Inovação e Projetos de Investimento Industrial: Guia Completo

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Projeto é uma atividade temporária destinada a criar um produto, serviço ou resultado único. Numa empresa, um projeto consiste em uma iniciativa cujo objetivo é alterar uma situação vigente ou introduzir uma inovação, tal como construir novas instalações para a empresa, implantar uma nova linha de produtos, conquistar novos mercados, fazer uma campanha publicitária. Inovação Tecnológica de produto ou de processo é a implantação/comercialização de um produto ou processo com características de desempenho apropriadas de modo a fornecer objetivamente ao consumidor serviços novos ou aprimorados. A inovação tecnológica pode se dar pela difusão tecnológica, pela transferência de tecnologia, pela aquisição de equipamentos, ou de outras atividades inovativas. Normalmente falamos em dois tipos de inovação:

  • Inovação complementar: quando se aprimora um produto ou serviço já existente;
  • Inovação disruptiva: que marca a criação ou surgimento de algo completamente inusitado que rompe paradigmas estabelecidos.

A tecnologia muitas vezes faz parte e tem um papel importante, que impulsiona o processo de inovação. Mas ela sozinha não sustenta uma oferta. Não é porque as coisas são novas e tecnicamente avançadas que as pessoas as utilizam, encaixam em suas vidas e recomendam. A inovação é fruto da criatividade colocada em prática com o intuito de gerar resultados positivos para o negócio e criar impacto positivo para as pessoas. O gestor, com frequência precisa decidir entre investir ou não num projeto, desenvolver um produto, introduzir um novo processo e o fator determinante nessas escolhas é a expectativa de ganhos futuros e o risco associado ao investimento.


Um projeto de investimento industrial envolve três fases: Pré-investimento; Investimento – execução do projeto; Operação – resultado do projeto.

  • Pré-investimento: formulação do projeto, planejamento, definição dos parâmetros técnicos de investimento e operação, avaliação do empreendimento, desenvolvimento da tecnologia.

A formulação de um projeto de inovação tecnológica é a transformação de uma ideia em uma proposta de investimento e num roteiro para sua execução e implantação da tecnologia. A formulação engloba o esforço de previsão e planejamento desse investimento. A palavra projeto é entendida como o trabalho que antecede o investimento propriamente dito, mais precisamente denominado ‘pré-investimento’. O projeto é o documento que reúne os elementos de informação necessária para tomada de decisões, para o planejamento da execução e para o gerenciamento da implantação de um empreendimento. O projeto, especialmente o estudo de viabilidade, possibilita ao tomador de decisões de uma organização decidir se convém investir e, com isso, evitar desperdiçar recursos em projetos que não trarão retorno.

O planejamento do projeto atende à necessidade do investidor saber em que momento e com quanto de retorno ele poderá contar, quanto tempo seu capital ficará empatado. O gestor da organização que abriga o projeto precisa saber o impacto desse novo empreendimento para a organização, que recursos serão necessários ao longo da execução e depois, quando o novo empreendimento entrar em operação, o seu resultado. O gerente do projeto, por sua vez, precisará saber que recursos financeiros, humanos e materiais são necessários para minimizar imprevistos, atrasos e desempenho aquém do previsto. Um projeto deve informar o problema que se propõe a resolver ou a oportunidade de negócio contemplada, uma demonstração de como se encaixa na estratégia da organização ou como atende a necessidade da mesma, deve enunciar os riscos e pressupostos básicos, uma apreciação das alternativas disponíveis, os recursos necessários, riscos envolvidos e desempenho econômico.


Organização do projeto: Objetivo; Justificativa; Escopo; Metodologia de P&D; Atividades; Identificação dos Recursos Necessários; Cronograma Físico; Orçamento; Cronograma físico-financeiro de P&D; Projeto de investimento em inovação tecnológica; Estudo de viabilidade; Identificação de fontes de recursos financeiros.

Organização do projeto: Objetivos podem ser o enunciado sucinto de um problema a ser resolvido ou de uma oportunidade de negócios a ser aproveitada. O QUE SE QUER COM O PROJETO!!! A justificativa costuma ser um texto curto, geralmente de um único parágrafo, que serve para apresentar um argumento muito convincente para aquele patrocinador específico. Você deve argumentar de forma lógica, clara e direta porque vale a pena financiar a sua ideia e não outra. Ao ler a sua justificativa, o assessor e o gerente responsável devem ficar com uma vontade incontrolável de te dar dinheiro.

Benefícios intrínsecos: ganhos que o projeto representa para quem investe. Benefícios extrínsecos ou Externalidades positivas: consequências ou impactos que ultrapassam os interesses do investidor ou os limites da organização e atingem a economia ou a sociedade. O escopo de um projeto descreve todos os seus produtos, os serviços necessários para realizá-los e os resultados esperados. Descreve também o que é preciso fazer para que alcance seus objetivos com os recursos e funções especificados. P&D – Pesquisa e Desenvolvimento. A metodologia mostra a maneira pela qual se espera atingir os resultados almejados. A metodologia proposta para um projeto de P&D a ser realizado costuma ser uma primeira ideia da rota tecnológica a ser adotada. Atividade é a definição de uma ação necessária para a execução do projeto, com o nível mais baixo do detalhe. Atividades que farão parte da execução do projeto: levantamento bibliográfico, buscas no sistema internacional de patentes, desenvolvimento em laboratório, contratação de assistência técnica, desenvolvimento em escala-piloto, produção de protótipos, projeto de engenharia, estudo de viabilidade, prazos, etc.


Identificar o que será necessário quando for executar o projeto. O gestor poderá realizar um melhor planejamento e assegurar-se de que tudo que seja necessário para executar o projeto esteja disponível no momento, na qualidade, na quantidade e no local necessário. O cronograma mostrará quando será realizada cada atividade e quanto tempo demandará. É uma importante ferramenta para o gerenciamento e execução do projeto. Orçamento é a previsão estimada dos gastos a serem incorridos em cada item do projeto. O orçamento permitirá prever como e quando os recursos financeiros serão necessários e servirá como referência contra o qual aferir os gastos realizados ao longo da execução. O ponto de partida para formulação deste orçamento são os Recursos Necessários. O cronograma físico-financeiro mostra os dispêndios incorridos na execução das atividades de P&D do projeto, distribuídos ao longo do tempo de sua execução, esses gastos devem estar associados às atividades do projeto.

Estudo de Viabilidade e avaliação da Tecnologia- A apresentação do projeto deverá concluir com uma avaliação da tecnologia e da viabilidade e do interesse de a empresa investir no seu desenvolvimento e, posteriormente, na sua implantação. Avaliação Tecnológica- A inovação tecnológica só ocorre quando a tecnologia desenvolvida atende a necessidades ou desejos humanos, isto é, quando ela se incorpora às atividades humanas, ou, por outra, quando o conhecimento gerado resulta em um negócio para uma empresa ou quando traz um benefício para a sociedade. Na atividade empresarial e mesmo no setor público, isso significa que, para que a tecnologia gerada se transforme em benefício para a sociedade, de modo geral, e para a empresa, em particular, é necessário investir num empreendimento. O investimento em tecnologia, ou melhor, o pré-investimento tem que ser avaliado à luz dos gastos que representa o investimento industrial ou o investimento num empreendimento comercial que dará significado econômico à tecnologia. Além disso, o investimento deve ser entendido também à luz dos ganhos que a tecnologia produzida proporcionará à organização, como consequência do novo empreendimento.


O estudo de viabilidade é, portanto, um estudo prévio para aferir e registrar a capacidade de um empreendimento ser criado e ganhar vida própria. Trata-se do trabalho inicial, cujo produto é a recomendação quanto à conveniência de investir esforços e recursos num empreendimento. Allan Thomson define Estudo de Viabilidade Econômica como “(...) um processo controlado para identificar problemas e oportunidades, determinar objetivos, descrever situações, definir resultados de sucesso e avaliar a faixa de custos e benefícios associados às várias alternativas de solução de um problema”. A avaliação de um empreendimento, a decisão de prosseguir num dado investimento pode ser feita em diferentes níveis de precisão e costuma ser feita em vários momentos ao longo da formulação do projeto, que costuma englobar diferentes etapas e graus de certeza. As etapas de formulação de um projeto podem variar, conforme o caso. Entretanto, o processo de definição do empreendimento, uma vez desenvolvida razoavelmente a tecnologia, costuma passar por estas fases:

  1. Projeto conceitual
  2. Engenharia Básica
  3. Projeto Executivo

No projeto conceitual são definidas configurações básicas de um empreendimento. Soluções alternativas costumam ser contempladas na formulação de um projeto de investimento (project shell). O estudo conceitual é feito com base na escolha entre essas soluções alternativas. Uma ferramenta usada quando essa escolha é mais complexa, é a árvore de decisões, com a qual se busca descrever e atribuir valores às diversas combinações de alternativas. As decisões tomadas nas etapas preliminares devem ser revistas e refinadas em etapas posteriores, à medida que informações mais precisas e detalhadas se tornam disponíveis. É nessa etapa que são feitos:

  • estudos de localização,
  • escolhas quanto ao que, na operação, será produzido no empreendimento e o que será adquirido de terceiros,
  • o grau de integração horizontal e vertical do empreendimento,
  • a escala do projeto,
  • tipos de produto,
  • escolha da tecnologia,
  • época da implantação etc.


Localização: escolhas como localizar o empreendimento próximo às fontes de suprimento de insumos ou próximo do mercado, ou priorizar a disponibilidade de mão-de-obra podem ser complexas e envolver modelos de transporte que permitam considerar diferentes variáveis de efeitos opostos. A decisão quanto ao nível de integração vertical do empreendimento: produzir intramuri ou adquirir de terceiros. Escolha do mercado a ser atendido: atender ao mercado classe A ou ao mercado classe D. A escolha do canal de comercialização. Engenharia Básica: É a etapa em que são definidos os primeiros parâmetros técnicos do empreendimento, são especificados os equipamentos e demais ativos. O Projeto executivo dá os procedimentos e detalhes, listas de insumos, custos, prazos, desenhos detalhados e outros que orientarão a implantação do empreendimento.

A unidade-piloto em um projeto de inovação tecnológica, mais do que possibilitar antever a viabilidade econômica do empreendimento, é parte do desenvolvimento tecnológico, já que essa etapa representa um ganho de escala em relação à escala de bancada ou simulação computacional em que a tecnologia foi desenvolvida. A escala-piloto, nesse caso, permite aproximar a tecnologia da situação de operação industrial. A decisão de prosseguir ou não com o esforço de P&D é tomada em função do valor da tecnologia a ser desenvolvida, o qual, por sua vez, é calculado como o valor atual da expectativa de ganhos futuros. Além dos riscos econômicos e de mercado de qualquer empreendimento, há, no caso de investimentos em tecnologia, o risco tecnológico propriamente dito. O risco resultante da possibilidade de a tecnologia em apreço não ser bem-sucedida técnica e/ ou economicamente. À medida que avançam as atividades de P&D, diminuem as incertezas e riscos associadas à tecnologia.

Porém, o avanço dos trabalhos pode revelar novos dados que apontem para uma diminuição na expectativa de ganhos futuros, ou mesmo para uma possível inviabilidade técnica. Neste caso, em lugar de ganhar valor, a tecnologia pode, ao contrário, perder atratividade. O gestor do projeto ou o tomador de decisões, na organização, terá que se confrontar, em diferentes momentos ao longo das atividades de P&D, com a decisão de prosseguir com os gastos em P&D ou interrompê-los. O projeto deve ser avaliado, a cada momento, em função dos desembolsos e entradas de caixa futuros. Qualquer decisão de prosseguir ou não com um projeto será tomada sempre em função da expectativa de fatos futuros.

A formulação de um projeto em etapas de precisão crescente evita que se passe diretamente da ideia de um empreendimento para o estudo de viabilidade, pois as etapas anteriores podem apontar para a sua inviabilidade ou para a necessidade de redirecionamento antes de se incorrer no gasto com estudos mais precisos. Perfil de investimento ou estudo de oportunidade de projeto parte da identificação de oportunidades sugeridas por situações econômicas ou de mercado, características da estrutura industrial ou de infraestrutura ou ainda de estímulos resultantes de políticas públicas. Pode ser definido como a transformação da ideia de um projeto em uma proposta preliminar de investimento. Esse tipo de estudo usa, como parâmetros, a experiência e analogia com projetos semelhantes. A margem de erro costuma ser alta, em torno de 45% para mais ou para menos.

Projeto de pré-viabilidade é feito com estimativas baseadas em informações específicas do projeto. É feito um projeto de engenharia básica, mas a previsão dos itens de dispêndio não é necessariamente resultado de tomadas de preço no mercado fornecedor. Na maior parte, os gastos com cada item são estimados ou calculados. A análise se restringe a um ano típico, ou ano-tipo. Esse tipo de estudo ainda não atribui valores aos anos futuros, ou seja, não projeta para a vida do empreendimento e, portanto, não permite análises financeiras que levem em conta o valor do dinheiro no tempo. As margens de erro ainda são relativamente altas, em torno de 25%.


Estudo de viabilidade é feito com maior acuidade. O projeto de engenharia está feito e os gastos são calculados com base em tomadas de preço específicos. O estudo de viabilidade usualmente inclui o projeto industrial e contém uma projeção de desembolsos e ingressos, no tempo, ao longo de um prazo de n períodos, o que implica a possibilidade de se projetar o empreendimento no formato de um fluxo de caixa e, portanto, efetuar avaliações financeiras que fundamentem tecnicamente as tomadas de decisão. As margens de erro, nesse caso, são menores, por exemplo: ± 15%.

Após um certo avanço da atividade de P&D ou após a sua conclusão, o orçamento do investimento industrial e o fluxo de caixa que o englobe poderão ser feitos com uma margem de erro mais reduzida, que permitirá tomar nova decisão quanto à implantação do empreendimento. Essa estimativa dos valores mais prováveis será o caso-base do projeto. O trabalho inicial na formulação de um projeto se baseia nas escolhas feitas e nas características mais prováveis, as quais são tomadas como o caso-base. O caso-base corresponde ao projeto feito com parâmetros previstos como escolhidos ou mais prováveis, tais como: as alternativas operacionais escolhidas; a previsão orçamentária; o cronograma projetado.

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