Lógica: Validade dos Argumentos e Verdade das Proposições
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O que é a Lógica?
Lógica é a disciplina que estuda os princípios que os argumentos devem observar para serem corretos, isto é, logicamente válidos. Investiga a validade do pensamento discursivo, a fim de evitar erros e contradições, e estuda os princípios gerais que estão na base do nosso pensamento.
Se quisermos que os nossos argumentos sejam válidos e convincentes, temos de usar corretamente os processos e os princípios lógicos que presidem a uma boa argumentação. A Lógica torna possível a identificação dos procedimentos ou regras que permitem preservar a verdade no trânsito das premissas para a conclusão, permitindo assegurar a verdade da conclusão quando se parte de premissas verdadeiras. Se as premissas forem verdadeiras, a conclusão é necessariamente verdadeira.
Relação entre Validade e Verdade
É crucial notar que o conceito de verdade não se aplica aos argumentos em si. Os argumentos não são verdadeiros ou falsos (como as proposições), são antes válidos ou não válidos. A validade é uma propriedade dos argumentos, enquanto a verdade é uma propriedade das proposições.
1. Argumento Válido com Proposições Falsas
Um argumento pode ser válido e as proposições que o constituem podem ser falsas, e pode ser não válido e as proposições que o constituem serem verdadeiras. Por exemplo:
O Porto é a capital de Portugal;
O rio Douro banha o Porto;
Logo, o rio Douro banha a capital de Portugal.
Este é um argumento válido, pois se as premissas fossem verdadeiras, a conclusão seguir-se-ia necessariamente e seria verdadeira. Contudo, como uma das premissas é falsa (O Porto não é a capital de Portugal), a conclusão não é factualmente verdadeira. Mas, se o Porto fosse a capital de Portugal, então o rio Douro banharia a capital de Portugal.
2. Argumento Não Válido com Proposições Verdadeiras
Um argumento pode ter premissas verdadeiras e a conclusão verdadeira e, todavia, não ser válido. Tal acontece se não existir nexo de implicação lógica entre a premissa e a conclusão. Exemplo:
Todos os artistas são criativos;
Picasso foi muito criativo;
Logo, Picasso foi um artista.
A conclusão não decorre das premissas (falácia da afirmação do consequente). O facto de os artistas serem criativos e de Picasso ser criativo não permite concluir que ele foi um artista; ele poderia ter sido um cientista ou o fundador de uma nova religião.
3. Argumento Condicional Não Válido (Afirmação do Consequente)
Pode ainda existir um argumento constituído por uma primeira premissa condicional, em que se apresenta uma condição e um condicionado, uma segunda premissa verdadeira e uma conclusão que à partida não sabemos se é verdadeira ou falsa, mas podemos decidir se ela se segue ou não. Exemplo:
O João afirmou que, se ganhasse na lotaria, faria uma viagem à volta do mundo;
Ora, uma sua prima soube que ele fez uma viagem à volta do mundo;
Daí conclui que ele ganhou na lotaria.
Este argumento não é válido porque a conclusão não se segue das premissas (o João pode ter viajado porque recebeu uma herança ou uma recompensa suplementar no trabalho, etc.).
4. Argumento Condicional Válido (Modus Tollens)
Já o seguinte argumento é válido:
O João afirmou que, se ganhasse na lotaria, faria uma viagem à volta do mundo;
O João não fez uma viagem à volta do mundo;
Logo, o João não ganhou na lotaria.
Neste caso, a conclusão decorre da admissão das premissas, havendo um nexo de implicação lógica entre as premissas e a conclusão. Portanto, o argumento é válido.