Lazer na Terceira Idade e Formação Profissional
Classificado em Desporto e Educação Física
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Lazer na Terceira Idade
Em projeção, o Ministério da Saúde acredita que teremos 15% dos habitantes na terceira idade em 2020. Atualmente, 7,8% de nossa população é idosa. Mesmo considerando o processo de envelhecimento inevitável, a maioria das patologias que acometem o idoso está relacionada à falta de exercício.
De fato, a partir dos 50 anos, e agravando-se dos 70 anos em diante, algumas perdas dão uma impressão negativa do envelhecimento: perda de energia, perdas celulares, enfermidades degenerativas próprias do idoso, deficiência auditiva e visual, enfraquecimento dos ossos, dos tendões e dos ligamentos, diminuição da ação e reação, irritabilidade, apego ao conservadorismo e negação da velhice.
Mas o envelhecimento não pode ser visto apenas como uma fase de perdas. A atividade física possui indicadores de contribuição em relação ao retardamento e normalização dos efeitos supracitados. Portanto, diante dos benefícios trazidos por uma atividade física adequadamente orientada, a Educação Física se justifica por atuar na diminuição dos efeitos deletérios, melhoria da sociabilidade, desenvolvimento da coordenação motora para maior autonomia nas atividades do cotidiano e preservação da saúde e do bem-estar.
A qualidade de vida é obtida com a vivência de atividades criativas, que sejam agradáveis e que contribuam para o desenvolvimento global da pessoa. O idoso é uma pessoa madura e sabe que o importante é ser feliz a cada momento. Ele não quer sair de uma ginástica ou uma partida com o corpo dolorido, embora seja perfeitamente possível programar-lhes exercícios de sobrecarga. Cada vez mais pessoas chegam saudáveis à terceira idade, desejosas por novas experiências.
Outros aspectos do lazer também contribuem para a qualidade de vida do idoso, como de qualquer outra pessoa. As viagens facilitam a formação de grupos de amizade, realizam desejos adiados, forçam a autonomia e a cognição. As reuniões em clubes desempenham importantes aspectos ao desenvolvimento individual e interpessoal dos frequentadores. Não é surpresa detectar que os exercícios físicos, o excursionismo e os bailes sejam tão comuns entre esses grupos.
A questão problemática é que existem aposentados que, mesmo possuindo condições físicas e financeiras, não aceitam o lazer porque a referência da pessoa é o trabalho. É fácil entender esse tipo de comportamento, uma vez que as pessoas, de modo geral, são valorizadas, durante toda a sua vida, principalmente pela sua atividade profissional desenvolvida.
Também pesam sobre os idosos alguns preconceitos, limitando seu direito à sexualidade e ao lazer. É interessante questionarmos se de fato precisamos criar idades nas quais as pessoas tenham que se enquadrar. Será que os idosos precisam da defesa das instituições para usufruir o lazer? Essas questões dão o que pensar...
Formação do Profissional
As Características e o Perfil do Profissional do Lazer
O profissional deve estar sempre estudando, cultivando relações pessoais, buscando melhorar sua atividade e seu ambiente de trabalho. Na formação profissional, é necessário estudar matérias que estimulem um pensamento crítico sobre a história, a cultura, o meio ambiente, o homem e a sociedade. Concomitante à formação geral, deve-se proporcionar o conhecimento disciplinar, específico do curso, sempre voltado a ensinar o acadêmico a recriar e não copiar programas, projetos, metodologias e atividades.
É preciso, também, estimular alguns saberes. O saber comunicar-se estaria relacionado a argumentar e expor o ponto de vista. Também, neste aspecto, é importante tomar cuidado com gírias, insegurança e o uso inadequado de palavras. O bom animador nem precisa gritar, até porque acaba demonstrando perda de controle. É preciso saber liderar, valorizando o trabalho em equipe (e não "euquipe"). A função do líder é facilitar o grupo a decidir por si.
O profissional do lazer deve saber ser oportuno. Ao convidar uma pessoa para qualquer dinâmica, o discernimento conta muito para evitar passar-se por chato, daqueles que tentam obrigar as pessoas a se divertirem.
É necessário saber valorizar todas as pessoas. É ainda muito comum observar que um recreador acaba investindo mais atenção às pessoas com as quais possui afinidades ou interesse. Enquanto isso, aqueles que mais precisam do profissional, seja para aprender a jogar determinado esporte ou receber informações sobre um hobby, acabam menosprezados.
Enfim, a reflexão sobre o cotidiano também nos permite alguns saberes que, unidos aos conhecimentos formais (livros, pesquisas, aulas), forjam o profissional de lazer. Para adquirir todos esses saberes, disciplina e criatividade são fatores preponderantes: saber ser disciplinado para adaptar-se a tais qualidades requeridas e saber ser criativo para inventar uma maneira única de manifestar tais qualidades dentro do seu jeito de ser.
Algumas atitudes importantes para a formação profissional no lazer são:
- Formação de uma cultura sólida, com conhecimento geral, mesmo que se vá atuar numa área específica (dança, música, viagens, eventos, festas, artesanato);
- Participação em grupo de estudo e lista de discussão virtual sobre o lazer;
- Assinar revistas científicas especializadas, ler livros e jornais;
- Participar de eventos acadêmicos que reunam especialistas da área;
- Saber que a formação é um processo sem fim: graduação, pós-graduações, cursos, congressos, leituras, trocas de informações, registrar seus erros e acertos.
A Atuação Profissional
O profissional do lazer é um especialista que possui os conhecimentos da área e age em uma competência específica ou coordenando todos os campos de atuação. Por competência específica, entenda-se um foco restrito dentro dos conteúdos culturais do lazer, como as viagens, os exercícios, os jogos, as reuniões ou as artes. São serviços comuns ao profissional do lazer:
- Animar grupos, diretamente ou pela mídia;
- Avaliar os serviços prestados por outros profissionais;
- Coordenar equipes com profissionais variados;
- Dirigir clubes, centros culturais e setores em órgãos públicos e hotéis;
- Pesquisar a manifestação do lazer na sociedade ou em grupos delimitados;
- Planejar equipamentos, programas e atividades de lazer;
- Promover eventos que atendam a diferentes interesses;
- Orientar a prática de atividades de lazer;
- Realizar consultorias;
- Treinar recursos humanos da área.