Integração e Exclusão Social: Perspetivas Sociológicas e Dimensões
Classificado em Psicologia e Sociologia
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O Contexto Histórico e a Sociologia Clássica
A integração social e os problemas relativos aos laços sociais desde sempre constituíram questões centrais para a sociologia. Tanto na Europa como nos EUA, os trabalhos dos primeiros sociólogos, Spencer, Durkheim, Merton ou Park, refletiam as preocupações das sociedades industriais, procurando compreender e facilitar a passagem de uma sociedade tradicional a uma sociedade industrial, com uma complexidade crescente. Perguntava-se, na altura, como esta sociedade moderna poderia integrar e articular entre si os grupos heterogêneos de camponeses proletarizados e de migrantes, a fim de constituir um todo coerente e funcional.
A Exclusão na Sociedade Pós-Industrial
Hoje, as sociedades pós-industriais confrontam-se com fenômenos de dualização e de exclusão social que colocam a questão da marginalização de grupos sociais desempregados pelo aparelho de produção e cujos laços sociais se enfraqueceram, de tal modo, que é legítimo perguntar se podem ainda ser considerados como cidadãos com um lugar na sociedade.
Os fenômenos de exclusão atingem várias categorias sociais:
- Populações que se encontravam integradas anteriormente: é o caso dos trabalhadores que perdem o seu emprego, dos idosos reformados considerados como «inúteis», das mulheres isoladas (viúvas ou divorciadas sem qualificação), dos doentes, etc. — todos aqueles que tinham um lugar social e o perderam.
- Populações cuja entrada no mundo do trabalho e na sociedade parece bloqueada: é o caso dos jovens à procura de um primeiro emprego estável ou de certas categorias de população relegadas para as periferias das grandes cidades que sofrem o problema de se inserirem na sociedade e de encontrarem um lugar e um sentido para a sua existência.
A Relevância dos Conceitos e a Crítica às Ficções do Passado
A evolução das sociedades torna necessário o ajustamento permanente dos instrumentos de observação e de análise, e o afinamento das noções que permitem descrever e apreender fenômenos que nunca se reproduzem do mesmo modo. Mas por não serem idênticos, será que se pode afirmar que são radicalmente outros, e que não se pode tirar nenhum ensinamento das aquisições do passado?
Os problemas atuais como o desemprego, o racismo e a pobreza são considerados como resultado da degradação de situações anteriores de pleno emprego, de tolerância, de justiça social que são na realidade ficções. O pleno emprego nunca passou de uma norma abstrata, instaurada após a Segunda Guerra Mundial, mas sempre contrariada pela existência de uma bolsa de desemprego permanente. Na França dos anos trinta, o racismo em relação aos imigrantes já conheceu formas muito virulentas.
A pobreza sempre foi considerada, desde a Idade Média, como um flagelo recorrente, atingindo mais duramente e em maior escala do que hoje. A especificidade destes fenômenos reside hoje mais na representação que deles faz a sociedade, na avaliação relativa da sua gravidade, do que na sua própria natureza.
A noção de integração faz parte das noções regularmente questionadas e redefinidas — sobretudo desde que a imigração se tornou um problema social, e que este problema se enuncia em termos de integração —, sempre posta em causa, ou mesmo abandonada por certos sociólogos, por causa da inflação de sentidos.
Integração e Coesão Social: O Legado dos Fundadores
Os fundadores da sociologia abordaram o problema da integração em termos de coesão social. Fizeram compreender porquê e como os indivíduos podiam viver em conjunto, organizarem-se em sociedades humanas, quais eram os laços ou as forças que preveniam a anomia e a desordem, ligando os homens entre si e cada um deles com a sociedade no seu conjunto.
Se a sua terminologia já não nos é mais familiar, os fatos sociais que os termos recobrem e a análise das relações sociais que acerca deles foi feita permanecem pertinentes ainda hoje. Estas bases podem ser úteis para definir o quadro no qual situar as formas contemporâneas de exclusão e de integração.
As Três Dimensões da Integração Social
Integração e exclusão são dois pólos opostos do processo através do qual os indivíduos se inserem na sociedade na qual vivem. Três dimensões principais podem ser consideradas:
- Dimensão Econômica: Permite a inserção e a participação social através das atividades de produção e de consumo. É a questão do trabalho e dos recursos.
- Dimensão Social: Implica, por um lado, a integração no seio de grupos primários e, por outro lado, a integração na sociedade global através de laços institucionais.
- Dimensão Simbólica: Definida não só por normas e valores comuns, mas também por representações coletivas, definindo lugares sociais específicos.