Lógica, Falácias e Teoria do Conhecimento: Resumo
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Conectivos Lógicos e Valores de Verdade
- Conjunção (∧): (e, mas, além disso): Verdadeira (V) quando ambas as proposições forem Verdadeiras (VV).
- Disjunção Inclusiva (∨): (ou): Falsa (F) quando ambas as proposições forem Falsas (FF).
- Disjunção Exclusiva (∨): (ou... ou): Falsa (F) quando for FF ou VV.
- Condicional (→): (se... então, implica, logo): É Falsa (F) quando o antecedente (p) for V e o consequente (q) for F.
- Bicondicional (↔): (se e somente se): Só é Verdadeira (V) quando for VV ou FF.
Valor Lógico
- Tautologia: Sempre V.
- Contradição: Sempre F.
- Contingente ou Indeterminado: V e F.
Formas de Inferência Válidas
- Modus Ponendo Ponens: A → B, A ⊢ B
- Modus Tollendo Tollens: A → B, ~B ⊢ ~A
- Silogismo Disjuntivo: A ∨ B, ~B ⊢ A
- Silogismo Hipotético: A → B, B → C ⊢ A → C
- Contraposição: A → B ⊢ ~B → ~A
Leis de De Morgan
- Negação da Conjunção: ~(A ∧ B) ⊢ ~A ∨ ~B
- Negação da Disjunção: ~(A ∨ B) ⊢ ~A ∧ ~B
Falácias
Falácias Formais
São erros de raciocínio que resultam da forma lógica.
- Afirmação do Consequente: A → B, B ⊢ A
- Negação do Antecedente: A → B, ~A ⊢ ~B
- Inversão da Condicional: A → B ⊢ B → A
Falácias Informais
É um argumento defeituoso ou fraco se as premissas falharem em fornecer uma boa razão para que se aceite a conclusão. O importante é o seu impacto psicológico. Ocorrem se contiverem:
- Premissas inaceitáveis (incertas/duvidosas).
- Premissas irrelevantes (não têm relação com a verdade).
- Premissas insuficientes.
- Falácia do Falso Dilema
- É um argumento em que se presume somente duas alternativas, quando de facto existem mais alternativas.
- Exemplo: Os alunos são bons ou maus. Os alunos são bons, logo não são maus (mas podiam ser razoáveis).
- Falácia da Derrapagem (Bola de Neve)
- Ocorre em argumentos formalmente válidos (cada uma das premissas é pouco provável, mas ao juntarmos todas, concluímos uma grande improbabilidade).
- Falácia do Apelo à Ignorância
- Ocorre sempre que confundimos as coisas e pensamos que a inexistência de prova é prova de inexistência.
- Exemplo: Nunca ninguém provou que há extraterrestres. Logo, não há extraterrestres.
- Falácia da Petição de Princípio
- Ocorre sempre que se admite nas premissas o que se deseja concluir. O caso mais óbvio é a mera repetição (raciocínio circular).
- Exemplo: Deus existe, logo, Deus existe.
- Falácia Contra a Pessoa (Ad Hominem)
- Coloca-se em causa a credibilidade do oponente, de forma a desvalorizar a importância dos seus argumentos (ataque ao caráter, raça, etc.).
- Exemplo: O meu pai diz que não se deve fumar, mas fuma. LOGO, não há razões para deixar de fumar.
- Falácia do Espantalho
- Consiste em atacar as ideias de uma pessoa apresentando-as numa versão deficiente/distorcida.
- Exemplo: As pessoas que querem legalizar o aborto querem a prevenção da gravidez. Mas nós queremos uma sexualidade responsável. LOGO, o aborto não deve ser legalizado.
Argumentos Não Dedutivos e Retórica
A classificação dos argumentos não dedutivos inclui: indução, os argumentos por analogia e os argumentos de autoridade.
- Ethos: (Caráter/Credibilidade)
- Pathos: (Estado emocional)
- Logos: (No argumento/Lógica)
Análise Fenomenológica do Conhecimento
- Sujeito
- Sujeito pensante ou cognoscente; entidade que conhece; elemento que apreende ou representa o objeto na consciência (tem capacidades de aquisição, processamento e transformação de informação, cabendo-lhe a iniciativa – é ativo – no que se refere ao ato de conhecer, pois o conhecimento resulta de uma procura intencional de dados sobre a realidade).
- Objeto
- O mesmo que objeto epistémico (ou gnosiológico); entidade que é, ou pode ser, conhecida; tudo o que pode ser conhecido (pessoa, animal, ser inanimado, ação, teoria, sensação, opinião, ideia, estado físico ou mental, etc.).
- Imagem
- Representação do objeto (na consciência do sujeito); objeto gnosiológico; o resultado do ato de conhecer (não se trata de uma realidade física, mas mental: imagens, conceitos…).
- Conhecimento
- O produto da relação entre o sujeito e o objeto.
A Relação Sujeito-Objeto
O sujeito e o objeto são distintos — existe uma dualidade, o que significa que todo o conhecimento implica um sujeito — alguém que conhece — distinto de um objeto — algo a conhecer. Pese embora esta dualidade, os elementos do conhecimento são correlativos: o sujeito só existe em função do objeto e vice-versa. Só há um sujeito perante um objeto e um objeto perante um sujeito.
Esta correlação é irreversível. Sujeito e objeto não podem trocar de lugar: a função do sujeito é conhecer o objeto e a deste ser conhecido pelo sujeito.
Vista pelo lado do sujeito, a apreensão do objeto apresenta-se como uma saída do sujeito da própria esfera, uma invasão na esfera do objeto e uma apropriação/recolha das propriedades ou determinações do objeto. O sujeito sai de si, entra na esfera do objeto e regressa a si trazendo algo mais que ainda não tinha quando saiu da sua esfera: embora o objeto permaneça transcendente ao sujeito, surge algo neste ao reter as propriedades daquele — uma imagem ou uma representação. Do ponto de vista do objeto, este transfere para o sujeito essas determinações (embora permaneça transcendente ao sujeito).
Conclusão: o objeto é elemento determinante, ativo no sujeito: o sujeito não retira a imagem que quer — esta é determinada pelo objeto. O sujeito, por sua vez, aparece nesta análise como elemento determinado ou receptivo, das determinações do objeto. No entanto, não devemos confundir esta receptividade com passividade: o sujeito não é passivo, mas espontâneo e ativo. Ele próprio contribui para a formação em si da imagem do objeto. Trata-se, pois, de uma receptividade ativa, o que vem questionar as conclusões demasiado apressadas que pretenderam ver o sujeito como um elemento passivo sem qualquer intervenção no ato do conhecimento. Pelo contrário, é importante recordar que conhecer é diferente de contemplar: é uma atividade, que embora circunscrita às determinações do objeto, depende muito do papel exercido pelo sujeito.
Em conclusão, a análise fenomenológica do conhecimento não pretende resolver os problemas clássicos da teoria do conhecimento, uma vez que a sua função não é interpretativa, mas meramente descritiva. Apresenta-se-nos, contudo, como um método que nos conduz à presença do problema, descrevendo-nos o que se passa na consciência no processo do conhecimento. As conclusões desta análise remetem-nos para a ideia do conhecimento entendido como uma relação de representação: o conhecimento é o ato mediante o qual um sujeito apreende — isto é, representa através de uma imagem — as determinações do objeto. É pela consciência que o sujeito é capaz de exercer esta faculdade de «re-apresentação», de ter presente na consciência uma imagem das determinações do objeto mesmo na sua ausência. Daqui decorre que a imagem ou representação do objeto no sujeito (objeto gnosiológico) não se confunde com o objeto enquanto exterior ao sujeito (objeto ontológico ou real).
Contudo, a análise fenomenológica do conhecimento coloca-nos perante uma dificuldade, ao afirmar a dualidade entre sujeito e objeto. De facto, apesar da pertinência desta afirmação, de um ponto de vista estritamente fenomenológico, algumas correntes filosóficas contemporâneas manifestam reservas. É assim que encontramos atualmente uma série de teorias explicativas do conhecimento que, colocando-se num plano que excede a simples intenção descritiva da fenomenologia, vão criticar e procurar superar a afirmação de uma rutura gnosiológica entre o sujeito e o objeto.
Racionalismo: René Descartes
Descartes (Racionalista Dogmático) defende a razão como fonte principal do conhecimento e a confiança absoluta na razão.
O Cogito (Certeza Indubitável)
Descartes recorreu a argumentos céticos como um instrumento para chegar ao conhecimento seguro. Descartes não é um cético. Mesmo utilizando o argumento do sonho e o argumento do génio maligno da tua existência, supondo que estás apenas a sonhar ou a ser enganado por um génio maligno que te leva a pensar que existes, terás nesse momento a certeza de que alguma coisa existe para que ocorra a atividade de duvidar. Descartes conclui que, enquanto pensar que está a ser enganado por um génio maligno, terá de existir como ser pensante. Trata-se do famoso cogito ergo sum (penso; logo, existo).
Através de argumentação a priori, Descartes obteve conhecimento acerca de algo que realmente existe: ele próprio como ser pensante.
Deus
“Deus existe e não é enganador.” Descartes apresenta argumentos a priori a favor da existência de Deus que supõe conclusivos. Esses argumentos são a priori porque se baseiam na ideia de Deus que Descartes descobre em si apenas com a ajuda da razão. Segundo Descartes, também este conhecimento de Deus resulta do raciocínio, e não da experiência; Deus, tal como o Cogito, não pode ser provado recorrendo à observação. Nenhum indício sensorial ou experimental pode mostrar que as proposições "Existo como ser pensante quando estou a pensar" e "Deus existe" são verdadeiras, ou justificar que acredites nelas. Descartes vence assim o ceticismo (desconfiança da razão).
Empirismo: David Hume
Hume (Empirista) defende que todo o conhecimento provém da experiência.
Hume pensa que os conteúdos da mente são as impressões e as ideias. A diferença entre umas e outras é que as impressões são mais vívidas que as ideias quando surgem na consciência. Hume diz que as ideias são pálidas imagens das impressões no pensamento. Isto compreende-se tendo em conta a sua afirmação central de que as ideias derivam e por isso dependem das impressões.
As impressões são o resultado da experiência, que consiste na perceção e introspeção. Através da perceção vemos, ouvimos, cheiramos, etc., algo de que temos consciência e que é imediatamente presente à mente pelos sentidos.