A Lírica Espanhola do Século XVI: Amor e Religião
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A Lírica Amorosa: Garcilaso de la Vega
Na primeira metade do século XVI, o amor era um novo tema fundamental na poesia, inspirado nas métricas e temas da lírica italiana.
Garcilaso de la Vega: Vida e Obra
Poeta de Toledo, Garcilaso era hábil em expressar seus sentimentos de alegria e tristeza. Esteve várias vezes na Itália, entrando em contato com a cultura renascentista do país. Foi ele quem introduziu na poesia espanhola os diferentes tipos de métricas que faziam sucesso na Itália.
Nos temas de suas obras, podemos distinguir entre:
O Amor Idealizado:
Apresenta a figura feminina como uma pessoa idealizada e perfeita. O poeta utiliza várias metáforas, como 'cabelo de ouro'.
A Natureza Idealizada:
Neste tema, Garcilaso mostra o amor em cenários de locus amoenus (lugar agradável), onde as queixas amorosas se manifestam.
Carpe Diem:
Significa 'aproveitar o dia'. O autor apresenta o amante idealizado e o incita a desfrutar da beleza antes que a passagem do tempo a afete.
Temas Mitológicos:
Estão muito presentes em seus poemas, refletindo o retorno do Renascimento ao mundo clássico.
Sua produção literária não é extensa: duas elegias, três éclogas, uma epístola, cinco canções e trinta e oito sonetos.
A Lírica Religiosa
Na segunda metade do século XVI, a lírica religiosa surge na literatura, impulsionada pelos sentimentos religiosos e pela Contrarreforma, que levou as ordens religiosas tradicionais a adotarem normas mais estritas. No Concílio de Trento, foi adotada a restauração do Tribunal do Santo Ofício, sendo este o principal impulsionador da Contrarreforma.
A literatura religiosa desta época é constituída por poetas como Fray Luis de León, San Juan de la Cruz e Santa Teresa de Jesus, nos quais a pessoa amada passa a ter a divindade. Há duas maneiras de estabelecer um relacionamento com Deus nestes poemas:
A Ascética:
O poeta busca alcançar a salvação, purificando a alma e afastando-se do terreno.
A Mística:
As almas escolhidas por Deus buscam uma união direta e íntima com Ele, transcendendo o mundo material.
Fray Luis de León:
Fray Luis de León era um estudioso familiarizado com várias línguas. Seus poemas são caracterizados por temas cristãos e renascentistas, utilizando hendecassílabos. Seus modelos literários eram Horácio e Virgílio, e ele buscava a calma, a alegria e a serenidade. Utilizava formas métricas que não eram comuns, sendo influenciado por Petrarca. Sua obra não é extensa, e entre seus livros destacam-se: 'À Salinas', 'Noite Serena' e 'A Vida Retirada'. Em todos os seus livros, ele busca a paz, a serenidade e a calma da natureza. Seus poemas são caracterizados pela simplicidade, mas usam repetidamente o encadeamento.
San Juan de la Cruz:
Em suas obras, San Juan de la Cruz expôs várias tendências do Renascimento na segunda metade do século XVI. Ele comunica seu encontro com Deus na obra, e para isso a alma passa por três vias:
Purgativa:
A alma se afasta das coisas terrenas e se foca em Deus.
Iluminativa:
A alma recebe a iluminação de Deus.
Unitiva:
A alma se une a Deus e atinge o êxtase místico.
As principais obras deste autor são três poemas: 'Noite Escura da Alma', 'Chama Viva de Amor' e 'Cântico Espiritual'. No 'Cântico Espiritual', ele apresenta o diálogo e o encontro entre Deus e a alma. Isso também é mostrado na 'Noite Escura da Alma', onde a noite é o símbolo da purificação que Deus opera no homem. Na 'Chama Viva de Amor', o autor explica os sentimentos de dor e prazer que acompanham o encontro com Deus.
Santa Teresa de Jesus:
A poesia de Santa Teresa de Jesus é considerada menos interessante do que sua vasta obra em prosa. Ela compôs seus poemas e utilizou metros de tradição popular. Alguns dos poemas que lhe são atribuídos pertencem à tradição popular.