Linguagem, Consciência e a Evolução Humana: Uma Análise
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O Homem Cria e Utiliza a Linguagem
Para o psicólogo Alexis Leontiev, a linguagem é o elemento concreto que permite ao ser humano ter consciência das coisas. Contudo, para se chegar à linguagem, houve alguns antecedentes. Se raciocinarmos em termos evolutivos (baseados na teoria evolucionista de Darwin), o homem teve sua origem a partir de um antropoide.
Condições para o Surgimento da Linguagem
As condições para que o homem chegasse à linguagem foram as seguintes:
- Esse antropoide aprendeu a andar sem usar as mãos, ficando ereto e com as mãos livres;
- Esse antropoide vivia em grupo (como ocorreu com muitas espécies de macacos);
- Esse grupo de antropoides tinha dedo opositor, o que permitia a utilização de instrumentos (por exemplo, um pedaço de pau para apanhar alimentos);
- O sistema nervoso dispunha de suporte mínimo para o desenvolvimento da linguagem.
No decorrer da evolução do homem atual (cerca de 5 milhões de anos, desde o aparecimento do Australopithecus afarensis, o primeiro antropoide ou macaco com características humanoides, até o Homo neanderthalensis e o Homo sapiens primitivos — nossos antepassados diretos, que provavelmente surgiram há 30 mil anos), aprendemos a transformar o instrumento em instrumento de trabalho (instrumento com objetivo determinado), a registrá-lo simbolicamente em nosso sistema nervoso central (aparecimento da consciência) e a denominá-lo (aparecimento da linguagem).
Este desenvolvimento foi, evidentemente, muito lento (5 milhões de anos representam muito, muito tempo). Cada avanço representou uma enorme conquista para o desenvolvimento da humanidade. A descoberta de que a vocalização (transformação de um grunhido em som com significado) poderia ser usada na comunicação equivale, nos tempos atuais, à descoberta dos chips eletrónicos.
O fato é que o instrumento de trabalho induz o aparecimento da consciência (isso ocorre de forma concomitante) e cria as condições para o surgimento da linguagem — três condições que impulsionam o desenvolvimento humano.
A Consciência e a Compreensão do Mundo
Todos nós já observamos o comportamento de uma pequena aranha na sua teia. A teia é tecida para garantir sua alimentação e, quando um inseto desavisado bate nessa teia, fica preso. O inseto, que também luta pela sobrevivência, debate-se tentando escapar da armadilha. Esta vibração é uma espécie de aviso para a aranha, que dispara em direção a ela e envolve o inseto, aplicando-lhe seu veneno.
Se pegarmos um diapasão e vibrarmos esse instrumento junto à teia da aranha, estaremos simulando uma situação parecida com a vibração causada pelo inseto. O resultado é que a aranha irá ao encontro do ponto de vibração e envolverá com seu fio aquele ponto vibrante, mesmo sem nenhum inseto. Esta simples experiência demonstra que o comportamento da aranha é predeterminado, geneticamente marcado.
O homem, diferentemente, compreende o que ocorre na realidade do ambiente. Quando percebemos algo, refletimos esse real na forma de imagem em nosso pensamento. Muitos animais apresentam essa possibilidade. Mas nós, humanos, compreendemos — relacionando e conceituando — o que está à nossa volta.
A Consciência reflete o mundo objetivo. É a construção, no nível subjetivo, da realidade objetiva. Sua formação se deve ao trabalho e às relações sociais surgidas entre os homens no decorrer da produção dos meios necessários para a vida.
Este fator fundamental, a consciência, separa o homem dos outros animais e é o que lhe dá condições de avaliar o mundo que o cerca e a si mesmo. Só o homem é capaz de fazer uma poesia perguntando algo muito difícil de responder: “Quem sou eu? De onde vim?”
Sem dúvida, a compreensão ou o saber que o homem desenvolve sobre a realidade não se encontra todo como saber consciente (conhecimento). O homem sabe seu mundo de várias formas:
- Através das emoções e sentimentos;
- Através do inconsciente.
Portanto, essas formas também se constituem como características do humano. A consciência (incluída a consciência de si), sentimentos, emoções e o inconsciente podem ser reunidos no que chamamos, em Psicologia, de Subjetividade ou mundo interno.