Introdução à Psicologia: Conceitos Chave e Teorias

Memória e Seus Processos

A memória é um processo cognitivo fundamental, essencial para a aprendizagem e a experiência humana. Ela se manifesta em diferentes tipos e estágios.

Tipos de Memória e Suas Características

• Memória Sensorial (ou Icônica): Estende a duração de estímulos apresentados brevemente, permitindo um processamento inicial.
• Memória de Curto Prazo (ou de Trabalho): Armazena informações por alguns segundos, sendo crucial para tarefas cognitivas imediatas. Está associada principalmente ao córtex frontal.
• Memória de Longo Prazo: Contém informações por minutos (como algo dito em uma conversa) ou durante uma vida inteira. O hipocampo desempenha um papel vital na formação de novas memórias de longo prazo.

Estágios da Memória: Codificação, Armazenamento e Recuperação

A formação e o acesso à memória envolvem três estágios principais:

1. Codificação: Processo inicial de transformar a informação em um formato que possa ser armazenado na memória.
2. Armazenamento: Manutenção da informação codificada ao longo do tempo.
3. Recuperação: Acesso à informação armazenada quando necessário.

Codificação da Memória: Fonológica, Visual e Semântica

Para codificar a informação na memória de trabalho, é necessário dar atenção a ela. A codificação pode ocorrer de diversas formas:

• Codificação Fonológica: Baseada nos sons, como os nomes dos dígitos.
• Codificação Visual: Utilizada para imagens e representações visuais.
• Codificação Semântica: Na memória de longo prazo, a codificação é frequentemente baseada nos significados dos itens (material verbal), reconhecimento de voz, impressões visuais, sabores e odores.

Fatores Emocionais e o Esquecimento

• Ensaio Elaborativo: Tendemos a pensar mais sobre situações emocionalmente carregadas, tanto positivas quanto negativas, do que sobre situações neutras, o que pode fortalecer a memória.
• Memórias Instantâneas (Flashbulb Memories): Registro vívido e relativamente permanente das circunstâncias em que soubemos de um evento significativo carregado de emoção.

Memória Explícita e Implícita

• Memória Explícita (Declarativa): Refere-se a memórias que podem ser conscientemente recordadas.
  • Episódica: Fatos e eventos pessoais (ex: o que você fez ontem).
  • Semântica: Conhecimentos gerais e fatos (ex: a capital da França).
• Memória Implícita (Não Declarativa): Manifesta-se em habilidades e aperfeiçoamento no desempenho de tarefas perceptivas, motoras ou cognitivas, sem recordação consciente das experiências que levaram ao aperfeiçoamento.

Identidade e Comportamento Sexual

A compreensão da identidade e do comportamento sexual envolve a distinção de vários conceitos:

• Sexo: Instituição de ser feminino ou masculino com base nas características biológicas.
• Gênero: Ideia de masculino e feminino construída socialmente.
• Identidade de Gênero: Sentir-se homem, mulher ou outra identidade de gênero.
• Orientação Sexual: Envolvimento durável emocional e/ou atração sexual por homens, mulheres ou por ambos os sexos.
• Comportamento Sexual: Como as pessoas expressam seus sentimentos e desejos sexuais, que pode ser diferente da orientação sexual.

Drogas e Seus Efeitos no Sistema Nervoso

As drogas psicoativas afetam o Sistema Nervoso Central (SNC) de diversas maneiras, alterando a percepção, o humor e o comportamento. O álcool, por exemplo, é um depressor do SNC.

As Três Drogas Mais Prejudiciais (Exemplos)

• Álcool
• Heroína
• Crack

Classificação das Drogas Psicoativas

• Depressoras: Inibem ou retardam a atividade do SNC, produzindo relaxamento, sedação, tranquilidade e desinibição. Ex: Álcool, tranquilizantes, inalantes.
• Estimulantes: Aceleram o SNC, produzindo um constante estado de alerta exagerado, insônia, hiperatividade e falta de apetite. Ex: Cocaína, crack, anfetaminas, nicotina.
• Perturbadoras (ou Alucinógenas): Provocam alterações no SNC, resultando em fenômenos psíquicos anormais, alucinações, delírios e ilusões. Ex: Maconha (Cannabis Sativa), Ecstasy.

Adicção a Drogas e o Sistema de Recompensa

Adicção: Ocorre quando emerge um padrão de comportamento de consumo compulsivo e destrutivo de uma substância.

Três fatores operam juntos para que as drogas sejam aditivas:

1. Superativação dos Sistemas de Recompensa no Cérebro: As drogas ultrapassam os incentivos naturais, gerando prazer intenso.
2. Síndrome de Abstinência Desagradável: A medida que uma droga é consumida repetidamente, os sistemas de prazer que ela ativa podem tornar-se cada vez mais resistentes à ativação, levando a sintomas de abstinência quando o uso é interrompido.
3. Tolerância: Necessidade de doses cada vez maiores para obter o mesmo efeito.

Teorias da Motivação

A motivação é o que impulsiona o comportamento humano. Diversas teorias tentam explicar suas origens:

1. Teoria dos Instintos: Fatores internos na motivação que refletem necessidades fisiológicas básicas.
2. Teoria do Incentivo: Foca nos objetos de motivação, como comida, bebida, parceiros sexuais, relacionamento com os outros, estima, dinheiro e recompensas do sucesso.

Incentivos: Reforçamentos Primários e Secundários

Os incentivos podem ser classificados em:

• Reforçamentos Primários: Independentes da aprendizagem anterior. Ex: Doce, sensação sexual.
• Reforçamentos Secundários: Dependentes de aprendizagem anterior. Ex: Notas, dinheiro.

Consciência e Percepção

Níveis de Consciência: Monitoramento e Inconsciente

• Monitoramento: Nossa consciência concentra-se em alguns estímulos e ignora outros, filtrando informações.
• Memórias Pré-Conscientes: Indica memórias que são acessíveis à consciência, mas não estão ativamente nela no momento.
• Inconsciente: Contém algumas memórias, impulsos e desejos que não são acessíveis à consciência de forma direta.

Princípios da Percepção Visual

A percepção é o processo de organizar e interpretar informações sensoriais. Alguns princípios da percepção visual incluem:

• Altura Relativa: Percebemos os objetos mais altos no plano como mais distantes. A situação se inverte por cima do horizonte, quando percebemos a ave mais alta como mais próxima.
• Interposição: Se um objeto está posicionado de modo a obstruir a visão de outro, o observador percebe o objeto que se sobrepõe como mais próximo.
• Tamanho Relativo: Se presumimos que dois objetos são similares no tamanho, percebemos o que projeta a menor imagem na nossa retina como o mais distante.

Fundamentos e Escolas da Psicologia

Nativismo vs. Empirismo: A Natureza do Conhecimento

• Nativista: Acredita que os seres humanos vêm ao mundo com um suprimento inato de conhecimento e entendimento da realidade (ex: Descartes).
• Empirista: Defende que o conhecimento é adquirido pelas experiências e interações com o mundo.

Estruturalismo e Funcionalismo

• Estruturalismo: Promovido por Titchener, foca na análise das estruturas mentais, buscando decompor a mente em seus elementos mais básicos.
• Funcionalismo: Desenvolvido por William James, busca a compreensão da consciência em sua natureza fluida e pessoal (influenciado por Darwin). O funcionalismo incluiu o comportamento como objeto de estudo.

Behaviorismo: O Estudo do Comportamento

Watson reagiu contra a concepção de que a experiência consciente era competência da psicologia. Ele afirmava que o comportamento é público, enquanto a consciência é privada. Watson defendia que quase todo comportamento é resultado de condicionamento e que o ambiente molda o comportamento reforçando hábitos específicos.

Gestalt: A Percepção da Forma

A escola da Gestalt, que significa “forma” ou “configuração”, foi promovida por Max Wertheimer e seus colegas Kurt Koffka e Wolfgang Köhler. Para a Gestalt, a percepção e as experiências perceptivas dependiam dos padrões formados pelos estímulos e da organização da experiência, ou seja, o todo é mais do que a soma de suas partes.

Aprendizagem e Condicionamento

Habituação: Adaptação a Estímulos

A habituação consiste na diminuição de uma resposta referente a um estímulo novo. Nós nos acostumamos aos novos estímulos e, em certo momento, passamos a ignorá-los. É por isso que não percebemos normalmente o barulho da rua, o tic-tac do relógio ou o cantar de um pássaro. Um bom exemplo são os bebês, que ao ver um rosto ou um objeto pela primeira vez têm uma fixação maior que diminuirá conforme observarem este objeto ou rosto outras vezes.

Condicionamento Clássico

No condicionamento clássico, um estímulo neutro passa a eliciar uma resposta após ser associado repetidamente a um estímulo que naturalmente provoca essa resposta. Por exemplo, na televisão, o clássico “plim plim” da Globo antes do término do comercial condiciona o espectador a correr para a sala, pois sabe que o filme começou.

Condicionamento Operante: Reforço e Punição

O condicionamento operante envolve a aprendizagem através das consequências do comportamento. As principais técnicas são:

• Reforço Positivo:
  • Apresentação de um estímulo agradável após um comportamento desejado.
  • Aumento da frequência do comportamento.
  • Exemplo: Se o aluno tiver boas notas, recebe um elogio.
• Reforço Negativo:
  • Remoção de um evento desagradável após o comportamento desejado.
  • Aumento da frequência do comportamento.
  • Exemplo: Se o rato puxar a alavanca, deixa de levar choques elétricos. Se o doente tomar os comprimidos, deixa de sentir dores.
• Punição Positiva:
  • Apresentação de uma consequência desagradável após a realização de um comportamento não desejado.
  • Diminuição da frequência do comportamento.
  • Exemplo: Se a criança faz birra, leva uma repreensão.
• Punição Negativa:
  • Remoção de um evento agradável após a realização de um comportamento não desejado.
  • Diminuição da frequência do comportamento.
  • Exemplo: Se o pombo defecar fora do local apropriado, é-lhe removida a alimentação. Se a criança partir um jarro, deixa de poder ver televisão durante uma semana.

O Sono: Fases REM e NREM

Basicamente, podemos dividir o sono em duas fases principais: REM (Movimento Rápido dos Olhos) e NREM (Movimento Não Rápido dos Olhos).

Estágios do Sono NREM e Sua Importância

O estado do NREM corresponde a aproximadamente 75% do período do sono e é dividido em quatro fases:

• Estágio 1: É a fase de sonolência, onde o indivíduo começa a sentir as primeiras sensações do sono. Nessa fase, a pessoa pode ser facilmente despertada.
• Estágio 2: Dura em média de 5 a 15 minutos. No estágio 2, a atividade cardíaca é reduzida, os músculos relaxam e a temperatura do corpo cai. É bem mais difícil de despertar o indivíduo.
• Estágio 3: Muito semelhante ao estágio 4, diferencia-se apenas em relação ao nível de profundidade do sono, que é um pouco menor.
• Estágio 4: Dura cerca de 40 minutos. É a fase onde o sono é muito profundo.

A fase do NREM é muito importante para o corpo, uma vez que é nela que ocorre a secreção dos hormônios do crescimento, sendo também essencial para a recuperação de energia física. É na fase NREM que realmente existe o descanso profundo e menor atividade neural. Após a fase 4, o indivíduo retorna ao estágio 3, estágio 2 e, então, entra na fase REM.