Os Maias: Análise do Capítulo III e Técnicas Narrativas

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Capítulo III: Análise e Temas em Os Maias

Descrição do Real e o Papel das Sensações

“O dia lá fora convidava, (…), adormecida, e essa hora de sesta numa luz fresca e loira”. – Aqui é apresentado o cenário de Santa Olávia. Este é realçado pelos componentes dos sentidos, nomeadamente:

  • Cor: o azul do céu, o vermelho das flores, o verde dos arbustos, lembrando uma tela de cores variadas;
  • Aromas: o cheiro das violetas, o perfume das flores campestres, que acentuam a sensação de beleza e de harmonia;
  • Sonoridade: da água (“alto repuxo cantava”), associado ao equilíbrio geral, com a musicalidade também natural;
  • Luz e Calor: o leve calor da primavera que transmitem a quem ali está uma sensação de conforto e paz, próprios do espaço da natureza.

Contraste entre Carlos e Eusebiozinho

Pela descrição dos seus aspetos físicos e dos seus comportamentos, observamos duas imagens opostas:

  • Carlos: apresenta uma imagem de movimento, de agilidade e de vigor, mas também de disciplina imposta pelo avô.
  • Eusebiozinho: apresenta uma imagem de imobilidade e de fraqueza. Ele está “quieto como se fosse gesso” e declama um poema “sem se mexer”.

A Tia-Mãe de Eusebiozinho: Representatividade

Representa as senhoras da época que não trabalhavam, apenas cuidavam das crianças e eram senhoras sem cultura e sem interesses sociais.

Eusebiozinho: Símbolo da Educação Retrógrada

Representa a educação retrógrada portuguesa e a sua influência no caráter das pessoas.

Uso de Diminutivos e Simbolismo

Expressões como “perninhas flácidas”, “disseste os versinhos”, “mãozinhas pendentes” e “pregadas na titi” simbolizam a fragilidade e a pequenez de Eusebiozinho.

A Ironia Presente na Narrativa

Exemplo de ironia: “Mas é muito esperto, minha rica senhora! — acudiu Vilaça. — É possível — respondeu secamente a inteligente Silveira.”

O Narrador em Os Maias

Presença do Narrador

Quanto à presença, o narrador de Os Maias é heterodiegético: trata-se de um narrador não participante, que narra na terceira pessoa. (Maria Eduarda surge como narrador homodiegético quando revela o seu passado a Carlos).

Ponto de Vista do Narrador

O ponto de vista do narrador caracteriza-se pela diversidade:

  • Focalização Omnisciente: quando o narrador revela possuir conhecimento total da história.
  • Focalização Externa: quando o narrador mostra as características exteriores das personagens e o espaço físico em que a ação se desenrola.
  • Focalização Interna: que é a adoção do ponto de vista de uma personagem na narração dos acontecimentos.

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