A Literatura Espanhola Pós-Franco: Novela e Tendências
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A Literatura Atual: Políticas e Sociais (Caso 1)
Em 1975, após a morte de Franco, iniciou-se uma nova era na história da Espanha, marcada por rápidas transformações democráticas e pela integração do país à política europeia e internacional. A partir de 1976, com a aprovação do projeto de reforma política proposto por Adolfo Suarez, a transição para a democracia se concretizou: partidos políticos foram legalizados, eleições gerais foram convocadas e realizadas, resultando nas Cortes Constituintes e na Constituição Espanhola de 1978. A Espanha alcançou reconhecimento internacional como uma democracia plena e, em 1985, ingressou na Comunidade Econômica Europeia como membro de pleno direito.
Esses desenvolvimentos permitiram a plena participação da Espanha na atividade política internacional e o rápido desenvolvimento de uma sociedade dinâmica, alinhada com as novas tendências da cultura ocidental.
O ano de 1975 é frequentemente considerado o ponto de partida para o estudo da literatura espanhola mais recente, devido ao impacto significativo dos eventos históricos no campo da cultura. No entanto, é importante notar que a obra dos escritores não sofreu uma transformação súbita a partir desse momento.
Os contatos internacionais e a redescoberta da vanguarda revitalizaram a literatura espanhola. Nos anos 60, os escritores começaram a rejeitar o realismo social, experimentando novas técnicas de expressão e explorando diversos gêneros. Nos últimos anos, tem havido um retorno às formas literárias tradicionais. A literatura latino-americana viveu um período de esplendor, com escritores como Gabriel García Márquez, Julio Cortázar, Vargas Llosa e Carlos Fuentes influenciando o romance espanhol.
Além disso, outras línguas peninsulares (o Euskara, Galego e Catalão) recuperaram seu passado literário após um longo período de censura. Nessas décadas, multiplicaram-se os prêmios literários e a participação em feiras do livro, inaugurando um período de grande vitalidade editorial e enriquecendo a vida cultural do país.
A Novela: Crescimento Excepcional
Nos últimos anos, a narrativa alcançou um crescimento excepcional. A publicação de romances aumentou, assim como a de histórias curtas. O apelo da nova narrativa é evidente na proliferação de opiniões nos jornais, na presença frequente de escritores na mídia, nos inúmeros prêmios literários concedidos e no interesse com que o público recebe as notícias.
Problemas, Tendências e Personagens:
Os autores seguem tendências variadas, em grande parte devido aos seguintes fatores: total liberdade para criar, uma vez que as amarras da censura foram quebradas e os laços com o compromisso político foram desfeitos; a influência da mídia de massa com todos os tipos de desenvolvimentos e tendências; e a fragmentação ideológica do pensamento ocidental.
Desde o final dos anos setenta, observou-se o abandono da postura agressiva dos autores do realismo social, o declínio da experimentação e a recuperação do enredo. Os romancistas, de fato, não escrevem suas obras para expressar suas crenças e influenciar a sociedade, nem como um mero exercício retórico, mas buscando temas interessantes e tentando desenvolvê-los com o maior nível de conforto possível, utilizando recursos narrativos tradicionais.
Entre os elementos que conferem alguma coesão à narrativa espanhola atual, incluem-se os seguintes:
- Tendência à subjetividade e à intimidade, frequente nos romances de tom existencial em que o protagonista se mostra inseguro, indefeso ou em busca de sua identidade, das raízes de sua família ou tentando encontrar sentido em sua vida.
- Proliferação de personagens medíocres, cínicos e moralmente indefinidos.
- Presença de humor e tom lírico ou nostálgico em muitos romances.
- Preferência por temas urbanos, embora interpretações rurais e idílicas da natureza não sejam incomuns.
- Relaxamento da estrutura narrativa que, em geral, está ao serviço da expressividade e da eficiência da narrativa.
- Preocupação mais marcada com a linguagem e a busca por um estilo pessoal.
- Apreço por referências culturais.
O crítico Santos Sanz Villanueva divide a produção de romances pós-1975 em subgêneros narrativos temáticos. Essa classificação serve como base para as correntes mais representativas da narrativa.