Inflação e Planos Econômicos na Nova República (1985-89)

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CAP. 5: Esperança, Frustração e Aprendizado na Nova República

A Nova República (1985-1989) foi marcada por um conjunto de experiências malsucedidas de estabilização da inflação. Durante os cinco anos do governo do presidente José Sarney, foram lançados três planos de estabilização:

  • Plano Cruzado (1986)
  • Plano Bresser (1987)
  • Plano Verão (1989)

Embora frustrantes do ponto de vista do combate à inflação, esses planos colaboraram para que se verificassem momentos de rápido crescimento econômico.

Em 1984, o Brasil vivia um momento peculiar de sua história. Após 20 anos de Regime Militar, ganhava força o movimento por eleições Diretas Já. Acreditava-se que a democracia não apenas traria de volta as liberdades civis e políticas, mas também o fim da inflação, o retorno do crescimento e a sonhada redistribuição de renda. A transição para a democracia ocorreu por meio de eleições indiretas em 15 de janeiro de 1985.

Plano Verão

Maílson da Nóbrega, o quarto e último ministro da Fazenda do governo Sarney, anunciou o Plano Verão em janeiro de 1989. Entre as medidas adotadas, destacavam-se:

  • Um novo congelamento de preços.
  • A criação do Cruzado Novo.
  • O comprometimento de conter os gastos públicos.

O plano determinou a demissão de um terço dos servidores federais contratados sem concurso público nos cinco anos anteriores. Outro ponto do pacote foi a proposta de uma reforma administrativa, que incluía a extinção dos seguintes ministérios:

  • Habitação e Bem-Estar
  • Reforma e do Desenvolvimento Agrário
  • Irrigação
  • Ciência e Tecnologia
  • Administração

Além da extinção de outros órgãos federais e autarquias. José Sarney procurou mobilizar o governo em um grande esforço, “cortando na própria carne”, como explicou pela TV. Apesar de a inflação ter caído inicialmente de 70% para 3,6%, em outubro de 1989 ela atingiu 36%. A sonegação foi evidente desde o começo do plano, sendo necessárias medidas políticas contra empresários do setor de abastecimento.

A inflação no fim do governo Sarney era alta, mas seus efeitos sobre a economia popular foram reduzidos pela manutenção do regime de correção monetária plena, que preservava o poder de compra dos salários. Ao mesmo tempo, e como resultado do empenho pessoal de Sarney na administração da crise, não houve estagnação: os dados indicavam crescimento da economia, manutenção do emprego e recuperação da renda per capita.

A Inflação Inercial

De acordo com Francisco Lopes, a inércia inflacionária decorre da existência de contratos com cláusulas de indexação.18 Numa economia indexada, a tendência inflacionária torna-se a própria inflação do período anterior e pode ser agravada, ocasionalmente, por flutuações decorrentes de choques de oferta (choques agrícolas, choque do petróleo etc.) ou de choques de demanda (causados por um descontrole fiscal, por exemplo). O ponto fundamental é que essas possíveis fontes de flutuação, em vez de passageiras, são incorporadas à tendência.

Mas como pode a simples reposição de salários e aluguéis pela taxa de inflação passada ser, per se, uma causa da inflação? Como esclareceu Simonsen, se a situação inicial dos preços relativos for de desequilíbrio (causado por um choque real), a indexação, ao recompor a estrutura de preços inicial, tende a perpetuar preços que, tomados todos ao mesmo tempo, são incompatíveis com o equilíbrio de oferta e demanda da economia.

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