Introdução à Sociologia: Conceitos e Aplicações
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Introdução à Sociologia
Realidade Social
- É um conjunto de interações entre os seres humanos. Compreende as maneiras de sentir, de pensar e de agir; as relações sociais e as ações estabelecidas e socialmente aceites.
A ciência social depende do homem, apesar deste ser livre. Na ciência exata, como trabalhamos com números e ciências mecânicas, temos resultados certos e previsíveis. Por exemplo, um fenómeno social como o casamento pode ser analisado tendo em conta a sua evolução histórica, os seus aspetos culturais, a relação existente entre a população e os indivíduos em idade de casar e a importância económica das famílias, entre outros.
Génese da Sociologia
- Está associada a três revoluções que possibilitaram imensas transformações no pensamento e na sociedade:
- Revolução Científica - Possibilitou uma visão em que o conhecimento se deve basear em observações metódicas e não em especulações.
- Revolução Democrática - Alterou a ordem assente no antigo regime (absolutismo), proclamou os princípios do liberalismo, a separação de poderes e a ideia de que todos os homens nascem livres e iguais.
- Revolução Industrial - Iniciada no Reino Unido a partir da segunda metade do século XVIII e alargada posteriormente a outros países, nomeadamente aos da Europa continental e aos EUA, integrou em larga escala, nos processos industriais, nos transportes, nas minas e na agricultura, as descobertas científicas e tecnológicas.
Conceitos Fundamentais
Factos sociais - São factos correntes da vida em sociedade e traduzem-se por maneiras gerais de agir, pensar e sentir, impostas pela sociedade em que ocorrem.
Relatividade do facto social - Os factos sociais devem ser contextualizados pelo tempo e espaço em que ocorrem.
Exterioridade - Os factos sociais impõem-se de fora ao indivíduo como coisas exteriores à sua consciência.
Coercitividade - "Deriva da palavra coagir que significa pressionar ou quase obrigar". A sociedade constrange os indivíduos, é a mesma coisa que pressiona os indivíduos ao cumprimento de modelos de comportamento.
Pensadores Chave
Émile Durkheim é considerado o fundador da sociologia moderna. Para ele, os factos sociais eram a base do estudo da sociologia.
Max Weber e a sua mulher Marianne Weber foram dois grandes sociólogos no final do século XIX e início do século XX. Max Weber escreveu a obra "A Ética Protestante e o Espírito do Capitalismo", onde considerava que a ética, ora no sentido rural, no sentido de obrigação social, no sentido de obrigação pessoal da sua religião cristã protestante. Segundo Max Weber, o facto de os protestantes traduzirem a Bíblia para a sua própria língua e todos serem obrigados a saber ler a Bíblia, explica porque os povos protestantes do norte da Europa aprendiam todos a ler e a escrever.
Sociologia em Portugal
Até à Revolução do 25 de Abril de 1974, que implementou a democracia em Portugal, pouco se estudou a sociologia, porque o ditador António Salazar considerava a sociologia subversiva e revolucionária. Essa ditadura, chamada Estado Novo, durou de 28 de Maio de 1926 até 25 de Abril de 1974. Só a partir daí é que a sociologia se desenvolveu, evidenciando-se em 1975, a Associação Portuguesa de Sociologia.
Senso Comum vs. Atitude Científica
Senso comum - É a sensibilidade que as pessoas têm sobre tudo aquilo que as rodeia ou que é noticiado. Usamos os sentidos, absorvemos aquilo que julgamos ser a realidade e formamos a nossa opinião, que muitas vezes não corresponde à verdade e à realidade.
Atitude Científica - É diferente do senso comum. É preciso estudar, pesquisar, analisar, testar, comparar todo o facto social que queremos estudar, utilizando métodos científicos que podem incluir estatísticas, sondagens e investigação. Por exemplo, o senso comum diz-nos que há muitos jovens com trabalho precário, mas só uma atitude e um estudo científico é que em sociologia nos permite confirmar ou refutar essa ideia. O maior problema no senso comum são os preconceitos sociais que a ciência tem de ultrapassar.
Diversidade Cultural
Enculturação - Interação progressiva dos padrões culturais da comunidade onde o indivíduo cresce e vive, através de vários processos de transmissão social. Por exemplo, nós, na nossa vida desde criança, vamos absorvendo a cultura que nos rodeia e assim estamos a fazer enculturação, passando a ser um ser social.
Aculturação - Adoção de hábitos, comportamentos e objetos de outra cultura e a sua integração na nossa cultura ou na cultura do indivíduo que se desloca para viver e trabalhar noutra sociedade. Por exemplo, os emigrantes portugueses que vão viver para outros países, se se integram, recebendo outros valores sociais e culturais, estão a fazer aculturação.
Etnocentrismo cultural - É quando a etnia ou uma sociedade defende e impõe que os valores da sua cultura são o centro de tudo e mandam nas outras culturas. Por exemplo, o nazismo de Hitler que impunha os valores e a cultura da chamada raça ariana "alemã" a todas as outras, eliminando quem não seguia e não tinha esses valores.
Relativismo Cultural - Princípio que afirma que todos os sistemas culturais são iguais, isto é, são todos relativos. O problema é que há sociedades cujas tradições e até valores são crimes. E o crime não pode ser considerado cultural e nem social. O crime não é cultura, por exemplo, certas práticas da etnia cigana.
Interculturalismo - Quando duas culturas diferentes se interligam, respeitando os valores uma da outra, quando esses valores não são crime e se enquadram na Declaração Universal dos Direitos Humanos, que diz que todos os homens são iguais entre si e são iguais perante a lei democrática. Por exemplo, os emigrantes que vêm para Portugal e trazem a sua cultura, que se interliga com a portuguesa, enriquecendo as duas em valores.
O etnocentrismo é quando um grupo étnico ou etnia impõe aos outros a sua cultura por coação e perde força, porque defende que a sua cultura está no centro e é a melhor.
O Social e o Sociológico
Hoje temos as chamadas ciências sociais, que não são ciências exatas porque estudam o comportamento do homem em sociedade. O homem, como é um ser livre, tem sempre um grau de imprevisibilidade que o coloca como agente da ciência social. Por exemplo, a economia, a política, a demografia... A sociologia é uma ciência social que usa métodos científicos para estudar os comportamentos, as evoluções e as interligações dentro das sociedades e das sociedades entre si.
Métodos de Investigação em Sociologia
Método extensivo - Procura estudar as tendências gerais e comportamentais de uma sociedade alargada.
Método de análise intensivo - É quando se estuda profundamente um pequeno grupo de pessoas que são representativas da sociedade que queremos estudar.
A Sociologia das Empresas
Empresa capital intensivo - É aquela que tem muito capital investido, muitas máquinas, muita tecnologia e poucos trabalhadores.
Empresa de trabalho intensivo - Empresa que, por ter poucas máquinas ou baixa tecnologia, ou por uma opção de trabalho manual ou quase artesanal, possui muitos trabalhadores em relação à faturação. Esta realidade, associada aos chamados recibos verdes e ao trabalho por conta própria, cria uma nova sociedade e uma nova sociologia laboral. É de perguntar como se financiará a segurança social no futuro.
Estratégias de Investigação
Para fazer uma investigação em sociologia, primeiro é preciso montar uma estratégia de procedimentos: seleção de técnicas, controlo, integração dos resultados e verificação. Definir um público-alvo, que é o conjunto de indivíduos sobre os quais assenta a investigação, enfim, o universo do estudo.
- Estratégia intensiva - Estuda-se profundamente um fenómeno social, por exemplo, a droga.
- Estratégia de investigação extensiva - Estudam-se vários fenómenos sociais em populações numerosas, por exemplo, a influência da droga em todos os aspetos da vida dos portugueses.
- Estratégia de investigação-ação - O investigador participa com os investigados e utiliza os seus conhecimentos e resultados do processo de investigação na reflexão crítica para uma ação transformadora.