Macbeth: Análise dos Personagens Principais e Secundários
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Personagem Macbeth, general do exército do rei Duncan, é o personagem protagonista desta narrativa. É um bravo nobre escocês que, incitado por sua esposa Lady Macbeth, assassina o rei Duncan e toma seu trono. Seu reinado, porém, é marcado pela desconfiança e pelo medo. Inicialmente, Macbeth foi um guerreiro fiel em uma posição de poder, mas no decorrer da peça ele transforma-se em um homem de personalidade branda que era dominado pela esposa e por sua própria ambição. Macbeth, sendo guerreiro, era leal a seu rei e à sua nação. Ele também era retratado como um homem bravo e de forte personalidade. O personagem Macbeth pode ser classificado como personagem redondo, pois é mais complexo que os planos, apresentando uma maior variedade de características. Macbeth torna-se seu próprio antagonista quando não consegue escapar de sua própria consciência, pois é simultaneamente um criminoso e seu próprio carrasco. “[...] Macbeth é o seu próprio antagonista e luta uma batalha fadada não apenas contra o mundo, mas contra ele próprio.” (STAUFER, Donald A. Shakespeare’s World of Images: The Development of his Moral Ideas. New York: Norton, 1949.) Por ser um homem inicialmente honesto, sua trajetória caminha para o assassinato e traição, simbolizando como a ambição pode manchar ainda a mais pura das almas. Este personagem foi inspirado no Rei Jaime VI, da Escócia, que foi um patrono da companhia de teatro de Shakespeare e de todas as suas peças. A história escrita sob o reinado de James/Macbeth reflete claramente a mais estreita relação do dramaturgo com o soberano. Ao se concentrar em Macbeth, uma figura da história escocesa, Shakespeare faz uma homenagem à linhagem escocesa do rei. Em sua trajetória, Macbeth se torna mais hábil para a batalha do que para a intriga política, pois ele não consegue reinar sem que ao mesmo tempo se mostre como um tirano, passando a agir diante de cada problema com violência e assassinato, sendo incapaz de arcar com as consequências psicológicas de suas atrocidades. Shakespeare usa este personagem para mostrar os efeitos terríveis que a ambição e a culpa podem ter sobre um homem sem um forte caráter. Ele classifica Macbeth como homem mau, porém seu caráter fraco o difere de alguns grandes vilões de suas peças, como Iago em Otelo, Edmund em Rei Lear, que são fortes o suficiente para conquistar a culpa e insegurança. Para refletir a tensão trágica dentro de Macbeth, Shakespeare faz com que este personagem oscile entre momentos de ação febril, traçando uma série de assassinatos para garantir seu trono; momentos de culpa terrível (como quando o fantasma de Banquo aparece para ele); e pessimismo absoluto (como quando sua esposa morre e ele entra em desespero). Macbeth, ao mesmo tempo em que era ambicioso demais para permitir que sua consciência o impedisse de percorrer o seu caminho até o trono, era muito consciente para ser feliz consigo mesmo como um assassino. Ao final da história, ele parece aliviado com a chegada do Exército Inglês para combatê-lo, pois ele pode assim assumir sua posição de guerreiro, posição esta que parecia a ele mais confortável, pois não teria, nesse momento, que lutar contra si mesmo com suas agitações internas. O círculo se completa quando ele é derrotado no campo de batalha, pois no início da história ele foi vitorioso também em um campo de batalha.
Lady Macbeth, esposa de Macbeth, é personagem secundária da narrativa, ela era corajosa, dominadora e possessiva, trabalhando ativamente para atingir seus objetivos. Esta personagem foi inspirada em Gruoch, rainha da Escócia no século XI. Mesmo Macbeth sendo o protagonista, é Lady Macbeth quem inicia a ação, quem cria a trama, quem arma a ação política e ressalta o caráter amoral, mostrando mais vontade de ocupar o trono do que seu marido. Sua alienação conjunta do mundo, ocasionada pela sua parceria no crime, parece fortalecer a ligação que eles têm um com o outro. Tanto Macbeth como sua esposa se complementam, sendo ela o vetor de força da peça, é ela quem age por criar toda a situação, que articula o mal que lhe trará o bem desejado. “[...] Shakespeare pode também ter dado a ela uma outra parte de Macbeth, ambos se complementando, e a parte que fica para esta senhora não é simplesmente o da Eva que oferece a maçã em forma de punhal ao Adão Macbeth. Lady Macbeth é, sem dúvida, uma personagem poderosa, a força que cria a ação trágica da peça..” (Syntia Pereira Alves - mestranda do Programa de Estudos Pós-graduados em Ciências Sociais, e membra do NEAMP (Núcleo de Estudos em Arte, Mídia e Política), Departamento de Política, Faculdade de Ciências Sociais.) Ela se torna obcecada e começa a ter visões de sangue em suas mãos, demonstrando a falsidade aparente de negação de sentimentos e consciência. Shakespeare parece usar esta personagem para supor a ideia de que as mulheres podem ser astutas e usar métodos, supostamente masculinos, para alcançar o poder. Elas podem ser tão ambiciosas e cruéis como os homens, ainda que constrangimentos sociais possam negar-lhes, de certa forma, os meios para perseguir essas ambições por conta própria. Enquanto os personagens masculinos são tão violentos e propensos ao mal como as mulheres, a agressão das personagens femininas é mais marcante, porque vai contra as expectativas prevalecentes de como as mulheres devem se comportar. Seja por causa das limitações de sua sociedade, ou porque ela não é corajosa o suficiente para matar, Shakespeare faz com que a personagem Lady Macbeth se baseie em enganação e manipulação, em vez de violência para alcançar seus fins. Ao final da narrativa, Lady Macbeth morre (talvez por suas próprias mãos).
Duncan, o Rei da Escócia, era conhecido como o Bom, um velho e bondoso rei, assassinado pelo jovem primo Macbeth. Duncan era mais jovem que Macbeth, ele foi morto devido a uma guerra pelo poder, seu trono. Sua morte simboliza a destruição de uma ordem, na Escócia, que só se restaurou quando a linha de Duncan, na pessoa de Malcolm, mais uma vez ocupa o trono. Banquo, amigo de Macbeth, é um capitão escocês que faz parte do exército do rei da Escócia. De certa forma, Banquo apresenta-se na história como um contraponto sob a maneira de agir frente às profecias, em relação a Macbeth. Ele acaba sendo assassinado por Macbeth em vista de sua “ameaça” pela conquista do trono, reaparecendo na história na forma de um fantasma que atormenta Macbeth. Além de possíveis razões dramáticas, Shakespeare alterou o papel de Banquo em Macbeth por razões políticas: o rei da Escócia e rei da Inglaterra à época, Jaime I, considerava que sua família (a Casa de Stuart) era descendente de Banquo, o que provavelmente influenciou a caracterização do personagem na peça. “O Banquo shakespeariano é um personagem virtuoso, o oposto do ambicioso Macbeth, servindo assim como um contrapeso dramático ao protagonista” (Mabillard, Amanda. Sources for Macbeth. Shakespeare Online. 20 Aug. 2000.) Malcolm, o filho mais velho do rei, refugiou-se para a Inglaterra e uniu-se a Macduff. A restauração ao trono da Escócia por Malcolm sinaliza o retorno à ordem, seguindo o reinado de terror de Macbeth. Após a morte de Macbeth, Malcolm assume o trono fazendo cumprir a profecia das feiticeiras. Donalbain, filho mais novo do rei, foi inspirado em Donaldo III da Escócia. Nesta narrativa ele, após a morte de seu pai, refugia-se na Irlanda. Macduff, após ter sua esposa e filho assassinados por Macbeth, vai para a Inglaterra com o objetivo de juntar-se ao exército de Malcolm, onde tem início uma cruzada para colocar o legítimo rei, Malcolm, no trono. Macduff também deseja vingar a morte de sua família e acaba se tornando um líder da cruzada para derrubar Macbeth. Ele não nascera de mulher, como previram as feiticeiras, e ao final da história ele mata Macbeth dando a cabeça deste como presente a Malcolm. “Depois de duro combate, Macduff cortou a cabeça de Macbeth, entregando-a, como presente, a Malcolm.” (Contos de Shakespeare, 1970, p. 44) Fleance, filho de Banquo, conseguiu escapar da emboscada feita por Macbeth para assassiná-lo junto ao seu pai. Fleance não desempenha nenhum papel grande na história, mas futuramente sua linha acaba se tornando rei depois de Malcolm. Apesar de ter contribuído com a retomada da Escócia de Macbeth, ele fica descontente por não ter conseguido vingar o pai (Banquo) e matar Macbeth. Lady Macduff, esposa de Macduff, demonstra-se furiosa pelo fato de seu marido ter deixado tudo de lado em busca do poder. Ela é assassinada juntamente com seus filhos. Esta personagem contrasta com Lady Macbeth, pois ela mostra-se dedicada ao bem, diferente da outra que se dedica ao mal. Siward, líder do exército Inglês, derrota Macbeth ao final da história. Ele perde seu filho, o jovem Siward em uma batalha contra Macbeth. Seyton, tenente do exército e ligado a Macbeth. Angus, Caithness, Lennox, Menteith e Ross, nobres da Escócia. As três bruxas, aparecem na história profetizando o futuro de Macbeth. Simbolizam o misticismo do ano de 1500. Em alguns aspectos eles se assemelham às Parcas mitológicas que, segundo a mitologia romana (equivalentes às Moiras na mitologia grega), eram três deusas: Nona (Cloto), Décima (Láquesis) e Morta (Átropos) que determinavam o curso da vida humana, decidindo questões como vida e morte, de maneira que nem Júpiter (Zeus) podia contestar suas decisões. Eram também designadas fates, daí o termo fatalidade. Um velho: Apesar de ser um personagem que não aparece muito na história, mostra-se importante ao falar sobre as tempestades na Escócia durante o reinado de Macbeth, que representava a natureza sendo interrompida pela morte prematura do rei Duncan. Isso nos dá a noção de que a natureza está em ordem quando uma terra é governada por seu legítimo Rei, um exemplo de propaganda monarquista. Hecate, um personagem sombrio do submundo, aparece para as três bruxas ordenando lealdade. Ela ordena que as bruxas digam a Macbeth seu futuro de acordo com sua vontade.