Kant: Crítica da Razão Pura e os Limites do Conhecimento

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Comentário sobre a Crítica da Razão Pura de Kant

Contexto: Kant na Filosofia Moderna e Iluminismo

Kant pertence ao período da filosofia moderna, especialmente ao movimento do Iluminismo. Influenciado pelas ideias racionalistas e empiristas sobre o conhecimento, ele ultrapassou as duas posições com a sua própria filosofia e idealismo transcendental original. Por outro lado, representou uma conquista na filosofia moral, propondo uma nova ética formal caracterizada pela defesa da dignidade humana acima de tudo.

Tópico Central: Limites da Razão Teórica

Não é possível aplicar o uso teórico da razão para além dos limites da experiência, pois isso invadiria o campo próprio da razão prática.

Ideias Principais da Crítica da Razão Pura

  1. A Crítica da Razão Pura tem uma utilidade negativa: um aviso de que nunca podemos ir além dos limites da experiência com o uso da razão teórica.
  2. Os princípios que a razão teórica usa para ir além das suas próprias fronteiras resultam em uma redução do uso da razão.
  3. Estes princípios destinam-se a estender os limites da sensibilidade (que só pode ser aplicada) e até mesmo suprimir a utilização prática da razão.
  4. A razão pura tem um uso prático necessário, cujo campo de ação se estende para além dos limites da experiência.

Análise da Estrutura Argumentativa do Texto

A tese principal do texto é apresentada no início, quando Kant afirma que a Crítica da Razão Pura nos diz que os limites do uso teórico da razão se encontram nas instalações da experiência. As premissas em que se baseia para apoiar essa tese são, em primeiro lugar, que os princípios com os quais a razão especulativa tenta ir além dos limites da experiência mostram não uma extensão, mas uma redução no uso de nossa razão. A prova disso aparece na premissa que afirma que esses princípios ameaçam estender os limites da sensibilidade e reprimir a utilização prática da razão. Finalmente, o texto conclui observando que o que está indicado nas ideias apresentadas acima será mais claramente reconhecido se considerarmos uma segunda aplicação da razão para ir além da experiência: o uso prático da razão, aliás, absolutamente necessário.

Explicação Detalhada da Crítica da Razão Pura

A Crítica da Razão Pura é a obra-prima de I. Kant. Símbolo da superação kantiana das visões crítica, racionalista e empirista do conhecimento, este trabalho tem como objetivo a análise dos limites do conhecimento racional da realidade. Com efeito, Kant, observando o enorme crescimento experimentado pela ciência moderna desde o tempo de Galileu, foi levado a perguntar por que a metafísica permaneceu estagnada e atolada em digressões intermináveis que, por outro lado, não levavam a lugar algum. A questão da metafísica e a tarefa a ser esclarecida, portanto, seria saber quais as condições que a matemática e a física partilham para serem consideradas ciência e verificar se o mesmo se aplica à metafísica. Neste texto, portanto, aparece a tese fundamental da teoria kantiana do conhecimento, baseada numa análise do projeto da faculdade racional.

A Distinção entre Razão Teórica e Prática

Para Kant, o conhecimento tem limites, dados pela experiência, seja interna ou externa, além dos quais nenhum conhecimento pode obter um caráter científico. Digo científico e não moral, porque, como é visto no texto, Kant diferencia entre dois usos da mesma faculdade: a razão. Assim, o nosso filósofo distingue entre uma dimensão teórica e uma dimensão prática da razão. O uso teórico da razão, para Kant, pertence ao reino do ser e, portanto, ao conhecimento científico da realidade. A análise neste campo o levou a concluir que só podemos conhecer fenômenos e, teoricamente, pois, nesta dimensão, como afirmado no texto, a razão tem limites.

O Papel das Condições A Priori no Conhecimento

A experiência sensorial, que Kant chamou de campo de conhecimento, seria determinada por uma série de condições a priori que Kant classificou como formas a priori da sensibilidade (espaço e tempo) e os conceitos puros do entendimento (categorias). Assim, o conhecimento começa com a experiência, mas nem tudo depende dela. Kant, contrariando todas as teorias anteriores do conhecimento, afirma que não é o objeto que define as condições do conhecimento, mas sim o sujeito. Quando conhecemos, não apreendemos o objeto como ele é, mas o transformamos, adaptando-o às condições a priori que transcendem o sujeito para aplicar o material da experiência.

Limites da Razão Especulativa e a Necessidade da Razão Prática

Mas estas condições a priori, ou, como afirmado no texto, estes princípios da razão especulativa com os quais se tenta ultrapassar os limites da experiência, não representam uma expansão, mas uma redução no uso da razão. Ambas as formas a priori da sensibilidade e as categorias só podem ser aplicadas ao material que a experiência fornece; portanto, não produzem conhecimento por si só, ao contrário do que afirmaria um racionalista. Se esses princípios se aventurarem além dos seus limites, o sujeito produzirá apenas a ilusão de um conhecimento verdadeiro, quando o que realmente seriam produzidos são erros por engano. Por esse motivo, declarado no final do fragmento, é necessário observar que, além do uso teórico, há um uso prático da razão que, por outro lado, é absolutamente necessário.

Postulados da Razão Prática e a Fé Racional

O uso prático da razão, como o texto indica, estende-se além dos limites da experiência ao transformar conceitos metafísicos nas condições de possibilidade da moralidade. Assim, a liberdade humana, a imortalidade da alma e a ideia de Deus como um símbolo do bem supremo são os postulados da razão prática sobre os quais, por outro lado, se pode obter um melhor conhecimento. Essas suposições não são fenômenos, mas noúmenos nos quais só se pode ter fé, mas, sim, uma fé racional. É a esperança e não o conhecimento, mas sempre uma esperança baseada em argumentos racionais.

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