e celular. O IFN regula a divisão celular.
  • São moléculas de glicoproteínas de baixo peso. Podem ser de dois tipos:

Interferons Tipo 1: IFN-alfa, beta, ômega, delta, tau e kappa, que utilizam os receptores CD118.

Interferon Tipo 2: gama, que utiliza os receptores CD119.

Todos têm ação antiviral.

  • Mecanismos antivirais do IFN (gama): é uma citocina sintetizada por uma célula e age sobre outra célula.
  • Quando o LTh1 é invadido por um vírus, o ácido nucleico viral se associa ao ribossomo das células e dá um sinal que ativa a fosforilação de proteínas, ativando mecanismos que levam o sinal ao núcleo e ativam diferentes taxas de IFN.
  • Uma propriedade do IFN é que deve ser sintetizado muito rapidamente e é inespecífico.

Mecanismos de Defesa Adquirida

1. Humorais:

O vírus será reconhecido e fagocitado por macrófagos e células dendríticas (CD), que os matam, os convertem em peptídeos associados ao MHC e os apresentam aos linfócitos T. Por outro lado, o linfócito B (LB) com seu receptor de célula B (RCB) reconhece o vírus. O LB é ativado e estimulado por citocinas, cresce, se multiplica e se diferencia em células de memória e plasmócitos, e estes produzem anticorpos contra os antígenos do capsídeo.

Como os Anticorpos Atuam Contra Vírus (Neutralização Viral)

  • Os anticorpos reagem com o vírus, bloqueando sua absorção, de modo que não pode usar seu receptor.
  • Os anticorpos opsonizam, facilitam a fagocitose e a eliminação de partículas virais.
  • Anticorpos + complemento resultam na destruição do vírus.
  • Os anticorpos aglutinam o vírus, causando uma redução no número de partículas.
  • Anticorpos + antígenos virais na superfície de células infectadas ativam a citotoxicidade mediada por anticorpos (ADCC).

2. Celulares:

Começa quando o vírus já infectou uma célula e inicia a síntese de proteínas virais para a construção do capsídeo. Uma pequena quantidade dessas proteínas é associada à ubiquitina, levada ao proteassoma para degradação, associada a moléculas transportadoras, levada ao retículo endoplasmático e associada a moléculas de MHC I. São levadas à superfície da própria célula e apresentadas a um LTcd8, que inicia a citotoxicidade extrínseca ou intrínseca, levando à morte das células infectadas e à interrupção da replicação viral.

Mecanismos de Escape Viral

  1. Variação antigênica: é a alteração da estrutura antigênica. A deriva antigênica é o produto do acúmulo de pequenas mutações.

Recombinação antigênica:

Mudança antigênica:

  1. Interferência de cepas virais: os vírus induzem a síntese de moléculas químicas nas células, como receptores de IFN. O vírus induz a síntese dessas moléculas que reagem com o IFN, e o IFN reage com os receptores.
  2. Vírus que bloqueiam a citotoxicidade: são capazes de interferir na expressão de MHC-I na superfície das células, inibir a expressão das caspases, bloquear a atividade das granzimas e bloquear a citotoxicidade.
  3. Imunossupressão: Alguns vírus afetam as células brancas do sangue, como linfócitos. O vírus penetra e destrói essas células, e como resultado, há imunossupressão.
  4. Desenvolvimento de uma fase de provírus: alguns retrovírus e herpesvírus penetram na célula, mas permanecem em uma forma inativa e não há epítopos. Então, os LTcd8 não reconhecem as células infectadas e a infecção passa despercebida. É conhecida como persistência viral.
  5. Causam uma resposta imune muito lenta: o que é ruim para estimular o sistema imunológico, pois a resposta que aparece é muito lenta e, quando aparece, a infecção já passou ou o indivíduo morreu ou está infectado há muito tempo.

Os vírus produzem RI de longa duração.

Bactérias

Diferença entre Bactérias Gram-Positivas e Gram-Negativas

Gram-positivas: produzem exotoxinas, a parede das bactérias Gram-positivas é muito antigênica, pois é composta de peptidoglicano, como N-acetilglucosamina e ácido N-acetilmurâmico.

Gram-negativas: a parede é pouco antigênica porque sua parede é formada por polissacarídeos, que produzem endotoxinas.

Como as Bactérias Causam Doença

1. Capacidade de produção de toxinas:

  • Exotoxina: produtos do metabolismo das células que se acumulam no citoplasma, são Gram-positivas.

Exotoxina protoplasmática: liberada somente após a morte e lise das bactérias.

Exotoxinas extracelulares: são liberadas pelas bactérias sem precisar morrer.

Todas as exotoxinas são misturas complexas de proteínas e são altamente antigênicas.

  • Endotoxina: encontrada na parede de bactérias Gram-negativas. São complexos constituídos de proteínas, lipídios, carboidratos, que chamamos de LPS. Estes LPS são parte da parede da bactéria Gram-negativa e são tóxicos para o hospedeiro.

Nota: revisão comparativa da tabela.

2. Capacidade de invadir os tecidos (multiplicar e causar danos):

Bactérias não invasivas: Clostridium tetani.

Bactérias invasivas: através de enzimas que danificam o tecido: hialuronidases, fibrinolíticas, colagenases, elastases, proteases, coagulases.

3. Capacidade de atuar como parasita intracelular facultativo:

São capazes de entrar nas células e viver com elas, por exemplo:

  • M. tuberculosis
  • B. abortus
  • Listeria
  • Corynebacterium ovis
  • Campylobacter jejuni

Como se Defender Contra Bactérias

Mecanismos de Defesa:

Inata: dependem da forma, estrutura e função.

  1. Resistência na superfície do corpo.
  2. Substâncias químicas antimicrobianas inespecíficas: lisozima (encontrada no soro), proteínas e peptídeos básicos como betalisina, fagocitina, leucina, inserir, proteína, proteínas ligadoras de ferro.
  3. Células sentinelas com seus receptores TLR reconhecem os PAMPs, há uma ativação de CD e macrófagos, e isso faz com que secretem citocinas que causam inflamação e alterações em diferentes órgãos.
  4. Inflamação.
  5. Fagocitose.

Mecanismos de Defesa Adquirida (Humoral)

1. Anticorpos neutralizam as toxinas (exotoxinas): neutralização da toxina por anticorpos.

Como o anticorpo atua? O anticorpo se liga à estrutura química da toxina, impedindo que ela se fixe ao alvo da superfície celular.

Gram-positivas: produzem exotoxinas.

Gram-negativas: contêm LPS em suas paredes, que constituem endotoxinas.

Quando as bactérias Gram-negativas penetram, causam inflamação severa causada pelo LPS.

O LPS é constituído de um oligossacarídeo ligado a um lipídio A. O oligossacarídeo é composto por 2 partes: uma interna (polissacarídeos) e uma externa (polissacarídeos). Quando as bactérias perdem os polissacarídeos externos, há dois efeitos:

  • As bactérias constroem colônias rugosas.
  • Perda de virulência.

Exemplos de cepas rugosas para elaborar vacinas:

  • Cepa 45/20
  • Cepa 19: usada no México, cepa lisa.
  • RB51: rugosa, não patogênica, para prevenir a brucelose em bovinos, ovinos.

Como as Endotoxinas Atuam

As endotoxinas são LPS e são liberadas quando as bactérias Gram-negativas morrem (lisadas e livres). O LPS é ativado como resultado do envolvimento de uma protease do plasma chamada CD14, ativando macrófagos (LPS) e produzindo IL-1, IL-6, IL-12, TNF, substâncias reativas, leucotrienos, prostaglandinas. A ação dessas substâncias químicas em animais causa o que é conhecido como choque séptico, caracterizado por depressão, febre, acidose, danos nos rins, fígado, pulmão e morte.

Além de neutralizar as toxinas, os anticorpos são capazes de neutralizar a ação das enzimas, prevenindo a disseminação e causando infecções sistêmicas.

2. Anticorpos + Complemento = causarão bacteriólise, a ativação da via clássica do complemento.

3. Anticorpos opsonizam a bactéria para promover a fagocitose.

4. Células + diferentes anticorpos (Mac, CD, LB, NK) podem causar a destruição das células infectadas por bactérias que são parasitas intracelulares facultativos.

5. Anticorpos + Complemento podem causar a destruição das células infectadas por bactérias que atuam como parasitas intracelulares facultativos.

Mecanismos Celulares

Parasitas intracelulares facultativos e as bactérias que estão escondidas dentro das células estão fora do alcance dos anticorpos, complemento e fagócitos, o que lhes permite contornar todos esses mecanismos de defesa químicos inespecíficos. Essas bactérias podem invadir diferentes células do corpo, se dividir e destruí-las. Então, temos que descobrir os mecanismos de defesa do tipo celular.

As bactérias, ao se multiplicarem dentro de uma célula, permitem que frações antigênicas estejam presentes na superfície e associadas ao MHC-I, o que permite exercer mecanismos de citotoxicidade que causam a destruição da célula, permitindo que as bactérias que estavam no interior se tornem livres e então atuem contra o complemento, fagócitos, lisozima e anticorpos.

Na citotoxicidade, a granulizina quebra e causa a lise celular, tendo a capacidade de matar as bactérias e evitar que invadam outras células.

As bactérias, em muitos casos, são fagocitadas por macrófagos (ativados) e podem resistir aos mecanismos de destruição, como:

  1. Algumas bactérias possuem uma parede muito resistente às enzimas lisossomais.
  2. Secretam substâncias que impedem a formação do fagolisossomo.
  3. As bactérias escapam do fagossomo e passam para o citoplasma e, portanto, não podem ser atacadas por enzimas.

Mecanismos Bacterianos de Escape da Resposta Imune

  1. Mecanismo que evita o reconhecimento: Campylobacter fetus.
  2. Mecanismo de resistência aos órgãos efetores: Algumas bactérias podem bloquear a fagocitose ou a atividade citotóxica da célula, ou podem inativar o complemento, os neutrófilos, os macrófagos podem destruir.
  3. Algumas bactérias podem manipular a síntese de citocinas da célula hospedeira e suprimir a resposta LTh1 e as citocinas reguladoras.

O sistema imunológico contra bactérias é melhor do que contra vírus.

Helmintos

A) Mecanismos de Defesa: Fatores Imunológicos, do Parasita e do Hospedeiro

  1. Falta de sensibilidade: os parasitas são, por vezes, marcados por uma especificidade de hospedeiro, em particular.
  2. Fatores derivados do parasita: temos alguns mecanismos desses parasitas que são intraespécies e interespecíficos.
  • Fatores intraespécies, em que um parasita não é permitido desenvolver no lugar onde outros indivíduos de uma mesma espécie.
  • Interespécies: eles impedem o desenvolvimento de grandes populações de parasitas.
  1. Fatores derivados do hospedeiro: nestes fatores estão alguns que são característicos de uma espécie, raça, sexo, diz-se que existem parasitas que podem afetar indivíduos de uma espécie, mas não outra.

Mecanismos de Ação Contra Estágios Larvais

  • Larvas habitam em tecidos e cavidades (estômago, intestino, tubos respiratórios, traqueia, vias hepáticas, cardíacas).
  • Os antígenos de helmintos obtêm uma resposta caracterizada pelo aparecimento de IgE (também podem aparecer IgM e IgG). Como as larvas têm antígenos na superfície, os anticorpos são dirigidos contra os antígenos de superfície da larva.
  • É possível reconhecer dois tipos de antígenos de parasitas: antígenos de superfície e antígenos contidos nas excreções e secreções.
  • Contra os antígenos de superfície (antígenos da cutícula), a resposta é de anticorpos IgE.
  • Contra os antígenos excretados ou secretados pelas larvas, a resposta pode ser de IgM e IgG, em vez de IgE.

Larva:

  • A IgE é anexada à superfície da larva. Células dendríticas (CD) e macrófagos possuem receptores para IgE. Essas células são ativadas pelos anticorpos depositados na superfície da larva e liberam produtos que danificam a cutícula e causam a morte da larva.

Como a IgE é Produzida na Resposta a Parasitas?

A IgE também é fixada no mastócito. O mastócito é sensibilizado e, em contato com mais antígenos, degranula e libera produtos, sendo um deles o fator quimiotático para eosinófilos (eosinofilia). Esses eosinófilos também se fixam às superfícies das larvas e participam de forma fundamental.

  • Mostra outro tipo de anticorpos (IgM e IgG) que reagem com os antígenos secretados ou excretados pelas larvas, formando imunocomplexos que bloqueiam os poros bucais e excretores da larva, impedindo que a larva se alimente ou elimine produtos do metabolismo.
  • Os anticorpos também têm um mecanismo não descrito que resulta na dificuldade de movimento da larva. A larva deve passar de L1 para L2, L3, etc., e essa mudança é complicada pela presença de anticorpos por um mecanismo ainda não descrito.
  • As larvas geralmente migram através dos tecidos porque produzem enzimas proteolíticas que lhes permitem danificar o tecido e se infiltrar e migrar. Anticorpos IgG e IgM neutralizam essas enzimas e impedem a migração da larva.

Auto-Cura

Vermes nematóides e todos os que vivem na superfície do intestino devem se fixar na superfície do intestino. Alguns são fixos e presos no epitélio de superfície que se alimenta de sangue ou são sanguessugas.

Quando embutido na parede arterial, atinge um capilar alimentado, causando anemia no hospedeiro se este estiver altamente infestado.

A auto-cura ocorre quando os animais parasitados eliminam parte da população de parasitas, reduzindo a população, mas não a eliminando completamente.

Quando o parasita se fixa na parede do intestino, há uma resposta de anticorpos contra os antígenos da cutícula e, portanto, há uma resposta de IgE, e é por isso que animais altamente parasitados manifestam HS-I. Antígenos da cutícula de helmintos produzem IgE.

Quando o parasita está preso na superfície da cutícula do intestino, os antígenos do parasita e os secretados por ele (o parasita tem 2 tipos de antígenos) provocam uma resposta de IgE. A IgE se une à superfície dos mastócitos e os mastócitos degranulam, produzindo inflamação. Por um lado, há um aumento na produção de água, causando permeabilidade capilar. Esse fluxo passa através do epitélio intestinal e o parasita é desalojado e levado pelo movimento do peristaltismo. Por outro lado, como resultado da inflamação, são liberados fatores vasoativos que produzem contrações violentas na parede do intestino, desprendendo o parasita, que é eliminado pelo peristaltismo.

Mecanismos Contra Helmintos Adultos

  • Contra os adultos, há auto-cura:

Os vermes atingem o intestino e se alimentam de sangue, suas cutículas são antigênicas. Na superfície da cutícula, estimulam o LTh2 a produzir resposta de IgE e haverá uma resposta de HS-I se o indivíduo estiver altamente parasitado.

  • No gado, quando os helmintos se fixam, a resposta de IgE se liga aos mastócitos, estes degranulam e liberam substâncias vasoativas no intestino, causando contrações do músculo liso. Há um aumento do fluxo de líquidos e o parasita é eliminado.
  • Além disso, os anticorpos têm vários efeitos sobre o parasita adulto:
  • Têm um efeito sobre a postura, reduzindo o número de óvulos produzidos.
  • Têm um efeito deformador sobre o sistema reprodutivo de machos e fêmeas.
  • Também podem ser importantes mecanismos celulares. Muitos parasitas se fixam na parede frontal do intestino e provocam respostas celulares porque o parasita tem moléculas de MHC diferentes e pode levar a mecanismos de citotoxicidade.

Imunidade Ativa Artificial

Pode ser desenvolvida através da utilização de certos produtos metabólicos de toxoides bacterianos, através do uso de vacinas:

Vacinas vivas, atenuadas ou modificadas: podem ser preparadas com bactérias ou vírus, mas com virulência reduzida. Neste produto, a redução da virulência é conhecida como atenuação.

Se a atenuação é baixa, a virulência é elevada e sua aplicação pode causar infecção, doença e morte.

Se a atenuação é elevada, a vacina será ineficaz.

Atenuação de Bactérias

As bactérias devem adaptar-se para perder o hospedeiro natural; exemplo: BCG usado para prevenir a tuberculose em seres humanos.

Atenuação de Vírus

Vantagens:

  1. Promovem imunidade humoral e celular, e um estado de resistência, como resultado da produção de IFN.
  2. Proteção longa e rápida.
  3. Inespecífica.
  4. Menos aplicações = menos HS.
  5. Mais baratas.
  6. Não necessitam de múltiplas doses.

Desvantagens:

  1. Têm virulência residual.
  2. Requerem cadeia de frio.
  3. Possibilidade de a cepa reverter à virulência.

Vacinas Mortas ou Inativadas

São produzidas a partir de germes, bactérias (bacterinas) ou preparadas com vírus (vacinas de vírus inativados, mortos). São preparadas com vírus ou bactérias que foram mortos. Uma condição importante para a preparação desta vacina é que a inativação (morte das bactérias ou vírus) deve ser feita de modo que a estrutura antigênica do agente morto não seja muito diferente da estrutura antigênica do vírus quando estava vivo, pois não se deve usar calor para inativar, já que isso causa mudança na estrutura química das proteínas. Usamos álcool, formaldeído, betapropiolactona, fenol.

A substância química utilizada para inativar o vírus ou bactéria não deve ter um efeito indesejável sobre os indivíduos que recebem a vacina.

Os resultados da inativação na produção dessas vacinas mortas ou inativadas.

Vantagens:

  1. Não causam poluição.
  2. Não têm virulência.
  3. Estáveis (cadeia de frio).

Desvantagens:

  1. Causam apenas RI humoral.
  2. Não há RI celular.
  3. Não produzem IFN: não é a melhor resposta imune contra o vírus.
  4. Pouco antigênicas.
  5. Revacinação frequente.
  6. Caras.
  7. Utilizam adjuvantes, que podem causar inflamação, necrose, HS-I, tumores.

As vacinas têm sido usadas para prevenir doenças e melhorar a produção animal.

Inativados e Modificados: O que é e Como é Feito?

  • É o método usado para matar (desativar) os microrganismos para uso em uma vacina.
  • É importante que continuem antigenicamente similares aos microrganismos vivos.
  • Isso é conseguido usando produtos químicos que não devem alterar os antígenos que estimulam a imunidade protetora.
  • Exemplo: acetona, formol ou álcool, e agentes como óxido de etileno, etilenoimina, acetiletilenoimina e betapropiolactona.

Modificação: O que é e Como é Feita?

  • É o conjunto de técnicas que têm sido utilizadas para reduzir a virulência e que, embora não estejam mais vivos, são capazes de produzir a doença.
  • Os métodos de atenuação envolvem a adaptação dos microrganismos a condições não usuais para que percam sua adaptação ao hospedeiro habitual.

Tecnologia Moderna de Vacinas

  • Antígenos produzidos por engenharia genética. Categoria I

São técnicas de engenharia genética para produzir antígenos. Primeiro, o DNA que codifica um antígeno de interesse é isolado e purificado. Então, o DNA é inserido em bactérias, leveduras ou outras células que expressam o antígeno recombinante.

  • Microrganismos atenuados por meios genéticos. Categoria II

A atenuação é através da cultura. O resultado desejado é o desenvolvimento de uma cepa de microrganismo que, por algum motivo, não tem a capacidade de causar doenças irreversíveis.

  • Microrganismos recombinantes vivos. Categoria III

Os genes que codificam antígenos podem ser clonados diretamente em diversos organismos e, em vez de serem posteriormente purificados, os próprios microrganismos recombinantes são usados como vacinas.

Adjuvantes

Qualquer substância química que não é antigênica por si só e, quando administrada concomitantemente com um antígeno, estende, aumenta, amplia a RI.

Adjuvantes agem de 3 maneiras:

  1. Formando um depósito de antígeno: do qual o antígeno é liberado lentamente, prolongando a presença do antígeno no indivíduo vacinado e prolongando a RI. Fosfato de alumínio, hidróxido de alumínio, adjuvante incompleto de Freund protegem o antígeno da rápida degradação, prolongando a RI.

Formando um granuloma no local da aplicação, o antígeno escapa, promovendo uma estimulação antigênica prolongada.

Esses adjuvantes estimulam a RI primária e secundária apenas um pouco, não a RI celular, formando um granuloma, às vezes abscessos, deteriorando a qualidade do canal.

  1. Adjuvantes imunoestimuladores: aumentam a síntese de IL pelas CPAs ou melhoram a apresentação dos antígenos, promovendo uma melhor RI. Exemplo: frações de bactérias, VHS, muramil dipeptídeo, Bordetella pertussis, LPS, saponinas, sulfato de dextrano, outros imunoestimulantes.
    1. Adjuvantes que melhoram a apresentação: melhoram a apresentação do antígeno às CPAs, como macrófagos e CD, que reconhecem melhor o antígeno se ele estiver presente em dimensões semelhantes às de bactérias.

Misturas de adjuvantes são utilizadas:

  • Adjuvante incompleto de Freund (água e óleo).
  • Adjuvante completo de Freund (água e óleo mais frações da parede da bactéria, é o mais poderoso, mas produz uma reação inflamatória local severa, sendo usado apenas para trabalhos experimentais).

Hidróxido de alumínio e saponina: melhores adjuvantes para a produção de vacinas.

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