Linguística: Objeto, Método e Principais Correntes
Classificado em Psicologia e Sociologia
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O objeto de estudo da Linguística. Como se sabe, não há ciência sem objeto e métodos próprios, por isso a Linguística dispõe de um objeto e métodos bem característicos. A Filosofia da Linguagem, embora não seja Linguística, orienta-se para o mesmo objeto de estudo: a linguagem. O objeto materialmente nestas duas ciências é o mesmo, mas formalmente não o é. A Filosofia procura na linguagem a sua essência específica, enquanto que a Linguística procura conhecê-la através das suas manifestações concretas. Por outras palavras, a Linguística estuda a linguagem por intermédio das línguas, ao passo que a Filosofia se cinge ao domínio da racionalidade intrínseca da linguagem. Não há, pois, Linguística sem a ampla indagação dos fenómenos de linguagem, ou seja, das línguas conhecidas, vivas ou mortas, ou até reconstituídas. Um linguista é, desta forma, um especialista em qualquer dos ramos das línguas historicamente atestadas. O termo 'língua' é o termo mais antigo do vocabulário científico; contudo, é principalmente a partir de Ferdinand de Saussure (considerado o criador da Linguística moderna) que a palavra passou a ter um sentido mais técnico, uma vez que foi ele quem criou uma distinção entre langue (língua) e parole (fala). A langue é social e virtual, ao passo que a parole é individual e atual. Segundo Saussure, a langue é um sistema de sinais, concluindo que esta é sistemática. Dizendo isto, pôs em causa outros autores que, posto isto, declaram que a parole não é sistemática. Não sendo esta a posição saussureana, que diz que a langue é um sistema em repouso, ao passo que a parole é um sistema em ação, daí impor-se uma dicotomia entre a langue e a parole. Desta forma, Saussure considerava a langue como a propriamente dita, aquela para a qual a Linguística tem o seu único objeto, mas excluiu a parole, pois, no seu entender, linguagem era igual a langue mais parole.
Assinalado o objeto de estudo da ciência da linguagem, falta assinalar o método de estudo. O primeiro método usado pela Linguística para estudar a linguagem foi o histórico-comparativo, aplicado por Franz Bopp, dominando desta forma a ideia de evolução em todos os sentidos, e as línguas estavam sujeitas à lei natural da evolução. Mas, passados uns anos, alguns linguistas reagiram contra a conceção naturalista do fenómeno linguístico e passaram a considerá-lo como de caráter cultural, dominando o conceito de que as línguas são estruturadas e a função do linguista é descrever essas estruturas. A partir de Noam Chomsky, a Linguística entrou numa nova fase, dita generativa. No século XX, a Linguística estruturalista passa por dois momentos: a descritivista e a generativo-transformacional. A diferença entre elas está em que, para o estruturalismo descritivista, a gramática simplesmente decompõe o contínuo linguístico nas suas partes mínimas (fonemas, morfemas, lexemas, etc.) e estuda a linearidade da fala; por isso, tal momento já foi designado por taxionómico. Ao passo que a gramática generativa, em vez de partir do contínuo, do texto já elaborado, desloca-se para a competência do falante e procura descrever o processo lógico que o leva, por meio de um número finito de regras, a gerar um número infinito de frases. É nesta fase generativa que se encontra a Linguística moderna.