Limite Apical e Localizadores Foraminais: Guia Completo em Endodontia

Limite Apical e Localizadores Foraminais

Um estudo observou a existência de um canal dentinário, no qual trabalhamos, e, posteriormente, o canal cementário, localizado aproximadamente 1 mm aquém do ápice dental. Esse último milímetro foi denominado limite CDC, sendo o ponto de maior constrição apical, onde o canal dentinário (limite de obturação do CD) se encontra com o canal cementário e é constituído de tecido periodontal. Anteriormente, acreditava-se que não era necessário instrumentar até este limite, devendo-se deixar esse 1 mm de segurança para evitar uma instrumentação além do ápice. No entanto, com a evolução dos estudos, comprovou-se a necessidade de instrumentar até o limite CDC para prevenir a permanência de restos de polpa inflamada e microrganismos no local, evitando assim a reinfecção.

Portanto, é recomendada a patência do forame com a lima 10, mesmo em canais curvos, devido à sua importância biológica. Em casos de polpa viva, evita a formação de tecido cronicamente inflamado ou necrosado e, consequentemente, dor pós-operatória. Em casos de polpa necrosada, impede a permanência de debris dentinários e microrganismos. Sua importância técnica reside na manutenção constante do canal, mantendo-o sempre livre.

Nem sempre o ápice radiográfico ou a linha do canal coincide com o forame, pois em algumas situações o forame emerge lateralmente, ou seja, para o lado e não para baixo. Assim, o uso do localizador é mais confiável do que a radiografia para determinar sua posição. Por vezes, não apenas o forame, mas também a região apical pode apresentar curvatura devido à formação do dente. A saída lateral do forame é ainda mais comum em pacientes idosos devido ao depósito de cemento.

Técnicas de Instrumentação do Limite Apical

• Método Radiográfico: Posicionamento adequado do filme, angulação do raio X, sobreposição de estruturas anatômicas (como o processo zigomático) ou grampos, tempo de exposição do feixe de raio X, processamento adequado (revelador 1 min, água 10 s, fixador 10 min e água).
• Fatores Inconvenientes: Limitações e distorções inerentes à interpretação, abertura de boca, sensação de náuseas, imagem bidimensional (não permite observar detalhes como a visão proximal; no caso da raiz palatina de molares superiores e da raiz de incisivo central superior, o forame emerge lateralmente, o que não é visível na radiografia), exposição à radiação.
• Técnica de Ingle: Inserir a lima no canal dentinário (CD) e radiografar para realizar a odontometria.

Localizadores Eletrônicos Apicais

O localizador foraminal permite determinar eletronicamente o Comprimento Real do Dente (CRD) e, consequentemente, o Comprimento Real de Trabalho (CRT). A primeira geração desses aparelhos causava dor e desconforto (choques elétricos), exigia que o canal estivesse seco e apresentava medição imprecisa. Na segunda geração, com uma única frequência, houve maior conforto ao paciente (sem choques), mas ainda era necessária a secagem do canal e a remoção total da polpa, e os índices de precisão eram discutíveis. Finalmente, a terceira geração introduziu duas ou mais frequências (sendo duas já suficientes), proporcionando conforto ao paciente, menor influência das condições do canal e um excelente índice de confiabilidade (rapidez e precisão).

A tela do localizador exibe números de 3 a 0 e apresenta dois polos para a passagem da corrente elétrica: um porta-lima e uma alça que se posiciona na fissura labial. A corrente elétrica deve passar de um polo para o outro. Ela consegue atravessar a mucosa, mas ao atingir a dentina, causa um impedimento à sua passagem. O aparelho identifica a chegada ao forame ao detectar que não há mais impedimento à passagem da corrente elétrica, que era causado pela dentina. O visor converte a passagem da corrente elétrica em uma representação visual. Deve-se abaixar a lima até que o aparelho indique a chegada ao forame, que corresponde à primeira barra vermelha na tela. Ao atingir o forame, o stop deve ser ajustado sem alterar o comprimento da lima, e então o comprimento é medido na régua, resultando no Comprimento Real do Dente (CRD).