Inter-relações Endo-Perio e Orto-Perio: Notas Clínicas

Classificado em Medicina e Ciências da Saúde

Escrito em em português com um tamanho de 5,04 KB

Capítulo 23: Inter-relação Endo-Perio

A comunicação entre a polpa e o periodonto permite a passagem de bactérias, estabelecendo um sentido bidirecional da lesão:

  • Sentido: Polpa → Periodonto
  • Sentido: Periodonto → Polpa

Vias de Ligação Polpa-Periodonto

As principais vias de comunicação incluem:

  • Túbulos dentinários (ligação do meio externo com o meio interno)
  • Canais laterais e acessórios
  • Canais de furca

Portas de entrada ou saída: Túbulos dentinários (quando não há cemento), canais laterais e acessórios, forame apical.

Manifestações de Lesões Endodônticas

As lesões podem se manifestar como: pulpite, perfurações radiculares, fratura radicular vertical, envolvimento de canais laterais, trauma, reabsorção radicular e malformações.

Diagnóstico

O diagnóstico deve ser abrangente e incluir:

  • Histórico completo do paciente.
  • Exame clínico: Radiografia periapical, teste de vitalidade, busca por fratura radicular.
  • Exame intraoral: Avaliação de cor, textura, arquitetura gengival, cárie, restaurações.
  • Palpação: Verificação da arquitetura gengival, presença de exsudato e sintomas.

Observação: Raízes proeminentes podem apresentar osso radicular delgado, deiscência (perda óssea) ou fenestração óssea (abertura óssea).

  • Percussão: Avaliação da resposta sintomática no ápice e alteração de som.
  • Teste de mobilidade: Decisão sobre a necessidade de estabilização temporária durante o tratamento. Realizado com instrumentos, pinça e odontoscópio.
  • Transiluminação: Verificação de patologia lateral e apical.

Lesão Endodôntica Primária

  • Teste de vitalidade negativo.
  • Pouco ou nenhum cálculo.

OBS: O alisamento e raspagem excessivos da superfície radicular podem expor mais os túbulos dentinários, deixando a camada mais fina e próxima à polpa.

Capítulo 57: Inter-relação Orto-Perio

Tratamento Ortodôntico no Adulto

O tratamento ortodôntico em pacientes adultos apresenta considerações específicas:

  • É necessária uma avaliação periodontal inicial prévia ao tratamento ortodôntico.
  • Não há potencial de crescimento esquelético.
  • A atividade osteoclástica/osteoblástica diminui.
  • Maior potencial para mobilidade dental durante o tratamento ortodôntico.

Resposta do Periodonto à Força Ortodôntica

Força Pesada

O ligamento periodontal no lado da compressão é esmagado, resultando em contato osso-raiz, isquemia e degeneração.

Força Moderada

(Descrição não fornecida no original)

Força Leve

A força leve é preferível e permite movimentos controlados:

  • Verticalização de molar: Diminuição da inflamação, perda de 0,5 mm a 1 mm de osso, redução da perda de sondagem. Deve ser feita com cautela devido ao risco de exposição da furca.
  • Extrusão: Diminuição da inflamação, redução da profundidade de sondagem (PS), ausência de sangramento e ligamento aumentado. Durante a extrusão, o periodonto adjacente acompanha a raiz coronalmente.
  • Intrusão: Inflamação significativamente maior em tecido conjuntivo em dentes com placa. Defeitos intraósseos são comumente associados. Pode haver perda de inserção em dentes com placa e ganho de inserção em dentes livres de placa. Se houver placa, esta pode ser jogada para dentro do tecido ósseo, sendo crucial realizar o tratamento periodontal antes da ortodontia.
  • Lingualização de incisivos: Reposicionamento dental no rebordo. A correção do posicionamento e apinhamento melhoram a higienização.

Efeitos do Movimento:

  • 5 meses de movimento vestibular → Deiscência (perda óssea).
  • 5 meses de movimento lingual → Correção da fenestração.

Ortodontia e Recessão Gengival

  • Vestibularização: Torna o periodonto fino.
  • Dentes girovertidos: Necessidade de fibrotomia; manter a contenção até que a memória do ligamento periodontal (LP) seja perdida (adaptação do LP).

Conclusões Importantes

OBS 1: A correção ortodôntica da maloclusão não beneficia nem prejudica inerentemente a saúde periodontal.

OBS 2: O tratamento ortodôntico, por si só, não é fator etiológico para recessão gengival e perda de inserção, desde que a saúde periodontal esteja controlada.

Entradas relacionadas: