Interações Farmacológicas do Álcool com Medicamentos e Saúde

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Efeitos Fisiológicos e Metabólicos do Etanol

Impacto em Condições de Saúde

  • O álcool pode contribuir para a hipotermia.
  • O álcool pode interferir no tratamento da gota, uma vez que diminui a excreção do ácido úrico devido ao aumento de lactato (que compete pela secreção do ácido úrico).

Interações com Fármacos Cardiovasculares e SNC

  • A vasodilatação produzida pela nitroglicerina é aumentada pelo etanol, podendo levar à hipotensão.
  • O álcool diminui acentuadamente a capacidade motora e o alerta em pacientes usando:
    • Anti-histamínicos
    • Anticonvulsivantes
    • Anfetaminas
    • Antidepressivos

Risco de Hipoglicemia e Deficiências Nutricionais

  • Devido ao efeito hipoglicemiante do álcool, ele pode aumentar o risco de hipoglicemia grave em pacientes diabéticos que fazem uso de hipoglicemiantes.
  • O consumo excessivo de etanol interfere com a absorção de nutrientes essenciais, levando a deficiências minerais e vitamínicas.

Interação com Ácido Acetilsalicílico (AAS)

O Ácido Acetilsalicílico (AAS) pode causar hemorragia gastrintestinal devido ao seu efeito aditivo de irritação gástrica quando combinado com álcool.

Metabolismo de Fármacos e Tolerância Cruzada

Indução Enzimática e Tolerância

O consumo crônico de bebidas alcoólicas leva à aceleração da biotransformação de fármacos, em decorrência da indução de enzimas hepáticas.

Os consumidores crônicos desenvolvem tolerância ao etanol e a outros fármacos (tolerância cruzada). Essa tolerância é devida, em parte, à adaptação do sistema nervoso central (tolerância farmacodinâmica) e à indução enzimática (tolerância metabólica).

Assim, os alcoólatras, quando sóbrios, necessitam de doses maiores que os abstêmios para evidenciar efeitos farmacológicos de:

  • Anticoagulantes
  • Anticonvulsivantes
  • Antidiabéticos
  • Antimicrobianos
  • Outros fármacos biotransformados pelo sistema oxidase de função mista.

Tendo em vista que a tolerância persiste por vários dias ou mesmo semanas após a interrupção do consumo abusivo do álcool, esses fármacos devem ser prescritos em doses maiores para pacientes em fase de recuperação do alcoolismo.

Interferência na Eliminação do Álcool e Toxicidade

Aumento da Hepatotoxicidade

Medicamentos e produtos que têm efeitos hepatotóxicos, como Clorofórmio, Paracetamol e Isoniazida, têm sua hepatotoxicidade aumentada pelo efeito aditivo do álcool.

Inibição da Álcool Desidrogenase (ADH)

Alguns fármacos inibem a álcool desidrogenase (ADH), promovendo o acúmulo de etanol no organismo e elevando a exacerbação de seus efeitos. Exemplos incluem:

  • Ácido etacrínico
  • Fenilbutazona
  • Clorpromazina
  • Hidrato de cloral

Inibição da Aldeído Desidrogenase (ALDH) e Síndrome do Acetaldeído

Algumas substâncias inibem a aldeído desidrogenase (ALDH), elevando a concentração sanguínea em 5 a 10 vezes de acetaldeído e desencadeando a Síndrome do Acetaldeído ou Efeito Antabuse. Essas substâncias incluem:

  • Dissulfiram
  • Metronidazol
  • Griseofulvina
  • Tolbutamida
  • Fentolamina
  • Cloranfenicol
  • Quinacrina
  • Cefalosporinas

Essa síndrome caracteriza-se por intensa vasodilatação, cefaleia, dificuldade respiratória, náusea, vômito e taquicardia.

Uso Terapêutico do Dissulfiram

Mais especificamente, o Dissulfiram é usado para tratamento do alcoolismo devido a estes efeitos (indução da Síndrome do Acetaldeído).

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