Inventário Florestal: Métodos, Tipos e Aplicações
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O que é Inventário Florestal?
Procedimento para obter informações sobre características quantitativas e qualitativas da floresta e características das áreas sobre as quais a floresta está se desenvolvendo. Inclui a estimativa da área, descrição da topografia, mapeamento da propriedade, descrição de acessos, facilidade de transporte da madeira, estimativa da qualidade e quantidade dos diferentes recursos florestais e estimativa de crescimento.
Permite conhecer o crescimento, a produtividade e o ciclo de nutrientes nos ecossistemas florestais, tanto naturais como implantados. Avalia o potencial das florestas para reduzir o efeito estufa, por meio da sua capacidade de armazenar carbono durante o processo natural de produção da biomassa. A quantificação da biomassa fornece informações sobre magnitude, qualidade e distribuição dos produtos da floresta. Importante do ponto de vista ecológico, permite estabelecer a produção real de um sítio florestal.
Por que Realizar um Inventário Florestal?
- Determinar o potencial produtivo da floresta.
- Mapear fatores bióticos e abióticos que influenciam a produção.
- Determinar custos de produção (no caso de florestas plantadas).
- Definir estratégias de manejo para obter uma produção sustentada.
- Fornecer estimativa do estoque atual de madeira em pé, essencial para a correta valorização da madeira a ser vendida ou adquirida.
- Obter informações de produção de madeira (m³/ha), produtividade e conhecimento qualitativo da floresta (como % de falhas e mortalidade) dos diversos materiais genéticos que compõem a floresta.
O inventário é considerado uma ferramenta essencial para a correta gestão do ativo florestal e, como tal, deve ser orçado nos custos de investimento florestal.
Classificação de Inventários Florestais
Quanto aos Objetivos
- Inventário de cunho tático: Realizados para atender à demanda de uma empresa florestal (dinâmica da floresta, elaboração de plano de manejo e exploração florestal). São mais detalhados.
- Inventário de cunho estratégico:
- Poder público: Auxilia na formulação de políticas de conservação, desenvolvimento e uso dos recursos florestais.
- Setor privado: Auxilia no planejamento da empresa (por exemplo, a instalação de uma nova indústria).
Quanto à Abrangência
- Inventário Florestal Nacional: Solicitado pela União para conhecer o potencial de suas riquezas. São geralmente extensivos e servem como base para definir políticas florestais e para elaborar planos de desenvolvimento e uso das florestas.
- Inventário Regional: Realizados em grandes áreas, visam embasar planos estratégicos de desenvolvimento regional, adoção de medidas visando preservar certas espécies, estudos de viabilidade de empresas florestais.
- Inventário de Áreas Restritas: São de cunho tático e visam determinar o potencial florestal para utilização imediata ou para embasar a elaboração de planos de manejo.
Tipos de Inventários em Florestas Plantadas
- Contínuo (IFC): Medição anual ou bienal das florestas (ex: eucalipto), com o objetivo de monitorar o crescimento e a produção da floresta a partir de 2 anos de idade. Utiliza as mesmas amostras de campo para as medições, obtendo precisas taxas anuais de crescimento e produção. Com estas taxas, são desenvolvidas equações matemáticas que possibilitam a previsão do volume de madeira na idade de corte.
- Pré-corte: Tem como objetivo obter a estimativa do volume de madeira em pé com a máxima precisão antes da colheita. É a principal ferramenta de negociação entre vendedor e comprador da madeira. Faz uso de 2 a 3 vezes mais amostras de campo quando comparado ao IFC.
- Qualitativo: Visa qualificar a floresta aos 6, 12 ou 18 meses de idade. Atesta a qualidade através da verificação da homogeneidade de altura, diâmetro e número de árvores plantadas, detectando problemas de implantação da floresta ou deficiências nutricionais.
- Auditoria ou Validação do Inventário Florestal: Procedimento para atestar a validade e a qualidade das estimativas volumétricas realizadas em um determinado inventário florestal. Utilizada quando existem dúvidas sobre uma determinada estimativa volumétrica.
- Pré-desbaste: Para produtores que estão manejando a floresta para produção de árvores de grande diâmetro, destinadas ao múltiplo uso da madeira. Pouco conhecido no mercado, requer procedimentos específicos para amostragem em campo e processamento de dados.
- Amostragem com Reposição Florestal: Uso de parcelas permanentes e/ou temporárias, que anualmente são redistribuídas em novos locais da floresta. A vantagem é garantir uma melhor precisão nas estimativas mantendo o mesmo custo do IFC.
Crescimento e Produção Florestal
Consiste no alongamento e engrossamento das raízes, troncos e galhos, causando mudanças na árvore, influenciando seu peso, volume e forma.
Formas de Expressar o Crescimento
- Incremento Corrente Anual (ICA): Crescimento ocorrido ou a diferença na produção do elemento dendrométrico considerado dentro do período de um ano.
- Incremento Médio Anual (IMA): Razão entre a produção do elemento dendrométrico considerado (a partir do ano zero) e a idade da população florestal ou da árvore.
- Incremento Periódico (IP): Crescimento do elemento dendrométrico considerado durante um determinado período de tempo. É uma das formas mais usuais de expressar o crescimento (principalmente no caso das florestas nativas).
Etapas do Inventário Florestal
- Planejamento da Amostragem: Necessário que o produtor possua mapa e informações históricas de plantio dos talhões a serem inventariados (mapa topográfico, cadastro de plantio).
- Coleta de Dados em Campo: Inclui a amostragem da floresta (medições realizadas em unidades ou parcelas amostrais) e a amostragem de árvores ou cubagem rigorosa (obtenção do volume real das árvores individuais em m³).
- Processamento de Dados: Corresponde às atividades de cálculos estatísticos envolvidos no inventário florestal.
- Relatório Final: Etapa final. Documento técnico que atesta o volume de madeira existente na floresta e as estatísticas de precisão inerentes ao processo de amostragem utilizado.
Procedimentos de Campo no Inventário
Incluem estudo piloto, medição de parcelas e das árvores, definição dos instrumentos de medição e seu uso, e uso de coletores de dados ou fichas de coleta.
Materiais comuns: Paquímetro, hipsômetro.
Quantificação da Biomassa Florestal
- Método Direto: Determinação do peso da biomassa fresca e seca.
- Método Indireto: Estima a biomassa por meio de modelos matemáticos a partir de dados de inventários florestais.
Cubagem: Medição de Volume de Madeira
Cubagem Rigorosa
Baseada na medição sucessiva de diâmetros ao longo do fuste com seções de comprimento iguais ou não, para obtenção do volume real da árvore. Tem como finalidade obter o fator de forma e gerar equações de volume e funções de afilamento para quantificar o sortimento. Envolve abate, medição de altura, marcação das seções e medição dos diâmetros para obtenção do volume.
Nota: A forma da árvore varia com a espécie, o espaçamento, idade, sítio e tratamentos silviculturais.
Métodos Comuns de Cubagem
A cubagem de toras considera fatores como diâmetro comercial, comprimento, quociente de forma, funções de afunilamento e diâmetro da copa.
- Xilometria: O volume de uma tora pode ser obtido com boa fidelidade mergulhando-a em água (após encharcamento) e anotando o volume de água deslocado. Método pouco prático e inviável para árvores em pé.
- Métodos Geométricos: Utilizam fórmulas baseadas em formas geométricas (ex: cilindro, cone) para estimar o volume do tronco ou de toras.
- Método de Smalian (adotado pelo IBAMA): Maneira comum para cubagem rigorosa, usando a expressão matemática de Smalian.
- Método de Huber: Assume que a tora é equivalente a um cilindro com mesmo comprimento e com área da base igual à área da seção mediana. Indicado para toras com forma de tronco de cone.
- Método de Newton: Coincide com a fórmula do método geométrico para toras com a forma de tronco de cone ou paraboloide.
- Método de Francon: Adotado por madeireiras (alegando perdas na pré-produção). Considera o volume de um cilindro com base na seção de menor área. Utilizado pelo IBAMA.
Modelos Volumétricos
Servem para estimar o volume de árvores que não passaram pelo processo de cubagem rigorosa, utilizando equações matemáticas baseadas em variáveis de fácil medição (como DAP e altura).