Introdução à Economia: Conceitos e Aplicações

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Conceitos Introdutórios

A economia trata das escolhas impostas pela escassez de bens e recursos disponíveis para satisfazer as necessidades. Sem escassez, as escolhas econômicas seriam irrelevantes. A escassez é graduável e relativa. A superabundância de recursos para uma necessidade não garante sua eficiente reorientação para outras.

Objeto da Economia

Estuda as decisões individuais e coletivas em contexto de escassez, considerando a liberdade do agente e a interdependência entre decisões. Busca entender a ordem espontânea (mão invisível de Adam Smith) resultante da interdependência de decisões livres.

Racionalidade

Indivíduos afetam recursos escassos com racionalidade, sendo esta predominantemente procedimental na ciência econômica.

Otimização

A escolha de condutas maximiza a diferença entre benefícios e custos. O custo de oportunidade abrange todos os benefícios perdidos ao sacrificar opções preteridas em favor da conduta escolhida.

Racionalidade Limitada

Conduta racional que pondera os custos implícitos na racionalidade, substituindo a maximização pela satisfação. Baseia-se na limitação do tempo e na dificuldade de obter informação completa. Escolhe-se um nível de ignorância racional para decisões marginais, recorrendo à divisão de trabalho e partilha de informação para reduzir erros.

Eficiência e Prioridades

A escassez condiciona conflitos entre eficiência e justiça. A prioridade à eficiência implica maximizar o rendimento dos meios. A prioridade à justiça foca na distribuição do rendimento. A escassez dificulta a simultânea prossecução de ambos.

Perguntas Básicas da Decisão Econômica

O que produzir e quanto? O progresso civilizacional multiplica necessidades, tornando vitais as que antes eram secundárias. Em economias de mercado, o mecanismo de preços responde a essa questão.

Como produzir? Busca-se o meio mais eficiente, comparando custos e benefícios.

Para quem produzir e quando? Em economias de mercado, o mecanismo de preços determina quem se beneficia dos bens e serviços, considerando poder de compra e disposição para pagar. Critérios de justiça, via intervenção estatal, podem condicionar essa resposta.

Quem decide? Em economias de mercado, a vontade difusa se forma nas trocas. Em economias mistas, o Estado contrabalança o mercado. Em economias dirigistas, uma entidade central decide.

Custo de Oportunidade e Preço Relativo

Escolha racional compara custos e benefícios das alternativas, resultando na Utilidade Ponderada. O custo de oportunidade é a mais valiosa oportunidade preterida, refletido no preço relativo de dois bens. O preço relativo do bem A em termos do bem B é o quociente entre seus preços.

Raciocínio Marginalista

Custo marginal é o valor da alternativa preterida para produzir mais uma unidade. Benefício marginal é o valor dessa unidade adicional. Raciocinar em termos marginais significa:

  • Produzir/adquirir mais enquanto o benefício marginal excede o custo de oportunidade.
  • Produzir/adquirir menos quando o custo excede o benefício.
  • Manter a produção/aquisição quando os valores coincidem.

Impacto dos Incentivos na Conduta

Incentivos condicionam a conduta sem retirar a liberdade de escolha, mas podem sacrificar valores igualitários.

Postulado da Racionalidade

Identifica-se com o princípio hedonístico (menor esforço). Maximiza-se o sucesso com máximo nível de satisfação para dado esforço ou mesmo nível de satisfação com menor esforço.

Limitações Temporais e Orçamentais

Restrições individuais impostas pela escassez. Rendimentos decrescentes e custos relativos crescentes balizam decisões. A intensificação da alocação de recursos para uma necessidade aumenta seu custo de oportunidade.

Vantagem das Trocas

Trocas livres ocorrem com vantagens recíprocas (jogo de soma positiva). Benefícios mútuos aumentam a utilidade total das transações.

Alocação Social dos Recursos via Mecanismo de Preços

Em economias de mercado, as trocas condicionam a atividade econômica. O mecanismo de preços sinaliza a disponibilidade para trocas e a confiança no meio de pagamento.

Mercado de Produtos e Mercado de Fatores

Mercado de produtos (bens e serviços) e mercado de fatores produtivos (terra, trabalho e capital). Famílias fornecem fatores e consomem bens e serviços. Empresas produzem bens e serviços e utilizam fatores. Rendimento total equivale à despesa total.

Intervenção do Estado nos Mercados

Justificada por ineficiências e injustiças do mercado (falhas de mercado). O Estado pode corrigir essas falhas sem assumir proeminência. Razões para intervenção:

  • Ignorância das leis econômicas (agrava problemas).
  • Imperativo de eficiência (corrige falhas que criam disparidades entre mercado e bem-estar social ou que subvertem a liberdade e concorrência).
  • Imperativo de justiça (justifica resultados distributivos no mercado de fatores).

Intervenções por eficiência são causadas por:

  • Externalidades: efeitos benéficos (positivas) ou maléficos (negativas) sobre terceiros sem compensação. Perturbam a eficiência e o bem-estar.
  • Poder de mercado: permite exploração do mecanismo de preços. A intervenção visa esvaziar esse poder.

Mecanismos de intervenção:

  • Eliminação de subsídios perversos.
  • Medidas internalizadoras para recompensar atividades benéficas e penalizar maléficas.
  • Reforço da regulação do acesso a recursos comuns.

Falhas de Intervenção

A intervenção estatal pode ser ineficaz devido à falibilidade humana, pressões políticas, informação imperfeita, planejamento deficiente e problemas de comunicação. A intervenção pode ser pior que a solução espontânea do mercado.

Interdependência e Trocas

A economia funciona eficientemente com divisão do trabalho, colaboração, troca e comunicação de necessidades e aptidões. A interdependência gera coesão e uniformidade.

Divisão do Trabalho

Interdependência nas atividades sociais e econômicas. Trocas livres (soma positiva) ocorrem com expectativa de ganhos recíprocos. Cooperação condicional aceita a interdependência baseada na reciprocidade.

Vantagens Absolutas

Determinam a especialização e a divisão do trabalho. Levam à diversidade social e à interdependência institucional.

Confiança e Equilíbrio nas Trocas

Troca implica compromisso e benefício objetivo para ambas as partes.

Vantagens Comparativas

Mesmo com vantagem absoluta em várias atividades, a especialização em atividades com maior produtividade relativa gera ganhos. David Ricardo exemplificou com a troca entre Grã-Bretanha e Portugal. A escassez limita a dedicação a cada atividade na autossuficiência. A especialização aumenta o bem-estar.

Fontes das Vantagens Comparativas

  • Dotações naturais ou herdadas (ex: petróleo).
  • Dotações adquiridas (capital): permitem melhorias e correção de desvantagens.

Capital Humano e Especializações

Capital humano (educação, formação, aptidões técnicas) impulsiona o crescimento econômico (ex: EUA em informática). Especialização potencializa capacidades produtivas:

  • Reduz a diversidade de tarefas, facilitando a aprendizagem.
  • Estabiliza tarefas repetitivas, aumentando a habilidade.
  • Favorece o progresso técnico e a inovação.

Divisão Internacional do Trabalho

Países menores e com mercados internos limitados dependem mais do comércio externo. A liberdade de circulação de trabalhadores e capitais promove crescimento e reduz pobreza. Multilateralismo é crucial.

Custos da Interdependência

Trocas aumentam a interdependência, o que implica custos.

Livre Cambismo, Protecionismo e Interdependência

Ganhos do livre comércio superam custos da perda de independência. Especialização aumenta eficiência e aproxima consumidores de fornecedores eficientes. Protecionismo é questionável, pois a concorrência internacional pode aumentar emprego e salários. Interdependência, apesar dos custos, gera prosperidade via divisão do trabalho e especialização.

As Forças de Mercado

Oferta e Procura

Oferta: conjunto de atitudes de quem oferece bens ou serviços, avaliando-os pelo custo.

Procura: conjunto de atitudes de quem busca satisfazer necessidades, avaliando bens e serviços pela utilidade.

Noção de Mercado Concorrencial

Interação entre vendedores e compradores interessados na transação de produtos ou fatores de produção.

Bens de produção conjunta ou complementares: produção de um bem requer a presença de outro (ex: gasolina e outros derivados do petróleo).

Bens complementares: utilizados em conjunto (ex: café e açúcar).

Bens sucedâneos: satisfazem a mesma necessidade (ex: manteiga e margarina).

Atomicidade

Em mercados com muitos participantes, decisões individuais se diluem, eliminando poder de mercado. Preço é um dado (price takers).

Liberdade de Entrada e Saída

Essencial para mercados competitivos. Controle de entrada/saída gera poder de mercado.

Fluidez

Consciência de um mercado único permite avaliação objetiva dos interesses, comparando preços e acessando vantagens da concorrência.

Nível Concorrencial

  • Concorrência perfeita: sem poder de mercado (price takers).
  • Monopólio/Oligopólio: poder de mercado (price makers).
  • Concorrência monopolística: produtos similares com diferenciação.

Fatores da Oferta

  • Dimensão do setor.
  • Progresso tecnológico.
  • Custo dos fatores.
  • Organização do mercado.
  • Eventos externos (conflitos, doenças, catástrofes).
  • Expectativas dos produtores.

Preços: correlação direta com quantidades oferecidas (lei da oferta).

Custo dos fatores: aumento de custos reduz oferta.

Rendibilidade de produções alternativas: produtores buscam maior lucro.

Tecnologia: reduz custos, expandindo oferta.

Dimensão do produtor: maior dimensão pode reduzir custos unitários.

Objetivos do produtor: outros objetivos além do lucro imediato podem influenciar a oferta.

Expectativas: previsões podem influenciar decisões e gerar efeitos autorrealizáveis (efeito de Édipo).

Fatores da Procura

  • Rendimento dos consumidores (elasticidade-rendimento).
  • Preferências.
  • Dimensão da população.
  • Expectativas.

Deslocações das Curvas

Movimento ao longo da curva: variação de preços. Deslocamento da curva: variação de outros fatores.

Formação do Equilíbrio

Intercepção das curvas de oferta e procura. Preço e quantidade de equilíbrio. Ponto de estabilidade com máxima satisfação combinada. Deslocamentos das curvas geram novos equilíbrios.

Estabilização e Desestabilização via Especulação

Procura: efeito estabilizador (expectativa de queda de preços) ou destabilizador (expectativa de aumento de preços).

Princípio do Hotelling

Preço de recursos não renováveis varia com taxa de juro real. Desconsidera efeitos do progresso tecnológico.

Elasticidade da Procura

Amplitude da reação à alteração de condições. Fatores:

  • Efeito rendimento: maior sensibilidade com restrições orçamentais.
  • Efeito substituição: maior sensibilidade com alternativas disponíveis.
  • Essencialidade das necessidades: menor elasticidade para necessidades primarias.
  • Perspectiva temporal: maior elasticidade com o tempo.

Cálculo da Elasticidade

Quociente entre variação percentual da quantidade procurada e variação percentual do preço.

Elasticidade Cruzada

  • Bens complementares: < 0.
  • Bens independentes: = 0.
  • Sucedâneos imperfeitos: entre 0 e infinito.
  • Sucedâneos perfeitos: infinito.

Elasticidade da Oferta

Quociente entre variação percentual da quantidade oferecida e variação percentual do preço.

Intervenções do Estado no Mercado

Intervenções visam corrigir resultados injustos ou ineficazes, mas podem gerar efeitos negativos.

Interferências na Lei da Oferta e da Procura

Preços máximos: dificultam o alcance do equilíbrio, gerando escassez e mercado negro (ex: congelamento de rendas).

Preços mínimos: geram excesso de oferta (ex: salário mínimo e desemprego).

Impostos: afetam preços e quantidades.

A Procura em Mercados Concorrenciais

Utilidade, Revelação de Preferências e Análise de Bem-Estar

Teoria das preferências reveladas (Samuelson). Análise de bem-estar avalia a desejabilidade social de situações econômicas.

Curva da Procura e Disposição de Pagar

Compra ocorre quando o benefício supera o sacrifício. Excedente do consumidor: diferença entre disposição de pagar e preço pago.

Maximização e Leis de Gossen

Consumidores com maior disposição de pagar têm maiores excedentes. Preço de mercado deixa área de excedentes. Redução de preços aumenta bem-estar e número de consumidores. Utilidade marginal de um euro: utilidade da última unidade dividida pelo preço. Equilíbrio maximiza utilidade total quando a utilidade marginal por euro é igual para todos os bens.

1ª Lei de Gossen: utilidade marginal decrescente.

2ª Lei de Gossen: maximização da satisfação requer utilidade marginal nivelada para todos os bens (equimarginalidade).

Curva da Oferta e Disposição de Vender

Preço mínimo para produzir mais uma unidade. Excedente do produtor: diferença entre preço recebido e disposição de vender.

Eficiência e Bem-Estar

Bem-estar geral: excedente total (consumidor + produtor). Excedente total: diferença entre valor para compradores e custo para vendedores.

Eficiência de Pareto

Eficiência máxima: não é possível aumentar o bem-estar de um sem reduzir o de outro. Requisitos:

  • Eficiência nas trocas.
  • Eficiência na produção (FPP).
  • Eficiência na combinação de produtos (preferências dos consumidores).

Perda de Bem-Estar Resultante de Impostos

Impostos reduzem bem-estar de compradores e vendedores. Perda absoluta de bem-estar "dead weight los"). Curva de Laffer: relação entre taxas de imposto e receita tributária.

Curvas de Indiferença

Representam preferências do consumidor. Curva mais alta tangente à reta orçamentária maximiza a satisfação.

A Escolha de um Nível de Poupança

Escolha entre consumo presente e futuro. Preço relativo do consumo presente: influenciado pela taxa de desconto e taxa de juro.

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