Ludoterapia: Comunicação e Desenvolvimento Infantil
Classificado em Psicologia e Sociologia
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O Papel do Psicoterapeuta e o Contexto Terapêutico
A principal tarefa de um psicoterapeuta é garantir condições de trabalho que facilitem a comunicação e permitam que o psicoterapeuta e o paciente observem e pensem sobre o que está a acontecer dentro e entre eles. O conceito refere-se a tudo o que forma o contexto em que a psicoterapia ocorre. Ocorre uma distinção entre as consultas para adultos e as consultas para crianças.
Devido à sua imaturidade relativa, as crianças não têm a mesma capacidade dos adultos para relatar verbalmente o que está a acontecer dentro delas. Para as crianças mais jovens, o jogo é um importante meio de comunicação.
A Importância do Brincar na Expressão Infantil
É através do brincar que a criança se vai relacionar com a realidade, experimentar e procurar recriar essa realidade. Esta poderá não estar ainda dotada de capacidade de expressão verbal que lhe possibilite falar das suas questões e conflitos, pelo que a brincadeira pode vir a ter um papel crucial.
Conceito e Tipos de Ludoterapia
Surgiu o conceito de Ludoterapia, que se centra no facto de que brincar é o modo natural de a criança se expressar. Constitui-se uma oportunidade de a criança ensaiar, a brincar, os seus sentimentos e problemas, tal como numa terapia com adultos, onde estes ensaiam a falar.
A ludoterapia pode ser:
- Diretiva: o terapeuta assume a responsabilidade por guiar e interpretar o brincar da criança.
- Não-diretiva: a responsabilidade é deixada à criança, sendo ela quem guia e dirige.
Características do Setting Terapêutico
As características do setting são:
- Insonorização do espaço.
- O espaço tem pouca mobília e não tem decoração supérflua.
- Paredes e chão de material facilmente lavável e resistente.
- O espaço deve ser suficientemente grande para a criança se movimentar, mas não excessivamente, para não causar dificuldade ao terapeuta de a acompanhar.
- Os materiais e brinquedos devem ser de fácil acesso para a criança.
Perspetivas Teóricas sobre o Brincar
Visão de Freud
Freud defendia que a criança a brincar representaria a sua vida interna, ou seja, imita situações que a tenham impressionado ou causado alguma influência, numa tentativa de dominar os seus próprios sentimentos, angústias e emoções.
Visão de Winnicott
Winnicott postulava que, para a criança poder brincar, é necessário que tenha sido criado um “espaço de ilusão”. Este é criado pelo bebé no momento em que deseja o seio materno e, na sua ausência, surgem tensões. Depende da relação bebé-mãe. Conceito de objeto transicional.
Visão de Piaget
Piaget afirmava que o brincar resulta de um desequilíbrio entre a acomodação e a assimilação, em que a última domina a primeira. Apresenta 3 estágios:
- Sensório-motor: brincadeiras funcionais para satisfazer as necessidades primárias.
- Pré-operatório: a criança aprende a brincar simbolicamente.
- Operações concretas: desenvolvimento de capacidades cognitivas, surge jogos com regras.
Conceitos Adicionais
Mecanismos de defesa: automáticos, inconscientes, protegem de impulsos inadmissíveis e distorcem a realidade.
Condicionamento Clássico (C.C): Aprendizagem associativa porque envolve uma associação de um estímulo ambiental com o outro. Inclui: generalização, discriminação, extinção, contra-condicionamento e recuperação espontânea.