O Liberalismo Econômico e as Crises do Capitalismo
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Os princípios do liberalismo econômico encontraram várias resistências à sua aplicação. Políticos, indústrias e grandes proprietários, defensores da liberdade política, olhavam com desconfiança para a livre circulação de mercadorias. Proteger a produção nacional da concorrência estrangeira parecia, a muitos, a política mais acertada.
A Ascensão do Livre-Cambismo na Grã-Bretanha
No entanto, na Grã-Bretanha, a corrente livre-cambista era muito forte. Segundo David Ricardo, a liberdade comercial asseguraria o desenvolvimento e a riqueza de todas as regiões no mundo, na medida em que, face à concorrência, cada uma se via obrigada a produzir o que fosse mais compatível com as suas condições naturais. Assim, o mundo seria transformado numa "imensa fábrica" em que cada país tinha o lugar de uma próspera oficina.
Estas ideias acabaram por se impor por Sir Robert Peel, que primeiramente baixou os direitos de entrada e, aos poucos, a taxa alfandegária do Reino Unido foi diminuindo: em 1840, cobravam-se direitos de entrada sobre 1550 produtos e, em 1860, por 48.
Expansão e Impacto do Livre-Cambismo
A adoção do livre-cambismo em Inglaterra teve repercussões no país e no estrangeiro. Entre 1850 e 1870, a tendência livre-cambista dominou a Europa e até mesmo os EUA. O comércio internacional conheceu um período de forte crescimento. O liberalismo econômico enquadrava-se na lógica do capitalismo, quer nos setores produtivos, quer nas trocas comerciais, sendo que a liberdade de iniciativa era o quadro mais favorável à criação de riqueza e à obtenção de lucros.
Desafios e Crises Cíclicas do Capitalismo
Contudo, as previsões de crescimento igual e harmonioso entre as nações não se verificaram, e o livre-cambismo colocou dificuldades ao processo de industrialização dos países mais atrasados, que não conseguiam competir com os produtos das potências industriais. Até nas nações desenvolvidas, o ritmo econômico era abalado pelas crises cíclicas que sucediam em intervalos de 6 a 10 anos e que, segundo Clement Juglar, caracterizam-se:
- 1. Fase de Crescimento Econômico: Quando a produção aumenta e as atividades financeiras expandem-se de maneira a responder à procura dos consumidores.
- 2. Fase de Crise: A diminuição da produção, descida dos preços de maneira a tentarem escoar o excesso de produção acumulada (crise de superprodução); stocks acumulam-se nos armazéns, fazendo as empresas suspender o fabrico.