Sistema Imunológico: Defesa Essencial do Corpo Humano

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O sistema imunológico tem como uma de suas funções proteger nosso corpo contra microrganismos e substâncias estranhas que tentam entrar e se instalar, e até mesmo contra células do próprio corpo que se tornam estranhas, como as células cancerosas. Essas moléculas estranhas são chamadas de antígenos, e os microrganismos são constituídos por milhares deles.

Principais Microrganismos e Doenças Associadas

  • Vírus: Gripe, Herpes, Catapora
  • Bactérias: Tuberculose, Pneumonia
  • Protozoários: Amebíase
  • Fungos: Candidíase

O sistema imunológico é formado por diversas células especializadas, tecidos e órgãos que reagem de diversas formas. Incluem-se: Amígdalas, Linfonodos, Timo, Baço, Placas de Peyer no intestino delgado, Apêndice, Medula óssea e Vasos Linfáticos.

As células do sistema imunológico são fabricadas na medula óssea vermelha, localizada em cavidades ósseas no tecido ósseo esponjoso de alguns ossos do nosso corpo.

As células do sistema imunológico nascem de um único tipo de célula, as chamadas células-tronco hematopoiéticas.

A partir das células-tronco hematopoiéticas são formadas as plaquetas, os leucócitos e os eritrócitos.

Componentes Sanguíneos e Suas Funções

  • Eritrócitos (Glóbulos Vermelhos): Não participam da imunidade; sua principal função é o transporte de gases no sangue.
  • Leucócitos (Glóbulos Brancos): Participam ativamente do sistema imunológico.
  • Plaquetas: São fragmentos de células que participam da coagulação sanguínea.

Tipos de Leucócitos (Glóbulos Brancos)

  • Neutrófilo
  • Eosinófilo
  • Basófilo
  • Monócito
  • Célula Dendrítica
  • Linfócito T
  • Célula Natural Killer (NK)
  • Linfócito B

Após serem produzidos, os leucócitos circulam no sangue por dias, semanas, meses ou até anos. Sua produção é contínua, e qualquer alteração na quantidade dessas células, observada em um exame de sangue, por exemplo, indica que o sistema imunológico pode estar alterado ou enfrentando algum problema.

Barreiras de Proteção do Corpo

Para conseguir entrar no corpo, os antígenos e microrganismos deparam-se com barreiras que se opõem à sua entrada. As barreiras são classificadas como mecânicas, microbiológicas e químicas.

Barreiras Mecânicas

  • O muco, presente na vagina, na cavidade nasal e no trato respiratório, é pegajoso e ajuda a proteger esses locais contra infecções, sequestrando e inibindo a mobilidade dos microrganismos. Normalmente, é expelido do corpo, por exemplo, através de um espirro.
  • Outras formas de expulsar corpos invasores incluem o vômito, a tosse, a diarreia e a descamação da epiderme.
  • A pele também é considerada uma barreira mecânica, pois sua superfície, a epiderme, é constituída de células mortas ricas em queratina e fortemente aderidas umas às outras, impedindo a entrada de microrganismos.

Barreiras Microbiológicas

  • A flora bacteriana normal (microbiota), que não nos prejudica, está localizada no intestino, na boca, na pele e, no caso das mulheres, na vagina. Essa microbiota compete com potenciais patógenos por locais de fixação e nutrientes, diminuindo a probabilidade de que estes últimos se multipliquem em número suficiente para causar uma doença.

Barreiras Químicas

  • A lisozima e a fosfolipase são enzimas encontradas na lágrima, saliva e secreção nasal, que podem destruir a parede celular das bactérias e desestabilizar suas membranas.
  • O suco gástrico, presente no estômago, possui um pH muito ácido, impedindo a proliferação e a passagem de microrganismos para outros locais.
  • Por fim, a presença de ácidos graxos no suor. Devido ao baixo pH, eles impedem a colonização de bactérias e de alguns fungos na epiderme.

Respostas Imunes

Existem dois tipos de resposta imunológica: a resposta imune inata e a resposta imune adaptativa, ambas cruciais para uma defesa imunológica eficaz. Se uma bactéria conseguir superar as barreiras, entrando por uma lesão, ela encontrará células presentes no tecido que iniciarão a resposta imune inata.

Resposta Imune Inata

Essa resposta é a primeira linha de ação que nosso corpo tem para responder à entrada de um antígeno. Ela recebe esse nome porque é uma defesa natural, ou seja, que nasce com o indivíduo.

Células da Resposta Imune Inata

As principais células que participam desta ação são os neutrófilos, os macrófagos e as Células Natural Killer (NK).

  • Os neutrófilos e os macrófagos possuem receptores (moléculas de proteínas) para reconhecer inúmeros antígenos e microrganismos. Quando os encontram, ligam-se a eles por meio de seus receptores, englobando o antígeno e/ou microrganismo por um processo chamado fagocitose.
  • As Células NK, por sua vez, também possuem receptores, mas reconhecem células com alterações (tumorais) ou com infecções virais.

Mecanismos de Ação Celular

Fagocitose

Na fagocitose, ocorre a ligação do antígeno e/ou do microrganismo com o fagócito (célula que realiza a fagocitose). A célula emite expansões da membrana plasmática (pseudópodes) que envolvem e englobam o antígeno e/ou microrganismo. O antígeno e/ou microrganismo, então, será degradado dentro da célula pela ação de enzimas digestivas dos lisossomos.

Ação das Células NK

As Células NK, por sua vez, agem de duas formas distintas. Elas possuem grânulos que contêm proteínas que auxiliam na destruição das células-alvo. Quando as Células NK são ativadas, os grânulos contendo proteínas são liberados ao redor da célula-alvo. A proteína perforina, presente nos grânulos, facilita a entrada de outras proteínas, também dos grânulos, denominadas granzimas. Essas proteínas induzem a apoptose (morte celular programada) das células-alvo. Com isso, eliminam as células com alterações e também as células com infecções.

As Células NK também podem ser estimuladas por macrófagos. Com isso, estimulam esses mesmos macrófagos, aumentando a capacidade deles de fagocitar células infectadas e auxiliando na remoção da infecção.

Citocinas e Quimiocinas: Sinalizadores Químicos

Macrófagos e neutrófilos liberam citocinas e quimiocinas, que são sinalizadores químicos. Eles recrutam mais células para combater as substâncias estranhas, caso as células iniciais não consigam eliminá-las.

  • As citocinas e quimiocinas são proteínas que se ligam a outras células que possuem receptores específicos para essas proteínas, sendo uma forma de comunicação entre as células do sistema imunológico.
  • As citocinas estimulam células que possuem receptores para ligá-las (como neutrófilos e monócitos), aumentam a permeabilidade de capilares sanguíneos no local da reação imune e estimulam leucócitos circulantes a atravessarem a parede dos vasos sanguíneos e atingirem o local das substâncias estranhas.
  • As quimiocinas atraem células para o local da reação. Esse processo, pelo qual as células são atraídas por um estímulo químico, é denominado quimiotaxia.
  • Os monócitos são células que circulam no interior dos vasos sanguíneos, mas, ao passarem para os tecidos, diferenciam-se em macrófagos.

Inflamação

No local da reação ao antígeno, as células dos capilares sanguíneos próximos perdem parte da adesão entre si, pela ação das citocinas, possibilitando a passagem de células do sangue através dos pequenos espaços existentes. As citocinas e quimiocinas liberadas iniciam o processo de inflamação, e logo aparecem mais neutrófilos e monócitos, que foram atraídos pelas quimiocinas.

Outras substâncias também participam como mediadores químicos inflamatórios, como a histamina, que aumenta a irrigação sanguínea no local da reação, e as prostaglandinas, que aumentam a permeabilidade dos capilares sanguíneos próximos da inflamação. Essas substâncias são liberadas por células do sistema imunológico ou mesmo pelas células que foram lesadas no local da inflamação.

No local da inflamação, a área fica mais vermelha (eritema), inchada (edema) e quente, devido ao aumento da quantidade de sangue que chega ao local, à maior permeabilidade dos vasos sanguíneos e à vasodilatação. Os sinais clássicos da inflamação são:

  • Dor
  • Eritema (vermelhidão)
  • Edema (inchaço)
  • Calor

Quando falamos em infecção, significa que o processo de inflamação é causado por um microrganismo. Nesse caso, quando as citocinas são produzidas em excesso, podem causar febre, dor de cabeça, mal-estar generalizado, perda de apetite e sonolência, que são os sinais e sintomas observados na infecção.

Em muitos casos, os microrganismos e substâncias estranhas que invadem nosso corpo são combatidos e eliminados pelas células da resposta imune inata. Mas se o microrganismo for mais resistente e potente, ou estiver em grande quantidade, a resposta imune adaptativa será ativada para ajudar a eliminá-lo. Essa resposta demora cerca de 7 dias para ser ativada e conta com a participação de linfócitos, que são células mais especializadas, capazes de ajudar a combater microrganismos resistentes, além de conferir proteção contra aquele microrganismo por vários anos. Esta resposta é ativada por células da resposta imune inata.

Ativação da Resposta Imune Adaptativa

No local da infecção, existem Células Dendríticas que capturam vírus e antígenos, entram nos vasos linfáticos e migram em direção ao linfonodo mais próximo para apresentar esses componentes aos linfócitos T. As Células Dendríticas são denominadas Células Apresentadoras de Antígenos (APCs).

Existem dois tipos de linfócitos: os auxiliares e os citotóxicos, cada um com funções diferentes que veremos adiante. Cada linfócito é específico para um tipo de antígeno. Eles ficam armazenados nos linfonodos e no baço, aguardando a entrada do antígeno no corpo.

Quando as Células Dendríticas apresentam o antígeno aos linfócitos, estes se ativam, iniciando a resposta imune adaptativa.

Resposta Imune Adaptativa

Essa resposta é a segunda linha de ação que nosso corpo tem para responder à entrada de um antígeno. Ela também pode ser chamada de resposta imune adquirida ou específica. Recebe esse nome porque é a imunidade que um indivíduo desenvolve após ter tido contato com o antígeno.

Linfócitos T

Os linfócitos T são ativados ao encontrarem as Células Apresentadoras de Antígenos (APCs), contendo antígenos específicos. Com a ativação, os linfócitos ficam maiores e começam a se multiplicar, produzindo milhões de clones capazes de ajudar na remoção do antígeno, chamadas agora de células T efetoras e células de memória. Esse processo demora alguns dias.

Essa produção e ativação de milhões de células causa, muitas vezes, o inchaço e um pouco de desconforto no linfonodo, que é percebido como um caroço inchado perto do local da infecção. Por exemplo:

  • Quando a infecção é no dente, na garganta, no ouvido ou uma sinusite, o caroço aparece no pescoço.
  • Quando é nos braços, mãos ou perto do peito, aparece nas axilas.
  • Quando a infecção é nos pés, pernas e órgãos genitais, ele aparece na virilha.

Esse caroço é conhecido como íngua e nada mais é do que o linfonodo inchado por ter sua atividade aumentada pela infecção.

Os milhões de linfócitos T ativados saem dos linfonodos, entram na circulação sanguínea e vão para o local da infecção. Isso demora cerca de 7 dias.

Com a chegada desse reforço especializado, na maioria dos casos, a infecção começa a ser efetivamente eliminada. Por isso, a maioria das infecções de ouvido, nariz, garganta, boca e espinhas na pele pioram nos primeiros 5 a 7 dias e depois começam a melhorar.

Após a ativação do linfócito T, essas células são chamadas de células T efetoras "armadas" e produzem moléculas necessárias para destruir os patógenos e também para aumentar a potência da resposta imune inata, auxiliando na resposta e remoção do antígeno.

Há uma subdivisão das células T em células T citotóxicas e células T auxiliares. Na resposta imune adaptativa, distinguem-se duas vias principais:

  • A resposta imune celular, mediada por células, na qual participam os dois tipos de linfócitos T.
  • A resposta imune humoral, mediada por anticorpos, na qual participam os linfócitos B.

Os linfócitos T ou B que não encontraram antígenos vivem em torno de 4 a 6 semanas, sem terem proliferado ou se diferenciado, pois não receberam nenhum estímulo para que isso ocorresse.

Resposta Imune Celular

Deste tipo de resposta participam os linfócitos T auxiliares e os linfócitos T citotóxicos. Esses dois tipos de linfócitos possuem receptores específicos para reconhecerem e responderem a antígenos somente quando estes forem apresentados por outras células, denominadas Células Apresentadoras de Antígenos (APCs), como vimos anteriormente.

Linfócitos T Auxiliares

Os linfócitos T auxiliares reconhecem antígenos que foram fagocitados e, ao serem ativados, produzem e liberam interleucinas. As interleucinas são um grupo de substâncias que auxiliam na diferenciação de linfócitos B e linfócitos T citotóxicos que estejam ligados também aos antígenos.

As interleucinas são citocinas produzidas e liberadas por linfócitos. Por auxiliarem na ativação do linfócito B, os linfócitos T auxiliares também participam da resposta imune humoral, que será abordada adiante.

Além disso, os linfócitos T auxiliares potencializam macrófagos e neutrófilos para fagocitarem e destruírem os microrganismos que estão fora das células.

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