O Inconsciente na Psicanálise Freudiana: Uma Análise Detalhada
Classificado em Psicologia e Sociologia
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O conceito de Inconsciente, abordado neste documento, é dividido em sete tópicos principais, a saber:
- Justificação do conceito de Inconsciente;
- Vários significados de "O Inconsciente" do ponto de vista topográfico;
- Emoções inconscientes;
- Topografia e dinâmica da repressão;
- As características especiais do sistema Inconsciente (Ics);
- Comunicação entre os dois sistemas (Consciente e Inconsciente);
- Avaliação do inconsciente.
O objetivo é compreender cada tópico de forma resumida e clara.
A Repressão e o Mecanismo de Defesa do Ego
Inicialmente, Freud nos traz a seguinte explicação: o processo de recalcar uma ideia que representa uma pulsão visa evitar que ela se torne consciente. Isso é entendido como um mecanismo de defesa do Ego para não ter contato com situações traumáticas.
Contudo, mesmo no estado inconsciente, essas ideias produzem efeitos conscientes, como, por exemplo, os sintomas. Porém, para se tornarem conscientes, as ideias sofrem transformações, resultado da resistência do Ego. Dessa forma, o processo analítico consiste em superar as resistências, chegando assim ao material recalcado original.
Justificação do Conceito de Inconsciente
No primeiro tópico, Freud justifica a existência de processos mentais inconscientes. Para o autor, provar a existência do inconsciente é necessário, uma vez que ocorrem atos psíquicos que não são explicados pela consciência, tais como os sonhos e sintomas psíquicos.
Além disso, a capacidade do aparelho psíquico de conteúdo consciente é pequena. Afirma-se, com isso, que existem conteúdos latentes, que se diferem dos conteúdos conscientes apenas por estarem ausentes da consciência temporariamente. São psiquicamente inconscientes.
Assim, o aparelho psíquico é constituído de dois sistemas: o sistema Consciente e Pré-consciente, e o sistema Inconsciente. Os conteúdos latentes são inconscientes apenas descritivamente, sendo considerados pré-conscientes. Os conteúdos recalcados estão no sistema Inconsciente.
Para que os conteúdos inconscientes se tornem conscientes, é necessário passar pela barreira, chamada por Freud de censura. Caso o conteúdo não consiga passar por essa barreira, ele será recalcado, permanecendo inconsciente. Se o material inconsciente consegue romper a barreira, ele pertencerá ao sistema consciente, isto é, pré-consciente, e sob certas condições se tornará consciente, descritivamente falando. A censura exercida entre a passagem dos conteúdos pré-conscientes para o consciente é menos rigorosa do que na transição do Inconsciente para o pré-consciente.
Freud, para explicar o funcionamento dos atos psíquicos, supõe duas hipóteses:
- Na transição da ideia que representa a pulsão, do estado inconsciente para o consciente, a ideia acarreta um registro novo situado em outro lugar, e a ideia original permanece no inconsciente.
- Apenas ocorre uma mudança no estado da ideia no próprio inconsciente.
Sendo a primeira hipótese a mais provável, uma vez que a ideia no sistema inconsciente é representada por "coisa" e, quando se torna consciente, é representada por palavras.
As Emoções Inconscientes na Teoria Freudiana
Sobre o terceiro tópico, Freud afirma que as emoções não sofrem processo de recalque, e que as ideias que as representam é que podem ser inconscientes. As emoções, sentimentos e afetos são conscientes. O que pode acontecer é esse afeto ser mal interpretado, por a situação vivenciada ser dolorosa, fazendo com que haja o recalque da ideia adequada, ligando-se a outra ideia distorcida. Dessa forma, a ideia original é que é inconsciente.
Em consequência do recalque, a emoção sofre três vicissitudes:
“Ou o afeto permanece, no todo ou em parte, como é; ou é transformado numa quota de afeto qualitativamente diferente, sobretudo em ansiedade; ou é suprimido, isso é impedido de se desenvolver.”
Topografia e Dinâmica da Repressão
Sobre a topografia e a dinâmica da repressão, Freud define-a como um processo onde as ideias inconscientes, ao serem impulsionadas para a consciência, deparam com a censura, que faz o trabalho de inibir a ideia, fazendo com que ela permaneça no inconsciente.
No entanto, a ideia inconsciente é investida de uma concentração de energia mental (catexia) que age querendo ser satisfeita. O objetivo da pulsão é descarregar-se. Por isso, diz-se que o inconsciente é regido pelo princípio do prazer. Enquanto que o consciente é regido pelo princípio da realidade, fazendo com que esse prazer seja adiado até chegar o momento possível.
Para diagnosticar os sintomas como neuróticos ou psicóticos, devemos compreender o lugar da sua formação. Se há falha no sistema de representação, isto é, as vivências são recalcadas (Ics) ao invés de serem substituídas por palavras (Pcs), impossibilitando assim ressignificar a experiência, podemos classificar em sintomas psicóticos.
Podemos entender dessa forma que, quando uma ideia inconsciente transita para o sistema consciente, ela sofre uma alteração dessa energia. Com isso, Freud explica um terceiro ponto de vista dos fenômenos psíquicos: o econômico. Denominando os processos psíquicos dinâmico, topográfico e econômico de Metapsicologia.
A metapsicologia dos processos de repressão é descrita nas três neuroses de transferência:
Histeria de Ansiedade
Há uma liberação da carga de afeto em forma de ansiedade, enquanto que a lembrança que provoca o afeto é recalcada no inconsciente. Essa ansiedade surge sem que a pessoa tenha consciência da sua origem, devido à ideia que provoca o afeto ser substituída por outra distorcida. Por exemplo, os impulsos sexuais, por não poderem ser expressos, são transformados em sintomas, havendo uma ruptura entre afeto e lembrança. Nesse caso, a lembrança é recalcada e o afeto manifestado no corpo. O trabalho analítico será então fazer a ligação entre a ideia original e o afeto.
Histeria de Conversão
Acontece o mesmo processo, diferindo apenas os sintomas. O sintoma aqui é resultado da carga de energia transmitida em uma parte ou órgão do corpo.
Neurose Obsessiva
Os impulsos se organizam como uma formação de reação, que primeiro será recalcada, rompendo em seguida.
Nas neuroses de transferência, a função da anticatexia é a de retirar a carga de energia da ideia original e colocá-la na ideia substituta.
Características Especiais do Sistema Inconsciente (Ics)
O Sistema Inconsciente difere do consciente em suas características. O Ics é formado por representantes de impulsos instintuais carregados de desejo, que objetivam serem descarregados. Os conteúdos são regidos por dois mecanismos do processo primário:
Mecanismo de Deslocamento
Há um escoamento da energia para um alvo substituto, como os sintomas fóbicos, por exemplo. No Inconsciente, a energia escoa livremente, procurando ser descarregada, o que caracteriza o princípio do prazer.
Mecanismo de Condensação
Uma representação de ideia é associada a diversas representações, sendo que a energia é investida na ideia que tem ponto comum.
Enquanto que no sistema Consciente essa energia é controlada, o que o caracteriza como o princípio da realidade. Outra característica do Ics é ser atemporal.
Comunicação entre os Sistemas Psíquicos
No tópico referente à comunicação entre os sistemas, compreendemos que o inconsciente é separado do consciente pela barreira da censura que recalca as ideias ameaçadoras ao ego. Além disso, os dois sistemas se relacionam em cooperação.
Avaliação do Inconsciente e as Psiconeuroses
No último tópico, Freud explica o funcionamento do inconsciente no caso da psiconeurose narcísica. Nas neuroses de transferência ocorre um mecanismo de introversão, ou seja, a energia é retirada do objeto real para o objeto fantasiado, com o recalque do objeto, contudo, a energia permanece no inconsciente.
Esquizofrenia
Na esquizofrenia, a formação de objetos substitutos é estranha ao objeto real; não existe uniformidade entre a "coisa" e as palavras empregadas para expressá-las.
No caso da psiconeurose, vivem uma realidade abstrata como se fosse concreta.
Conclusão: A Profundidade do Aparelho Psíquico Freudiano
O presente trabalho permitiu um conhecimento mais profundo do funcionamento do aparelho psíquico, bem como sua estrutura. Possibilitou a compreensão da formação dos sintomas e a diferenciação entre sintomas neuróticos e psicóticos. Proporcionou o conhecimento dos conceitos fundamentais nas obras de Freud, que se estendem às teorias psicanalíticas pós-freudianas.